EXPERIÊNCIA DE ASSESSORIA TÉCNICA A COOPERATIVA AGRÍCOLA MISTA DOS PRODUTORES RURAIS DO ASSENTAMENTO NOVA VIDA LTDA (COOPERVIDA), ATRAVES
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- Pedro Henrique de Escobar Santana
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1 EXPERIÊNCIA DE ASSESSORIA TÉCNICA A COOPERATIVA AGRÍCOLA MISTA DOS PRODUTORES RURAIS DO ASSENTAMENTO NOVA VIDA LTDA (COOPERVIDA), ATRAVES DO PROGRAMA MAIS GESTÃO. Instituto de Assessoria a Cidadania e ao Desenvolvimento Sustentável - IDS João Pessoa, PB. Outubro de 2015
2 1. INTRODUÇÃO Este documento tem por objetivo registrar a trajetória exitosa da Cooperativa Agrícola Mista dos Produtores Rurais do Assentamento Nova Vida Ltda. (COOPERVIDA) a partir da sistematização da experiência de acesso a ATER políticas públicas Políticas Públicas. A Cooperativa fundada em 1995, com 128 cooperados, com o apoio do Instituto Nacional de Colonização e Reforma Agrária (INCRA), nasce junto com a luta pela terra na formação do Assentamento Nova Vida, situado as margens da rodovia estadual - PB - 057, no município de Pitimbu/PB. Na fase inicial seus cooperados buscaram desenvolver a cultura do Inhame com pequenas irrigações e para isto foi feito financiamento pelo programa PROCERA, em nome dos cooperados, avalizados pela cooperativa. Está ação levou a COOPERVIDA a inadimplência junto ao banco financiador levando a mesma ficar sem atividades administrativas por aproximadamente 12 anos, de 1997 a 2009, quando novamente um grupo de cooperados, com o apoio do SESCOOP retoma as atividades do empreendimento, negociando algumas dívidas existentes da mesma, com fornecedores e com os órgãos de controle governamental nas três esferas de poder. Com a retomada das atividades, a cooperativa passou a desenvolver algumas ações de comercialização, que vem dando suporte às atividades da cooperativa e reestabelecendo a confiança da mesma, as vendas que tem sido feita para o mercado institucional, a partir do final de 2011 e início de 2012, especificamente para o PAA Doação Simultânea. A COOPERVIDA, através de seus cooperados, tem atuado no cultivo de lavouras para produção de culturas in natura, onde podemos destacar o cultivo da macaxeira, Inhame e batata doce, abrangendo uma diversificação de produtos da agricultura familiar como o abacaxi, acerola, jerimum leite, banana, coco seco, coentro, feijão verde, graviola, mamão Havaí, manga, maracujá, maxixe, melancia, milho verde, pimentão, quiabo, tomate. Em menor escala, a produção inclui ovos de galinhas. A COOPERVIDA, apesar de estar numa situação regular atualmente, passou por situação muito difícil, com a parada de 12 anos, e as diretorias anteriores não terem feito as atualizações e as declarações das informações
3 necessárias aos órgãos de controle, como fisco estadual, INSS, Receita Federal, Junta Comercial, entre outros, deixando o empreendimento inadimplente, no período de 1997 à 2009, gerando uma dívida de milhares de reais junto a estes órgãos. Com a dívida de seis milhões de reais, a COOPERVIDA chegou muito perto de perder qualquer possibilidade de comercialização através dos programas de governo e de ter suspenso o acesso a créditos e financiamentos. O enfoque dado ao pagamento da dívida aconteceu por entender que, caso não fosse quitada, comprometeria não apenas as situações de crédito e mercado institucional, mas colocaria em risco algo muito caro aos agricultores do Assentamento Nova Vida: as terras. As terras conquistadas com luta e longo processo de negociação poderiam ser leiloadas, ou tomarem rumo semelhante, já que dadas como garantia de quitação de empréstimo. 2. OBJETIVO DA PRÁTICA Buscar uma organização produtiva, a partir de um planejamento que perceba os mercados institucional e comum. Nesta perspectiva deseja manter e aprimorar a comercialização dos produtos da COOPERVIDA com os programas PNAE e PAA Doação Simultânea e implantar mecanismos de beneficiamento da produção, visando agregar valor aos produtos dos cooperados. 3. DESCRIÇÃO DA EXPERIÊNCIA A partir de sua criação, a Coopervida passou a desempenhar as atividades de gestão de equipamentos e materiais advindos da desapropriação da área do Nova Vida, bem como a servir de instrumento de captação de recursos, tanto para os assentados, de forma individual, como para a própria cooperativa, como o plantio de lavouras irrigadas e aquisição de máquinas e equipamentos. Como as pessoas que estavam à frente do empreendimento não se sentiam preparadas para gerir os processos que foram iniciados, a cooperativa passou a sofrer dificuldades administrativas, financeiras e contábeis, criando empecilhos para continuar suas atividades, tanto do ponto de vista social, como
