SUPERINTENDENCIA DE SEGUROS PRIVADOS - SUSEP. BASE LEGAL: Art. 24 do Decreto-Lel no 73/66. Sala das Sessoes (RJ), 31 dejulho de 2014.

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1 W.r...$ MIMSTERIO DA FAZENIA CONSELBO DE RECURSOS DO SISTEMA NACIONAL DE SEGUROS PRIVADOS, DE PREVIDENCIA PRIVADA ABERTA E DE CAPITALIZAcAO - CRSNSP 199 Sessao Recurso n 5894 Processo SUSEP / RECORRENTE: RECORRIDA: INSTITUTO DE PREVIDENCIA DOS SERVIDORES DO ESTADO DE MINAS GERAIS SUPERINTENDENCIA DE SEGUROS PRIVADOS - SUSEP EMENTA: RECIIRSO ADMINISTRATIVO. Auto de infraçao. AssunçAo de risco como se seguradora fosse. Recurso conhecido e provido. PENALIDADE ORIGINAL: Multa no valor de R$ ,93. BASE LEGAL: Art. 24 do Decreto-Lel no 73/66. ACORDAO/CRSNSP No 4554/14. Vistos, relatados e discutidos os presentes autos, decidem os membros do Conselho de Recursos do Sistema Nacional de Seguros Privados, de Previdéncia Privada Aberta e de Capitalizaçào, por unanimidade, dar provimento ao recurso da Instituto de Previdéncia dos Servidores do Estado de Minas Gerais, nos termos do voto do Relator. Participaram do julgamento os Conselheiros Ana Maria Melo Netto Oliveira, Carmen Diva BeltrAo Monteiro, Paulo Antonio Costa de Almeida Penido, André Leal Faoro Claudio Carvalho Pacheco e Marcelo Augusto Camacho Rocha. Presentes os senhores Representantes da Procuradoria-Geral da Fazenda Nacional, Dr. José Eduardo de AraUjo Duarte e Dra. Maria Eli Trachtenberg, e a Secretária-Executiva, senhora Theresa Cristina Cunha Martins. Sala das Sessoes (RJ), 31 dejulho de MELO NETTO OLIVEIRA Presidente "Wi< ANDRÉ LEAL FAORO Relator JO UJO DUARTE curador da Fazenda Nacional

2 CONSELHO DE RECURSOS DO SISTEMA NACIONAL DE SEGUROS PRIVADOS, DE PREVIDENCIA PRIVADA ABERTA E DE capitalizacao. Processo SUSEP fl / Recurso ao CRSNSP n Recorrente: Instituto de Previdência dos Servidores do Estado de Minas Gerais Conseiheiro Relator: André Lea! Faoro RELATO RIO Processo iniciado por Auto de!nfração que indicou que o Instituto de Previdência dos Servidores do Estado de Minas Gerais realiza operaçoes em seguros privados sem estar para isso autorizada pela autoridade federal. A flscalizaçao no Instituto decorreu de uma reclamação de servidor - que, aposentado em decorrência de urn acidente, pleiteou o recebimento de urna indenizaçao que lhe foi negada. 0 que levou o Fiscal autuante a se convencer de que o recorrente opera em seguros privados foi o fato de que o art. 24 da Lei estadual n /86, que dispoe sobre o Instituto, prevê que a receita daquela entidade seth constitulda, alérn das contribuiçoes previdenciárias normais, de "rnensalidade de peculio e prêmio de seguro". A defesa do Instituto invocou sua condiçao de pessoa juridica de direito püb!ico, destinada a prestar assisténcia previdenciária aos funcionários páblicos do Estado de Minas Gerais, operando em seguros do ârnbito da Previdência Social, estando, assim, excluldo das disposiçoes do Decreto-lei n2 73/66, corno expressamente prevê o parágrafo ünico do art. 32 da referida norma legal. Além disso, o art. 68 da Lei ng 3.807/60 autoriza as entidades de previdência social a realizar "seguros coletivos, que tenham por fim ampliar os beneficios" nela previstos. 0 Chefe Substituto do DEF!S, corn base nos pareceres das areas técnica e jurfdica da Autarquia, julgou subsistente o Auto de!nfraçao, condenando o Instituto a pagar a multa prevista no art 92 da Resoluçao CNSP n2 60/2001, no valor de R$20.546,93, que seria equivalente ao valor da importância segurada. Contra essa decisão, o Instituto recorreu com praticamente os mesmos argumentos anteriores. Esse recurso deixou de ser conhecido por decisão do Chefe do DEFIS, tendo em vista que tal apelo deixou de vir acompanhado pelo comprovante do deposito recursal. Requerido pelo Instituto a revisäo dessa decisao, o Coordenador- Gera! de Julgamentos a anu!ou corn base na SOrnula Vinculante n2 21 do STF, tendo sido o processo encaminhado para julgamento neste Conselho.

