A LEI DE EXECUÇÃO PENAL Nº E A EDUCAÇÃO NAS UNIDADES PRISIONAIS: QUAIS DISPOSITIVOS?
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- Mateus Borges Azeredo
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1 A LEI DE EXECUÇÃO PENAL Nº E A EDUCAÇÃO NAS UNIDADES PRISIONAIS: QUAIS DISPOSITIVOS? Dimas de Lima Santos dimasfilos@gmail.com Ana Karla Loureiro da Silva anakarlaloureiro@hotmail.com Maria da Conceição Valença da Silva conceição.valenca@yahoo.com.br RESUMO O presente trabalho é um recorte do projeto de pesquisa intitulado Políticas públicas para a educação no sistema prisional: da legislação às ações implementadas no Estado de Alagoas, do Programa de Iniciação Científica PIBIC, da Universidade Federal de Alagoas (UFAL). No ínterim dos estudos e discussões, o tema educação nas prisões despertou nosso interesse de compreender o que está disposto na legislação nacional para as pessoas que estão em situação de privação de liberdade. Desse modo, para delimitarmos nosso estudo, elegemos como objetivo entender a Lei de Execução Penal (LEP) nº no que se refere à oferta de educação nos estabelecimentos penais. Trata-se de uma pesquisa bibliográfica, de caráter qualitativo, cujo procedimento metodológico se deu a partir da análise documental. O estudo evidenciou que a educação, no que concerne ao sistema prisional, pode auxiliar na formação do preso, promovendo sua reinserção na sociedade. Palavras-chave: Educação. Educação nas prisões. Cidadão. 1 PROBLEMÁTICA DA PESQUISA A evolução de uma sociedade está extremamente vinculada ao conjunto de regras que é produzido para que todos consigam conviver em harmonia. Desse modo, é necessário que as regras de civilidade sejam de interesse comum e que não privilegiem um grupo específico. Nessa perspectiva, pensadores da sociedade moderna como Rousseau ( ), Thomas Hobbes ( ) e John Locke ( ) são considerados pioneiros em demonstrar a organização da sociedade a partir de regras de convivências, a partir dos contratos.
2 Para tal propósito, o Estado deverá garantir ao cidadão direito à saúde, educação, moradia e segurança pública promovendo o desenvolvimento completo da sociedade e do cidadão. Para uma melhor compreensão dessa nova organização social, podemos destacar duas esferas extremamente importantes: a esfera da educação e da segurança pública. A esfera da educação deve fornecer os meios necessários para que se aprenda, na escola, o conjunto de regras que permitirá o ser humano reconhecer-se como cidadão, podendo identificar o que é certo ou errado na sociedade. Já a esfera da segurança pública, deve garantir que o conjunto de regras (leis) seja obedecido garantindo a paz. Porém, quando este conjunto de regras é violado o cidadão é punido e, dependendo da gravidade da violação, será privado de sua liberdade e condenado à prisão. No livro Vigiar e Punir, Michel Foucault aponta não só o surgimento da prisão, mas como o Estado precisava vencer a maneira que se punia o cidadão condenado, a supressão do espetáculo punitivo (FOUCALT, 2008, p. 12). O autor mostra que a partir do final do séc. XVIII as grandes encenações dos condenados começam a desaparecer dando lugar a uma nova maneira de se punir: A punição vai-se tornando, pois, a parte mais velada do processo penal, provocando várias consequências: deixa o campo da percepção quase diária e entra no da consciência abstrata: sua eficácia é atribuída à sua fatalidade não à sua intensidade visível; a certeza de ser punido é que deve desviar o homem do crime e não o mais abominável teatro; a mecânica exemplar da punição muda as engrenagens. (FOUCALT, 2008, p. 13). Atualmente, toda sociedade possui um conjunto de regras (leis) que garante o não conflito entre os cidadãos. O Brasil, por exemplo, em 11 de julho de 1984 foi criada a Lei de Execução Penal (LEP) nº que determina qual tipo de punição o cidadão terá, dependendo da gravidade de seu ato. Entretanto, como é obrigação do Estado garantir as necessidades básicas do cidadão, a LEP deve garantir que as pessoas que estejam em privação de sua liberdade nos estabelecimentos penais, ao serem reinseridas na sociedade, não se sintam excluídas ou rejeitadas e que
3 tenham os mesmos direitos que todos os cidadãos livres. Desse modo, a pessoa presa terá acesso à saúde e à educação, dentre outros, uma vez que a sua condenação não o exclui dos direitos fundamentais. Apesar da Lei de Execução Penal ter surgido em 1984, é apenas no ano de 2009 que é publicada a Resolução nº 3 do Ministério da Educação (MEC), que dispõe as diretrizes nacionais para ofertar a educação nos sistemas prisionais. Dois anos mais tarde, em 24 de novembro de 2011 com a implantação do Decreto nº 7.626, também do MEC, fica instituído o Plano Estratégico de Educação no âmbito do Sistema Prisional (PEESP), e mais recentemente, em 9 de setembro de 2015 a Lei nº modifica a Lei nº 7.210, determinando que o Sistema Prisional Brasileiro deve fornecer o ensino médio em suas penitenciárias. No atual cenário das estatísticas dos índices de violência no Brasil, o estado de Alagoas se configura como o mais violento do país. Problemas com a saúde e a educação são gritantes e, no caso da segurança pública, por exemplo, os problemas parecem contribuir para que essas estatísticas continuem aumentando a cada dia, apesar do país dispor da Lei de Execução Penal referida anteriormente. Uma possível alternativa encontrada pelo estado de Alagoas para favorecer as pessoas que estão em privação de liberdade é a oferta de educação nos estabelecimentos penais e, sendo a educação umas das esferas transformadoras da sociedade, é muito importante que sua oferta seja fortalecida e aprimorada para que esses condenados, ao votarem à liberdade, não fiquem no ócio vulneráveis ao retorno à marginalidade. 2 OBJETIVOS Geral: Compreender a Lei de Execução Penal nº no que concerne à função da educação nos estabelecimentos prisionais. Específicos:
