BOLETIM INFORMATIVO Nº 53
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- Iago Antunes Camelo
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1 Av. da República, 62 F, 5º LISBOA Tel: Fax: BOLETIM INFORMATIVO Nº 53 Março de 2012 Notícias Sistema de depósito europeu não é viável que ultrapassariam largamente qualquer eventual benefício ambiental. Segundo as conclusões do Estudo Options and Feasibility of a European Refund System for Metal Beverage Cans os custos associados à implementação de um sistema de depósito, à escala europeia, para embalagens metálicas de bebidas, seriam de tal maneira desproporcionados O estudo, desencadeado pela Comissão na sequência de um pedido do Parlamento Europeu, irá pôr cobro a qualquer outra iniciativa do género, apesar de algumas organizações de defesa do ambiente continuarem a insistir que um sistema europeu seria uma excelente oportunidade
2 para acabar com as latas no meio das ruas! O estudo está disponível para download no site da Embopar. O resultado do estudo baseia-se nas seguintes evidências: Holanda abandona depósitos obrigatórios nas garrafas de plástico - implementar um sistema de depósito à escala europeia seria demasiadamente dispendioso; - os sistemas de gestão existentes baseados na responsabilidade alargada do produtor são suficientes para responder aos problemas ambientais; - um sistema único de depósito iria pôr em causa os princípios da subsidiariedade e da proporcionalidade. Os consultores responsáveis pelo estudo concluíram que o comércio transfronteiriço contempla apenas uma pequena fracção de latas de bebidas, quando comparado com o total de embalagens deste tipo colocadas no mercado europeu, o que conduziu a considerar os cerca de 500 milhões de euros anuais um custo desequilibrado para implementar um sistema de retoma de resíduos baseado no depósito obrigatório. O estudo reconhece que a zona mais problemática situa-se na fronteira entre a Dinamarca e a Alemanha, recomendando a adopção de medidas bilaterais. A Agência dinamarquesa de protecção ambiental, entretanto, fez saber que tanto o governo dinamarquês como o alemão estão bastantes cientes dos problemas envolvidos, encontrando-se já a negociar uma solução conjunta que satisfaça ambas as partes. A Holanda irá brevemente abandonar o sistema de depósito obrigatório em vigor para as garrafas de plástico, depois do acordo alcançado recentemente entre o Ministério do Ambiente, a Indústria e os municípios, sobre a deposição e reciclagem de resíduos. Com este novo acordo, estabelecido para o período com o objectivo de impulsionar a reciclagem de resíduos de embalagens, são eliminados os depósitos obrigatórios nas embalagens, mas a meta de reciclagem do plástico sobe para 52%. Por seu lado, a Indústria compromete-se a financiar o sistema de gestão de embalagens, cujas contribuições servirão para pagar os custos das autarquias com a recolha e tratamento dos resíduos. Estudo europeu sobre taxas de deposição em aterro Um estudo desenvolvido recentemente para a Agência Europeia do Ambiente (EEA) procede a uma avaliação da situação dos diversos Estados-Membros no que diz respeito às taxas cobradas pela deposição de resíduos em aterro. O estudo apresenta as seguintes conclusões gerais: 2
3 - a taxa é utilizada pela esmagadora maioria dos Estados-Membros da União Europeia e ainda pela Noruega e Suíça; - a taxa é um incentivo importante para o desvio de resíduos dos aterros; - a Dinamarca e a Holanda, tendo sido os primeiros a utilizar a taxa, apresentam índices de deposição em aterro muito baixos para todos os tipos de resíduos; - a maioria dos países cobra actualmente cerca de 30 /ton, mas a tendência indica que brevemente o valor subirá para os 50 a 70 /ton; - considerando os 20 países do estudo, a receita total anual gerada pela taxa ronda os 2 mil milhões de euros; - a utilização das receitas provenientes da taxa varia muito de país para país. Na Dinamarca, Holanda, Noruega e Suécia 100% da receita