3 z64 A Representaçâo da Procuradoria-Geral da Fazenda Nacional, em parecer de fis. 240/242, opinou pelo não conhecimento do recurso porque o mesmo teria sido protocolado depois de esgotado o prazo de 15 dias. Porém, admitindo a possibilidade de vir a ser conhecido, manifestou-se pelo nâo provimento do recurso. E o relatorio. Rio de Janeiro, 31 de outubro de 2013 k1 /4tko 44kM' André Lea! Faoro Conseiheiro Relator SEGFR 'GOSEC/C'RSNSP RECE6IuO EM.A2L

4 9, t CONSELHO DE RECIJRSOS DO SISTEMA NACIONAL DE SEGIJROS PRIVADOS, DE PREVIDENCIA PRIVADA ABERTA E DE capitalizacao. Processo SUSEP n / Recurso ao CRSNSP n Recorrente: Instituto de Previdência dos Servidores do Estado de Minas Gerais Conseiheiro Relator: André Leal Faoro VOTO SOBRE A TEMPESTIVIDADE Intimado de decisão no dia 2 de fevereiro de 2007, uma sexta-feira, prazo de quinze dias se esgotaria no dia 20, terça-feira de Carnaval. 0 recurso deu entrada na quinta-feira, dia 22. Porém, houve meio-expediente na quartafeira de Cinzas, o que faria corn que o recurso fosse intempestivo. Porérn, desde o dia 16 de janeiro de 2007, estava em vigor a Lel Complementar n2 126, que alterou a redaçäo do 22 do art 108 do Decret-lei n9 73/66, para estabelecer que o prazo para recurso passasse a ser de trinta dias. Deste modo, é tempestivo o recurso. NO MERITO O Auto de lnfraçao que deu origern a este processo considerou que Instituto de Previdência dos Sen'idores do Estado de Minas Gerais estaria realizando operacöes de seguros privados, violando o art. 24 do Decreto-lei n 2 73/ que levou o Fiscal autuante a se convencer de que o recorrente opera em seguros privados foi o fato de que o art. 24 da Lel estadual nq 9.380/86, que dispoe sobre o Instituto, prevê que a receita daquela entidade será constitulda, além das contribuicoes previdenciárias normals, de "mensalidade de pecülio e prêrnio de seguro". O art. 24 do Decreto-Iei n2 73/66 que, segundo o Fiscal, teria sido violado, tem a seguinte redaçäo: "Art. 24. Poderäo operar em seguros privados apenas Sociedades Anônimas ou Cooperativas, devidamente autorizadas." E cornum definir-se seguro privado como sendo aquele que "ocorre quando o risco segurado é assumido por urna pessoa juridica de direito privado cornercial, corn fins lucrativos".

