Raquel Dias 1, Arnoldo Souza Cabral 1



Documentos relacionados
GESTÃO DE PROJETOS PARA A INOVAÇÃO


PERCEPÇÕES DE PROFISSIONAIS DE RECURSOS HUMANOS REFERENTES À AVALIAÇÃO DO DESEMPENHO HUMANO NAS ORGANIZAÇÕES

GESTÃO POR COMPETÊNCIAS

Unidade II GESTÃO DO CONHECIMENTO. Profa. Leonor Cordeiro Brandão

Estruturando o modelo de RH: da criação da estratégia de RH ao diagnóstico de sua efetividade

O Administrador e a Magnitude de sua Contribuição para a Sociedade. O Administrador na Gestão de Pessoas

ESCOLA PAULISTA DE NEGOCIOS DISCIPLINA: ESTRATÉGIA E PLANEJAMENTO CORPORATIVO PROFESSOR: CLAUDEMIR DUCA VASCONCELOS ALUNOS: BRUNO ROSA VIVIANE DINIZ

A IMPORTÂNCIA DO SISTEMA DE INFORMAÇÃO GERENCIAL PARA AS EMPRESAS

Evolução do uso de competências para remuneração

4. Tendências em Gestão de Pessoas

Administração Judiciária

OFICINA DA PESQUISA DISCIPLINA: COMPORTAMENTO ORGANIZACIONAL

EXECUTIVE GESTÃO ESTRATÉGICA

Universidade de Brasília Faculdade de Economia, Administração, Contabilidade e Ciência da Informação e Documentação Departamento de Ciência da

Universidade de Brasília. Faculdade de Ciência da Informação. Prof a Lillian Alvares

Introdução. Gestão do Conhecimento GC

Pessoas e Negócios em Evolução

Catálogo de treinamentos

Recrutamento e seleção

Indicadores de Rendimento do Voluntariado Corporativo

GESTÃO E OTIMIZAÇÃO DE PROCESSOS. Vanice Ferreira

Nosso negócio é a melhoria da Capacidade Competitiva de nossos Clientes

Quais são os objetivos dessa Política?

Universidade de Brasília. Departamento de Ciência da Informação e Documentação. Prof a.:lillian Alvares

FATORES PARA A INCLUSÃO NO MERCADO DE TRABALHO: EDUCAÇÃO, CIDADANIA E DESENVOLVIMENTO DAS QUALIDADES PESSOAIS

O Grupo Gerdau incentiva o trabalho em equipe e o uso de ferramentas de gestão pela qualidade na busca de soluções para os problemas do dia-a-dia.

Planejamento de Recursos Humanos

Programa do Curso de Pós-Graduação Lato Sensu. MBA em Estratégia e Liderança Empresarial

Fulano de Tal. Relatório Combinado Extended DISC : Análise Comportamental x Feedback 360 FINXS

Carreira: definição de papéis e comparação de modelos

Consultoria em Treinamento & Desenvolvimento de Pessoas

Programa do Curso de Pós-Graduação Lato Sensu MBA em Gestão de Pessoas

Desenvolvendo Pessoas para Servirem com Excelência. Instituto Crer & Ser. A excelência honra a Deus!

O papel do bibliotecário na Gestão do Conhecimento. Profª Dr a Valéria Martin Valls Abril de 2008

Gestão do Conhecimento A Chave para o Sucesso Empresarial. José Renato Sátiro Santiago Jr.

RECRUTAMENTO E SELEÇÃO DE PESSOAL: PERSPECTIVAS E DESAFIOS PARA A GESTÃO ESTRATÉGICA DE PESSOAS

Análise SWOT. Filipe Vana Leonardo Monteiro Marcus Voloch

CLÍNICA DE COACHING EMPRESARIAL. Bomfin & Hastenreiter. David Bomfin

Existem três categorias básicas de processos empresariais:

Gerenciamento de Serviços de TI ITIL v2 Módulo 1 Conceitos básicos

PROPOSTA PEDAGOGICA CENETEC Educação Profissional. Índice Sistemático. Capitulo I Da apresentação Capitulo II

Equipe: Administradores de Sucesso. Componentes: Ricardo Miranda, Dalma Noronha, Fabio Macambira, Nivea Santos

PSICOLOGIA ORGANIZACIONAL: um relato de experiência de dois estagiários de psicologia

