Universidade Federal Fluminense Carcinoma adenoide cístico de nasofaringe localmente avançado: Relato de caso Denis de Melo Pinto Rangel Eveline Tasca Rodrigues Maria Eugênia Pedruzzi Dalmaschio Natália Yume Hissayasu Menezes Rio de Janeiro, Julho de 2017
Introdução Cânceres de nasofaringe: 1% das neoplasias da cabeça e pescoço, mais comuns em homens (2:1), com picos em menores de 30 anos e entre a 4ª e 5ª décadas. Carcinoma adenóide cístico (CAC): Mais comum das malignidades das glândulas salivares, 0,5% a 4% dos carcinomas da nasofaringe e 2,4% a 3,7% dos CAC de cabeça e pescoço. Apresenta taxas de crescimento e de metástases linfáticas lentas e alta invasividade local com propagação perineural, recidiva local e metástase à distância.
Introdução Intervalo entre o início da doença e o início dos sintomas : 2-5 anos. Cirurgia seguida de radioterapia: Tratamento de escolha. Nos casos de localização nasofaríngea e/ou extensão intracraniana: radioterapia exclusiva oferece uma alternativa terapêutica válida.
Objetivo Objetivou-se com este trabalho descrever e discutir o caso de uma paciente acometida por CAC de nasofaringe.
Paciente do sexo feminino, 61 anos, hipertensa, atendida no ambulatório de Otorrinolaringologia do Hospital Universitário Antônio Pedro com plenitude auricular e zumbido à esquerda há 3 anos; abaulamento progressivo na topografia da parótida esquerda há 6 meses; disfagia para sólidos; voz soprosa há 3 meses; diplopia há 2 meses e perda ponderal de 6kg em 9 meses. Tabagista (carga tabágica: 14 maços.ano).
Ao exame: Abaulamento aderido a planos profundos, indolor e sem sinais flogísticos de cerca de 5cm, na região parotídea esquerda; abaulamento do pilar amigdaliano anterior esquerdo e retração atical de membrana timpânica à esquerda. Endoscopia nasal: Presença de massa no cavum com obliteração do óstio da tuba auditiva à esquerda. Videolaringoscopia: Ectasia salivar em seio pirifome esquerdo, paralisia paramediana da prega vocal esquerda. Não foram palpadas linfadenomegalias cervicais.
Ressonância magnética de crânio e seios paranasais: Massa tumoral isointensa em T1, com contornos lobulados, ocupando fossa pterigopalatina e região infratemporal esquerda. Rechaçando estruturas adjacentes e envolvendo topografia parasselar, gânglio de Gasser à esquerda, espaço laterofaríngeo e carótidas interna e externa esquerdas. Observou-se ausência de fluxo sanguíneo na veia jugular externa esquerda.
RNM T1 - Corte Axial RNM T2 - Corte Coronal
RNM T2 FLAIR - Corte Axial RNM T1 - Corte Axial
A biópsia da massa no cavum demonstrou carcinoma adenoide cístico com imunohistoquímica positiva para CD117, calponina e P63. Negativo para CD43. A paciente foi encaminhada ao serviço de cirurgia de cabeça e pescoço para avaliação complementar e tratamento.
Comentários Menos de 1% dos tumores da boca e da faringe são diagnosticados nas fases iniciais Prognóstico consideravelmente desfavorável a estas neoplasias. O caso relatado exemplifica a dificuldade diagnóstica a partir de sinais e sintomas de surgimento tardio, bem como exemplifica o potencial de morbidade e de acometimento de estruturas nobres do CAC de nasofaringe.