4 financeiro, levando o empreendimento a ficar desacreditado por parte de seus cooperados e dos agentes financiadores. A consequência disto foi uma situação de inadimplência e inação. O período entre a criação e a suspenção das atividades foi muito curto, levando aproximadamente dois anos (1995 a 1997). A falta de experiência, capacitação e assessoria que atingiu a cooperativa, fez com que o empreendimento ficasse esquecido, não existindo a preocupação de legalizá-lo junto aos órgãos de controle e fiscalização, como junta comercial, Receita Federal e Fisco estadual. Esse período de inatividade gerou vários processos, multas e outras obrigações para a cooperativa, acarretando em dívidas muito elevadas, comprometendo a sua continuidade. Porém, a partir de 2010, motivado pela perspectiva de comercialização dos produtos de seus cooperados, especificamente para o PAA Doação Simultânea e para o Programa de Aquisição de Alimentação Escolar (PNAE), um grupo de famílias resolveu reativar a cooperativa. O soerguimento do empreendimento foi iniciado pelos próprios cooperados, com o apoio de outras entidades, como o SESCOOP e fortalecido com a chegada da assessoria contábil e técnica do Mais Gestão/IDS, que apoiou o processo de levantamento da situação financeira e documental da Coopervida, realizando negociações e parcelamento de dívidas, permitindo assim, que a cooperativa mantivesse o acesso às certidões negativas exigidas por lei, para acessar os referidos programas. 4. RESULTADOS Com a Assistência Técnica e Extensão Rural (ATER), do Programa Mais Gestão, a Coopervida conseguiu não só quitar a dívida com a União, como também esboçar atividades dando enfoque no eixo das políticas públicas, que incluem ações voltadas para crédito, seguro e mercado institucional, que elevarão a qualidade de vida de mais de uma centena de famílias de agricultores associados. Atualmente a cooperativa vem conseguindo manter suas atividades, melhorando as relações com os cooperados e resgatando sua credibilidade junto à comunidade do assentamento. Além disso, a Coopervida tem apoiado
5 seus cooperados com a compra de insumos para o plantio, trator e implementos para o corte de terra e caminhão para transporte de produtos dentro do assentamento. Atualmente são comercializados através dos programas de governo cerca de um milhão e cem mil reais por ano, rendendo para o agricultor cooperado cerca de nove mil reais no período de doze meses. A Coopervida não calcula o montante comercializado em feiras públicas, mas estima que só na feira da CECAF sejam vendidos anualmente doze mil quilos de produtos entre raízes, tubérculos, hortaliças e verduras. A Coopervida conta com cerca de 160 sócios, sendo que 120 deles comercializam através da cooperativa. A inserção do empreendimento no mercado institucional melhorou a relação dos cooperados com e cooperativa, agregando valor produção e conservando certa estabilidade nos preços dos produtos, salientado que os mesmos não sofrem muitas oscilações ou variações, o que contribui para o fortalecimento da Coopervida. Além do mais, as vendas para o mercado institucional, tem permitido a geração de fluxo de capital na comunidade e na cooperativa, sendo muito importante para manutenção da mesma. 5. POTENCIALIDADES E LIMITES Com a história da Coopervida e a intervenção do Programa Mais Gestão as potencialidades são: 1. Organização dos cooperados para atingimento de escala de produção à altura das demandas dos mercados institucionais e privados em potencial, sobretudo na sua recente inserção na Central Estadual de Comercialização da Agricultura Familiar (CECAF); 2. Recuperação da capacidade de crédito após saneamento de dívidas com o apoio do Programa Mais Gestão, advindas do Procera, para ampliação do investimento produtivo; 3. Acesso a outros mercados estaduais, a saber, do recente Programa de Aquisição de Alimentos (PAA) institucional para aquisição de produtos para alimentação dos apenados do sistema prisional;
6 4. Maior integração entre as Cooperativas do Litoral Sul e Norte paraibano beneficiárias do Programa Mais Gestão, a fim de agregar valor a produtos primários com vistas ao acesso de mercados institucionais; 5. Situação geográfica privilegiada do Litoral Sul para provável abertura de novos mercados do intenso turismo e dos consumidores em trânsito na rota para Recife/PE; 6. Liderança feminina da Cooperativa com ação proativa na condução dos processos internos e externos da entidade; 7. Parcerias estabelecidas pelo IDS por meio do Programa Mais Gestão com instâncias do Governo do Estado. Em tempo alguns limites se constituem verdadeiros motivos da continuação da Boa Prática, tais como: 1. Desorganização da produção para alcance de escala de produção adequada as demandas dos mercados; 2. Dificuldades surgidas no processo de reestruturação do quadro de cooperados e da mudança de diretoria, com base nos conflitos vindos com o saneamento das dívidas; 3. Pouca estrutura de beneficiamento da produção para maior agregação de valor da produção dos hortifrutigranjeiros da base cooperada da Coopervida; 4. Fragilidade de controles dos dados de produção dos cooperados para planejamento em médio e longo prazo; 5. Descontinuidade de apoios técnicos por meio de ATER estatal. 6. REPLICABILIDADE A experiência de gestão realizada na COOPERVIDA é passível de se aplicar às realidades de quaisquer cooperativas, com um papel de assessoria pedagógica, seja em um enfoque sistêmico ou pontual (específico), haja vista que o objeto em questão é a qualidade.
