Sociedade Disciplinar
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- Aníbal Teixeira
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1 Sociedade Disciplinar
2 Introdução Michel Foucault O pensador Michel Foucault se dedicou a estudar como foi se desenvolvendo os mecanismos de controle social ao longo do tempo. A partir do século XVII, com o enfraquecimento do poder monárquico e do Estado absolutista ocorreram transformações substanciais na forma de controlar a sociedade.
3 Sociedade de Controle Mudanças sociais ocorridas a partido do século XVII e intensificadas no século XVIII e XIX levaram a alterações do jogo do poder, que foi sendo gradativamente substituído pelo que Foucault denomina de sociedades disciplinares, as quais atingiram o seu apogeu no séc. XX. Ocorreu quando a economia do poder percebeu ser mais eficaz e rentável vigiar do que punir.
4 Duas imagens da disciplina Num extremo, a punição da instituição fechada, toda voltada para funções agressivas, violentas, para servir de modelo aos outros. O movimento de um esquema da punição ao de uma vigilância generalizada, repousa sobre uma transformação histórica: a extensão progressiva dos dispositivos de disciplina ao longo dos séculos XVII e XVIII até os dias atuais, sua multiplicação através de todo o corpo social, a formação do que se poderia chamar grosso modo a sociedade disciplinar. Foucault, (1997), pag:173
5 Vigiar e Punir Em Vigiar e Punir, Foucault trata com muita propriedade do tema da Sociedade Disciplinar, implantada a partir dos séculos XVII e XVIII. O filósofo aponta que a motivação de toda esta rede de controle se justifica pela necessidade que a burguesia teve de efetivar um controle mais determinado sobre as massas, que poderiam representar um perigo explosivo, se fossem levados a sério os ideais da Revolução Francesa e do Iluminismo.
6 Vigiar e Punir Para explicar a sociedade de controle, Foucault cita tenebrosos trechos de sentenças comuns aplicadas a criminosos nos séculos XVII e XVIII. Trata-se de decepamentos, perfurações, esquartejamentos e outros mecanismos de punição que buscavam dar o exemplo para a população e mostrando que qualquer crime atingia, em última instância, à figura do soberano. Logicamente, qualquer ataque à figura real deveria ser neutralizado com a máxima brutalidade, de forma a manter inabalada sua onipotência. do poder absolutista. Ao longo do tempo, a dinâmica punitiva se altera com base no esfacelamento Paulatinamente, o crime passa a ser punido com a simples retribuição do ato cometido. Como exemplo, alguém que tivesse esfaqueado um indivíduo deveria ser esfaqueado de forma semelhante pelo carrasco, que não tinha mais o direito de fazer o criminoso sofrer além do que havia sido determinado pelas licenças. Mesmo essa forma atenuada mas ainda brutal de punição foi somente uma transição para o surgimento da punição através do encarceramento, que a partir de meados do século XVIII veio substituir toda a gama de penas aplicadas anteriormente. Fonte:
7 Sociedade disciplinar A existência de mecanismos disciplinares é anterior ao período que Foucault denominou como sociedade disciplinar, mas antes existiam de forma isolada, fragmentada. O padrão de visibilidade das sociedades disciplinares projetou-se no interior dos prédios das instituições, que passaram a ser construídos para permitir o controle interno.
8 Sociedade Disciplinar Coube às sociedades disciplinares organizar os grandes meios de confinamento, os quais tinham como objetivo concentrar e compor, no tempo e no espaço, uma forma de produção cujo efeito deveria ser superior à soma das partes, ou seja, a soma do que cada um poderia fazer individualmente. O indivíduo não cessava de passar de um espaço fechado ao outro: família, escola, fabrica, universidade e eventualmente prisão ou hospital. Fonte:
9 As instituições Foucault afirma que as instituições não têm essência ou inferioridade, nem são fontes de poder. São mecanismos operatórios práticos que fixam relações. Têm necessariamente dois pólos: aparelhos e regras. O pólo negativo compreende a tática do poder em sujeitar e reprimir. O pólo positivo consiste em produzir, mobilizar forças. Fonte:
10 As instituições Foucault denomina o período do século XVII em diante de sociedade disciplinar, pois traz como características essenciais a distribuição dos indivíduos em espaços individualizados, classificatórios, combinatórios, isolados, hierarquizados, capazes de desempenhar funções diferentes segundo o objetivo especifico que deles exige. Estabelece uma sujeição do individuo ao tempo, com o objetivo de produzir com o máximo de rapidez e eficiência. A vigilância também se expressa como um dos seus instrumentos de controle, de maneira contínua, perpetua e permanente. As instituições na sociedade disciplinar buscam eficiência.
11 Panóptico Foucault descobriu uma engenharia que atravessou quase meio século, praticamente despercebida, enquanto estratégias ou tática de poder. Mas que aparece como uma mecânica de observação individual, classificatória e modificadora do comportamento, uma arquitetura formulada para o espaço da prisão, ou para outras administrações, tais como: a fábrica, a escola, o manicômio, etc. Essa maquinaria era o Panóptico.