4 Entender os dispositivos da LEP sobre a privação de liberdade de pessoas acusadas e condenadas. Analisar o papel da educação para a formação de pessoas que estão em situação de privação de liberdade. 3 METODOLOGIA A iniciativa de apresentar esse trabalho na V Semana Internacional de Pedagogia, do Centro de Educação da Universidade Federal de Alagoas, surgiu no decorrer dos estudos e discussões nas reuniões do projeto de pesquisa do PIBIC, intitulado: Políticas Públicas para a Educação no Sistema Prisional: da legislação às ações implementadas no estado de Alagoas. Considerando o recorte do objeto para realização desse trabalho, foi realizado um levantamento bibliográfico, enquanto procedimento metodológico, para identificação na legislação nacional para fundamentar essa pesquisa, tomando como principal referência a Lei de Execução Penal nº 7.210/84. Sendo uma das principais e mais importantes etapas de uma pesquisa por dispor o método, as técnicas, as concepções teóricas da abordagem, a metodologia é considerada a alma da pesquisa, (MINAYO, 2012, p. 15). Ainda de acordo com essa autora: o universo da produção humana que pode ser resumido no mundo das relações, das representações e da intencionalidade e é objeto da pesquisa qualitativa dificilmente pode ser traduzido em números e indicadores quantitativos (MINAYO, 2012, p. 21). Nessa perspectiva, ressaltamos que esse estudo é de caráter qualitativo, pois trabalha um nível da realidade que precisa ser exposto e interpretado pelo pesquisador, orientado por objetivos, com vistas a evidenciar possíveis resultados.
5 A análise das informações se deu por meio da análise documental enquanto técnica importante para análise de dados qualitativos, uma vez que contribui para desvelar diferentes aspectos LUDKE; ANDRE, 1986). 4 RESULTADOS A educação tem fundamental importância na formação do cidadão, pois é com ela que se aprende como se organiza a sociedade, além de possibilitar ao cidadão entender qual o seu lugar nesse cenário social. É a partir da educação que o cidadão toma conhecimento de que seus atos estão certos ou errados. Cada sociedade organiza o seu conjunto de leis que possibilitará a convivência harmoniosa entre todos e essas leis devem ser conhecidas para que atos errados não sejam cometidos, visto que a desobediência à lei causa sérios prejuízos ao cidadão, um deles é a privação de sua liberdade em estabelecimentos prisionais. Desse modo, com a criação da Lei de Execução Penal nº 7.210, a sociedade brasileira entende quais atos são condenatórios e que podem privar o cidadão de sua liberdade. Entretanto, considerando a relevância da educação para a formação do cidadão esta Lei determina a assistência à educação para as pessoas que estão reclusas, como algo necessário e obrigatório. 5 CONSIDERAÇÕES FINAIS A educação na sociedade pós-moderna tem seu lugar de destaque por fornecer os instrumentos fundamentais de aprendizagem seja no campo social, da política, da ética etc. Com isso, é fundamentalmente importante que todos os cidadãos de uma sociedade tenham acesso à educação. É com essa perspectiva, que mesmo os que estão presos em estabelecimentos penais, devam ter o seu direito à educação garantido.
6 Com a sociedade brasileira não é diferente, a educação se faz presente como uma das esferas mais importantes do país e que deve ser acessível a todas as classes e raças de forma equânime. Desse modo, o sistema prisional brasileiro através de sua Lei de Execução Penal nº 7.210, dispõe as bases legais para ofertar assistência educacional nos estabelecimentos penais brasileiros. Portanto, será em conformidade com a Lei nacional que os Estados brasileiros desenvolverão seus instrumentos para ofertar assistência educacional nas prisões, garantindo assim, o direito fundamental de acesso à educação para todos. REFERÊNCIAS BRASIL. Lei de Execução Penal Nº de 11 de julho de Dispõe sobre o objetivo e aplicação da Lei de Execução Penal. Disponível em: < Acesso em: 11 set Resolução Nº 03, de 11 de março de Dispõe sobre as Diretrizes Nacionais para a Oferta de Educação nos estabelecimentos penais. Disponível em: < > Acesso em: 11 set Decreto Nº 7.626, de 24 de novembro de Dispõe sobre o Plano Estratégico de Educação no âmbito do Sistema Prisional. Disponível em: < Lei Nº , de 09 de setembro de Dispõe sobre a modificação da Lei de Execução Penal nº 7.210, de 11 de julho de 1984, para instituir o ensino médio nas penitenciárias. Disponível em: < Acesso em: 11 set FOUCALT, Michel. Vigiar e Punir: nascimento da prisão. 35. ed. Petrópolis, RJ: Vozes, LÜDKE, Menga; ANDRÉ, Marli E. D. A. Pesquisa em educação: abordagens qualitativas. São Paulo: EPU, MINAYO, Maria Cecília de Souza. Pesquisa Social: teoria, método e criatividade. 32. ed. Petrópolis, RJ: Vozes, 2012.
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