CURSO DE FORMAÇÃO DOCENTE ACIEPE BRINQUEDOTECA PARA TODOS : AVALIAÇÃO E DESCRIÇÃO
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- Luna da Conceição de Sá
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1 CURSO DE FORMAÇÃO DOCENTE ACIEPE BRINQUEDOTECA PARA TODOS : AVALIAÇÃO E DESCRIÇÃO Fabiana Cia (Professora Adjunta do Departamento de Psicologia e do Programa de Pós- Graduação em Educação Especial da Universidade Federal de São Carlos) Carla Ariela Rios Vilaronga (Pedagoga do curso de Licenciatura em Educação Especial e Doutoranda do Programa de Pós-Graduação em Educação Especial da Universidade Federal de São Carlos) Financiamento: Proex/UFSCar A presente pesquisa teve por objetivo avaliar um curso de formação para professores ACIEPE: Brinquedoteca para todos. Esse curso teve por objetivos: conhecer as leis e políticas de educação especial, identificar as principais características do desenvolvimento infantil e as práticas pedagógicas no trabalho junto à criança com deficiência e construir brinquedos, considerando as especificidades dos pré-escolares com deficiência. Participaram da atividade 32 professoras pré-escolares. A intervenção ocorreu durante 15 encontros semanais, em que foram trabalhadas temáticas sobre educação especial, educação infantil, brincar e inclusão. Além disso, o curso teve três oficinas de confecção de brinquedos e como atividade final, os professores deveriam aplicar em sala de aula um brinquedo adaptado, a fim de verificar a eficácia do mesmo para atingir os objetivos pretendidos com a criança. Para avaliar o curso, os professores preencheram uma ficha de avaliação com questões abertas e fechadas. No total foram construídos 43 brinquedos. Como aspectos positivos do curso, citados pelos professores têm-se: 34,3% apontaram que o curso proporcionou a possibilidade de construir brinquedos/materiais pedagógicos, 34,3% apontaram a troca de experiência e 31,2% apontaram o maior conhecimento sobre as deficiências e a educação especial. Quanto aos aspectos negativos, têm-se: 53,1% dos professores apontaram que não havia aspectos negativos e 28,1% apontaram o tempo curto do curso e das aulas. Em relação à ajuda do curso na prática docente, têm-se: 31,3% dos professores apontaram que utilizaram os brinquedos/materiais pedagógicos confeccionados nas suas aulas e 15,6% dos professores apontaram que aumentaram as opções para trabalhar com as crianças. A avaliação média dos professores em relação aos aspectos metodológicos e ao conteúdo foi de 9,5 (de uma nota de zero a 10 dentre 14 aspectos). Pode-se concluir que o curso proporcionou maior conhecimento, reflexão e ampliação das práticas pedagógicas dos professores, em relação ao brincar da criança pré-escolar incluída. Palavras-chave: Formação de professores. Inclusão. Educação Especial. Brincar. Livro 2 - p
2 2 Importância do brincar para a educação infantil Segundo o documento da Política Nacional de Educação Especial, na Perspectiva na Educação Inclusiva, a educação deve se iniciar na infância, tendo como papel principal o de desenvolver as bases necessárias para a construção do conhecimento e desenvolvimento global do aluno. Nesta etapa, deve-se priorizar o lúdico, o acesso às formas diferenciadas de comunicação, a riqueza de estímulos nos aspectos físicos, emocionais, cognitivos, psicomotores e sociais e a convivência com as diferenças favorecem as relações interpessoais, o respeito e a valorização da criança (BRASIL, 2008). Dentro da proposta de inclusão, as pré-escolas devem oferecer um espaço que proporcione diferentes dinâmicas e estratégias de ensino para todos, e complementação, adaptação e suplementação curricular quando necessários, incluindo as atividades do brincar (BRASIL, 2006). De fato, o brincar tem um papel fundamental na estimulação infantil. É por meio do brincar que as crianças aprendem sobre os ambientes, se intensificam as habilidades linguísticas, motoras e sociais, além de aprender a cooperar, esperar a vez, investigar, dividir preocupações, mostrar o seu mundo e fazer