DICA PEDAGÓGICA EDUCAÇÃO INFANTIL 1. TÍTULO DO PROGRAMA Balinha e Dentinho. 2. EPISÓDIO(S) TRABALHADO(S) "Cadê você, Dentinho?". 3. SINOPSE DO(S) EPISÓDIO(S) ESPECÍFICO(S) Nesse curioso episódio, Balinha e Dentinho brincam de construir castelos de areia no parque. No final da manhã, Dentinho acaba se distraindo com uma linda borboleta e se perde da amiga Balinha na volta para casa. Enquanto Balinha e papai o procuram, Dentinho aproveita para construir um lindo castelo de areia. 4. PALAVRAS-CHAVE Brincadeira, família, parque, areia, água. 5. ASPECTOS RELEVANTES DO VÍDEO O episódio apresenta, de maneira lúdica, especificidades da atividade principal de crianças entre 1 e 3 anos de idade, caracterizada por uma fase objetal instrumental, que tem na manipulação e no contato com diferentes materiais (por exemplo: areia, água, argila, tinta), um dos meios privilegiados da criança se desenvolver nessa faixa etária. 6. TÍTULO DO PROJETO/ ATIVIDADE Brincando com areia, água, argila e tinta guache.
7. EM QUAL FASE OU IDADE SERIA MELHOR APLICAR ESSE TRABALHO? As atividades propostas destinam-se, preferencialmente, para crianças, entre 2 e 4 anos de idade, uma vez que a transição da fase objetal manipulatória não ocorre linearmente, percebendo-se ainda nas crianças de 4 anos aspectos da atividade objetal instrumental misturados com a brincadeira de faz de conta. 8. PRINCIPAIS CONCEITOS QUE SERÃO TRABALHADOS O episódio sugere atividades que envolvam o ato de brincar em que os sinais, os movimentos, os gestos, os objetos e os espaços utilizados pela criança significam outra coisa em relação ao que aparentam ser (RCNEI, vol. I, p. 27). O brincar apresenta-se por meio de experiências diversificadas das crianças com o uso de diferentes materiais (RCNEI, vol. I, p. 28). Cabe ao professor organizar situações para que as brincadeiras ocorram de maneira diversificada (RCNEI, vol. I, p. 29). 9. O QUE O ALUNO PODERÁ APRENDER OU DESENVOLVER COM ESTA ATIVIDADE É possível estimular as crianças pequenas a desenvolverem formas de manipulação, nesse caso em especial com areia, água e argila, permitindo a modelagem de castelos simples, casinhas, bolinhos, ninhos, entre outros. A manipulação de diferentes materiais, entre os quais se destacam a areia, a água, a argila e ainda as tintas, é fundamental à fase objetal manipulatória, sendo pré-requisito ao desenvolvimento da brincadeira de faz de conta que, por sua vez, constitui pré-requisito ao desenvolvimento da linguagem escrita na primeira infância.
10. MATERIAL NECESSÁRIO PARA REALIZAÇÃO DA ATIVIDADE 1 momento: suporte para assistir ao vídeo (televisão ou computador que conectem à TV Escola), tapetes, almofadas. 2 momento: caixa de areia, baldes plásticos, pás plásticas, água. 3 momento: sala, argila, cadeiras (em quantidade suficiente para as crianças), mesas, plástico grosso ou papel pardo, fita adesiva, aventais infantis de tecido ou plástico (um para cada criança). 4 momento: mesas, cadeiras (em quantidade suficiente para as crianças), tintas guache, potezinhos plásticos, cartolinas, papel pardo ou plástico grosso, fita adesiva, aventais infantis de plástico ou de tecido (um para cada criança). 11. DURAÇÃO DA ATIVIDADE 1 momento: cerca de 20 minutos 2 momento: cerca de 40 minutos 3 momento: cerca de 30 minutos 4 momento: cerca de 30 minutos Observação: Como a atividade se desdobra em várias etapas, sugere-se a continuidade da atividade em outro dia ou momento. 12. DESCRIÇÃO DA ATIVIDADE 1 momento: as crianças assistirão ao vídeo Balinha e Dentinho, sentadas sobre um tapete confortável e se possível, recostadas em almofadas. Se for necessário, ou se as crianças solicitarem, repetir o vídeo, incentivando que as crianças falem sobre o vídeo, expressando sua compreensão e entusiasmo (que personagens aparecem no vídeo; qual o momento que mais gostaram; se já brincaram de construir castelos de areia etc.).
