Análise dos custos logísticos na ótica do fornecedor supermercadista.
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- Octavio Canto Domingos
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1 Análise dos custos logísticos na ótica do fornecedor supermercadista. Romão del Cura Lopéz (OPET) Rodrigo Perez Guerra (OPET) Mari Regina Anastácio (PUCPR) Resumo O propósito deste artigo é apresentar uma simulação do que ocorre na prática supermercadista quando da negociação com fornecedores, considerando-se as suas dificuldades referentes aos custos operacionais para atender a necessidade de reposição dos supermercados nos níveis de serviços desejados. No atual momento vivido pelas organizações supermercadistas, a gestão financeira está mais voltada ao custo dos estoques, como não poderia deixar de ser. Todavia, verifica-se na prática a necessidade de uma maior atenção aos custos logísticos para ao atendimento dos pedidos que englobam o custo de transporte mais o custo de operações para o fornecedor. Devido à amplitude da quantidade de itens comercializados pelos varejistas e a grande quantidade de fornecedores que operam com este canal de distribuição, o trabalho será limitado a uma única empresa e a dois produtos. Para a consolidação deste trabalho, fez-se necessário levantar dados junto a uma empresa fornecedora sobre os seus custos para atendimento de um pedido de supermercadista. Palavras chaves: Fornecedor, Custos operacionais, Rentabilidade. 1. Introdução Toda a filosofia de reposição automática, Just in Time (ressuprimento enxuto), o Supply Chain Management (gerenciamento da cadeia de suprimentos), entre outros, apontaram para haver ganhos significativos com a redução de estoques, colaborando desta forma, com um melhor fluxo financeiro, visto que a reposição passou a ser mais fracionada, o que possibilitava inclusive, o escalonamento do pagamento dos produtos. Este modelo de gerenciamento da cadeia de abastecimento de mercadorias, em que o processo das informações é realizado via de sistemas informatizados, caso sejam aplicados, sem a devida análise em razão dos custos de armazenagem, movimentação e transportes pode trazer alguns prejuízos na gestão de fluxo de mercadorias na cadeia de suprimentos. Na cadeia de suprimentos das industrias, os objetivos propostos com a implantação dos sistemas de reposição de estoques contribuiu significativamente para reduzir o valor em estoque de produtos. Ao adaptar este modelo industrial para a cadeia de abastecimento do varejo supermercadista, fez-se necessário um ajustamento para atender ao fluxo de mercadorias, como também houve uma redução nos valores de estoque nos supermercados. Mesmo assim, em alguns dos casos, aumentaram os custos operacionais da cadeia, ou seja, houve uma transferência de valores entre a conta estoque dos supermercados que reduziu, para a conta de custos operacionais dos fornecedores, que aumentou. O fato de fazer mais pedidos físicos para reabastecer a mesma quantidade de produtos acabou gerando uma maior movimentação de mercadorias, aumentando com isto o gasto com mão-de-obra, tecnologia, manutenção de equipamentos, armazenagem, processos administrativos, além de aumentar os custos com fretes para a entrega destas mercadorias. ENEGEP 2004 ABEPRO 2115
2 O que motivou o desenvolvimento deste trabalho, foi verificar o que efetivamente ocorre na prática supermercadista quando da negociação com fornecedores, considerando-se as suas dificuldades referentes aos custos operacionais para atender a necessidade de reposição dos supermercados nos níveis de serviços desejados. Os fornecedores de supermercadistas em razão de não sobrecarregar os valores de estoque dos supermercados, geraram aumento em suas contas operacionais que afetaram a rentabilidade e o próprio nível de serviço devido ao fracionamento das entregas para os supermercados. 