DISCURSO DE SUA EXCELÊNCIA O PRIMEIRO VICE-PRESIDENTE DA ASSEMBLEIA NACIONAL DE CABO VERDE NA 137ª ASSEMBLEIA DA UIP

Transcrição

1 DISCURSO DE SUA EXCELÊNCIA O PRIMEIRO VICE-PRESIDENTE DA ASSEMBLEIA NACIONAL DE CABO VERDE NA 137ª ASSEMBLEIA DA UIP Promover o Pluralismo Cultural e a paz através do Diálogo Inter-religioso e Interétnico Senhor Presidente, Senhoras e Senhores Dirigentes da UIP Senhoras e Senhores Presidentes e Vice-presidentes de Parlamentos Nacionais Colegas Parlamentares Os parlamentares cabo-verdianos saúdam a 137ª Assembleia da UIP e sublinham a pertinência e a atualidade do tema em debate. Aproveitamos para agradecer e felicitar a Federação Russa pelo nível de acolhimento que nos proporcionou nesta belíssima cidade de S. Petersburg.

2 Efetivamente, os esforços de crescimento e desenvolvimento levados a cabo pelos países, de nada valem se os propósitos subjacentes não sejam a promoção da sã convivência entre os cidadãos nacionais e os da grande nação global a que todos pertencemos. Os discursos políticos nacionais e internacionais têm centrado na necessidade da promoção e defesa de valores como os do pluralismo democrático, harmonia e paz, respeito pelas diferenças, a não discriminação das pessoas com base em fundamentos religiosos e étnicos, entre outros. O mundo está bem nutrido desses discursos. Em todos os fora se repetem discursos e apelos nesse sentido. Entretanto, em termos de resultados práticos, o mundo não tem conseguido grandes avanços. Somos diariamente brindados com conflitos de natureza religiosa e étnica. Infelizmente, é isto que o mundo tem mostrado aos seus adolescentes e jovens. Os resultados muito aquém do desejável e possível, poem a nu a ineficácia das abordagens até aqui adotadas. Na verdade, abordagens

3 baseadas em discursos circunstanciais e de cosmética, não poucas vezes com laivos de cinismo e hipocrisia, não têm sido eficazes. Já é tempo de avaliarmos o caminho trilhado e todos juntos, mas todos sem exceção, pensarmos em novas formas de abordagem que sejam muito mais pragmáticas e eficazes. Eventualmente a proposta de Promover o Pluralismo Cultural e a Paz através do Diálogo Inter-religioso e Interétnico seja um bom ângulo de lidar com a problemática. É desejável que assim seja. Que passemos de discursos à ação. Urge menos discursos e mais atitudes em prol do respeito pela diferença e igualdade de oportunidades de participação das mulheres e dos homens em todas as esferas da vida do seu país e do mundo. Nós parlamentares temos o dever de nos colocarmos na linha da frente na construção, adoção e luta pela implementação de instrumentos sólidos de promoção do pluralismo cultural em prol da plena realização dos direitos dos cidadãos, quer nos nossos países quer nos fora internacionais.

4 Não nos esqueçamos que os recursos naturais são importantes para o desenvolvimento de qualquer país, mas o principal capital de desenvolvimento são as mulheres e os homens de cada e de todos os países. Quanto mais e melhor formados, quanto mais e melhor oportunidades de participação económica, política, cultural, seja a que níveis e medidas forem, quanto mais respeitados se sentirem, essas mulheres e esses homens desenvolverão e/ou reforçarão o sentimento de pertença à sua aldeia local e global, sentir-se-ão felizes e, consequentemente, engajar-se-ão proactivamente na construção da nação global mais justa, desenvolvida, inclusiva, com paz e oportunidades para todos. Cabo Verde, dez grãozinhos de terra espalhados no vasto oceano atlântico, perto do Senegal, somando 4033 km2 de superfície, com uma população residente de pouco mais de 500 mil habitantes, encontra-se em comemoração da boda de prata da sua Constituição Democrática, consensualmente aceite e respeitada pelos seu cidadãos. Uma Constituição que preceitua a defesa e proteção dos direitos, liberdades e garantias fundamentais dos cidadãos, a não

5 discriminação em função da raça, cor, preferência partidária e/ou religiosa, entre outros aspetos. Nós realizamos a nossa Constituição. Somos um país laico, com eleições periódicas universais, diretas, livres e democráticas, de tradição pacífica em matéria de alternância do poder, que prima pela sã convivência entre os seus cidadãos e entre estes e os povos de outros pontos do globo, em prol da felicidade e da paz. Terminamos, reiterando votos de sucessos a esta sessão da Assembleia Geral da UIP, na certeza de que todos assumiremos, sem demagogia, como imperativo internacional, a promoção do pluralismo cultural e da paz através do diálogo inter-religioso e interétnico, quiçá, reforçada por outros mecanismos que comportem critérios de eficiência e eficácia. Muito obrigado! S. Petersburgo/Rússia, 16 de outubro de 2017.