r CONSELHO DE RECURSOS DO SISTEMA NACIONAL DE SEGUROS

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1 MINISTERIO DA FAZENDA r CONSELHO DE RECURSOS DO SISTEMA NACIONAL DE SEGUROS PRIVADOS, DE 1'REVIDENCIA PRIVADA ABERTA E DE capitalizaca0 - CRSNSP 2O2 SessAo Recurso no 6222 Processo SUSEP n i / RECORRENTE: RECORRIDA: AssoclAcAo MINEIRA DE PR0TEçA0 E ASSISTENCIA AUTOMOTIVA - AMPLA SUPERINTENDENCIA DE SEGUROS PRIVADOS - SUSEP EMENTA: RECURSO ADMINISTRATIVO. Reprcsentação. Atuar como sociedade de seguro scm a devida autorizaçâo. Recurso conhecido e improvido. PENALIDADE ORIGINAL: Multa no valor de R$ ,00. BASE NORMATIVA: Art. 24 e 113 do Decreto-Lei no 73/66. ACORDAO/CRSNSP No 4765/14. Vistos, relatados e discutidos os presentes autos, decidem os membros do Conseiho de Recursos do Sistema Nacional de Seguros Privados, de Previdéncia Privada Aberta e de CapitalizacAo: (i) por maioria, conhecimento o recurso, nos termos do voto do Conseiheiro Claudio Carvaiho Pacheco, vencida a Relatora; e (ii) por unanimidade, nos termos do Voto da Relatora, negar provimento ao recurso da AssociaçAo Mineira de ProteçAo e Assisténcia Automotiva - AMPLA. Participaram do julgamento os Conseiheiros Ana Maria Melo Netto Oliveira, Claudio Carvalho Pacheco, Thompson da Gama Moret Santos, Paulo Antonio Costa de Almeida Penido, André Leal Faoro c Dorival Alves de Sousa. Presentes os Senhores Representantes da Procuradoria-Geral da Fazenda Nacional, Drs. Maria Eli Trachtenberg e José Eduardo de Araájo Duarte, e o Secretário Substituto, Senhor Marcos José Lima. Sala das SessOes (RJ), 11 de setembro de Jfl'- V)Otk,h wl-1h flit 'ANA MA!RIA MELO NETTO OLIVEIRA Presidente e Relatora MARIA ELI 4&tENBERG Procuradora da Fazenda Nacional

2 * MINISTERIO DA FAZENDA CONSELHO DE RECURSOS DO SISTEMA NACIONAL DE SEGUROS PRIVADOS, DE PREVIDENCIA PRIVADA ABERTA E DE CAPITALIZAçAO RECtJRSO CRSNSP No PROCESSO SUSEP No / RECORRENTE: AMPLA - ASSOCIAcAO MINEIRA DE PROTEcAO E ASSISTENCIA AUTOMOTIVA RELATORA: ANA MARIA MELO NETTO OLIVEIRA - RELATORIO Ij Cuida-se de recurso interposto per AMPLA - AssociaçAo Mineira de ProteçAo e Assisténcia Automotiva, que se insurge contra a decisao proferida pelo Coordenador-Geral de Julgamentos da SUSEP (fis. 76), impondo-ihe a sançäo de multa prevista na Resoluçâo CNSP no 60/200 1, arts. 8 c 9, parágrafo Onico, per infraçao ao disposto no Decreto-Lei no 73/66, arts. 24 e 113. Analisando o histórico fático dos autos, verifica-se que a ConfederaçAo Nacional das Empresas de Seguros Gerais, Previdéncia Privada e Vida, SaUde Suplementar e Capitalizacao - CNSeg encarninhou a esta Superintendencia, por meio do OfIcio PRESI- 170/09 (fls. 02 a 26), recebido em 28 de dezembro de 2009, denñncia contra a ora recorrente, alegando que esta entidade, personificada sob a forma dc sociedade civil scm fins lucrativos, opera seguros privados de automoveis, scm a devida autorizaçao legal. A denuncia foi instrulda com copias de documentos obtidos no sitio eletronico da recorrente ( incluindo o regulamento interno do Programa de ProteçAo e Assistência Automotiva oferecido pela AMPLA. Em 01 de julho de 2010, apos diligéncia na sede da recorrente, foi Iavrada Representacao contra a entidade (fis. 01), por entender que atua como sociedade seguradora sern a devida autorização governamental, infringindo o disposto no Decreto-Lei no 73/66, arts. 24 e 113. Intimada a apresentar defesa, a entidade alegou que o programa de protecão e assistência automotiva que operada nao pode set confundido com urn seguro privado (fis. 30 a 58). Tratar-se-ia de uma atividade associativa civil, realizada no âmbito interno de uma associação, que incluiria a protcção contra riscos patrimoniais aos veiculos dos associados, por meio de urn sistema cooperativista de rateio dos prejuizos cventualmente sofridos por um associado qualquer entre todos os demais associados. 0 direito de participaçao do associado na vida interna da associaçäo (possibilitando-ihe, consequentemente, influência sobre os termos do próprio programa), incluindo voz c voto em suas assemblcias, demonstraria o caráter associativo da relaçao juridica. A defesa alega ainda a ilegalidade do parágrafo ünico do art. 90 da Resoluçao CNSP no 60/2001, pois a determinaçao da pena aplicavel na hipótese daquele parágrafo, segundo a recorrente, caberia exdusivamente a Iei, e nâo a resoluçao, uma vez que o poder regulamentar do CNSP, bem corno dos demais