2. O cenário econômico brasileiro na última década A gestão administrativa das empresas brasileiras antes do plano de estabilização econômica (Plano Real) estava alicerçada em altos lucros, oriundos da pouca concorrência e a facilidade de ganhar na chamada ciranda financeira. A economia era hiperinflacionária. Neste cenário era vantajoso para os gestores de inventário (profissionais responsáveis pela gestão dos estoques físico e financeiro) trabalharem com estoques elevados, onde a valorização do mesmo se dava diariamente. Na opinião de Rojo (1998), a partir de julho de 94, a estabilidade econômica permitiu que o mercado fosse efetivamente modificado, deixando as margens de lucros reduzidas, pois não havia mais os mecanismos de correção monetária incidente no preço dos produtos e serviços. Dessa forma, as empresas foram levadas a trabalhar com margens de lucros cada vez menores, fato agravado pelo processo de globalização, onde empresas internacionais, altamente competitivas, contando com tecnologia de ponta, foram postas lado a lado com as nacionais. Para Martins & Alt (2000) através de tecnologia de informação, os componentes das cadeias de suprimento são ajustados para maximizarem o desempenho, adaptando-se as mudanças externas. Para isso, é necessário um alto grau de integração entre fornecedores, estocagem, distribuidores e clientes, o que possibilita diminuir os custos ao longo da cadeia entre 10 e 30% e o tempo médio de estocagem em cerca de 50%. Este estudo está focalizado no setor varejista verifica-se que as empresas tiveram uma rápida adaptação, uma vez que para garantir diferencial competitivo e sobrevivência, as empresas foram cada vez mais projetadas para a flexibilidade e eficiência de resposta, o que possibilitou as empresas do ramo serem competitivas, diferentemente do que acontecia na década de 1980 e início de 1990, uma vez que a gestão das empresas estava moldada ao ganho pela especulação financeira e o mais importante era a compra pelo calendário e cronograma de vencimento. Comprar antes dos aumentos de tabela de preço era lucro garantido. Diante do novo cenário econômico do Brasil, a logística passou a ser uma das áreas chaves para alavancagem de resultados positivos na rentabilidade da empresa. Para a compreensão do assunto de reposição de mercadorias na cadeia de abastecimento para os supermercadistas, os tópicos a seguir abordarão alguns pontos relevantes, quais sejam: a conceituação de logística, gerenciamento logístico, gerenciamento da cadeia de abastecimento, estratégia de parceria com os fornecedores, gestão de estoques, gestão de transportes e os custos logísticos de transporte. 3.Gerenciamento Logístico Segundo Moura (1998), a logística consiste em fazer chegar no ponto certo as quantidades de mercadorias desejadas pelo cliente, nas condições estabelecidas e pelo menor custo; a logística constitui-se num sistema global, formado pelo inter-relacionamento dos diversos segmentos ou setores que a compõem. A logística tem um amplo campo onde fazem parte também a embalagem e a armazenagem, o manuseio, a movimentação e o transporte de um modo geral, a estocagem em trânsito e todo o transporte necessário, a recepção, o ENEGEP 2004 ABEPRO 2116
3 acondicionamento e a manipulação final, isto é, até o local de utilização do produto pelo cliente. Para Ballou (2001), a missão do gerenciamento logístico é planejar e coordenar todas as atividades necessárias para alcançar níveis desejáveis dos serviços e qualidade ao custo mais baixo possível. O gerenciamento logístico está primeiramente preocupado com a otimização de fluxos dentro da organização, enquanto que o gerenciamento da cadeia de suprimentos reconhece que a integração interna por si não é suficiente, o objetivo é ligar o mercado, a rede de distribuição, o processo de fabricação e a atividade de aquisição, de tal modo que atenda os clientes com níveis cada vez mais altos, ainda assim mantendo os custos baixos. Com as mudanças no perfil dos consumidores cada vez mais exigentes, diante de um avanço das tecnologias tanto nas áreas industrias quanto comerciais, as empresas buscaram adaptar-se a esta nova realidade. Paralelamente foram desenvolvidas várias ferramentas para auxiliar os gestores organizacionais e logísticos na busca de novas técnicas para o reabastecimento das demandas. Nos últimos anos, a globalização dos mercados vem aumentando significativamente a concorrência em todos os setores empresariais, bem como, conceitos e paradigmas têm surgindo e expandindo rapidamente, como o e-business. Deste modo, surge a necessidade de implantação de métodos de gerenciamento eficazes, sendo que uma delas é o SCM - Supply Chain Management (Gerenciamento da Cadeia de Suprimentos). Muitas empresas implementaram uma série de práticas e conceitos eficazes da SCM. Estas práticas visam sobretudo a simplificação e obtenção das cadeias produtivas mais eficientes. Pires (1998) destaca algumas destas práticas: divisão de informações e integração da infra-estrutura com clientes e fornecedores, propiciando entregas just-in-time e redução dos níveis de estoques. A integração de sistemas computacionais e a utilização de sistemas, como o Electronic Data Interchange (EDI) e o Efficient Consumer Response (ECR), entre fornecedores, clientes e operadores logísticos podem permitir a prática, por exemplo, da reposição automática do produto na prateleira do cliente; resolução conjunta de problemas e envolvimento dos fornecedores desde os estágios iniciais do desenvolvimento de novos produtos. 