amigos (PANIAGUA; PALÁCIOS, 2008). As atividades lúdicas possibilitam fomentar a "resiliência", pois permitem a formação do autoconceito positivo, uma vez que por meio destas atividades a criança se desenvolve afetivamente, convive socialmente e opera mentalmente. O brinquedo e o jogo são produtos de cultura e seus usos permitem a inserção da criança na sociedade (PEREIRA et al., 2009; SMITH, 2008). Ou seja, brincar é uma necessidade básica assim como é a nutrição, a saúde, a habitação e a educação. De acordo com Cória-Sabini e Lucena (2009), os jogos e brincadeiras na educação infantil, têm como principais funções as de: estimular a atenção para o objetivo da atividade; estimular o prosseguimento do jogo com a atenção sustentada; permitir que o aluno tenha incansáveis repetições; aspectos que são alvos da educação formal e que se têm dificuldades de conseguir em atividades de longa duração e exclusivamente intelectuais. Moyles (2006) complementa que os jogos e brincadeiras: (a) estimulam a troca de idéias, a formulação de hipóteses e a experimentação; (b) favorecem o intercâmbio entre o pensamento e a realidade; (c) permitem que o professor avalie o aluno; (d) estimulam a manipulação dos objetos concretos e (e) as regras. Livro 2 - p
3 3 Quando se considera o espaço da pré-escola, o professor tem um papel importante no brincar, tendo como principais funções: estimular brincadeiras; ordenar o espaço interno e externo da escola; facilitar a disposição dos brinquedos/mobiliário; fazer atividades dirigidas ou que estimule a criatividade da criança - que envolvam o brincar; estabelecer regras e papéis; mediar às brincadeiras entre as crianças com necessidades educacionais especiais (NEE) e com desenvolvimento típico e direcionar as brincadeiras - só como incitações, nunca obrigação (EMMEL, 2004; SMITH, 2008). Fazendo um paralelo entre o papel do professor no brincar e as crianças com NEE têm-se considerar algumas especificidades. Para Pinto e Góes (2006) as crianças com deficiência intelectual apresentam uma baixa disposição a entrar em brincadeiras coletivas e a compartilhar de diálogos. No entanto, se o professor torna-se um mediador ativo no brincar, elas podem engajar-se em situações imaginárias relativamente complexas, com características que sugerem contribuições para o desenvolvimento intelectual, na compreensão do contexto cultural, bem como para a emergência de elaborações criativas sobre o mundo. Considerando as crianças deficientes visuais é importante que o professor permita e facilite que a criança explore o ambiente/objetos, descreva o ambiente e os comportamentos das demais pessoas, para que ela consiga interagir de forma segura e efetiva. Além disso, uma das principais dificuldades que a criança deficiente visual tem é ingressar nas atividades, ou seja, interagir com os pares, o que torna o papel do professor importante como mediador neste processo (SMITH, 2008). Ou seja, as crianças deficientes visuais necessitam de adultos por perto, para brincar por toques, oferecer brinquedos sonoros e oferecer segurança para poder explorar o ambiente (BRASIL, 2006). Crianças com paralisia cerebral necessitam, muitas vezes, de adaptação de materiais para que consigam manusear, da mediação do professor para se comunicar ou mesmo dos professores proporem brincadeiras que elas possam se envolver sem correr riscos de prejudicar sua saúde (BRASIL, 2006). Assim, o professor deve considerar que cada criança tem seu ritmo de desenvolvimento e necessita de apoios diferenciados, dependendo das suas necessidades. Importância de trabalhar com professores sobre a construção de brinquedos na educação infantil O número de crianças pré-escolares incluídas cresce a cada ano (MENDES, 2010). No entanto, além de colocar as crianças nas escolas comuns é necessário que tal Livro 2 - p