5 Em contraponto, o seguro que näo é privado, on seja, o seguro páblico "caracteriza-se por ter o risco segurado assurnido por uma pessoa juridica de direito pübllco sem fins lucrativos". 0 Instituto nâo é sociedade anônima nern cooperativa. E uma pessoa juridica da direito püblico, scm fins lucrativos, destinada a prestar assistência previdenciária aos funcionários püblicos de Minas Gerais. Atua, portanto, no ambito do seguro social. Mas so essa caracteristica näo e suficiente para que se possa aflrrnar que o Instituto näo opera seguros privados. E preciso verificar se algurna atividade desempenhada pelo Instituto pode ser interpretada como seguro privado. Como foi dito acima, o art. 24 da Lei estadual ng 9.380/86 inclui entre as receitas do Instituto, alem daquelas contribuicoes tipicamente previdenciárias a "mensalidade de pecülio e prêmio de seguro". Essa é a Onica menção, em toda a lei n , a palavra "seguro". Em 70 artigos, so o art. 24 fala em seguro. Sabe-se, entretanto, que ha urn "seguro coletivo". As fis. 14 destes autos, existe uma "apolice de seguro coletivo". Cabe definir se esse "seguro coletivo" é urn seguro privado cm se estaria enquadrado como um seguro publico, social on previdenciário. 0 Decreto-lei estadual n , de 24/11/45 (fis. 94/111), que contém o regularnento do Instituto, estabelece em seu art. 22: "Art. 22. Aos contribuintes obrigatorios assiste o direito de instituir seguro facultativo, nos termos dos artigos 15 e 17 deste regularnento Os referidos artigos 15 e 17 dizem o seguinte: "Art. 15. Desde que tenharn menos de cinquenta anos de idade, gozem boa saude e satisfaçam as demais exigências regularnentares, é facultado inscrever-se, para o efeito de formacão de pecülio destinado a familia por morte do instituidor...(segue-se a relaçao das diversas categorias de servidores poblicos alcançados pela faculdade). "Art. 17. Os pecülios dos contribuintes facultativos terão por limite cinco anos do vencimento ou remuneracäo anual, não podendo, porém, exceder Cr$ ,00." E, rnais adiante, consta do art. 24:

6 Art pecülio on seguro constará de uma apolice, fornecida ao contribuinte." Por al se ye que o seguro praticado pelo Instituto é, na verdade, urn pecülio. Porém, no art. 53, ficava o Instituto autorizado a "realizar operacoes de seguros de vida". 0 Decreto-lei n /45 foi revogado pela Lei n /54. Porém a Lei estadual n /57 declarou que ficava mantido "o Seguro Coletivo, criado pelo Decreto-lei n /45". A Lei federal n , de 26 de agosto de Lei Orgânica da previdência Social - estabeleceu em seu art. 68: "Art. 68. A previdência social poderá realizar seguros coletivos, que tenham por fim arnpliar os beneficios previstos nesta Iei." 0 Decreto-lei n2 72, de 21 de novembro de 1966 (mesma data do Decreto-lei n2 73) manteve expressamente as disposicöes da Lei n /60. A Constituicäo de 1988, no 79 do art. 201, deu mais força a essa possibilidade, ao deterrninar: " 7Q A previdência social manterá seguro coletivo, de caráter complementar e facultativo, custeado por contribuicoes adicionais." A Ernenda Constitucional n2 20, de 15/12/98, modiflcou 0 sistema de previdência social, alterando diversos artigos da Constituicão, inclusive o art. 201, deixando de se referir expressamente ao seguro coletivo. Entretanto, näo ficou alterada a faculdade prevista no art. 68 da Lei n /60, ratificada pelo Decreto-lei n9 72/66. 0 seguro coletivo operado por órgäos da previdência social näo pode ser considerado como seguro privado. 0 Decreto-lei n9 72 manteve a autorização para a providência social realizar seguros coletivos. Na mesma data, o Decreto-lei n9 73 exclui do âmbito de suas próprias disposicoes os seguros praticados pela previdência social. 0 Instituto de Previdéncia dos Servidores do Estado de Minas Gerais é, sem dávida, urn Orgão da previdência social e, como tal, pode operar legitimarnente seguros coletivos que, segundo o paragrafo ünico do art. 39 do Decreto-lei n2 73/66, nao são seguros privados.

7 Pelo exposto, meu voto é pelo provimento do recurso, já que não houve por parte do Instituto qualquer infraçäo. Rio de Janeiro, 31 de juiho de André Lea! Faoro Conseiheiro Relator SEGERI3SEC fcrsnsp RECEBIDU