2 momento: o professor convidará as crianças para brincarem na areia de laminha, misturando areia e água. O professor deverá encher alguns baldinhos com água para as crianças misturarem com a areia, ensinando-as ou auxiliando-as a construírem os castelos de areia e as outras formas que as crianças sugerirem. Enquanto brincam, o professor poderá aproveitar o momento para motivar as crianças a observarem elementos da natureza que se encontram ao seu redor, destacando o que estiver presente: pássaros, borboletas, flores, plantas, insetos, promovendo uma relação respeitosa e afetuosa das crianças com o ambiente natural. Ao final, o professor deverá auxiliar cada criança na lavação das mãos e outras partes do corpo que estejam sujas de lama, se possível contando com a colaboração de outro adulto. Essa atividade deverá ser desenvolvida num dia quente e as crianças deverão estar vestidas com roupas confortáveis e que possam ser trocadas, se necessário, por roupas limpas após o término da brincadeira. 3 momento: o professor auxiliará as crianças a colocarem os aventais. Após, numa sala reservada com mesas e cadeiras e com as crianças sentadas, o professor distribuirá um pouco de argila para cada criança, e lembrando o dia anterior em que brincaram de laminha, irá convidá-las para construir bolinhos, bolinhas, castelos, ninhos de pássaros, comidinhas, só que agora com outro material: a argila. O professor exemplifica cada construção, mostrando às crianças como se faz uma bolinha de argila, por exemplo. Enquanto as crianças brincam de modelar, o professor poderá cantar ou colocar uma música calma para que as crianças escutem. Essa atividade também poderá ser realizada ao ar livre, desde que seja possível deslocar as mesas e cadeiras nesse lugar. Sugere-se que a mesa seja forrada com um plástico grosso ou com papel pardo preso sobre ela com fita adesiva.
4 momento: o professor deverá preparar uma mesa em um espaço ao ar livre na sombra (se possível, forrada com papel pardo ou plástico grosso preso com fita adesiva), com tintas guaches distribuídas em pequenos potes ou copinhos e cartolina para todas as crianças (metade da cartolina para cada criança). Em seguida, o professor deverá auxiliar as crianças a colocarem os aventais. Cada criança será convidada a pintar a cartolina com guache utilizando os dedinhos como pincel. Muitas crianças acabarão utilizando as mãos como pincel, o que deve ser aceito sem problemas. Sentir a tinta pelos dedos e pelas mãos é uma sensação que agrada a maioria das crianças e, conforme mencionamos, o contato com esse material também deve ser promovido nessa fase manipulatória. 13. AVALIAÇÃO DA ATIVIDADE A avaliação sobre as atividades propostas poderá ser feita por meio de registros escritos e fotográficos que evidenciem como foram para as crianças os momentos de manipulação da areia, da água, da argila e das tintas. O professor não deverá se preocupar com o resultado estético de cada produção, mas sim com o processo de manipulação experimentado por cada criança. Os registros poderão indicar as dificuldades do grupo e que atividades poderão ser prioritariamente desenvolvidas novamente. 14. DISCUSSÕES TEÓRICAS Conforme Facci (2006), as mudanças históricas e sociais produzem mudanças na consciência e no comportamento humano. Existe um desenvolvimento histórico dos fenômenos psíquicos que mantém uma relação de dependência com a vida e com a atividade social. Nesse sentido, o psiquismo humano se desenvolve por meio da atividade social mediada por instrumentos que se interpõem entre o sujeito e o objeto de sua atividade:
As funções psicológicas superiores (tipicamente humanas, tais como atenção voluntária, memória, abstração, comportamento intencional etc.) são produtos da atividade cerebral, têm uma base biológica, mas fundamentalmente são resultado da interação do indivíduo com o mundo, interação mediada pelos objetos construídos pelos seres humanos (FACCI, 2006, p. 12). Assim, segundo a psicologia histórico-dialética, cada estágio do desenvolvimento da criança é caracterizado por uma relação determinada, por uma atividade principal, que desempenha a função central na forma de relacionamento da criança com a realidade. Conforme Leontiev (1987), o desenvolvimento de cada atividade condiciona importantes mudanças psíquicas na personalidade e nos processos psíquicos da criança. Os principais estágios do desenvolvimento, de acordo com a teoria mencionada acima são: comunicação emocional de bebês, atividade objetal manipulatória, jogo de papéis sociais, atividade de estudo, comunicação íntima pessoal e atividade profissional. Em relação a essas fases de desenvolvimento, destacamos a fase objetal manipulatória, tendo em vista a especificidade do episódio Cadê você, Dentinho. No primeiro ano de vida, os bebês se caracterizam por uma incapacidade biológica de satisfazer as necessidades básicas de sobrevivência e uma carência dos meios fundamentais de comunicação em forma de linguagem, fazendo com que os bebês se encontrem na contradição entre a máxima sociabilidade e as mínimas possibilidades de comunicação. Em seguida, a criança entra numa fase objetal instrumental (ou manipulatória), no qual a assimilação dos procedimentos socialmente elaborados é feita por meio de uma colaboração prática, em que a criança aprende a manipular os objetos criados pelos seres humanos.
A linguagem ocupa um lugar destacado, pois por meio dela as crianças se comunicam com os adultos e aprendem os procedimentos manipulatórios. Também a partir dos dois anos ocorre uma grande evolução na linguagem das crianças, pois se inicia a consciência e diferenciação do eu infantil. (conforme FACCI, 2006; VIGOTSKI, LURIA, LEONTIEV, 2006). 15. SUGESTÕES DE LEITURAS ARCE, A. DUARTE, N. Brincadeira de papéis sociais na educação infantil (as contribuições de Vigotski, Leontiev e Elkonim) São Paulo: Xamã, 2006. BRASIL. CONSELHO NACIONAL DE EDUCAÇÃO. Parecer CEB 20/2009 - Revisão das Diretrizes Curriculares Nacionais para a Educação Infantil. Câmara de Educação Básica. (relator: Raimundo Moacir Mendes Feitosa). Aprovado em 11/11/2009. Brasília, 2009. BRASIL. MINISTÉRIO DA EDUCAÇÃO. Referencial curricular nacional para a educação infantil. Brasília, DF. (vol. I). 1998 BRASIL. MINISTÉRIO DA EDUCAÇÃO. Referencial curricular nacional para a educação infantil. Brasília, DF. (vol. II). 1998. 16. BIBLIOGRAFIA UTILIZADA BRASIL. CONSELHO NACIONAL DE EDUCAÇÃO. Parecer CEB 20/2009 - Revisão das Diretrizes Curriculares Nacionais para a Educação Infantil. Câmara de Educação Básica. (relator: Raimundo Moacir Mendes Feitosa). Aprovado em 11/11/2009. Brasília, 2009. BRASIL. MINISTÉRIO DA EDUCAÇÃO. Referencial curricular nacional para a educação infantil. Brasília, DF. (vol. II). 1998. FACCI, M. G. D. Os estágios de desenvolvimento psicológico segundo a psicologia sócio histórica. In: ARCE, A. DUARTE, N. Brincadeira de papéis sociais na educação infantil (as contribuições de Vigotski, Leontiev e Elkonim) São Paulo: Xamã, 2006. (p. 11-26).
LEONTIEV, A. N. El desasollo psíquico del nino em la edade preescolar. In: DAVIDOV, V; SHUARE, M. (orgs). La psicologia evolutiva y pedagogica en la URSS (Antologia). Moscou: Progresso. 1987. (p. 57-70). VIGOTSKI, L. S.; LURIA, A. R.; LEONTIEV, A. N. Linguagem. Desenvolvimento e aprendizagem. São Paulo: Ícone, 2006. 17. CONSULTOR Soraya Franzoni Conde