4 4 espaço seja um ambiente estimulador, potencializando as diferentes áreas do desenvolvimento infantil. Para que as atividades do brincar estimulem o desenvolvimento das crianças pré-escolares incluídas é necessário que o professor tenha conhecimento sobre as potencialidades e necessidades de cada criança e estabeleça uma mediação efetiva e frequente entre a criança com NEE e seus pares. Para cada NEE, o professor exerce um papel diferente para conseguir que a criança explore a atividade ao máximo, obtendo ganhos na aprendizagem e no seu desenvolvimento global. Assim, para que a pré-escola ofereça um ambiente estimulador para as crianças incluídas, torna-se necessário reformular/aprimorar o fazer do professor. Por exemplo, os professores necessitam adaptar brinquedos, atividades e mediar o brincar com as demais crianças, garantindo que uma criança com NEE consiga participar efetivamente da atividade. Segundo a Resolução nº 02/2001 (BRASIL, 2001), que instituiu as Diretrizes Nacionais para a Educação Especial na Educação Básica, os sistemas de ensino devem dispor de professores do ensino regular capacitados e de professores especializados em Educação Especial, sendo que tal formação deve ser inicial ou por complementação. Na graduação, o investimento se dá por meio de disciplinas voltadas para a área de educação especial. Assim, esta pesquisa tem por objetivo elaborar brinquedos adaptados para estimular as diferentes áreas do desenvolvimento infantil de crianças com necessidades educacionais especiais, com professores pré-escolares da rede regular de ensino. Justificativa da proposta A Universidade Federal de São Carlos- UFSCar tem como uma das propostas a atividade Curricular de Integração entre Ensino Pesquisa e Extensão (ACIEPE), que envolve projetos de intervenção com equipes multidisciplinares de alunos e docentes, com foco também na comunidade. Visa uma experiência educativa, cultural e científica que envolve professores, técnicos e alunos da UFSCar, na busca de viabilizar e estimular o seu relacionamento com diferentes segmentos da sociedade. Assim, essa proposta teve por objetivo discutir e construir material de estimulação com professores pré-escolares da rede regular de ensino, a fim de oferecer um embasamento teórico e prático sobre o brincar, o papel de o professor no brincar e sua importância na educação infantil de crianças incluídas. A presente proposta visou oportunizar ao professor pré-escolar da rede regular de ensino: (a) conhecer as leis e Livro 2 - p
5 5 políticas de educação especial; (b) identificar as principais características do desenvolvimento infantil e as práticas pedagógicas no trabalho junto à criança com deficiência; (c) construir brinquedos, considerando as especificidades dos pré-escolares com deficiência (brinquedos para estimular a psicomotricidade, as habilidades de autocuidados, a socialização e o brincar sociodramático, a linguagem oral e escrita, os conceitos matemáticos, a musicalização infantil e a contação de histórias) e (d) problematizar o conhecimento científico com a realidade cotidiana. Diante da atual situação das pré-escolas, em que muitos professores não têm acesso a recursos e a informação/capacitação para adequar suas práticas dentro da proposta de inclusão, essa proposta é relevante, pois os professores (atuantes ou em formação) poderão aplicar tais conhecimentos sobre o brincar para que a inclusão de alunos com NEE seja mais efetiva, em todas as áreas do desenvolvimento infantil, por meio do brincar. Soma-se o fato que os brinquedos construídos no decorrer do projeto, pelos professores que atuam diariamente com as crianças na escola, serão direcionados para o laboratório de Educação Especial (do curso de Licenciatura em Educação Especial), podendo ser utilizado em um espaço de formação. Essa proposta nasceu com objetivo de intercâmbio entre a produção acadêmica sobre brinquedos para aprendizagem na infância (contrapartida da universidade) com a possibilidade de trabalho prático, no espaço escolar da escola pública. Objetivo da presente pesquisa Avaliar a opinião dos professores que participaram do curso ACIEPE: Brinquedoteca para todos, sobre a metodologia empregada e as implicações para prática. Método Participantes Participaram da pesquisa 32 professoras pré-escolares, com idade média de 31 anos. Todos os professores tinham ensino superior completo, sendo que a maioria deles era Pedagogo. O tempo de formação médio das professoras era de cinco anos. Vinte professoras lecionam ou já lecionaram para crianças pré-escolares com NEE. Foram utilizados como critérios para ser participante da pesquisa: atuar na pré-escola de escola Livro 2 - p