PROGRAMA DE DESENVOLVIMENTO NOVAS LIDERANÇAS

CBA. Gestão de Negócios PÚBLICO-ALVO COMPLEMENTAÇÃO ACADÊMICA MATERIAL DIDÁTICO. Gestão de Negócios

TRABALHOS TÉCNICOS Coordenação de Documentação e Informação INOVAÇÃO E GERENCIAMENTO DE PROCESSOS: UMA ANÁLISE BASEADA NA GESTÃO DO CONHECIMENTO

Prof. WAGNER RABELLO JR

Projeto Pedagógico Institucional PPI FESPSP FUNDAÇÃO ESCOLA DE SOCIOLOGIA E POLÍTICA DE SÃO PAULO PROJETO PEDAGÓGICO INSTITUCIONAL PPI

Qualider Consultoria e Treinamento Instrutor: José Roberto

GESTÃO EMPRESARIAL FUNDAMENTOS DA GESTÃO ESTRATÉGICA. Profª. Danielle Valente Duarte

UnG. As cinco funções do administrador são: Planejar, Organizar, Comandar, Coordenar e Controlar.

Curso de Engenharia de Produção. Organização do Trabalho na Produção

Modelos, Métodos e Técnicas de Planejamento

O Gerenciamento Organizacional de Projetos (GOP) pode ser descrito como uma estrutura de execução da estratégia coorporativa, com objetivo de

Sárgom Ceranto Marketing e Soluções Corporativas comercial@trecsson.com.br

CURSOS DE PÓS - GRADUAÇÃO

1 Fórum de Educação a Distância do Poder Judiciário. Gestão de Projetos de EAD Conceber, Desenvolver e Entregar

DESENVOLVIMENTO 2014 TEMA: CAPACITAÇÃO COMPARTILHADA: O CLIENTE EM FOCO: DESENVOLVENDO EQUIPES COM ALTA PERFORMANCE EM ATENDIMENTO

Universidade de Brasília. Faculdade de Ciência da Informação. Profa. Lillian Alvares

Programa do Curso de Pós-Graduação Lato Sensu MBA em Engenharia de Software Orientada a Serviços (SOA)

15/09/2015. Gestão e Governança de TI. Modelo de Governança em TI. A entrega de valor. A entrega de valor. A entrega de valor. A entrega de valor

EIXO DE APRENDIZAGEM: CERTIFICAÇÃO E AUDITORIA Mês de Realização

AGENDA SEBRAE OFICINAS CURSOS PALESTRAS JUNHO A DEZEMBRO GOIÂNIA. Especialistas em pequenos negócios. / / sebraego.com.

Gestão Estratégica e o Balanced Scorecard

PMI-SP PMI-SC PMI-RS PMI PMI-PR PMI-PE

PODER JUDICIÁRIO TRIBUNAL REGIONAL DO TRABALHO DA 3ª REGIÃO

O que é Administração

GESTÃO DO CONHECIMENTO NA INDÚSTRIA QUÍMICA

ATIVIDADES DE LINHA E DE ASSESSORIA

Brasília (DF), 26 de novembro de Clarisse Droval

Gestão do Conhecimento: Uma Visão Geral Para Business Intelligence


Apresentação para a implantação da Avaliação de Desempenho

Balanced Scorecard. by Edmilson J. Rosa

IDÉIAS SOBRE IMPLANTAÇÃO DE SISTEMAS EMPRESARIAIS INTEGRADOS. Prof. Eduardo H. S. Oliveira

Prof Elly Astrid Vedam

Ementários. Disciplina: Gestão Estratégica

Trilhas de aprendizagem UCSebrae um caminho em construção

PROGRAMA DE DESENVOLVIMENTO EXCELÊNCIA EM VENDAS

Ano: 2012 MATRIZ DE COMPETÊNCIAS COMPORTAMENTAIS. Realiza Consultoria Empresarial Ltda.


O QUE É? Um programa que visa melhorar a Gestão dos CFCs Gaúchos, tendo como base os Critérios de Excelência da FNQ (Fundação Nacional da Qualidade).

Porque Educação Executiva Insper

Gestão da Inovação no Contexto Brasileiro. Hugo Tadeu e Hérica Righi 2014

Apresentação Institucional IEL/SC

Programa do Curso de Pós-Graduação Lato Sensu MBA em Gestão de Projetos

CAPÍTULO 1 - CONTABILIDADE E GESTÃO EMPRESARIAL A CONTROLADORIA

Programa de Capacitação

Apresentação. Gestão de Pessoas por Competências

Executive Business Process Management

Liderança Feminina. Que tipo de clima as altas executivas geram em suas equipes? Setembro/2009

Balanced Scorecard BSC. O que não é medido não é gerenciado. Medir é importante? Também não se pode medir o que não se descreve.