vai directamente para os cofres do Estado, enquanto na maioria nos restantes países alguma parte é alocada para iniciativas de cariz ambiental. O estudo está disponível para download no site da Embopar. Portugueses reciclam mais A crise não está a gerar, nem parece potencialmente vir a gerar, efeitos significativos nas famílias ao nível dos hábitos de separação doméstica de lixo/embalagens usadas e restantes hábitos ambientais, de acordo com os dados do estudo Hábitos e Atitudes face à separação de resíduos domésticos 2011, desenvolvido pela Intercampus para a Sociedade Ponto Verde. Com efeito, nenhum dos segmentos da amostra considerados no estudo, prevê qualquer alteração das suas atitudes actuais face à reciclagem das embalagens como consequência directa da recessão económica actual (a percentagem de inquiridos que afirma não alterar atitudes é em todos os segmentos superior a 85%). Fruto do trabalho que tem vindo a ser realizado há um crescimento da consciência dos cidadãos para a necessidade de protecção efectiva do planeta Terra. Verifica-se mesmo a intensificação da opção por produtos ecológicos/amigos do ambiente neste contexto de crise económica, refere o Director-geral da Sociedade Ponto Verde. Dos 1075 inquiridos no âmbito deste estudo, em cerca de 70% é predominante a prática de separação domiciliária de lixo/embalagens usadas. Do total dos inquiridos, 47% é separador total, ou seja, separa todos os tipos de lixo/embalagens usadas actualmente passíveis de separação, enquanto 22% é separador parcial, ou seja, separa apenas parte do lixo, segundo dados do estudo, que pela primeira vez foi realizado com uma abrangência nacional. A inexistência de qualquer prática actual de separação de lixo/embalagens usadas assume-se como um cenário minoritário, afectando apenas 31% dos casos totais observados. Este é o valor mais elevado de sempre desde que o estudo começou a ser realizado em 2006, com as famílias a demonstrarem tendência para fazer a separação total. No contexto da família e dos separadores totais, o agregado do sexo feminino é o membro mais intensamente identificado com o lançamento da ideia de se passar a fazer 3
4 em casa a separação de lixo/embalagens usadas (54%). Junto de quem nunca realizou separação doméstica de lixo/embalagens usadas, a falta de recipientes próprios para o efeito (56% de referências totais) e a noção do excessivo trabalho pessoal/familiar implicado (45%) assumem-se como os argumentos mais evocados para justificar a não separação doméstica do lixo produzido. A prática de separação é maioritária em todas as regiões analisadas (Lisboa, Norte, Centro, Alentejo, Algarve), variando entre um mínimo de 63% (no Centro) e um máximo de 77% (no Alentejo). É no Alentejo que se observa o maior índice de adesão à separação onde, a par do Algarve, a maioria dos agregados já faz mesmo separação total de resíduos. Por outro lado, o estudo dá conta de que é junto das famílias de estrato sócioeconómico mais elevado que se observa uma maior sistematização da prática e da prática total - de separação doméstica de lixo/embalagens usadas. No entanto, as restantes classes têm vindo a registar crescimento em relação a esta prática. Quanto ao tipo de resíduos mais separados, destacam-se as garrafas, frascos e boiões de vidros com uma taxa de separação de 90%. Em segundo lugar encontram-se as garrafas de plástico e as caixas de cartão (78%) e os jornais e revistas (74%). Os resíduos menos separados são as bases de esferovite para alimentos e as embalagens de aerossóis, como as embalagens usadas de espuma de barbear e de desodorizante (23%), bem como couvettes de metal de comida feita ou précozinhada e as latas de conservas (32%). Já quanto ao consumo, os dados revelam um cenário distinto. Para quase metade (48%) dos 1075 inquiridos a nível nacional, a crise económica já teve impacto a nível dos hábitos alimentares respectivos. Esse impacto é equilibradamente distribuído a nível daquilo que se compra para