6 6 pública, aceitar participar de uma atividade de pesquisa, ensino e extensão, denominada de ACIEPE: Brinquedoteca para todos. Cuidados éticos Os professores que participaram do curso assinaram dois Termos de Consentimento Livre e Esclarecido. Um dos termos consentia a sua participação e a divulgação das atividades desenvolvidas por eles no curso e outro termo que consentia a divulgação de suas imagens. Local A presente atividade de ensino, pesquisa e extensão foi desenvolvida nas dependências da Universidade Federal de São Carlos. Instrumentos Avaliação da ACIEPE na perspectiva dos professores Para avaliar a ACIEPE, os professores preencheram uma ficha contendo duas questões abertas (aponte os aspectos positivos e negativos da ACIEPE; a ACIEPE ajudou na sua prática como docente?) e três questões fechadas (de uma nota de zero a dez, considerando 14 aspectos metodológicos e de conteúdo; você indicaria essa ACIEPE para algum colega? Houve dificuldades em acompanhar a ACIEPE?). Conteúdo programático, metodologia e atividades realizadas na ACIEPE No total, ocorreram 15 encontros, de 90 minutos de duração cada, em que foram trabalhadas as seguintes temáticas: (a) Apresentação do curso e coleta de demandas dos professores, assim como de temas de interesse dos mesmos (Duração: um encontro); (b) Leis e políticas públicas da educação especial (Duração: um encontro); (b) Necessidades educacionais especiais: Caracterização e práticas pedagógicas (Duração: três encontros); (c) A brincadeira para as crianças com necessidades educacionais especiais: Estimulação infantil e o brincar imaginativo (Duração: dois encontros); (d) A brincadeira para as crianças com necessidades educacionais especiais: O brincar com e por meio da linguagem (Duração: um encontro); Livro 2 - p
7 7 (e) A brincadeira para as crianças com necessidades educacionais especiais: Contação de histórias (Duração: um encontro); (f) A brincadeira para as crianças com necessidades educacionais especiais: O brincar e os conceitos matemáticos (Duração: dois encontros); (g) A brincadeira para as crianças com necessidades educacionais especiais: Musicalização infantil (Duração: dois encontros). (h) Relatos de experiência: Trabalhando com os brinquedos construídos na classe comum (Duração: dois encontros). Tais temáticas foram previamente planejadas, no entanto, os professores puderam opinar sobre os temas que consideravam relevantes para a sua realidade. Em todas as aulas, os assuntos eram discutidos a partir de um texto teórico e era desenvolvida uma atividade em grupo sobre a temática trabalhada. Para a execução das atividades, houve a colaboração de 15 alunos do curso de Licenciatura em Educação Especial da UFSCar. Além disso, em grupo, os professores tiveram como tarefa prática a construção de três brinquedos, que visavam estimular as diferentes áreas do desenvolvimento infantil, a construção de conceitos matemáticos e o processo de leitura/escrita de crianças pré-escolares. No total foram construídos 43 brinquedos. Todos os brinquedos foram doados para a brinquedoteca do curso de Licenciatura em Educação Especial, da Universidade Federal de São Carlos. Na Figura 1 encontram-se alguns brinquedos confeccionados pelos alunos do curso. Como atividade final, os professores aplicaram, na sua sala de aula, um brinquedo adaptado confeccionado durante o curso, a fim de verificar a eficácia do mesmo para atingir os objetivos pretendidos com a criança. É interessante destacar que esse foi um dos ricos momentos do curso, na medida em que proporcionaram aos professores um espaço de socialização de suas práticas, a reflexão sobre as atividades realizadas em sala de aula, um novo olhar sobre as aprendizagens dos alunos com deficiência e a valorização do rico trabalho desenvolvido por eles na educação infantil. Como afirma Nóvoa (1997), os professores possuem um conhecimento prático, que são capazes de vivenciar em diferentes situações, mas que dificilmente é socializado. Cabe a nós, formadores de professores, possibilitar momentos de socialização desse conhecimento, adquirido somente através da vivencia nas escolas. Procedimento de análise de dados Livro 2 - p