Universidade de Brasília Faculdade de Ciência da Informação Profa. Lillian Alvares

MBA Executivo Liderança e Desenvolvimento de Pessoas

TERMO DE REFERÊNCIA (TR) GAUD VAGA

PMI-SP PMI-SC PMI-RS PMI PMI-PR PMI-PE

Transcrição:

COMUNICAÇÃO 255 MAPEAMENTO DE COMPETÊNCIAS COMO FERRAMENTA DE AUXÍLIO PARA A APRENDIZAGEM ORGANIZACIONAL E PARA O PROCESSO DE INOVAÇÃO. Raquel Dias 1, Arnoldo Souza Cabral 1 RESUMO: O presente trabalho visou apresentar uma revisão da literatura sobre os principais modelos para mapeamento de competências, revelando a importância de tais ferramentas para o suporte ao processo de aprendizagem organizacional. O estudo buscou reportar os métodos mais utilizados, ressaltando as vantagens, e desvantagens de cada um, fornecendo subsídios para o processo de escolha pela técnica mais adequada ao perfil da empresa. Verificou-se que identificar as competências específicas para o desenvolvimento de inovações e torná-las núcleo forte dentro da empresa é imprescindível para a obtenção de vantagens competitivas e comparativas no mercado. Palavras-chave: Empresa. Gestão. Vantagens competitivas. Mapping of competencies as tool aid for organizational learning and for the innovation process ABSTRACT: This study aims to present a literature review of the main models for competency mapping, revealing the importance of these tools to support the organizational learning process. The study sought to report the most used methods, highlighting the advantages and disadvantages of each, supporting the process of choosing the most appropriate technique to the company profile. It was found that to identify specific skills for the innovations development, and to make them strong core within the company, is essential for obtaining competitive advantages, and comparative market. Keywords: Company. Management. Competitive advantages. Recebido em 20 dez. 2013 Aceito em 29 abr. 2014 1 ITA Instituto Tecnológico de Aeronáutica raqueldias2006@gmail.com

256 1 INTRODUÇÃO Nonaka e Takeuchi (1997) sugerem que a inovação se origina no processo de compartilhamento de conhecimento tácito entre os indivíduos. Assim, o modelo Gestão por Competências fornece ferramentas eficazes para gestão dos Recursos Humanos, baseada em perfis adequados para as atividades da empresa. O mapeamento de competências revela talentos, habilidades, e conhecimentos que podem ser aprimorados para melhor cumprimento das funções específicas. Trata-se da extração sistematizada dos conhecimentos, habilidades realizadas, a partir dos recursos internos da empresa, e dos requisitos do perfil para o exercício dos cargos. O planejamento estratégico tem na gestão por competências uma ferramenta que promove o direcionamento de captação e seleção, treinamento, gestão de carreira de seus empregados rumo aos ganhos de competitividade e cumprimento de sua missão. De acordo com Nelson e Winter (1982) a teoria evolucionária toma a empresa como base de conhecimento cujo crescimento é determinado por suas competências e pelas influências do ambiente externo, pois as vantagens são obtidas com as habilidades e capacidades internas, assimiladas ao longo do tempo, e através de path dependence (CAMPOS et. al., 2003). Boyatizis (1982) ressalta que a formação, os comportamentos, e os resultados determinam retorno às organizações e destaca os atributos ideais do gestor agregando-os nos fatores: metas e gestão pela ação; liderança; recursos humanos; direção de subordinados; foco em outros clusters; conhecimento especializado. Já Fleury e Fleury (1997) focaliza a capacidade do indivíduo, adquirida pela aprendizagem, em otimizar a alocação de recursos para as ações. Para Durand (2000) competência possui as dimensões complementares e interdependentes: conhecimentos, habilidades e atitudes. Trata-se de conjunto de conhecimentos, habilidades e atitudes necessárias à tomada de decisão. Os níveis de competências podem ser classificados como profissional e organizacional,