3.1 Custos Logísticos Wanke (2004), destaca a importância de se considerar os demais custos logísticos, chama a atenção para o fato de que reduzir os níveis de estoque, sem uma análise preliminar sobre o grau de eficiência do transporte, da armazenagem e do processamento de pedidos, pode gerar um aumento no custo logístico total da operação. De acordo com Christopher (1998), é desejável haver uma forma de avaliar os custos logísticos. Porém, destaca que muitas companhias têm dificuldades em levantar estes custos. Isto em parte deve-se ao fato de que os sistemas convencionais de contabilidade agrupam os custos em categorias amplas e agregadas, não ponderando assim uma análise mais detalhada. Sendo que esta é necessária para a identificação dos custos verdadeiros da participação de serviço por cliente numa variedade de produtos. Ballou (2003), divide os custos totais em custos de obtenção que são os custos associados com a aquisição de mercadorias para o reabastecimento de estoque, sendo freqüentemente uma força econômica que determina as quantidades de reposição e custos de manutenção do estoque: estes custos resultam da estocagem, ou da manutenção dos produtos por um período de tempo, fazem parte destes custos, o custo de espaço, custo de capital e os custos dos serviços dos estoques. ENEGEP 2004 ABEPRO 2117
4 Segundo Ballou (1993) e Bowerson (2001) o transporte representa a maior despesa individual nas operações logísticas. Representa dois terços dos gastos logísticos. Os especialistas que trabalham com logística devem ter ótimo conhecimento sobre os transportes. Pode-se compreender que o transporte tem importante participação na migração das nações, pois contribui para: a) aumentar a competição no mercado, b) garantir a economia de escala de produção e c) reduzir preços de mercadorias. De acordo com Caixeta Filho, et al (2001), em estudos anteriores entre ao anos de 1960 e 1980 os fatores determinantes para os custos era a distância entre origem e destino. Evoluindo nos estudos na década de 1990 outras variáveis passaram a influenciar o estabelecimento de preço e frete, destacando: a) Custos operacionais: podem influenciar o valor do frete de maneira distinta em diferentes rotas. b) Carga e descarga: os transportadores tendem a acertar fretes mais baratos quanto menor for o tempo de espera. c) Prazo de entrega: o transporte eficiente deve ser capaz de respeitar prazos de entrega, com o objetivo de reduzir os custos logísticos. Simchi-Levi (2003), observa que se um caminhão estiver sempre cheio quando fizer uma entrega, o centro de operação será diluído entre o maior número possível de itens, ou seja, carregar completamente os caminhões minimiza os custos com transporte. Entretanto se a demanda é feita em quantidades menores do que uma carga de caminhão e mesmo assim é entregue a carga completa, deve-se esperar por longos períodos antes do produto ser consumido, aumentando os custos do estoque. 4. Metodologia da Pesquisa Esta pesquisa é predominantemente quantitativa, cujos dados obtidos são interpretados qualitativamente. O modo de investigação utilizado é o estudo de casos. De acordo com Gil (1991), o estudo de caso envolve o estudo profundo e exaustivo de um ou poucos objetos de maneira que se permita o seu amplo e detalhado conhecimento. Sua vantagem reside no fato de que o estudo de caso, normalmente utiliza uma linguagem muito próxima da utilizada no dia-a-dia, sendo assim pode ser visto como um passo para a ação, ou seja, as suas conclusões podem ser interpretadas de forma a constituir uma base de informações para futuro aproveitamento. (Gil, 1991). O nível de análise do estudo é o organizacional. A unidade de análise é a área de logística. Devido à amplitude da quantidade de item que são comercializados pelos varejistas e a grande quantidade de fornecedores que operam com este canal de distribuição, o trabalho será limitado a uma