consumir em casa e daquilo que se consome directamente fora do lar. No consumo em casa, 92% afirma comprar menos para consumir em casa, enquanto 97% dos inquiridos afirma consumir menos fora de casa. Nos restantes hábitos ambientais, prevê-se uma maior racionalização no consumo. A água e, sobretudo, a energia eléctrica são bens essenciais cujo consumo pelas famílias já é maioritariamente racionalizado devido à crise. Apenas 26% de famílias no caso da energia eléctrica e 32% no da água, pensam manter constantes os respectivos volumes habituais de consumo. Para os restantes inquiridos, o objectivo é de redução em relação a estes dois bens essenciais. Não temos impostos ambientais em Portugal Em resposta aos dados do Instituto Nacional de Estatísticas (INE), que colocam Portugal como um dos países com maior percentagem de tributação ambiental, a 4
5 especialista em fiscalidade ambiental, Cláudia Dias Soares, afirma que não existem verdadeiros impostos ambientais em Portugal porque as taxas existentes visam, sobretudo, a receita para o Estado e não uma mudança efectiva de comportamentos. Segundo a fiscalista, o caminho para a reforma fiscal, do ponto de vista ambiental, passa essencialmente pela redução de subsídios de Ambiente. Este é o caso das energias fósseis, que devem ser tributadas, mas estamos também a fazer demasiados subsídios à produção renovável. Os subsídios às renováveis apenas enriquecem os produtores, ou seja, um conjunto reduzido de beneficiados. Normalmente estes subsídios são vistos como uma forma de chamar investimento ao mercado, mas poderíamos continuar a ter este investimento se os combustíveis fósseis fossem mais caros. Outra vertente de actuação poderia ser no sector dos transportes. Se utilizássemos os impostos para melhorias nos transportes públicos aí conseguiríamos ter uma alternativa. Não se pode subir preços sem ter alternativas reais. Nesse contexto, há muito que é pedido que as receitas do ISV (imposto sobre veículos) sejam usados para melhorar a rede de transportes públicos. Nós não temos impostos ambientais em Portugal. Não temos nenhum imposto que altere comportamentos. Temos, sim, impostos de base poluente que dão receitas, que é o que interessa aos Governos. Não concordo com a ideia de que temos impostos ambientais, temos muitos impostos relacionados com ambiente. E estes são impostos que, na óptica do Governo, interessa manter, devido às receitas. Os países nórdicos dão-nos os melhores exemplos relacionados com impostos ambientais. Na Suécia, foi aplicado um imposto à indústria em função das emissões de azoto, que depois é devolvido às empresas que cumpram critérios de eficiência energética. É um duplo incentivo que, segundo um estudo da OCDE funcionou muito bem. Até em termos de evolução tecnológica. É o melhor imposto ambiental que conheço. É fundamental que o consumidor saiba que as taxas que lhe são cobradas são ambientais e que funcionam. Caso contrário, podem gerar-se reacções contra estes impostos, especialmente se são denominados de ambientais quando, na verdade, são apenas relacionados com o ambiente com o objectivo último de obter receitas. Em Portugal está a fazer-se isto, quando nos é dito como contribuintes que há impostos ambientais, quando na verdade eles não existem. A energia e os transportes são fundamentais, até porque são sectores onde a mudança depende muito de alterações de preço. Mas aí, mais uma vez, é necessário criar alternativas reais. Repare-se no que aconteceu em Londres, quando a circulação de veículos no centro da cidade foi limitada. Na altura, a medida foi antecipada com a promoção de transportes públicos e animação de rua, entre várias outras iniciativas do mayor da altura. Ou seja, é possível criar mudanças no padrão de utilização de transportes, desde que sejam estabelecidas 5
