Neste mundo de paradoxos difícil é a encontrar a resposta certa a essas perguntas.

Transcrição

1 Jeremy Rifkin, em seu livro O Fim do Trabalho, Editora Makron Books, defende a tese de que estamos vivendo a era do desemprego. Jeremy Rifkin, com argumentos fortes e lógicos expõem-nos um quadro irreversível: o emprego acabou, ou está acabando. De forma paradoxal os autores norte americanos Bob Davis e David Wessel, em seu livro Prosperity, ainda não editado no Brasil, defendem, também com fortes e lógicos argumentos, que não estamos vivendo a era do desemprego, e explicam: Assim como a riqueza de hoje permite que se empreguem pessoas em serviços que ninguém imaginava no passado, novos empregos de serviços vão substituir os empregos de fábrica nos próximos anos. E agora? Como ficamos? Estamos ou não vivendo a era do desemprego? Neste mundo de paradoxos difícil é a encontrar a resposta certa a essas perguntas. Não é minha intenção discutir aqui esse tão importante tema: emprego/desemprego. O objetivo é mostrar através desse exemplo como, no atual mundo dos negócios, as opiniões se divergem com freqüência. Uma coisa é certa: o líder precisa acostumar-se a não mais acreditar numa lógica linear. É preciso ter habilidade para saber colocar um pé numa canoa e o outro pé em outra canoa. E equilibrar-se. E seguir em frente. Coerente com esse pensamento há o resultado da pesquisa 1 / 13

2 feita pela consultoria Arthur D. Little com executivos de várias empresas, que chegou às principais tensões que os líderes sofrem: Þ têm que pensar no longo prazo, mas devem mostrar resultados imediatos; Þ são cobrados por inovação, mas não podem perder eficiência; Þ devem pensar em escala global, mas não podem perder de vista as responsabilidades locais; Þ têm que colaborar, mas também competir; Þ têm que fazer os negócios crescerem, mas sem perda de desempenho; Þ devem trabalhar em equipe, mas são cobrados por sua responsabilidade individual; Þ têm que ser flexíveis, mas não podem deixar de seguir os padrões. Acrescento: têm que ser especialista, sem deixar de ser generalista. Portanto, quando Warren Bennis, Professor emérito da Universidade do Sul da California, disse Se você não está confuso, não sabe o que está acontecendo, soube retratar com rara fidelidade a situação do executivo de hoje, o qual é portador da perplexa visão de um mundo não mais de possibilidades, mas sim de probabilidades. O executivo moderno, atônito, vê as informações surgirem em cascata à sua frente. Muitas delas conflitantes entre si. 2 / 13

3 O que fazer? Que informações selecionar? Em que informações acreditar? Qual seria o caminho - ou os caminhos - a seguir? Muitas perguntas e muitas respostas. Como aportar em porto seguro? Em intenso trabalho de leituras, estudos e pesquisas em mais de quarenta dos melhores livros de liderança e administração, consegui achar um caminho coerente e comprovadamente eficaz. Minha intenção era encontrar procedimentos que um líder-executivo deveria seguir e que fosse consenso, ou a síntese, dos melhores livros. E estas regras, ou procedimentos, deveriam obedecer a três princípios, isto é, teriam que ser: 3 / 13

4 a) Atemporais; b) Comprovadamente eficazes; c) Úteis e necessárias quaisquer que fossem os modelos administrativos. Felizmente chegou às minhas mãos o livro Desafio da Liderança, de Kouzes e Posner, Editora Campus. Originariamente esse livro foi editado nos EUA em Decorridos décadas de sua primeira publicação, ainda se mantém na lista dos 20 melhores livros mundiais sobre o tema liderança. Creio que pelo fato de suas conclusões serem atemporais, dificilmente sairá dessa lista. Ele foi escrito com base em pesquisas realizadas durante 11 anos, em quatro continentes, com aproximadamente pessoas ( líderes e seguidores). Como se vê, uma pesquisa séria. Kouzes e Posner, através de suas pesquisas apontam cinco caminhos, ou procedimentos, do líder eficaz. Caminhos estes que encontram ressonância na melhor literatura de liderança e administração. Estes são os caminhos: I) DESAFIAR O ESTABELECIDO; II) INSPIRAR UMA VISÃO COMPARTILHADA; III) PERMITIR QUE OS OUTROS AJAM; 4 / 13

5 IV) APONTAR O CAMINHO; V) ENCORAJAR O CORAÇÃO. I - Desafiar o Estabelecido: Uma drástica informação: 97% das empresas norte-americanas existentes no início do século 20 não mais existem hoje. Para sobreviverem, as empresas precisam estar sempre sendo reinventadas. E para reinventarem-se é preciso desafiar o estabelecido, isto é, é necessário quebrar paradigmas. Um exemplo: no início do século XX a esposa do Sr. Hugo Bentz, irritada com o pó de café que repousava no fundo da xícara, recortou um papel e criou o primeiro filtro de papel. A Sra. Melitta Bentz por desafiar o estabelecido iniciava então um império hoje conhecido como Melitta Filtros de Papel, que fatura em todo o mundo mais de USD 2 bilhões/ano. II - Inspirar uma Visão Compartilhada: Vivemos a época onde assumir riscos é a tônica. E para assumir riscos os líderes precisam do apoio dos liderados que, por fazerem parte da estrutura empresarial, também precisam abraçar os riscos. 5 / 13

