MINISTÉRIO DA FAZENDA CONSELHO DE RECURSOS DO SISTEMA NACIONAL DE SEGUROS SUPERINTENDÊNCIA DE SEGUROS PRIVADOS - SUSEP

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1 r MINISTÉRIO DA FAZENDA CONSELHO DE RECURSOS DO SISTEMA NACIONAL DE SEGUROS ' PRIVADOS, DE PREVIDÊNCIA I'RIVADA ABERTA E DE CAPITALIZAÇÃO - CRSNSP 195 Sessão Recurso n 5868 Processo SUSEP n / RECORRENTE: BRADESCO SEGUROS S.A. RECORRIDA: SUPERINTENDÊNCIA DE SEGUROS PRIVADOS - SUSEP EMENTA: RECURSO ADMINISTRATIVO. Denúncia. Seguro do ramo empresarial. Morte do segurado. Indenização de seguro paga a menor. Informação inconsistente em relação ao número de empregados. Divergência no cálculo do capital segurado. Recurso conhecido e provido. PENALIDADE ORIGINAL: Multa no valor de R$ ,00. BASE NORMATIVA: Art. 88 do Decreto-Lei n 73/66. ACÓRDÃO/CRSNSP N 4381 /14. Vistos, relatados e discutidos os presentes autos, acordam os membros do Conselho de Recursos do Sistema Nacional de Seguros Privados, de Previdência Privada Aberta e de Capitalização, por unanimidade, dar provimento ao recurso da Bradesco Seguros S.A, nos termos do voto do relator. Presente o advogado Dr. Juraí Alves Monteiro que sustentou oralniente em favor da recorrente, intervindo nos termos do Regimento Interno deste Conselho o Senhor Representante da Procuradoria-Geral da Fazenda Nacional, Dr. José Eduardo de Araújo Duarte. Participaram do julgamento os Conselheiros Ana Maria Meio Netto Oliveira, Paulo Antonio Costa de Almeida Penido, Claudio Carvalho Pacheco, André Leal Faoro, Carmen Diva Beltrão Monteiro e Marcelo Augusto Camacho Rocha. Presentes os Representantes da Procuradoria-Geral da Fazenda Nacional, Dra. Maria Eli Trachtenberg e Dr. José Eduardo de Araújo Duarte, e a Secretária-Executiva do CRSNSP, Sra. Theresa Christina Cunha Martins. Sala das Sessões (Ri), 10 de abril de j ~~N' A MAUA MELO NETTO'OLIVEIRA Presidente ANDRÉ LEAL FAORO Relator,JOSÉ EUi1IDO DE ARAUJO DUARTE --Pcurador da Fazenda Nacional

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3 CONSELHO DE RECURSOS DO SISTEMA NACIONAL DE SEGUROS PRIVADOS, DE PREVIDÊNCIA PRIVADA ABERTA E DE CAPITALIZAÇÃO. RI Processo SUSEP flq / Recurso ao CRSNSP W Recorrente: Bradesco Seguros S/A Conselheiro Relator: André Leal Faoro RELATÓRIO Em virtude da morte acidental de um segurado de apólice de seguro de vida em grupo, a seguradora efetuou a sua viúva um primeiro pagamento no valor de R$8.979,17, complementado em seguida por um segundo pagamento no valor de R$26.499,35, totalizando R$35.478,52, que seria o capital correspondente ao segurado falecido. A viúva não se contentou com esse valor, pois se achava com direito a receber R$ ,88. Em vista disso, formulou perante a SUSEP a reclamação que deu origem ao presente processo. Ao mesmo tempo, ingressou com ação judicial na 1P Vara Cível de Curitiba, cobrando a diferença. A apólice em questão, estipulada pela empresa Garja Comercial e Industrial Ltda., previa um Capital Segurado Global para a totalidade dos empregados. A cada empregado da empresa era destinada uma quota-parte calculada pela divisão do capital global pelo número total de empregados da empresa na data do sinistro. Ou então, a cada empregado cabia o percentual correspondente a sua participação no total do recolhimento da GFIP - Guia de Recolhimento do FGTS e Informações à Previdência Social. A divergência de valores deve-se especialmente ao modo de calcular. A viúva reclamante tomou como capital segurado o valor de R$ ,00 e a seguradora considerou R$ ,25. A seguradora fez a divisão desse valor por 24 empregados, enquanto a reclamante dividiu por dois empregados. Para comprovar a quantidade de empregados, a reclamante juntou cópia da GFIP referindo-se a apenas dois empregados, enquanto a seguradora baseou-se num documento designado por CADEC - Cadastro Geral de Empregados e Desempregados, do qual constavam 24 empregados. Considerando que as Condições da apólice referem-se expressamente à GFIP e não ao CADEC, o DEFIS considerou que a seguradora descumprira o contrato, recomendando sua condenação, no que foi apoiado pela PRGER.