7 7. DEPOIMENTOS 7.1. Depoimento de SUELES TARGINO DA SILVA FIDELES, agricultora e Presidente da COOPERVIDA. Sueles Targino enfatiza o papel do Mais Gestão nas alternativas para a quitação da dívida com a União. A Coopervida ficou inadimplente por pouco mais de uma década, o que impedia a comercialização em programas do governo. Havia o risco de a cooperativa fechar e futuramente, como temia os agricultores, as terras poderiam ser leiloadas ou embargadas. Por outro lado, os agricultores do assentamento tinham uma boa produção, embora não houvesse uma organização sobre esta produção. Neste momento a cooperativa passou a receber o apoio do Programa Mais Gestão, que com a ajuda do IDS, passou a fazer um trabalho de organização interna, do ponto de vista administrativo e contábil, mas também externa, já que os profissionais do Programa Mais Gestão (IDS) foram os responsáveis pela tomada de consciência dos cooperados, sobre a responsabilidade no pagamento da dívida. Os cooperados acreditavam que a dívida era da COOPERVIDA, mas não percebiam que também era deles. Foi realmente um trabalho de convencimento tanto para que entendessem a quem pertencia a dívida, quanto para a importância de quitá-la. Durante este período de esclarecimento, a cooperativa realizou diversas assembleias, sempre contando com o apoio de
8 advogado, administrador e de outros profissionais do Programa Mais Gestão, que colaboraram com a superação do problema. A dívida original seria de quarenta e seis mil para cada cooperado, no entanto houve um abatimento e cada um pagou exatos dois mil duzentos e quarenta e seis reais. Finalmente o grupo percebeu que o não pagamento acarretaria em prejuízos na comercialização e beneficiamento dos produtos do Assentamento Nova Vida. Hoje a Coopervida tem como principal preocupação a organização da produção através de planejamento. Busca-se implantar mecanismos de beneficiamento de produtos, visando o mercado da agroindústria. Para que a cooperativa consiga vencer as etapas iniciais os cooperados contam com a permanência da assistência dada pelo Programa Mais Gestão. Até o momento a macaxeira, o inhame e demais produtos são comercializados in natura, o que dificulta a manipulação e o armazenamento. Se a cooperativa tivesse, por exemplo, uma embaladora a vácuo, certamente os perecíveis, como no caso das raízes, estariam disponíveis o ano inteiro. A macaxeira descascada, embalada a vácuo e congelada tem a validade de um ano, ou seja, a oferta do produto não dependeria das safras. Atualmente as vendas pelo Programa Nacional da Alimentação Escolar (PNAE) têm um grande peso para a cooperativa, porém as escolas deixam de colocar a macaxeira como item nas chamadas públicas em função de sua perecividade. Além disso, se a Coopervida beneficiasse seus produtos, teria meios para comercializá-los, tendo em vista que o entorno do assentamento constitui um importante mercado, formado por redes de hotéis, supermercados e restaurantes. 8. AUTORES E COLABORADORES 8.1 Autores: José Gil Peres Filho; José Vanildo do Nascimento Silva; Maria Betânia Monteiro.
9 8.2 Colaboradores: Clara Cistina Pitanga Izidro Silva; Franciclaudio de Paula; José de Arimateia Silva; Claudia Medeiros Suassuna; Valdivan Ferreira de Almeida. 9. ANEXO 9.1 Logotipo da Coopervida:
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