12 Panóptico Poder das Sociedades Disciplinares, se baseou, segundo Foucault, no modelo do Panóptico de Jeremy Bentham ( ), o filósofo utilitarista inglês que idealizou o sistema de prisão com disposição circular das celas individuais, dividas por paredes e com a parte frontal exposta à observação do Diretor por uma torre do alto, no centro, de forma que o Diretor veria sem ser visto. Isto permitiria um acompanhamento minucioso da conduta do detento, aluno, militar, doente ou louco, pelo Diretor, mantendo os observados num ambiente de incerteza sobre a presença concreta daquele. Essa incerteza resultaria em eficiência e economia no controle dos subalternos, pois tendo invadida a sua privacidade de modo alternado, furtivo, incerto, ele mesmo se vigiaria. Esse sistema permitiria também um controle externo do funcionamento do Panóptico, pois uma simples observação a partir da torre, permitiria a avaliação da qualidade da administração do Diretor, sendo ele também vigiado. Esta vigilância se espalhou de modo similar por toda a sociedade em uma rede ramificada além da estrutura física das instituições. Essa distribuição capilar do Poder é um dos pólos fundamentais de controle das massas, potencialmente perigosas à Ordem.
13 Panóptico
14 Panóptico O Panóptico é a utopia de uma sociedade e de um tipo de poder que é, no fundo, a sociedade que atualmente conhecemos utopia que efetivamente se realizou. Este tipo de poder pode perfeitamente receber o nome de panoptismo. Vivemos numa sociedade onde reina o panoptismo. Com o Panóptico vai-se produzir algo totalmente diferente. Não há mais inquérito, e sim vigilância e exame. O Panóptico teve uma tríplice função a vigilância, o controle e a correção. Fonte:
15 Panóptico O panóptico trata-se da manifestação mais pura do controle exercido pela sociedade disciplinar, regulamentando as ações, determinando padrões de gosto e modelos de conduta que devem ser seguidos pela massa social. Os organizadores desse dispositivo acreditariam que pela instauração desse grande sistema de observação das ações individuais os grandes problemas sociais seriam banidos definitivamente do âmbito "civilizado". A definição do Panóptico como um instrumento direcionado para o controle das ações individuais fora adotada por Jeremy Bentham, no seu projeto de inserção dessa cadeia de controle social sobre as instituições européias do período incipiente da Revolução Industrial, como forma de obter o máximo domínio sobre as disposições individuais, evitando-se a criminalidade e as revoltas contra a ordem estabelecida. A formulação do Panóptico é um pretenso projeto utópico, cuja instauração resolveria definitivamente o problema da segurança da sociedade urbana, exigindo assim a supressão da intimidade de cada indivíduo. Analisado criticamente, o Panóptico representa uma distopia social, pois o seu objetivo se realizaria mediante o controle intrínseco do comportamento humano, gerando em cada indivíduo o florescimento do medo pela ameaça de punição. Fonte: Autor Renato Nunes Bittencourt
16 Crítica a sociedade disciplinar A crítica sobre a natureza opressora da sociedade disciplinar realizada por Foucault - através da explicitação dos mecanismos de imposição de poder que se encontram subjacentes (escondidos) na prática de controle e fiscalização social que se dá nos presídios, nas fábricas, nos espaços religiosos e nas escolas, etc. - refere-se ao fato de que a submissão incondicional do indivíduo às regras estabelecidas, gera os corpos dóceis (Vigiar e punir, p. 127). A sociedade de controle exerce a domesticação dos impulsos singulares humanos, desmobilizando qualquer projeto de revolta. Para Foucault, ao enfraquecer as resistências individuais, o poder legal suprime pela raiz toda voz de dissensão diante das manifestações de arbitrariedade (A verdade e as formas jurídicas, p. 103). Fonte: Autor Renato Nunes Bittencourt
17 Crítica a sociedade disciplinar A educação disciplinar do corpo individual é o meio que favorece a transformação da vida humana em força produtiva canalizada para objetivos práticos que proporcionam resultados concretos e úteis para a sua sociedade ou para o grupo que controla a sociedade. O sistema Panóptico coíbe intimamente toda inclinação destoante das individualidades em relação às normas rigorosamente impostas pelo Estado ou grupo dominante, estabelecendo a adoção de comportamentos uniformes aos que se encontram imersos nessa realidade vigiada. A estrutura do Panóptico seria, segundo os critérios coercitivos da ordem política estabelecida, uma arma eficaz contra a diferença, a opção e a variedade dos comportamentos e dos valores (Globalização, p. 58). O controle social gera o nivelamento dos indivíduos, calando o desenvolvimento criativo das suas singularidades. Quanto mais medíocre, tanto melhor para a "paz pública". Fonte: Autor Renato Nunes Bittencourt
18 FIM
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