257 estando neste, as competências essenciais, às quais é confiada a atuação no mercado, em busca de competitividade. Nisembaum (2000) classifica a competência organizacional em básica, representando atributos necessários ao funcionamento da organização, e, em essenciais, que diferenciam as empresas. Mapear competências significa relacionar e comparar os talentos, habilidades, e conhecimento acumulado dos indivíduos, com o exigido para o exercício dos cargos. Este mapeamento pode ser realizado através de: avaliação do desempenho organizacional; satisfação do cliente externo, inovação e aprendizagem; avaliação do desempenho individual; auto avaliação das competências e identificação das necessidades de aprendizagem. Em um modelo de Gestão por Competência é importante a identificação das lacunas entre as competências necessárias para alcançar os objetivos, e as disponíveis na organização, subsidiando o empreendimento de ações para recrutamento, seleção, e capacitação dos indivíduos (GUIMARÃES et al, 2006). Para redução das lacunas existem dois caminhos: o primeiro trata do desenvolvimento e capacitação de pessoal com o estabelecimento de alianças com instituições de pesquisas, e a implantação de um processo de recrutamento e seleção, externo. O segundo sugere criação de métricas para avaliar o desempenho dos indivíduos, dos processos e da organização, para definir remunerações, e empreender políticas globais de aprendizagem organizacional. Com base nos resultados devem ser realizadas análises de feedback do processo, e as correções das distorções, bem como a reformulações de metas. O presente trabalho visou apresentar uma revisão da literatura sobre os principais modelos para mapeamento de competências, revelando a importância de tais ferramentas para o suporte ao processo de aprendizagem organizacional.

258 2 MATERIAL E MÉTODOS O presente trabalho caracteriza-se por pesquisa bibliográfica, uma vez que a análise dos diversos estudos publicados possibilitou o conhecimento necessário para a reflexão e entendimento dos processos de aprendizagem, dos modelos de mapeamento e de avaliação de competências nas firmas, viabilizando, desta maneira a consecução do objetivo pretendido. Na avaliação de desempenho, existem vários instrumentos para sua realização. Dentre eles pode-se citar a avaliação tradicional, o Balanced scorecard, a avaliação 360º, e a auto avaliação. O Balanced scorecard foca o desempenho organizacional e individual alinhando-o aos objetivos estratégicos, com indicadores de curto, médio, e longo prazos (KAPLAN e NORTON, 1997). A avaliação 360 é baseada em feedbacks de fontes de avaliação diversas (EDWARDS e EWEN, 1996). Já a Autoavaliação é feita pelo próprio indivíduo. A descrição das competências deve refletir o que se espera do profissional, quanto ao seu desempenho, e comportamento, e deve retratar condições e critérios para medir produtividade, grau de satisfação, e a qualidade. É necessária a validação pela área de Recursos Humanos, pois os Testes de identificação de potencial são aplicações específicas que buscam identificar as aptidões dos empregados, gerando resultados confiáveis, e propiciando agilidade e independência em relação ao avaliador. Já as simulações são testes realizados em contextos vivenciados rotineiramente na empresa, onde o empregado se vê em ambiente familiar realizando suas atividades, porém em situações criadas exclusivamente para testes. Permite adequação ao perfil da empresa, e observação direta das atitudes dos avaliados diante de situações possíveis. Produz resultados confiáveis, feedback, porém exige especialistas e ambiente adequado, provocando alto custo.

Para a avaliação existem dois critérios básicos, que 259 podem variar segundo o objetivo da descrição: 1) o uso de referenciais de desempenho, com descrição de comportamentos observáveis, capturando informações do indivíduo que possui determinada competência, por exemplo: se a competência se refere à orientação para resultados, deve-se definir metas a serem alcançadas e descrever ações que busquem o crescimento dos negócios, a análise de benefício/custo, e principalmente, estabelecer métricas para avaliar resultado (SANTOS, 2001); 2) as dimensões da competência que descrevam conhecimentos, habilidades e atitudes necessárias para se alcançar determinada produtividade (BRANDÃO et al, 2001; BRUNO- FARIA, 2003). Este critério por tratar das dimensões das competências, esta focaliza o conhecimento, as habilidades, e as atitudes. A descrição neste caso, deve se concentrar nos elementos inerentes às rotinas objeto de avaliação, às aptidões, às percepções, ao comprometimento, ao envolvimento, ao respeito, à ética e ao desejo de aprimoramento. No que se refere à aprendizagem organizacional, segundo Huysman (2001), esta é percebida sob quatro tendências: 1) tendência à melhoria com foco em resultados (ARGYRIS e SCHÖN, 1978); 2) à ação individual; 3) à adaptação ambiental (FIOL e LYLES, 1985) e 4) à aprendizagem planejada. Três aspectos essenciais caracterizam a aprendizagem organizacional: 1) a difusão das trocas, envolvendo problemas e soluções, e suas consequências; 2) a memória organizacional, onde são registradas estas trocas e 3) os mecanismos de compartilhamento e atualização destas soluções. Nonaka e Takeuchi (1997) consideram quatro processos de conversão de conhecimento: socialização (tácito-tácito), externalização (tácito-explícito), combinação (explícito-explícito) e internalização (explícito-tácito). Inicialmente tem-se a socialização