8 8 Os dados obtidos por meio do questionário de avaliação foram quantitativos e qualitativos. Com os dados quantitativos foram calculadas médias e com dos dados qualitativos foram realizadas análises de conteúdo. Resultados e Discussão Primeiramente é interessante ressaltar a alta adesão e assiduidade dos professores pré-escolares na ACIEPE. Ficaram 33 professores em lista de espera e a média de frequência nos encontros foi cerca de 86,0%. Tais dados são indicativos da necessidade que os professores têm de participar de curso de formação continuada na temática da educação especial, além disso, mostra a motivação dos mesmos em finalizar o curso e pela temática do mesmo. Tal adesão pode ser facilitada pelo conteúdo do curso e pelo mesmo ser planejado com atividades práticas, o que permite que os professores possam aplicar em sala de aula os conteúdos e os materiais construídos. Em relação à avaliação do curso pelos professores, tem-se que quanto aos aspectos positivos, foram citados os seguintes aspectos: 34,3% dos professores apontaram que a ACIEPE proporcionou a possibilidade de construir brinquedos/materiais pedagógicos, 34,3% apontaram a troca de experiência, 31,2% apontaram o maior conhecimento sobre as deficiências e a educação especial, 31,2% apontaram que a ACIEPE permitiu que visualizassem novas estratégias pedagógicas em sala de aula, com crianças incluídas, 12,5% apontaram que o curso permitiu estabelecer uma relação entre teoria e prática e outros 12,5% apontaram a bibliografia como aspecto positivo do curso. Quanto aos aspectos negativos, 53,1% dos professores apontaram que não havia aspectos negativos, 28,1% apontaram o tempo curto do curso e das aulas, 3,1% apontou como aspecto negativo a bibliografia utilizada e outro 3,1% apontou o espaço físico utilizado e o restante dos professores não respondeu. Em relação aos benefícios da ACIEPE na prática, 31,3% dos professores apontaram que utilizaram os brinquedos/materiais pedagógicos confeccionados nas suas aulas, 15,6% apontaram que aumentaram as opções para trabalhar com as crianças em sala de aula, 18,8% apontaram como benefícios, que o curso ajudou a desenvolver um trabalho na prática, 12,5% apontaram o maior conhecimento e, por consequência, mudanças no trabalho em sala de aula em relação aos alunos com deficiência e 9,3% apontaram que o curso auxiliou na adaptação de materiais. Por fim, pelo menos um professor apontou os seguintes benefícios de ter cursado a ACIEPE: melhorar os seus Livro 2 - p
9 9 projetos, aprender com o colega de grupo, trabalhar com a criança incluída de maneira mais criativa, aplicar os conceitos matemáticos de forma lúdica, conhecer novos recursos e possibilidade de auxiliar nas dificuldades das crianças. Tais benefícios são importantes, pois a utilização de atividades lúdicas diferenciadas permite que as crianças explorem mais o meio e se aproprie da cultura onde está inserida, além de maximizar o desenvolvimento socioemocional. Assim, quanto mais diversificada a metodologia e os materiais, maiores serão os ganhos (MOYLES, 2008; PANIAGUA e PALACIOS, 2007). Quanto à avaliação sobre os aspectos metodológicos e de conteúdo do curso, os alunos conceituaram (1 até 10) 14 aspectos diferentes do curso, como mostram os dados da Tabela 1. Em média, o curso foi bem avaliado pelos professores, que deram uma nota média de 9,5 para todos os aspectos analisados. Todos os professores apontaram que indicariam o curso para outros colegas e um professor apontou