INFLUÊNCIA DA TEMPERATURA E DA ÁGUA SOBRE A GERMINAÇÃO DE SEMENTES DE IPÊ-ROXO
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- Luana Gentil Vasques
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1 INFLUÊNCIA DA TEMPERATURA E DA ÁGUA SOBRE A GERMINAÇÃO DE SEMENTES DE IPÊ-ROXO Joana Souza Fernandes 1, Cinara Libéria Pereira Neves 1, Clarissa Loura Gontijo 1, Iracema Clara Alves Luz 1, Drucylla Guerra Mattos 1, Renato Mendes Guimarães 2 1 Mestranda em Agronomia/Fitotecnia, Universidade Federal de Lavras/Departamento de Agricultura, joanasoufer@gmail.com.br; cinaraliberia@hotmail.com; iraluz@hotmail.com; clarissaloura@gmail.com; drumattos@hotmail.com 2 Professor associado da Universidade Federal de Lavras, renatomg@dag.ufla.br Resumo: A espécie Tabebuia impetiginosa, conhecida popularmente como ipê-roxo é muito utilizada na arborização urbana, entretanto as informações sobre a germinação dessa espécie são restritas. O objetivo desse trabalho foi avaliar a germinabilidade de sementes de ipê-roxo em diferentes temperaturas e teores de água fornecidos ao longo do processo de germinação. As sementes foram umedecidas com quantidades de água e temperaturas pré-determinadas. O nível 3 de água e 35 C, separadamente, proporcionaram maior matéria seca de parte aérea, e a combinação 1,5 de água com 30 C, maior matéria seca de raiz. Maior comprimento de parte aérea foi ao nível 1,5 de água a 30 C, e para a raiz 2,5 de água com 35 C. O nível 2 de água associada a 30 C, proporciona maior germinação de sementes de T. impetiginosa. Palavras - chave: Tabebuia impetiginosa e germinabilidade. Abstract: The specie Tabebuia impetiginosa, popularly known as Ipe Purple is widely used in urban forestry, however the informations of the germination of this specie are restricted. The objective on this study was to evaluate the germination of seeds of ipe purple at different temperatures and moisture contents provided throughout the germination process. The seeds were wetted with water and predetermined temperatures. The level 3 of water and 35 C separately, provided higher dry matter of shoots, and the combination of water with 1.5 at 30 C, higher root dry matter. Increased length of shoots was water at 1.5 at 30 C, and the root, 2.5 water 35 C. The level 2 of associated water at 30 C, provides enhanced germination of seeds of T. impetiginosa. Keywords: Tabebuia impetiginosa and germination.
2 INTRODUÇÃO A germinação e a emergência da plântula representam estádios críticos do biociclo vegetal e geralmente estão associados a elevadas taxas de mortalidade (Harper, 1977). Em muitas espécies, as condições ambientais atuam determinando a intensidade da dormência, a viabilidade e a velocidade de germinação, além de influenciar marcantemente o sucesso no estabelecimento da plântula (Baskin & Baskin, 1998). As sementes de diferentes espécies apresentam comportamentos variáveis para a temperatura, o que pode fornecer informações de interesse biológico e ecológico (Labouriau, 1983). Dentro da faixa de temperatura em que as sementes de uma espécie germinam, há uma temperatura ótima, denominada como aquela em que ocorre o máximo de germinação em menor intervalo de tempo. Temperaturas mínimas e máximas são aquelas em que a germinação é zero (Mayer e Poljakoff-Mayber, 1989; Borges & Rena, 1993). Entre os fatores que influenciam o processo germinativo, a água é, sem dúvida, o mais importante. Quando removida, abaixo do limite suportado pela célula, pode promover o aumento da concentração dos solutos, a alteração do ph da solução intracelular, a aceleração de reações degenerativas, a desnaturação de proteínas e a perda da integridade