3 CRSNSP RECURSO No Orgãos da administraçao, näo se estenderia a fixaçào de penas, competëncia privativa do legislador parecer técnico da CGFIS/COESP de fis. 60/6 1, de 19 de agosto de 2010, bern corno o parecer juridico da Procuradoria Federal junto a SUSEP de fis. 62/66, de 31 de agosto de 2010, entenderam subsistente a representacäo, considerando que o regulamento interno do programa oferecido pela entidade, bern como a divulgação promovida pelo seu sitio na Internet, comprovariam a realizaçao de contrato de seguro, simulado sob outro nome. Acatando o parecertécnico, o Coordenador-Geral de Julgamentos da SUSEP, em 15 de marco de julgou subsistente a representaçäo (fis. 76). Considerando aplicável o art. 9, parágrafo ünico, da ResoluçAo CNSP n 60/2001, a decisão fixou a multa de R$ ,00 (um milhao de reais). Intirnada da decisao conforme AR recebido em 28 de marco de 2011 (us. 81), a recorrente deixou transcorrer in albis o prazo recursal findo em 27/04/2011, tento apresentado seu recurso apenas em apenas em 28 de abril de 2011 (fis. 89 a 100), reiterando alegacoes de que o caráter associativo do programa de proteção patrimonial descaracterizaria o contrato de seguro. Esse caráter associativo Seria demonstrado pela auséncia de intuito de lucro da recorrente, evidenciado e consagrado em seu estatuto social, que prevé a utilizaçao e consumo integral do patrimônio da associaçao na realizaçao de seus objetivos sociais (art. 41, 1 ) ou, em caso de dissoluçao, reversão integral em beneficio de instituiçoes sem fins lucrativos ( 2 ). Os autos registram ainda o ajuizamento da AçAo Civil Pblica , movida pela SUSEP contra a recorrente, seu presidente, sua vice-diretora presidente e sua diretora financeira (fis. 107/143), em 17 de outubro de 2011, com o proposito de pôr tim a operação desta em seguros privados e de obter indenizaçao pela violaçao de direitos difusos dos consumidores. Em Parecer de fis. 150/153, a Douta representação da PGFN perante o Conselho manifestou-se pelo não conhecimento do recurso e, no mérito, por seu improvimento. Em 04 de setembro de 2012, foram encaminhados a esta representaçao do Ministério da Fazenda. II. Eore!atOrio. BrasIlia, 05 de marco de Yi16uu )'fljo )ljh (2nt4t NA MARIA MELO NETTO OLIVEIRA Relatora EM SEGFR/rOSF.(, /CRC:Nsp RE 2