6 Os liderados só assumem riscos se compartilharem da visão da empresa ao mesmo tempo em que tenham líderes que inspirem credibilidade e confiança. Como as empresas tendem a perecer se não gerarem ou adaptarem-se às mudanças, e como todo processo de mudança envolve riscos, e como as pessoas só se arriscam nas condições citadas, é imperativo que os fatores credibilidade, confiança e visão compartilhada façam parte dos propósitos do líder eficaz. Para que, uma vez conquistada a visão compartilhada, esta não morra, é necessário que todo o pessoal seja sempre suprido de informações, pois, como bem disse Jach Welch As empresas não são complicadas. As complicações surgem quando as pessoas não têm acesso às informações de que necessitam. Pensamento semelhante têm Peter R. Scholtes, braço direito de Deming, o papa da qualidade total: Mais de 95% dos problemas de sua organização advêm de seus sistemas, processos e métodos, e não de seus trabalhadores. A eficaz comunicação interna é fundamental para se estabelecer linhas de pensamentos e ações coerentes com o propósito da empresa. Pessoal mal informado gera conflitos e desvios de conduta, repercutindo consideravelmente nos resultados da empresa de forma extremamente negativa. Mas cuidado! É preciso muita atenção para que as necessárias técnicas de comunicação interna não acabem com algo que, além de necessário, é fundamental: o contato humano. A empresa não pode abolir o contato humano. Este é primordial para estabelecer boas relações inter-pessoais e o bem estar pessoal, condições imprescindíveis para o desenvolvimento do ambiente prazeroso e criativo. III Permitir que os Outros Ajam: 6 / 13

7 Bem disse Parkinson: O homem a quem é negada a oportunidade de tomar decisões de importância começa a considerar importantes as decisões que ele pode tomar. Torna-se exigente com os arquivos, preocupa-se em os lápis estarem bem apontados, fica ansioso em verificar se as janelas estão abertas ou fechadas, inclina-se a usar lápis de duas ou três cores diferentes. Para facilitar a vivência do permitir que os outros ajam, é preciso que conheçamos o novo estilo de liderança corporativa que se faz presente neste alvorecer de milênio, a saber: o Coac hing. Creio firmemente que este novo modelo de liderança surgiu no meio empresarial principalmente para a empresa ser ainda mais produtiva, no entanto sem que este seja o objetivo o Coaching ajuda na formação do homem de bem. Na realidade, hoje ser bom profissional é sinônimo de ser boa pessoa. Haja vista que o bom profissional da atualidade é aquele que: a) Utiliza-se do seu inesgotável potencial interior; b) Tem um ideal de vida; c) Tem bom caráter; d) Tem boa auto-estima; e) Relaciona-se bem com o próximo; 7 / 13

8 f) Tem atitudes éticas; g) É afetivo com o próximo; h) Tem paixão pelo desenvolvimento do próximo; i) É responsável social e comunitariamente. Mas, pode perguntar o leitor: o que é Coaching? Visualize três situações: A primeira: Um técnico de futebol fazendo uma preleção com seus jogadores. Nesta conversa ele procura despertar o potencial que está presente em cada um dos profissionais. O seu objetivo é que seu time seja vencedor! A segunda situação: Um professor faz perguntas aos seus alunos. São perguntas reflexivas. São perguntas que objetivam fazer com que os alunos por si próprios encontrem as respostas. Seu objetivo é que seus alunos sejam vencedores! 8 / 13

9 A terceira e última situação: O pai conversa amistosamente com o seu filho de 12 anos perguntando: Filhão, qual será a melhor forma de você resolver esta questão de matemática? Seu objetivo é que o filho, no campo educacional, seja um vencedor! Os três exemplos acima são casos práticos de Coaching. Não obstante no início do século XXI o termo Coaching despertou-se para o mundo, principalmente no meio corporativo, o fato é que o Coaching é tão antigo quanto a humanidade. Sempre existiu. Pode-se dizer que Sócrates foi um dos que mais corretamente o aplicou. Reafirma esta informação o consultor de RH Chiavenato, comentando sobre Sócrates: Depois de mais de 2500 anos, seu método de trabalho a maiêutica está se transformando em uma das mais importantes ferramentas dos executivos de recursos humanos. Na moderna versão corporativa, a técnica socrática ganhou um rótulo diferente: o Coaching (...). A maioria de nós o aplicava inconscientemente, isto é, sem saber que procurando bem educar nossos filhos, o Coaching estava ocorrendo. E muitas das vezes utilizávamos de forma inadequada. O grande mérito do Coaching atual é ele que nos trouxe metodologia. Agora temos condição de utilizá-lo adequadamente. Caro leitor, não é o propósito deste texto aprofundar o tema Coaching, mas se tem interesse 9 / 13