6 alternativas. Nem tudo se consegue apenas ao nível do imposto. Economia Verde gera emprego Se os governos nacionais investissem anualmente, na economia verde, 2% do PIB durante os próximos cinco anos, teriam um retorno de 48 milhões de novos empregos. Esta é a principal conclusão de um estudo da Confederação Internacional de Sindicatos, que analisou o modelo de investimentos em doze países: África do Sul, Alemanha, Austrália, Brasil, Bulgária, Estados Unidos, Espanha, Gana, Indonésia, Nepal, República Dominicana e Tunísia. Os maiores rácios de criação de emprego por recursos financeiros investidos encontram-se no Nepal, Indonésia e Gana, mas economias como o Brasil ou a África do Sul têm um potencial de retorno de 19 milhões de empregos nos próximos cinco anos. Só a indústria da construção brasileira poderá desenvolver 182 empregos por cada investimento de um milhão de dólares. SPV com novos protocolos Depois do sucesso do protocolo estabelecido pela Sociedade Ponto Verde (SPV) com a Secretaria de Estado do Rio de Janeiro, no Brasil, a entidade portuguesa pode vir a assinar novos protocolos com mais dois estados brasileiros e outros países da CPLP. O protocolo então firmado tinha como objectivo a troca de experiências e informações relativas à aplicação dos conceitos de responsabilidade alargada do produtor na gestão dos fluxos de resíduos, nomeadamente ao nível dos resíduos de embalagens. Segundo o Director-Geral da SPV, o problema dos resíduos no Brasil assume uma dimensão regional, da qual o Estado do Rio de Janeiro é um bom exemplo. Aquele Estado está a liderar um período de viragem nesta área e consideramos importante divulgar essa realidade. É preciso não esquecer que o Sistema Ponto Verde é um modelo que tem sido bem sucedido na Europa e que poderá também alcançar sucesso noutras geografias, embora com as devidas adaptações à realidade de cada país. Foi nesta lógica que a SPV apoiou, no ano passado, a divulgação do documentário britânico-brasileiro Waste Land", que correu o mundo arrebatando os prémios do público nos festivais de Sundance, Berlim, Durban e Seattle e conquistando igualmente a crítica em todos os festivais onde foi exibido. O filme retrata o mundo do lixo pela mão do artista plástico brasileiro Vik Muniz, reconhecido internacionalmente, que trouxe para a ribalta a dimensão humana, daquela que é uma das maiores lixeiras do mundo, certamente a maior da América Latina, e que ironicamente adoptou o nome de Jardim Gramacho. 6
7 Ponto de situação do SIGRE 1º trimestre 1 Cobertura territorial Autarquias, sistemas municipais e empresas concessionárias aderentes (Smauts) Nº de entidades aderentes 31 Área coberta (%) 99,3 População abrangida (%) 99,7 CONTINENTE - ERSUC - ECOBEIRÃO - VALORLIS - VALORMINHO - RESULIMA - BRAVAL - LIPOR - SULDOURO - AMARSUL - ALGAR - AMCAL - GESAMB - ECOLEZÍRIA - Resiestrela - Resíduos do Nordeste - VALORSUL - Resinorte - TRATOLIXO - VALNOR - RESIALENTEJO - Suma Douro - AMBISOUSA - RESITEJO - AMBILITAL (Empresa Geral de Fomento - AdP) R.A.MADEIRA - Valor Ambiente R.A.AÇORES - A.M. Ilha São Miguel - C.M. Horta - C.M. Graciosa - Resiaçores - A.M. Ilha Pico - A.M. Ilha S.Jorge 7
8 2 Quantidades retomadas no fluxo urbano (ton.) comparação homóloga Materiais Vidro Papel/Cartão Plástico Aço Alumínio Madeira TOTAL ,0% -9,2% 26,7% 38,7% 49,2% 7,8% 8,0% 8
9 3 Quantidades retomadas no fluxo não urbano (ton.) comparação homóloga Materiais Vidro Papel/Cartão Plástico Aço Alumínio Madeira TOTAL ,1% 18,0% 4,5% 20,2% -44,6% -12,7% 13,4% 9
10 4 Quantidades retomadas totais (ton.) comparação homóloga Materiais Vidro Papel/Cartão Plástico Aço Alumínio Madeira TOTAL ,7% 5,4% 19,6% 26,6% 5,0% -9,4% 10,1% 10
11 5 - Empresas embaladoras/importadoras aderentes 11
12 6 - Quantidades declaradas pelas empresas embaladoras Quant. declaradas Orç SPV 2012 TOTAL (ton.) (ton.) Vidro Plástico Papel/Cartão ECAL Aço Alumínio Madeira Outros materiais TOTAL PGC Vidro Plástico Papel/Cartão ECAL Aço Alumínio Madeira Outros materiais TOTAL IND Vidro Plástico Papel/Cartão Aço Alumínio ,025 Madeira Outros materiais TOTAL
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