única empresa e a dois produtos. Para a consolidação deste trabalho, faz-se necessário levantar dados junto a uma empresa fornecedora sobre os seus custos para atendimento de um pedido de supermercadista. Este levantamento possibilitou fazer uma análise dos custos logísticos na ótica do fornecedor supermercadista. Nesta pesquisa, são apresentadas quatro simulações ao todo. A primeira diz respeito ao atendimento do fornecedor ao supermercadista de um pedido de quilos de farinha de trigo a uma distância de 400 km. A segunda diz respeito ao atendimento do fornecedor ao supermercadista de um pedido de quilos de mistura para bolo doméstico a uma distância de 400 km. A terceira diz respeito ao atendimento do fornecedor ao supermercadista de um pedido de quilos de farinha de trigo a uma distância de km. A quarta diz respeito ao atendimento do fornecedor ao supermercadista de um pedido de quilos de mistura para bolo doméstico a uma distância de km. ENEGEP 2004 ABEPRO 2118
5 Foram utilizadas para coleta de dados as técnicas (ou recursos) de pesquisa documental e questionário. Os dados colhidos na presente pesquisa serão de dois tipos: primários (dados colhidos pela primeira vez pelo pesquisador) e secundários (dados disponíveis em documentos e informes diversos). Iniciou-se a pesquisa com a análise dos dados secundários, uma vez que estes serviram de subsídio para posterior acesso aos dados primários. Fontes primárias utilizadas: questionário. Fontes secundárias utilizadas: informativos, catálogos e site da empresa pesquisada. Devido à amplitude da quantidade de itens comercializados pelos varejistas e a grande quantidade de fornecedores que operam com este canal de distribuição, o trabalho será limitado a uma única empresa e a dois produtos. Para a consolidação deste trabalho, faz-se necessário levantar dados junto a uma empresa fornecedora sobre os seus custos para atendimento de um pedido de supermercadista. 5. Apresentação e análise dos dados 5.1. Caracterização da empresa estudada A empresa Alfa (será denominada desta forma em razão da empresa não permitir a divulgação de seu nome), surgiu em 1905 com a compra de um moinho de trigo, numa cidade litorânea da região sudeste. Na década de 1930, outras unidades foram construídas ou adquiridas no país, tendo filiais em diversos estados brasileiros, inclusive no Paraná. A finalidade principal da empresa é de moagem de trigo, mas também processa a farinha resultante da moagem, tanto é que em 1956 inaugurou a fábrica de mistura para bolo doméstico e em 1987 a fábrica de pré-mistura para a industria de panificação. Com a expansão da empresa, adotou-se a estratégia de especializar as unidades para a produção de algum sob produto da farinha, ou seja, uma unidade se especializou em mistura para bolo doméstico, outra em mistura pré-pronta para a industria de panificação, outra em ração animal e assim por diante. Para melhorar o atendimento dos pedidos dos clientes de outros estados, onde não havia a produção do sub-produto, a empresa ampliou os depósitos de produtos acabados e passou a armazenar e distribuir os produtos fabricados pelas outras unidades. Atualmente o grupo atua em vários setores da indústria, principalmente de alimentação, possuindo colaboradores, esta presente em 17 estados brasileiros e seu faturamento anual gira em torno de R$ 11 bilhões Análise Comparativa das simulações Foram escolhidos os produtos farinha de trigo e mistura para bolo doméstico, por se tratarem de produtos com características diferentes, principalmente quanto ao preço de venda. A farinha de trigo tem baixo preço de venda, e a mistura para bolo doméstico tem alto valor. Para facilitar o estudo, utilizou-se o critério de trabalhar com peso para os dois produtos e o referencial em quilos. A distância das entregas entre o ponto de origem e destino serão uma de curta (400 km) e outra de longa km). As simulações representam as duas distâncias, sendo que foram escolhidas para se verificar a variação no custo de transportes quando é alterado o ponto de destino, para os dois produtos farinha de trigo e mistura para bolo doméstico. Serão apresentados os custos de operação e transporte para atender os clientes em faixas de quantidade de quilos que variam de a quilos. Foi escolhida esta quantidade de variação mínima e máxima a ser transportada em um veículo com capacidade máxima para quilos. A empresa Alfa informou que os valores apresentados representam a média do período entre Janeiro 2003 a Junho de ENEGEP 2004 ABEPRO 2119