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5 Com base nesses pareceres, o Coordenador-Geral de julgamentos julgou procedente a denúncia, condenando a seguradora na penalidade prevista na alínea "g" do inciso IV do art. 52 da Resolução CNSP n2 60/2001, aumentada ao dobro em razão de reincidência. O recurso da seguradora sustenta que o GFIP é apenas uma ferramenta citada de modo exemplificativo no contrato, como instrumento de verificar o número de empregados, e o que interessa é a quantidade real de empregados, o que pode ser verificado por outros métodos. Na época, a empresa estipulante passava por sérias dificuldades financeiras, deixando de recolher o FGTS de quase todos os empregados. Assim o GFIP não representava a realidade. Em várias peças do processo há referência a uma ação judicial movida pela reclamante contra a seguradora perante o juízo da 132 Vara Cível de Curitiba. Está sendo juntada com o presente relatório a informação sobre a decisão obtida no site de Consulta Processual do Judiciário do Paraná. A Representação da Procuradoria-Geral da Fazenda Nacional, em parecer de fis. 280/281, opinou pelo conhecimento, mas pelo não provimento do recurso. É o relatório. Rio de Janeiro, 19 de setembro de 2013 André Leal Faoro Conselheiro Relator Osseo O I_-

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7 CONSELHO DE RECURSOS DO SISTEMA NACIONAL DE SEGUROS PRIVADOS, DE PREVIDÊNCIA PRIVADA ABERTA E DE CAPITALIZAÇÃO. Processo SUSEP n / Recurso ao CRSNSP n 5868 Recorrente: Bradesco Seguros S/A Conselheiro Relator: André Leal Faoro VOTO A divergência entre a reclamante e a recorrente prende-se ao valor do capital segurado referente ao marido da reclamante. Trata-se de uma apólice de vida em grupo estipulada pela empresa Garja Comercial e Industrial. Essa apólice cobre dois subgrupos: o subgrupo dos sócios e o subgrupo dos empregados. Quando da contratação, o subgrupo dos sócios era constituído por dois sócios e o dos empregados por 102 empregados. Pelas condições gerais, o capital segurado, no caso de sinistro com um empregado, seria calculado individualmente pela divisão do capital segurado global pelo número de empregados então existentes. No caso em julgamento, a reclamante pretendia receber um capital resultante da divisão do capital global por dois, considerando que, na época do sinistro, só havia dois empregados. Já a seguradora pagou o capital no valor resultante da divisão do capital global por 24, considerando que, na época, esse era o número de empregados. Para verificação do número de empregados, as Condições indicavam como referência a GTIP - Guia de Recolhimento do FGTS e Informações à Previdência Social. As GTIPs constantes dos autos, relativas ao mês do óbito e aos meses imediatamente anteriores e subsequentes, informam apenas 2 empregados, sendo esse número a base de cálculo do recolhimento do FGTS e da contribuição previdenciária. Entretanto, pareceu estranho à seguradora que uma indústria, em apenas um ano e meio, tivesse reduzido seu conjunto de empregados de 102 para apenas dois. O que ocorreu, na verdade, foi uma situação de dificuldade financeira da empresa e, como acontece com muita frequência nessas ocasiões, o empregador começa a sonegar o

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9 recolhimento do FGTS. Para isso, as informações do GTIP passam a não representar a realidade. Há nos autos, uma declaração da empresa (fis. 261) do seguinte teor: «Estamos encaminhando a V.Sas. as Folhas de Pagamento do período de janeiro/2 002 a dezembro/2003 para a parte final relacionada ao número de empregados de cada mês. Esclarecemos que a empresa encontra-se com dzficuldades financeiras em relação ao FGTS de nossos funcionários. Ao nosso entender o cálculo para pagamento do seguro deveria ser efetuado relativo a folha de pagamento que se encontra anexo com os reais valores pagos e número de funcionários, contudo V.Sas. estão realizando os cálculos sobre o número de funcionários que consta no FGTS desconsiderando os funcionários que nossa empresa está inadimplente com alguns funcionários, assim não retratando a realidade." (sic) Embora pessimamente redigida, a declaração é bastante esclarecedora. As GTIPs constantes dos autos, referentes a agosto, setembro e outubro de 2003, realmente informam apenas dois empregados. Mas, analisando-se outros documentos do processo, muitos deles juntados pela própria reclamante, constata-se uma série de inconsistências. O documento de fis "declaração da quantidade total de funcionários no mês anterior à ocorrência, informando os funcionários afastados" - emitida pelo Contador responsável pela contabilidade da empresa, informa que seriam três os funcionários: o segurado Jair Theodoro, que morreu, Wanderli Caetano da Silva, afastado por acidente do trabalho, e Natalino Maria, afastado por doença. Então, a empresa não funcionava, pois só tinha dois empregados e ambos estavam afastados. Com dois empregados afastados por doença ou acidente, era imprescindível que a GTIP os relacionasse para que pudessem fazer jus aos beneficios previdenciários.