das membranas (Sun & Leopold, 1997). A redução do potencial hídrico do meio influencia a absorção de água pelas sementes, podendo, inviabilizar a sequência de eventos do processo germinativo (Bansal et al., 1980). Desta forma, o estresse hídrico, geralmente, atua diminuindo a velocidade e a percentagem de germinação das sementes, sendo que, para cada espécie, existe um valor de potencial hídrico abaixo do qual a germinação não ocorre (Adegbuyi et al., 1981). Dessa forma, foi investigado nesta pesquisa a germinabilidade de sementes de ipêroxo em diferentes temperaturas e teores de água fornecidos ao longo do processo de germinação. Visando obter uma temperatura ótima associada a uma quantidade adequada de água para obtenção de alta porcentagem de germinação de plântulas normais. MATERIAL E MÉTODOS As sementes de T. impetiginosa foram obtidas a partir de frutos em Rondonópolis- MT. Após coleta, as sementes foram retiradas manualmente dos frutos e mantidas à temperatura ambiente até atingirem 6% de umidade e, em seguida, armazenadas em câmara fria a 10 C e 50% de umidade relativa. Para o experimento as sementes foram semeadas em rolos de papel Germitest, umedecidos com quantidades de água equivalentes a 1,5; 2,0; 2,5 e 3,0 vezes a massa do substrato, sem adição posterior de água, com três folhas por rolo. Os rolos foram acondicionados em sacos de plástico de 0,04mm de espessura, com a finalidade de evitar a perda
3 de água por evaporação. Para cada tratamento, utilizaram-se quatro repetições de 25 sementes, mantidas nas temperaturas constantes de 25, 30 e 35 C com fotoperíodo de 12 horas, em BOD. As avaliações foram efetuadas diariamente após a instalação do teste, até um período de 15 dias, com a formação de plântulas. Foram consideradas como semente germinada aquelas que apresentaram todas as estruturas essenciais desenvolvidas (Brasil, 2009). Em seguida foi calculada a porcentagem de plântulas. Foram medidos os comprimentos da raiz primária e do hipocótilo, com o auxílio de régua milimetrada, tomando-se aleatoriamente dez plântulas por repetição de cada tratamento, os resultados médios foram expressos em milímetros. Em seguida as mesmas passaram pelo processo de dessecação para a obtenção da matéria seca em estufa á 40 C por 48 horas, e os resultados médios foram expressos em gramas. O delineamento experimental foi o inteiramente casualizado, em esquema fatorial 4x3 (quantidades de água no substrato x temperatura), com quatro repetições de 25 sementes para cada tratamento. As análises dos dados obtidos foram realizadas no software R, utilizando o pacote ExpDes e as médias comparadas pelo teste de Tukey (5%). RESULTADOS E DISCUSSÃO Os dados foram analisados qualitativamente e se referem à germinação, matéria seca de raiz, comprimento de raiz e de parte aérea, em função da temperatura e nível de água, e estão representados nas tabelas 1, 2, 3 e 4 respectivamente. Os dados de matéria seca de parte aérea não foram tabelados, pois não apresentaram interação significativa entre temperatura e nível de água. Constatou-se que nos níveis 1,5 e 2 de água, as médias de germinação não diferiram para as diferentes temperaturas. No nível 2,5 de água com 30 C, a germinação foi menor se comparada às outras temperaturas. E por fim, no nível 3 de água entre 35 C e 25 C e ainda entre 25 C e 30 C não houveram diferenças significativas na germinação. Os dados estão de acordo com as Instruções para Análises de Sementes de Espécies Florestais (2013) do Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento (MAPA), baseada na espécie Tabebuia vellosoi (ipêamarelo), que mais se aproxima da espécie Tabebuia impetiginosa (ipê-roxo), estudada neste trabalho. Para o ipê amarelo as indicações de água são 2 a 3 vezes o peso do substrato e a temperatura de 30 C. Scalon et al. (1993) constataram que para sementes de Platycyamus regnelli com um mês de armazenamento tiveram porcentagem de germinação superior quando