260 do conhecimento tácito, seguida de sua externalização, que, internalizado, gera inovações fundamentais para obtenção de vantagens competitivas. As organizações que aprendem são capazes de criar e disseminar o conhecimento modificando seu comportamento em razão destes (KIERNAN, 1998). O processo de aprendizagem em uma organização envolve a definição de comportamentos que reflitam o aprendizado e a criação de novos mapas cognitivos, para o entendimento do contexto externo e interno. Para que isto ocorra é preciso o estabelecimento de condições propícias, para as quais são necessárias as seguintes disciplinas: domínio pessoal; modelos mentais; visões partilhadas; aprendizagem em grupo; e, pensamento sistêmico. Garvin (1993) propôs caminhos para a ocorrência da aprendizagem organizacional como: resolução sistemática de problemas; experimentação; experiências passadas; circulação de conhecimento; experiências de outros. Para Guns (1998) há nove tipos de aprendizagem organizacional: a orientada para desempenho, focalizando as tarefas; a sistêmica voltada para a execução e melhoria dos processos; a cultural relacionada à difusão da cultura e valores; a de liderança focando a gestão de um modo geral; a de equipe que busca a integração e eficiência; a estratégica relacionada com a difusão das estratégias da empresa; a empreendedora relacionada com o desenvolvimento de perfis empreendedores; a reflexiva relacionada à avaliação dos modelos vigentes e a transformacional focada nas mudanças. É importante ressaltar que a diferença básica entre as organizações baseadas em desempenho, e as centradas em aprendizagem está nos prazos dos investimento e das exigências de retorno que nas organizações baseadas em aprendizagem são mais longos. 3 RESULTADOS E DISCUSSÃO O mapeamento de competências deve abranger a identificação e descrição das competências organizacionais desejadas, e as competências de seu corpo de

261 colaboradores. A comparação dos resultados desses dois focos demonstrará os pontos que deverão ser ajustados com ações que permitam otimizar a alocação dos recursos em busca de maior produtividade. Os instrumentos questionário e entrevista são os mais frequentemente usados, devido à simplicidade na aplicação, o custo reduzido, e a estabilidade da informação. Deve-se, no entanto, atentar para que os dados sejam completos. O questionário tem como fonte documentos da empresa, portanto há que se preocupar com a atualização das informações, e as entrevistas, sejam individuais ou coletivas, demandam tempo longo além da qualidade dos resultados e depende da experiência do entrevistador. As perguntas devem ser ao mesmo tempo, livres para não tolher as iniciativas dos participantes, e objetivas para não perder o foco, de forma a não comprometer toda a pesquisa, e distorcer conclusões. O método observação direta permite a percepção do comportamento natural das pessoas, sem intromissão. Embora demonstre excelentes resultados, a exigência de treinamento especializado, onera o processo. As fragilidades são a possibilidade de constrangimento, a não garantia de anonimato, e possibilitar a observação de pequeno número de variáveis. O método por Grupo Focal implica em custo e tempo reduzido, flexibilidade na aplicação, adequação para obtenção de grau de satisfação dos envolvidos, e eficiência para obtenção de informações, mas a exigência de facilitador experiente, não garantia do anonimato, exigência de seleção de participantes, e a não possibilidade de generalização, já que reflete só o grupo, pode inviabilizar seu uso em organizações muito grandes. A avaliação de desempenho é um método muito utilizado para coletar informações sobre o perfil da empresa. Existem vários instrumentos para avaliação de desempenho, e em geral, pelo menos um deve ser utilizado na organização. O Balanced scorecard, a