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11 Na Relação Completa de Movimentação (fis. 28) referente ao mês de agosto de 2003, aparece o nome de Eliel de Carvalho como demitido e o de João Ribeiro Qonçalves como admitido. Na mesma relação referente ao mês de setembro de 2003 (fis. 29/30), figura a admissão de Genival de Melo Silva Filho e de Marcos Antônio Bueno dos Santos, bem como a baixa por falecimento do segurado Jair Theodoro. Nesse mesmo documento há a informação de que o Total de Empregados no Último Dia era de 26. A seguradora calculou o capital individual dividindo por 24 empregados porque esse é o número que aparece na Folha de Pagamento do mês de setembro de 2003 que está às fis Mas, na verdade, a empresa tinha, naquela época, uma quantidade até maior de empregados. A Folha de Pagamento que serviu de base para a seguradora - ela não deve ter percebido - era referente ao Departamento 02 - Fábrica. Pelo exame de outras Folhas de Pagamento existentes nos autos percebe-se que existiam outros departamentos. Às fis. 61, há uma Folha de Pagamento do Departamento 01 - Administração. As fis. 62, há outra do Departamento 03 - ETA do Irai. ETA quer dizer Estação de Tratamento de Água. A estipulante é uma empresa especializada em calderaria pesada, fabricação de painéis e quadros elétricos, subestações blindadas, bem como tubulações, tendo sido responsável pelo fornecimento e fabricação de equipamentos da Estação de Tratamento de Água de Iraí, da SANEPAR, em Pinhais, no Paraná. Informações obtidas através do Google. Admitindo-se, por absurdo, que cada departamento tivesse apenas um empregado, a empresa teria mais empregados que apenas os dois considerados pela reclamante. Tudo mostra, portanto, que a empresa tinha mais de dois empregados. Sabemos pelo menos o nome de oito empregados: Jair Theodoro, o segurado falecido, Wanderli Caetano da Silva, Natalino Maria, Eliel de Carvalho, João Ribeiro Gonçalves, Genival de Meio Silva Filho e Marcos Antônio Bueno dos Santos. De fato, a seguradora não obedeceu rigorosamente a cláusula das Condições que mandava adotar o total de empregados existentes na GFIP. Mas se essa GFIP era mentirosa, deveria, só para respeitar a cláusula, ser tida como obrigatória? O que importa, no caso, não é a GFIP. É a quantidade de empregados. A GFIP poderia, se verdadeira, servir para essa apuração. Mas se ela é falsa - como confessado pela empresa e como

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13 todos os indícios levam a crer - qualquer outro método serve para indicar a quantidade de empregados. Aliás, a divergência de valores e a pretensão da reclamante de receber uma complementação, a levou a propor uma ação judicial, uma Execução de Título Extrajudicial que teve curso perante a 13 Vara Cível de Curitiba. Nos embargos à execução opostos pela seguradora, foi proferida a seguinte decisão: "Diante do exposto, julgam-se procedentes os embargos à execução, de maneira a reconhecer a extinção da obrigação pelo integral pagamento por parte do embargante." Essa decisão foi mantida pelo Tribunal de Justiça. Assim, o Poder Judiciário reconheceu que estava correta a seguradora ao efetuar o pagamento de R$35.478,52 e que a reclamante não tinha direito a receber, como pretendia, R$ ,00. Embora a coisa julgada deva ser considerada nos limites da ação judicial, neste caso ela serve para conduzir a decisão no processo administrativo. Não considero ter havido infração na não adoção da GFIP, pois ela não refletia a realidade. A GFIP era mera referência, um instrumento para se chegar ao dado que realmente importava, qual seja o número de empregados. Inexistente ou imprecisa, qualquer outra forma de se apurar a quantidade de empregados seria válida. Pelo exposto, dou provimento ao recurso. Rio de Janeiro, 9 de abril de André Leal Faoro Conselheiro Relator ' -1

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