JULGAMENTO SOBRE IMPUGNAÇÃO. e Distribuição Eireli ME e Enterprise Comércio e Soluções em TI Ltda EPP, ora

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1 Processo: nº 43404/ Objeto: Aquisição de Equipamentos de TI. Modalidade: Pregão Eletrônico 09/2015 JULGAMENTO SOBRE IMPUGNAÇÃO Cuida-se de reposta ao Pedido de Impugnação ao Edital interposto pelas empresas PCM Representação Ltda, Valspe Comércio de Informática, Orvalis Comércio e Distribuição Eireli ME e Enterprise Comércio e Soluções em TI Ltda EPP, ora Impugnantes, referente ao Pregão Eletrônico n 009/2015, cujo objeto é a aquisição de Equipamentos de Tecnologia da Informação, visando atender as necessidades da Secretaria de Segurança Pública e da Defesa Social. DA ADMISSIBILIDADE: Nos termos do Decreto de19/10/2007, é cabível a impugnação, por qualquer pessoa, do ato convocatório do pregão na forma eletrônica até dois dias úteis antes da data fixada para abertura da sessão pública. Desse modo, observa-se que os Impugnantes encaminharam sua petição, via pernsustentavel@gmail.com, no dia 15/09/2015 às 16h46m; 17h07m, 17h25m e 17h32m, respectivamente, e, considerando que a abertura da sessão pública do pregão está agendada para o dia 17/09/2015, as presentes Impugnações apresentam-se tempestivas. DOS PONTOS QUESTIONADOS 1. Alega a Empresa Enterprise que o Edital, no item 21.9, alínea d exige relação dos compromissos assumidos pelo licitante, como documentação relativa à qualificação econômicofinanceira. Isto para o Impugnante comina em documento não previsto na legislação vigente e de caráter restritivo. Solicita, então, a supressão da exigência.

2 2. A Empresa Valspe, além de solicitar o mesmo teor da Impugnação da Empresa Enterprise, afirma ser ilegal o item do Edital, pois a Lei de Licitações, no art. 30, 5º, veda a exigência de comprovação de atividade ou aptidão com limitações de tempo ou de época que inibam a participação na licitação; 3. Já a Empresa Orvalis, pede expressamente que seja retificado o ato convocatório excluindo o subitem 21.10, como única forma de se recuperar a característica essencial da disputa, sem graves indícios de direcionamento; e 4. Por último, a Empresa Enterprise questiona os mesmos itens 21.9 e do Edital, pedindo suas nulidades. CONSIDERAÇÕES PRELIMINARES Preliminarmente esclarecemos que o certame licitatório supracitado, rege-se pelas normas internacionais expedidas pelo Banco Mundial para Concorrência Pública Internacional (International Competitive Bidding - ICB), consoante as Diretrizes para Aquisições com Empréstimos do BIRD e Créditos do IDA (Guidelines for Procurement under IBRD Loan and IDA Credits), celebrado entre a União e o Banco Mundial e ratificado pelo Governo do Estado. A adoção de procedimentos de organismos internacionais para realização de obras, contratação de serviços e aquisição de bens, inclusive quanto aos critérios de seleção da proposta mais vantajosa para a Administração, que poderá contemplar outros fatores de avaliação, além do preço, para efeito de financiamento ou doação, assenta-se nas normas de direito internacional, consubstanciadas nos Tratados Internacionais, subscritos pela República Federativa do Brasil, incorporados ao ordenamento jurídico pátrio por ratificação do Congresso Nacional, e ainda nas disposições do 5º do art. 42 da Lei nº 8.666/93, com as alterações subsequentes, que prescreve: Art º. Para realização de obras, prestação de serviços ou aquisição de bens com recursos provenientes de financiamento

3 ou doação oriundos de agência oficial de cooperação estrangeira ou organismo financeiro multilateral de que o Brasil seja parte, poderão ser admitidas, na respectiva licitação, protocolos, convenções ou tratados internacionais, aprovados pelo Congresso Nacional, bem como as normas e procedimentos daquelas entidades, inclusive quanto ao critério de seleção da proposta mais vantajosa para a Administração, o qual poderá contemplar, além do preço, outros fatores de avaliação desde que por elas exigidos para a obtenção do financiamento ou da doação, e que também não conflitem com o princípio do julgamento objetivo e sejam objeto de despacho motivado do órgão executor do contrato, despacho esse ratificado pela autoridade imediatamente superior. (DESTACAMOS). Ressalte-se que as Diretrizes fixadas pelo BIRD são estabelecidas com base em dois princípios: economia e eficiência, aos quais se prendem todos os princípios basilares da legislação brasileira, mencionados expressamente na Lei de Licitações: isonomia, publicidade, moralidade (probidade administrativa), objetividade (julgamento objetivo) e vinculação ao instrumento convocatório, que outros não são que meios para se promover a aquisição de bens e contratação de serviços de modo econômico e eficiente. Com efeito, os procedimentos de contratação financiados com recursos do BIRD objetivam possibilitar a maior participação possível de prováveis fornecedores de bens ou serviços, pois quanto maior a atratividade de um contrato, maior o número de interessados e maior a competição, o que tende a diminuir os preços praticados. Esses objetivos, que têm a ver com eficiência e economia, somente podem ser alcançados se atendidos os princípios que também norteiam a lei brasileira. Destarte, Lei e Diretrizes têm a superior finalidade de incrementar o caráter competitivo dos processos seletivos e de licitação. Nesse sentido, tanto o legislador brasileiro quanto o BIRD preocuparam-se em fazer com que os interessados sejam tratados de modo justo e equânime, razão porque a aplicação das Diretrizes é juridicamente correta.

