MERCADO EXPORTADOR SINO-BRASILEIRO DE CARNES NO PERÍODO DE 2000 A

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MERCADO EXPORTADOR SINO-BRASILEIRO DE CARNES NO PERÍODO DE 2000 A 2011 1 LOPES, M. 2 ; FREITAS, C. A. 3 ; CORONEL, D. A. 4 ; FARENCENA, G. S. 5 1 Trabalho de Pesquisa _UFSM 2 Acadêmica do Curso de Ciências Econômicas da Universidade Federal de Santa Maria (UFSM) e Bolsista de Iniciação Científica do PIBIC-CNPq, Santa Maria, RS, Brasil 3 Professor Associado da UFSM no Curso de Ciências Econômicas e do Programa de Pós- Graduação em Economia e Desenvolvimento da Universidade Federal de Santa Maria (UFSM), Santa Maria, RS, Brasil 4 Professor Adjunto do Departamento de Ciências Administrativas e do Programa de Pós-Graduação em Administração da Universidade Federal de Santa Maria (UFSM), Santa Maria, RS, Brasil 5 Acadêmica do Curso de Administração da Universidade Federal de Santa Maria (UFSM) e Bolsista de Iniciação Científica da FAPERGS, Santa Maria, RS, Brasil E-mail: mygrelopes@gmail.com; caf@ccsh.ufsm.br; daniel.coronel@uol.com.br; gisela.adm.95@gmail.com RESUMO O objetivo deste trabalho foi analisar o comportamento do mercado exportador brasileiro de carne (bovina, suína e de frangos) para a China, no período de 2000-2011. Especificamente, pretendeu-se avaliar o efeito da crise mundial de 2008, neste setor, através dos índices de Orientação Regional (IOR), Participação do Saldo Comercial do Produto no PIB (PSCPPIB) e na Média das Trocas do país (PSCPMT) Ganhos e Perdas de Competitividade (IGPC), Indicador de Desempenho (ID). Os resultados indicaram que as exportações de carne não foram orientadas ao longo do período para o mercado chinês. Observou-se impacto negativo através do ID e IGPC para a carne bovina desde 2007, para a suína, desde 2002, e ganhos de competitividade para a carne de frango a partir de 2008. O principal obstáculo para o avanço das exportações são as barreiras nao tarifárias e exigências do mercado importador ao produto. Palavras-chave: Exportação de Carnes; Crise financeira; China. 1.INTRODUÇÃO A China, atualmente, tem uma importância no cenário econômico internacional, visto que vem mantendo altas taxas de crescimento do seu Produto Interno Bruto (PIB) acima de 10% ao ano 1. O crescimento da renda per capita da sua população se materializa em demanda crescente por alimentos e, por se tratar de um país populoso (com 18,57% da população mundial) e com apenas 13,9% de áreas agricultáveis 2, a questão da segurança alimentar ainda é muito delicada para o governo chinês, uma vez que os resquícios da planificação ainda são evidentes na agricultura do país 3. 1 Conforme o Intercâmbio Comercial do Agronegócio (2011), a partir de dados do FMI. 2, 3 Para maiores informações da modernização da China, a partir de 1978, ver Moraes (2004). 1