4 embebidas com 3 vezes o peso do substrato, mas essa diferença não variou estatisticamente se comparado a 2 vezes o mesmo peso. Valadares & Paula (2008), as sementes apresentam comportamento variável frente ao fator temperatura, não havendo uma temperatura ótima e uniforme de germinação para todas as espécies e em geral a temperatura é chamada de ótima quando ocorre o máximo de germinação, no menor tempo, e máxima e mínima quando a germinação é zero. Oliveira et. al (2005) encontraram que a faixa de temperatura entre 24,5 C a 34,4 C, aplicada pela mesa termogradiente, de modo geral, proporcionou resultados numéricos superiores de germinação das sementes de ipê-roxo de lotes armazenados, em comparação com temperaturas mais baixas. Esse resultado é muito próximo ao encontrado no presente experimento para a mesma espécie, que foi de 35 C. Já em BOD, essa mesma temperatura foi drástica para a germinação de sementes de ipê-roxo, impedindo o desenvolvimento do embrião. Os dados obtidos para o ipê-roxo mostram a maior média de germinação com nível 2 de água a 30 C. A tabela 1 apresenta os resultados através das médias de germinação na interação de nível de água com temperatura. Tabela 1. Médias de Germinação de sementes de Tabebuia impetiginosa, em função de diferentes níveis de água e temperatura. Germinação Água Temperatura 25 C 30 C 35 C 1,5 24 Aa 24 Aa 25 Aa 2 24,25 Aa 24,75 Aa 24,25 Aa 2,5 24 Aa 19,5 Bb 25 Aa 3 23 Aab 22,25 Ab 25 Aa As médias seguidas de mesma letra, maiúscula na coluna e minúscula na linha, não diferem entre si, pelo Teste de Tukey a 5% de probabilidade.
5 Os dados de matéria seca de raiz, apesar de possuírem interação significativa entre água e temperatura, apresentaram apenas uma diferença na média do peso da massa seca. No nível de água 1,5 com 25 C, a média da matéria seca foi menor que nas demais que foram constantes. Na tabela 2 estão expostos os dados comentados acima. Tabela 2. Médias de Peso de Matéria Seca de Raiz de plântulas de Tabebuia impetiginosa, em função de diferentes níveis de água e temperatura para germinação. Matéria Seca Raiz Água Temperatura 25 C 30 C 35 C 1,5 0,25225 Ab 0,507 Aa 0,43075 Aa 2 0,39375 Aa 0,4675 Aa 0,41075 Aa 2,5 0,38025 Aa 0,3235 Aa 0,47875 Aa 3 0,359 Aa 0,476 Aa 0,37625 Aa As médias seguidas de mesma letra, maiúscula na coluna e minúscula na linha, não diferem entre si, pelo Teste de Tukey a 5% de probabilidade. Para comprimento de raiz, os dados também mostraram a interação entre as temperaturas e os níveis de água. Sendo que com 35 C e 1,5 de água, o comprimento médio das raízes foi maior, e nas demais temperaturas não houve diferença significativa. Aos níveis 2 e 3 de água, não foram observadas diferenças das médias, ou seja, o comprimento das raízes foi semelhante em todas as temperaturas a esses níveis de água. Já a 2,5 de água com 35 C o comprimento obteve a maior média. Analisando-se separadamente a temperatura, houve maior crescimento de raiz a 35 C. O maior crescimento de raiz em menores níveis de água em substrato pode ser comparado ao sistema natural do solo, assim como relatam Sturion & Antunes (2000). Uma maior umidade do solo, perto da capacidade de campo, ocasiona menor crescimento de raízes, pela menor necessidade de exploração do solo, sendo que o contrário acontece quando é fornecida menor quantidade de água. Os dados estão apresentados tabela 3.