que teve dificuldades em cursar a ACIEPE devido ao seu pouco conhecimento sobre as deficiências. Considerações finais Pode-se concluir que o curso trouxe diversos benefícios para a prática do professor da educação infantil, sendo que pode proporcionar maior conhecimento, reflexão e ampliação das práticas pedagógicas em relação ao brincar da criança préescolar incluída. Existe um consenso na literatura de que os professores necessitam de formação, a fim de que criem estratégias que atinjam as necessidades dos seus alunos incluídos. Além disso, salienta-se a importância de que tal formação seja além de teórica, prática (MENDES, 2010; VITALIANO; MANZINI, 2010). Interessante destacar que experiências de formação nesse modelo baseado em discussão e diálogo proporcionam a nós, pesquisadores da universidade, relatos de experiências do cotidiano da sala de aula e o compartilhar de um saber intrínseco a prática docente. Referências bibliográficas BRASIL. Diretrizes Nacionais para a Educação Especial na Educação Básica. Brasília: MEC/SEESP, Livro 2 - p
10 10 BRASIL. Educação Infantil Saberes e práticas da inclusão: Introdução. Brasília: Ministério da Educação, BRASIL. Política Nacional de Educação Especial na Perspectiva da Educação Inclusiva. Brasília: MEC/SEESP, CÓRIA-SABINI, M.A.; LUCENA, R.F. Desenvolvimento e aprendizagem em situação escolar. In: (Orgs.). Jogos e brincadeiras na educação infantil. Campinas: Papirus, p EMMEL, M.L.G. Proposições sobre o significado e a função do brincar no desenvolvimento infantil. In: MENDES, E.G.; ALMEIDA, M.A.; WILLIAMS, L.C.A. (Orgs.). Temas em Educação Especial Avanços recentes. São Carlos: Edufscar, p MENDES, E.G. Inclusão marco zero: começando pelas creches. ed 1. Araraquara: Junqueira & Martin, p MOYLES, J.R. A excelência do brincar. ed 2. Porto Alegre: Artmed, p NOVÓA, A. Diz-me como ensinas, dir-te-ei quem és e vice-versa. In: CATANI, I. (Org.). A pesquisa em educação e as transformações do conhecimento. Campinas: Papirus, 1997, p PANIAGUA, G.; PALACIOS, J. Em que medida são especiais as necessidades educacionais especiais. In: (Orgs.). Educação Infantil Resposta Educativa à Diversidade. Porto Alegre: Artmed, p PEREIRA, F.R.S.; SANTOS, L.P.; AMORIM, K.S.; PACHECO, L.M.B. O tema jogo infantil no periódico Pro-Posições. Revista Brasileira de Psicologia Escolar e Educacional, Campinas, v. 13, n. 1, p , PINTO, G.U.; GÓES, M.C.R. Deficiência mental, imaginação e mediação social: um estudo sobre o brincar. Revista Brasileira de Educação Especial, Marília, v. 12, n. 1, p , SMITH, D.D. Introdução à educação especial: Ensinar em tempos de inclusão. ed. 5. Porto Alegre: Artmed, p VITALIANO, C.R.; MANZINI, E.J. A formação inicial de professores para inclusão de alunos com necessidades educacionais especiais. In: VITALIANO, C.R. (Org.). Formação de professores para inclusão de alunos com necessidades educacionais especiais. Londrina: Eduel, Livro 2 - p
11 11 Figura 1: Exemplo de materiais produzidos durante o curso Tabela 1. Avaliação dos professores dos aspectos metodológicos e de conteúdo do curso Aspectos metodológicos e de conteúdo Média O curso ofereceu oportunidade para trocar experiências e conhecimentos 9,75 As avaliações foram adequadas aos objetivos do curso 9,75 Sua expectativa em relação ao curso foi satisfeita 9,72 Atividades realizadas na aula 9,66 O curso pode proporcionar ao participante estabelecer a relação entre os 9,66 conceitos trabalhados e o cotidiano profissional As estratégias de ensino utilizadas foram adequadas aos objetivos propostos 9,6 Seminários das atividades práticas 9,63 Assuntos abordados 9,5 Conceitos trabalhados foram suficientes, claros, atualizados e relevantes 9,5 Adequação do tempo das atividades 9,47 Houve sequência no desenvolvimento do assunto, facilitando o entendimento 9,47 Atividades realizadas fora da aula (como confecção de brinquedos) 9,44 Textos indicados 9,19 Importância das ideias expostas pelos outros professores 9,09 Média 9,53 Livro 2 - p
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