4 S MINLSTERIO DA FAZENBA CONSELHO DE RECURSOS DO SISTEMA NACIONAL DE SEGUROS PRIVADOS, DE PREVIDENCIA PRIVADA ABERTA E DE CAPITALIzAcA0 RECURSO CRSNSP No PROCESSO SUSEP No / RECORRENTE: AMPLA - AssoclAcAo MINEIRA DE PRoTEcAo El ASSISTENCIA AUTOMOTIVA RELATORA: ANA MARIA MELO NETTO OLIVEIRA VOTO I. Analisando Os requisitos para admissibilidade do recurso, verifica-se que consta a fl. 44 dos autos Aviso de Recebimento da intimação da decisao a quo datado de 28/03/ recurso foi interposto em 28/04/20 II, portanto, apos expirado o prazo de trinta dias, vencido em 27/04/2011. Cumpre ressaltar que o forrnulario de fi. 88 dos autos evidencia que, nao obstante tenha sido intimada em 28/03/2011, a recorrente so veio a requisitar a SUSEP copias do processo em 14/04/2011, as quais foram disponibilizadas em 19/04/2011 (fis. 84), satisfazendo o prazo de 3 dias üteis, e ao final entregues a recorrente em 20/04/2011. Entendo, portanto, que não houve morosidade ou faiha da Autarquia no atendimento a requisicão de copias, tendo havido, por outro lado, negligéncia da recorrente ao fazer tal requisicao 17 dias apes o recebimento da intimaçao. Assim, diante da intempestividade, voto pelo não conhecimento do recurso. Ultrapassada a barreira da admissibilidade, no mérito, nao se encontram razoes para reformat a decisao de primeira instãncia. Ficou suficientemente demonstrado nos autos que o negócio juridico celebrado entre a AMPLA e seus associados, sob o norne de "protecão automotiva", é um contrato de seguro. A recorrente tentou descaracterizá-lo sob dois fundamentos: (1) a natureza associativa da entidade; (2) a auséncia de intuito de lucro. Quanto a primeira alegacao, o próprio estatuto da entidade a desmente. Corn efeito, o seu art. 4 (fls. 49) evidencia que apenas os associados fundadores da entidade tern direito de voto nas assembleias e acesso aos cargos de gestao da entidade; portanto, so eles podem influenciar decisivarnente a sua gestäo. Os demais associados, meros contribuintes, tomam-se efetivos apenas depois de sete anos ininterruptos de associaçâo, condiçao que ate rnomento nenhum membro näo fundador alcançou (uma vez que a entidade foi fundada em 2008), ressalvando-se ainda a possibilidade estatutária de serem impedidos de alcançar status de efetivos, mesmo decorridos os sete anos exigidos, por oposiçâo dos fundadores (art. 4, paragrafo Cnico, do estatuto). Os associados contribuintes nao tém poder de voto nas assembleias nem podem ser eleitos para os órgäos de administraçao e, portanto, não dispoem de meios para fazer valer sua vontade na gestao da entidade. Fica descaracterizado, assim, o elemento de autogestão invocado pela recorrente em sua defesa e

5 4A U CRSNSP RECURSO No exigido pelo Enunciado 185 da iii Jornada de Direito Civil do Conseiho da Justiça Federal. A AMPLA, na prática e ate o momento, nao é uma associação em cujo sejo seus membros concordam entre si para definir meios de partiiha de riscos e de ajuda mutua, e sim uma entidade que oferece a seus ciientes urn piano pre-definido de beneficios econômicos, mediante rernuneração, scm que seus ciientes possuam os meios efetivos para discutir os termos do piano ou participar da vida administrativa da entidade. Aqueie mesmo Enunciado também beneuicia apenas grupos restritos, o que näo é o caso de uma entidade de âmbito nacional aberta a qualquer proprietário de veicuio autornotor (art. 5 ). Quanto a segunda aiegaçao, a inexistência de intuito de iucro nao descaracteriza o contrato de seguro. Se assim fosse, nao se conceberia corno as sociedades cooperativas poderiam opera-b, dentro das hipoteses que a iei expressamente prevë (DL n 73/1966, art. 24, paragrafo Unico). E no entanto mesmo as cooperativas se submetem as regras iegais, dependendo de autorizaçao governamental para oferecer seguros. Peio exposto, no merito, voto peio não provimento do recurso. Em 11 de setembro de (A h6w WNA MALtIA MEL Reiatora Representante do Ministério da Fazenda SEGFR/SEC/CRs$sp' 2