6 A análise comparativa estará baseada no gráfico 1 Percentual custo / receita da farinha de trigo para as distâncias de 400 e km e no gráfico 2 - Percentual custo / receita da mistura para bolo doméstico para as distâncias de 400 e km. O foco da análise estará na curva de custos, a mesma indicará a partir de qual quantidade em quilos o percentual fica mais próximo do índice de frete desejado. Como serão analisadas duas distâncias diferentes, onde terão duas curvas que poderão ter a mesma direção, pois a redução dos custos operacionais ocorre com o aumento dos quilos a serem entregues, porém em níveis diferentes. Para facilitar a visualização da análise dos cenários, o gráfico 1 apresentará o produto farinha de trigo e o gráfico 2 apresentará o produto mistura para bolo doméstico, sendo que o eixo X apresentará a quantidade em quilos transportada e o eixo Y apresentará o percentual de custo dividido pela receita que será chamado de índice de frete para as distâncias de 400 e km para cada um dos produtos analisados. % Custo/Receita 45% 40% 35% 30% 25% 20% 15% 10% 5% 0% Quilos 400 km km Gráfico 1: Percentual custo / receita da farinha de trigo para as distâncias de 400 e km Fonte: elaboração própria com base nos dados da empresa Alfa. Analisando a simulação 1 (farinha de trigo 400 km) e a simulação 3 (farinha de trigo km) representados no gráfico 1, nota-se que para atender o índice de frete previsto pela empresa Alfa conforme sua informação que é de 3 a 4%, a quantidade ideal a ser entregue está em pontos diferentes do gráfico. Para a distância de 400 km a quantidade ideal é de quilos que representa um índice de frete de 3,92%. Para km a quantidade ideal é de quilos que representa um índice de frete de 2,90%. % Custo/Receita 8,50% 8,00% 7,50% 7,00% 6,50% 6,00% 5,50% 5,00% 4,50% 4,00% 3,50% 3,00% 2,50% 2,00% 1,50% 1,00% 0,50% 0,00% Quilos 400 km 1200 km Gráfico 2: Percentual custo / receita da mistura para bolo doméstico para as distâncias de 400 e km Fonte: elaboração própria com base nos dados da empresa Alfa. ENEGEP 2004 ABEPRO 2120
7 Analisando o comportamento do produto mistura doméstica, produto na simulação 2, (400 km) e a simulação 4 (1.200 km) representados no gráfico 2, nota-se que para atender o índice de frete previsto pela empresa Alfa conforme informado que é de 0,6 a 0,8%, a quantidade ideal a ser entregue está em pontos diferentes do gráfico. Para a distância de 400 km a quantidade ideal é de quilos que representa um índice de frete de 0,71%. Para km a quantidade ideal é de quilos que representa um índice de frete de 0,52%. Analisando os cenários apresentados nota-se uma flutuação na localização da quantidade ideal. A simples alteração na distância entre os pontos de entregas a serem atingidos, faz com que haja um deslocamento do ponto da quantidade ideal a ser entregue. Mantendo-se constantes as informações dos custos operacionais para as quatro simulações apresentadas, tendo em vista as informações obtidas pela análise documental da empresa Alfa, pode-se verificar que a curva de custos operacionais e da relação custo/receita sofrem deslocamento para baixo conforme aumenta a quantidade de quilos. 6. Conclusão O aumento da concorrência, a busca da eficiência e rentabilidade tem obrigado as empresas a investirem em novas marcas, ampliação e ação vertical e horizontal de suas linhas de produtos, alteração de medidas, pesos e forma de suas embalagens primárias. Tudo isto para manter ou conquistar o cliente que está cada vez mais exigente, porém todas estas inovações acabam provocando uma grande mudança em todo o teatro de operação logística, ou seja, usar a criatividade e inovações tecnológicas para continuar a manter o lema, entregar o produto certo na hora certa no local certo, com o menor custo possível. As ferramentas tecnológicas para reduzir os valores em estoques alcançaram seus objetivos, além de contribuir para o aumento de níveis de serviço. No entanto os gestores de inventários, como já diz a sua própria função, ocupam-se em manter ou reduzir os estoques dentro de sua visão focada ao valor do estoque, sendo assim, acaba-se menosprezando todos os demais custos envolvidos na cadeia de abastecimento, como o custo de operação e transporte. Em razão disto, as empresas fornecedoras ficam com grandes custos operacionais e de transporte o que afeta sua rentabilidade, e