4 Os modelos padrão de Editais se encontram disponíveis no Guia de LICITAÇÕES/CONTRATAÇÕES, ANEXO DO MANUAL OPERATIVO DO PROJETO RN SUSTENTÁVEL, ITEM 4.3. DOS PEDIDOS Os licitantes alegam restrição e/ou ilegalidade na exigência contida no item 21.9 do Edital, mais precisamente quanto a Relação de Compromisso. No entanto, a Lei 8666/93 prevê a possibilidade de tal cobrança em seu art. 31, 4º, quando diz ser permitido a exigência de relação dos compromissos assumidos pelo licitante que importem diminuição da capacidade operativa ou absorção de disponibilidade financeira, calculada esta em função do patrimônio líquido atualizado e sua capacidade de rotação. Isto se justifica por que além da avaliação da capacidade econômicofinanceira da licitante por meio do patrimônio líquido, há que se verificar ainda se a mesma tem patrimônio suficiente para suportar os compromissos já assumidos em outros contratos, sem comprometer a nova contratação. Uma empresa que assume compromissos além de sua capacidade econômico-financeira torna-se frágil e certamente terá problemas na administração desses contratos. Essa condição pode ser aferida por meio da avaliação desta relação de compromissos assumidos, contendo os valores mensais e anuais (contratos em vigor celebrados com a administração pública em geral e iniciativa privada) que importem na diminuição da capacidade operativa ou na absorção de disponibilidade financeira em função dos pagamentos regulares e/ou mensais a serem efetuados pela empresa, como pagamento da folha de salários, demais encargos decorrentes, insumos e materiais. Segundo Marçal Justen Filho, aduz que: Apenas para hipóteses em que houver exigências de patrimônio líquido mínimo, a Administração poderá prever a apresentação de relação de compromisso assumido pelo licitante. (Comentários à Lei de Licitações e Contratos Administrativos, 16ª ed., 2014, p. 645). Outra alegação é quanto à questão da qualificação técnica, item do Edital (atestado de capacidade técnica), é importante frisar que a contratação de

5 particulares, por parte da Administração Pública, é sempre uma atividade complexa, pois, em regra, enfrenta-se uma situação em que há interesses contrapostos entre a contratada e a contratante. A primeira visa ao lucro, ao passo que a segunda almeja a boa execução do objeto contratual. Em licitações do tipo menor preço, um importante desafio impõe-se perante o gestor: conseguir atrair licitantes qualificados e que ofertem os valores mais baixos. Os órgãos da Administração Pública tentam assegurar a qualidade por meio de uma descrição detalhada do objeto, bem como pela exigência de certos requisitos de qualificação técnica como condição de habilitação dos licitantes. No entanto, em se tratando de licitações do tipo menor preço, é comum que se sagrem vencedores os participantes que formalmente preenchem todos os requisitos de habilitação técnica, mas que na prática não conseguem executar o contrato de modo eficiente, o que provoca graves prejuízos à Administração. Assim, deparamos com os arts. 30, inc. II, 30, 3º, 30, 6º, 30, 10, e 33, inc. III da Lei de Licitações, onde permanecem exigências de demonstração de aptidão por parte de empresas concorrentes, inclusive mediante a apresentação de atestados, certidões e outros documentos idôneos. Nas lições, sempre atuais, do saudoso mestre Hely Lopes Meirelles, destaca-se que: A comprovação da capacidade técnico-operacional continua sendo exigível, não obstante o veto aposto à letra b do 1º do art. 30. Na verdade o dispositivo vetado impunha limitação a essa exigência e a sua retirada do texto legal deixou a critério da entidade licitante estabelecer, em cada caso, as exigências indispensáveis à garantia do cumprimento das obrigações, exigências, essas, que devem ser pertinentes e compatíveis com o objeto da licitação (Direito Administrativo, 20ª ed., 1995, p. 270). Grifo nosso. Por sua vez, pondera Carlos Pinto Coelho Motta, in Eficácia nas Licitações e Contratos, 1994, p. 149, citando Antônio Carlos Cintra do Amaral: 1. Para efeito de qualificação técnica de empresas licitantes, a Administração deve, com base na Lei 8.666/93, exigir

6 atestados referentes à sua capacitação técnica, com vistas à comprovação de aptidão para desempenho de atividade pertinente e compatível em características, quantidades e prazos com o objeto da licitação (art. 30, II). Grifo nosso. A Lei nº 8.666/93 não estabelece limites para exigências quanto à capacitação técnico-operacional de empresas licitantes, devendo tais limites, portanto, ser estabelecidos em cada caso, levando-se em conta a pertinência e compatibilidade a que se refere o inc. II do art. 30, bem como a noção de indispensabilidade, contida no inc. XXI do art. 37 da Constituição Federal. Não se está fazendo limitações temporais, apenas solicitamos informações conforme Modelo 1. Atestado de Capacidade Técnica. DA DECISÃO Diante do exposto, Entendemos pela IMPROCEDÊNCIA das impugnações, de maneira a manter o objeto do instrumento convocatório nos mesmos termos; Dê ciência às Impugnantes, após divulgue-se esta decisão junto ao site e rn.gov.br/licitacoes, bem como se procedam às demais formalidades de publicidade determinadas em lei. Natal-RN, 16 de setembro de Maretânea Medeiros de Araújo Pregoeira CMEL/SEPLAN