10 em conhecer melhor o tema, sugiro procurar a abundante literatura a respeito. Estudando o tema, irá descobrir o que já foi dito e repetido neste meu texto: o objetivo do Coaching é formar o bom profissional, que na atualidade significa formar o homem de bem. Permita que os outros ajam e multiplicará a qualidade e o desempenho do seu pessoal. IV Apontar o Caminho: Na primeira reunião de recém empossado Presidente de grande empresa multinacional com seus Diretores, estes ouviram do seu novo líder: Nossa empresa está precisando de disciplina e criatividade. Da disciplina eu cuido. Quer forma mais clara do que esta para apontar o caminho? Mas, atenção: Apontar o Caminho não é simplesmente dizer o que deve ser feito. Apontar o Caminho exige do líder atitudes diárias que reforcem seu ponto de vista. Elaborar através de intensa participação do pessoal - a declaração de missão da empresa é uma maneira de apontar o caminho. Explica Stephen R. Covey em seu livro Liderança Baseada em Princípios, Editora Campus: 10 / 13

11 A sua declaração de missão deve lidar com as quatro necessidades básicas humanas: Necessidade econômica ou financeira; Necessidade social ou de relacionamento; Necessidade psicológica ou de crescimento e Necessidade espiritual ou de contribuição. A maioria das declarações de missão não lida com as quatro necessidades. Muitas omitem o aspecto psicológico ou a necessidade de crescimento e desenvolvimento humano. Algumas se omitem quanto às relações em que todos lucram, não mencionam a equidade nas compensações econômicas, e o compromisso para com um conjunto de princípios ou valores e para com o serviço e a contribuição à comunidade, aos fornecedores e aos clientes, proprietários e empregados. Este problema crônico assemelha-se a um iceberg submerso. Se a empresa tem uma missão de qualquer espécie, o problema não está claramente evidenciado os executivos podem não ver que a missão não está sendo profundamente compartilhada. Mas a falta de visão de valores compartilhados é um prato cheio para quase todos os outros problemas. Um exemplo de como apontar o caminho: Jack Welch, ex-presidente da G.E. e um dos líderes mais respeitados do mundo, tão logo assumiu sua função na empresa divulgou ao seu corpo de trabalho dos quatro cantos do mundo A G. E. em tudo que faz dever ser a primeira ou a segunda em termos globais. V Encorajar o Coração: Disse Robert Vanourek: O verdadeiro líder se preocupa com as pessoas. O líder coloca o bem 11 / 13

12 estar dos seguidores no mesmo nível que o seu. Assim, a liderança esclarecida requer um senso de inclusão e de prestação de serviço, não de egoísmo. E por que o líder se preocupa? Porque ele sabe do potencial que existe em cada um de nós. Ele respeita esses poderes e sentimentos não liberados... O líder quer dar força a essas pessoas, libertar esse potencial oculto. As pessoas sentem isso de maneira intuitiva. Elas não são tolas nem burras. Não podem ser enganadas por muito tempo. Elas sabem de coração que o verdadeiro líder merece confiança. Por isso se comprometem. Voluntariamente. Com toda a mente, corpo e coração. Grandes vitórias são alcançadas no coração das pessoas. Também reforçam Kouzes e Posner, os autores do livro O Desafio da Liderança, Editora Campus: Os verdadeiros líderes travam contato com os corações e as mentes das pessoas, e não apenas com suas mãos e seus bolsos. Por não empregarem os corações das pessoas, as empresas perdem um retorno precioso do investimento que nelas fazem. No emaranhado de informações que um líder recebe fica ele em dúvida ao definir um foco de atuação em relação à sua influência junto aos seus liderados. São tantas as opções que o líder se questiona: por onde começar?. Comece por respeitar o ser humano presente no seu liderado. O respeito ao próximo é a síntese de todas as regras. Currículo do autor: Alkindar de Oliveira, Palestrante, Escritor e Consultor de Empresas radicado em São Paulo-SP, profere palestras e ministra treinamentos comportamentais em todo o Brasil. Juntamente com sua equipe de consultores, tem seu foco de atuação em diversas áreas de treinamento, como VISÃO SISTÊMICA, CULTURA DO DIÁLOGO, ORATÓRIA, LIDERANÇA, COACHING, RELACIONAMENTO, MOTIVAÇÃO, COMUNICAÇÃO ESCRITA, COMUNICAÇÃO VERBAL, CRIATIVIDADE, HUMANIZAÇÃO DO AMBIENTE EMPRESARIAL, VENDAS, FINANÇAS, EFICAZ COMUNICAÇÃO INTERNA, NEGOCIAÇÃO, PRODUÇÃO/CHÃO DE FÁBRICA, ETC. 12 / 13

13 Suas teses e artigos estão expostos em renomados veículos de comunicação, como: as revistas Você S/A e Bons Fluidos, da Editora Abril; revista Pequenas Empresas Grandes Negócios, Editora Globo; revista Venda Mais, Editora Quantum; e os jornais Valor Econômico, O Estado de São Paulo e Jornal do Brasil, etc. 13 / 13