262 avaliação 360º, e a auto avaliação são alguns modelos de gestão de desempenho mais utilizados. Os testes de identificação de potencial usados para identificar talentos, geram resultados confiáveis, mas demandam tempo, alto custo, e não permite adaptações. Por fim a Simulação, baseada em rotinas reais configuradas com os perfis desejáveis, embora demande alto custo e infraestrutura adequada pode resultar em informações estratégicas e ricas para a organização, já que oferece um ambiente simulado do que seria ótimo para a organização, revelando os pontos fracos e fortes dos recursos reais, nesse ambiente ideal. Todos os instrumentos observados demonstraram vantagens e fragilidades. É possível minimizar as limitações e fragilidades combinando os mais adequados ao perfil da empresa, que permitam o cruzamento das informações resultantes. 4 CONCLUSÕES A inovação é resultado da capacidade da empresa de articular seus recursos e competências. A gestão por competência viabiliza a criação da organização que aprende, ao aprimorar os conhecimentos individuais, alinhando-os com as necessidades da organização para consecução de seus objetivos e metas. O mapeamento de competências possibilita ao indivíduo se situar no âmbito da empresa, identificando seus pontos fracos, e necessidades de apoio para crescimento profissional, e permite que a organização tome consciência dos recursos que possui, e de sua capacidade produtiva real, favorecendo na definição de cargos, tarefas, e metas, e projeção de padrões de desempenho em função de políticas de desenvolvimento de pessoal. O objetivo pretendido se consolidou com a apresentação da visão comparativa das principais ferramentas para mapeamento de competências, que, certamente, subsidiará a seleção e combinação de modelos, adequados para aplicação, face ao perfil da empresa.

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS 263 ARGYRIS, C. e SCHÖN, D. A. Organizational learning: a theory of action perspective. Reading, MA: Addison-Wesley, 1978. BOYATIZIS, R. The competent manager: a model of effective performance. New York: Wiley, 1982. BRANDÃO, H. P.; GUIMARÃES, T. A. Gestão de competências e gestão de desempenho: tecnologias distintas ou instrumentos de um mesmo constructo. Revista de Administração de Empresas, São Paulo, v. 41, n.1, jan./mar., 2001. BRUNO-FARIA, M. F.; BRANDÃO, H. P. Gestão de competências: identificação de competências relevantes a profissionais da área de T&D. Revista de Administração Contemporânea, organização pública do DF, v. 7, n. 3, 2003. CAMPOS, F. C. A. et al. Cooperação e aprendizagem on-line. Rio de Janeiro: DP&A, 2003. DURAND, T. L. Alchimie De La compétence. Revue Française de Gestion, n. 127, jan./fev. 2000. EDWARDS, M.; EWEN, A. 360º feedback: the powerful model for employee assessment and performance improvement. New York: AMA, 1996. FIOL, C. M.; LYLES, M. A. Organizational learning. The Academy of Management Review, v. 10, n. 4, p. 803-813, 1985. FLEURY, A.; FLEURY, M. T. L. Aprendizagem e inovação organizacional: as experiências de Japão, Coréia e Brasil. 2. ed., São Paulo: Atlas, 1997. GARVIN, D. A. Building a learning organization. Harvard Business Review, v. 71, n. 4, 1993. GUNS, B. A organização que aprende rápido: seja competitivo utilizando o aprendizado organizacional. São Paulo: Futura, 1998. GUIMARÃES, T..A. et. al. Aspectos metodológicos do diagnóstico de competências em organização. Treinamento, Desenvolvimento e Educação em Organizações e Trabalho. São Paulo: Artmed, 2006. HUYSMAN, M. Contrabalançando tendenciosidades: uma revisão crítica da literatura sobre aprendizagem organizacional. In: Easterby-Smith, M. et al. Aprendizagem organizacional e organização de aprendizagem. São Paulo: Atlas, 2001. KAPLAN, R. S.; NORTON, D.P. A estratégia em ação: balanced scorecard. Rio de Janeiro: Campus, 1997. KIERNAN, M. J. Os 11 mandamentos da administração do século XXI. São Paulo: Makron Books, 1998. NELSON, R. R.; WINTER, S. G. An Evolutionary Theory of Economic Change.Cambridge: Harvard University Press, 1982. NISEMBAUM, H. A competência essencial. São Paulo: Infinito, 2000. NONAKA, I.; TOYAMA.; TAKEUCHI, H. Criação de conhecimento na empresa: como as empresas japonesas geram a dinâmica da inovação. Rio de Janeiro: Campus, 1997.

264 SANTOS, A.C. O uso do método Delphi na criação de um modelo de competências. Revista de Administração, São Paulo. v. 36, n.2. abr./jun., 2001.