6 Tabela 3. Médias de Comprimento de Raiz de plântulas de Tabebuia impetiginosa, em função de diferentes níveis de água e temperatura para germinação. Comprimento de Raiz Água Temperatura 25 C 30 C 35 C 1,5 9,115 ABb 11,19 ABb 14,575 Aa 2 11,295 Aa 13,165 Aa 12,885 Aa 2,5 9,13 ABb 8,98 Bb 14,595 Aa 3 8,545 Bb 10,915 ABab 12,375 Aa As médias seguidas de mesma letra, maiúscula na coluna e minúscula na linha, não diferem entre si, pelo Teste de Tukey a 5% de probabilidade. Com a análise dos dados de comprimento de parte aérea, constatou-se que ao nível 1,5 de água com 30 C, a parte aérea foi maior que nas demais temperaturas a esse nível de água. Com 2 de água e 25 C, o comprimento foi menor. Na temperatura de 35 C ao nível 3 de água, o crescimento foi menor. A tabela 4 apresenta as médias de comprimento de parte aérea. Tabela 4. Médias de Comprimento de Parte Aérea de plântulas de Tabebuia impetiginosa, em função de diferentes níveis de água e temperatura para germinação
7 Comprimento de Parte Aérea Água Temperatura 25 C 30 C 35 C 1,5 4,16 Aa 7,17 Aa 4,775 Ab 2 3,18 Ab 4,8 Ba 4,835 Aa 2,5 4,115 Aa 3,905 Ba 5,12 Aa 3 3,370 Aa 4,145 Ba 3,130 Ba As médias seguidas de mesma letra, maiúscula na coluna e minúscula na linha, não diferem entre si, pelo Teste de Tukey a 5% de probabilidade. CONCLUSÕES Com os estudos dos dados, conclui-se que para a germinação de sementes de Tabebuia impetiginosa, o melhor nível de água é 2 vezes o peso do substrato associada a 30 C de temperatura. Para obtenção de maior peso de matéria seca de parte aérea, os melhores resultados foram a 3 o nível de água, e 35 C de temperatura. Já para o peso de matéria seca de raiz, a melhor combinação foi a 1,5 de água com 30 C. Nos comprimentos, o maior crescimento ficou com o nível de água 1,5 a 30 C, e para a raiz o maior comprimento foi a 2,5 de água com 35 C. AGRADECIMENTOS: FAPEMIG, CNPq, CAPES e UFLA.
8 REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS ADEGBUYI, E.; COOPER, S.R.; DON, R. Osmotic priming of some herbage grass seed using polyethylene glycol (PEG). Seed Science and Technology, Zürich, v. 9, n. 3, p , BANSAL, R.P.; BHATI, P.R.; SEN, D.N. Differential specificityin water inhibition of Indian arid zone. Biologia Plantarum,Praha, v. 22, p , BASKIN, C. C.; BASKIN, J. M. Seeds: ecology, biogeography, and evolution of dormancy and germination. San Diego: Academic, 666 p., BORGES, E.E.L.; RENA, A.B. Germinação de sementes. In: AGUIAR, I.B.; PIÑA- RODRIGUES, F.C.M.; FIGLIOLIA, M.B. (Coord.). Sementes florestais tropicais. Brasília: ABRATES, p , BRASIL. Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento. Regras para análise de sementes. Brasília: MAPA/ACS, 395p, BRASIL. Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento. Instruções para análise de sementes de espécies florestais. Brasília: MAPA/CGAL, 98p HARPER, J. L. Population biology of plants. London: Academic, 892 p, LABOURIAU, L.G. A germinação das sementes. Washington: Secretaria da OEA, MAYER, A.C.; POLJAKOFF-MAYBER, A. The germination of seeds. London: Pergaman Press, 270p OLIVEIRA, L. M.; CARVALHO, M. L. M.; SILVA, T. T. A.; BORGES, D. I. Temperatura e regime de luz na germinação de sementes de Tabebuia impetiginosa (Martius ex A. P. de Candolle) Standley e T. serratifolia Vahl Nich. - Bignoniaceae. Ciência e agrotecnologia, vol.29, n.3, p , 2005, < &nrm=iso>. SCALON, S. P. Q; ALVARENGA, A. A; DAVIDE, A. C; Influência do substrato, temperatura, umidade e armazenamento sobre a gerinação de sementes de pau pereira (Platycyamus regnelli BENTH). Revista Brasileira de Sementes, vol. 15, n.1, p ,
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