por que não dizer, a sua existência. Todo este grau de exigência não está totalmente contemplado nas ferramentas implantadas, agravando ainda mais este cenário no Brasil. A demanda real é muito instável, sendo abalada facilmente por ações do governo, datas festivas, concorrências e expectativas políticas. Esta inconstância faz com que a taxa de demanda não seja totalmente previsível. A forma de proteção para evitar surpresa é o estoque de segurança. Porém, ainda há a questão do custo de operação e transporte que não está contemplado na gestão do supermercadista. Por vezes, para não afetar a rentabilidade do negócio, o fornecedor acaba não cumprindo com o prazo de entrega, gerando rupturas no ponto de venda provocando assim desconforto na relação comercial, além de perda da vendas ao supermercadista e a si mesmo. A gestão de custos das empresas, na atualidade brasileira, é feita com as informações oriundas do sistema de contabilidade, raras são as empresas que trabalham com o custeio por atividade. Este trabalho mostra o quanto é necessário conhecer os custos em cada atividade envolvida no processo de atendimento de pedidos aos clientes. Quando se analisam os custos a partir das informações contábeis, corre-se o risco de interpretar de maneira incorreta, por exemplo: Ao analisar os custos com mão de obra em um departamento de operações, poderá ser considerado o valor total dos salários dos colaboradores do setor. Porém a atividade de conferência no recebimento de mercadorias, separação de mercadorias e expedição são diferentes, tem colaboradores com qualificações diferentes e, portanto salários diferentes. Observa-se na prática que a quantidade ideal em quilos por entrega está diretamente ligada ao índice de frete estabelecido pelo fornecedor através de seu plano orçamentário, onde ENEGEP 2004 ABEPRO 2121
8 esta definido quais as metas e os limites a serem cumpridos para propiciar a melhor rentabilidade para a empresa. Como pode ser observado nos cenários, não existe uma quantidade ideal de entregas por quilo (unidade utilizada no estudo) que atenda ao fornecedor e ao supermercadista simultaneamente em seus objetivos previstos. O fornecedor deve apresentar ao supermercadista a sua proposta de quantidade ideal de quilos por entregas, esta proposta deverá ter o limite mínimo de quantidades para negociação, pois a partir desta quantidade para menos, a negociação para o fornecedor resultará em prejuízo e a quantidade para mais resultará em melhor rentabilidade. O supermercadista, a partir da informação da quantidade ideal de entrega deverá analisar o seu custo de oportunidade de estoque para assim formalizar a parceria com o fornecedor, desta forma, poderá haver uma redução nos custos operacionais em toda a cadeia de abastecimento. Referências BALLOU, Ronald H. Logística Empresarial: Transportes, Administração de Materiais, Distribuição Física. 1º edição.são Paulo: Ed. Atlas, BALLOU., Ronald H. Gerenciamento da Cadeia de Suprimentos: Planejamento, Organização e Logística Empresarial. 4º edição. Porto Alegre: Ed. Bookman, BOWERSOX, Donald J. CLOSS, David J. Logística Empresarial: O Processo de Integração na Cadeira de Suprimentos. 1º edição.são Paulo: Ed.Atlas, CHRISTOPHER, Martin. Logística e Gerenciamento da Cadeia de Suprimentos: Estratégias para a Redução de Custos e Melhoria dos Serviços. 1º edição. São Paulo: Ed. Pioneira, CAIXETA, José Vicente e MARTINS, Ricardo Silveira (Organizadores). Gestão Logística do Transporte de Cargas. 1º edição. São Paulo: Ed. Atlas, GIL, Antonio Carlos. Como elaborar projetos de pesquisa. São Paulo: Ed. Atlas, MARTINS, P. G. & ALT, P. R. C. Administração de Materiais e Recursos Patrimoniais. São Paulo: Ed. Saraiva, MOURA, Reinaldo A. Sistemas e Técnicas do Movimentação: Armazenagem de Materiais. São Paulo: Ed. IMAM,1998. PIRES, Sílvio R. I. Managerial implications of the modular consortium model in a Brazilian automotive plant. International Journal of Operations & Production Management, v. 18, n. 3, ROJO, F.J.C. Supermercados no Brasil: Qualidade Total, Marketing de Serviços, Comportamento do Consumidor. São Paulo: Ed.Atlas, SIMCHI-LEVI, David: Cadeia de Suprimentos: Projeto e Gestão. São Paulo: Ed. Bookman, WANKE, Peter.Aspectos Fundamentais da Gestão de Estoques na Cadeia de Suprimentos. Artigo on line Cel Coppead. Disponível em Acessado em 10/03/2004. ENEGEP 2004 ABEPRO 2122
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