A China foi o país que mais contribuiu ao crescimento das exportações agrícolas (em 2004-2010 4 ). Em 2010, apenas 2% das exportações agrícolas brasileiras para a China eram de carnes 5. Além dos condicionantes internos das economias brasileira e chinesa, é necessário analisar o contexto em que a economia global se encontrava em 2008. Com o mercado imobiliário norte-americano em crise, a instabilidade econômica do mercado americano se difunde para o resto do mundo, provocando reversão das expectativas quanto ao crescimento da economia mundial. Isso se refletiu em todos os mercados. Com relação ao de commodities, percebe-se uma mudança na tendência histórica dos preços das mesmas, em alta desde 2003, caindo após os primeiros sinais de crise. No entanto, conforme ressaltado acima, os efeitos da crise econômica mundial foram sentidos em todos os mercados e no mercado de carnes não foi diferente. 2. REVISÃO DE LITERATURA As bases da economia chinesa são as grandes quantidades exportadas e o grande consumo interno 6, os elevados níveis de poupança e investimento, a educação, a qualificação da mão de obra, além da adoção de novas tecnologias 7. Crescimento da renda e abertura comercial contribuem para a manutenção e/ou ampliação da quantidade importada de alimentos (segurança alimentar), onde os setor das cárnes se encontra. A utilização de barreiras tarifárias ocorre de acordo com as regras da OMC. Para Krugman e Obstfeld (p. 153, 2005), as barreiras burocráticas impõem obstáculos ao comércio, distorcem procedimentos normais sanitários, de segurança e alfandegários, por exemplo. Esse tipo de impedimento ao livre comércio, como barreiras tarifárias e não tarifárias, servem como proteção e estímulo ao mercado doméstico, o importador, mas restringem os ganhos com o comércio internacional. Fernandes, Cruz e Pedrozo (2005) alegam que essas estão sendo substituídas pelas barreiras não tarifárias: barreiras técnicas, sanitárias e fitossanitárias, financeiras, cambiais, trabalhistas, ambientais, vistas como mecanismos protecionistas menos transparentes, já que não se sustentam em acordos multilaterais, atingem mercados específicos 8, deixando livre os demais. Para Miranda 4, 5 Esses dados encontram-se no Intercâmbio Comercial do Agronegócio (2011). 6 Agenda China: Ações positivas para as Relações Econômico-Comerciais Sino-Brasileiras (2008). 7 Conforme Salvatore (2000). 8 A pontualidade das medidas sanitárias e fitossanitárias está em Fernandes, Cruz e Pedrozo (2005). 2

(2001), os gostos e preferências do consumidor são relevantes quando se trata de adquirir competitividade em determinado mercado importador. 3. METODOLOGIA A metodologia deste trabalho baseia-se nos Índices de Orientação Regional (IOR), de Ganhos e Perdas de Competitividade (IGPC). Utiliza-se a também a análise de tendência das exportações para o mercado chinês. Para melhor interpretação, fazem-se necessários outros indicadores do comércio internacional, baseados nos trabalhos de Gasques e Conceição (2002) e de Silveira e Burnquist (2004), como a Participação do Saldo Comercial do Produto no PIB (PSCPPIB), a Participação do Saldo Comercial do Produto na Média das Trocas do país (PSCPMT), além do Indicador de Desempenho (ID). Os dados referentes ao comércio agrícola entre Brasil e China, no período em questão, foram coletados através do Sistema ALICE Web, da Secretaria do Comércio Exterior, SECEX, em valores FOB (Free on Board), os outros, foram coletados do MDIC, Ministério do Desenvolvimento, Indústria e Comércio e Food Agriculture Organization of the United Nations, FAO. 4. RESULTADOS DISCUSSÕES A maior parte da produção brasileira de carnes destina-se ao consumo doméstico. A produção de carne bovina brasileira apresenta baixo nível de contratos e de verticalização em sua cadeia produtiva, diferentemente da produção de frangos, cujo mercado é dominado por poucas empresas, em estrutura oligopolista. Segundo Araújo e Braun (2012), a China apresenta barreiras à carne brasileira, e Hong Kong é o principal importador asiático da carne bovina brasileira, sendo a porta de entrada dessa carne no mercado chinês. Há uma tendência de que a demanda por carne bovina aumente nos países em desenvolvimento, enquanto nos desenvolvidos se mantenha estagnada ou decaia. A redução do consumo mundial da carne bovina deve-se ao seu preço relativo em relação ao do frango, sendo o último mais barato, e pelo aumento de renda da população consumidora. 3

Para Pereira (2009), as carnes mais consumidas pelos chineses são a suína e de frango, sendo este país autossuficiente na produção de carne bovina. Mas o surgimento de enfermidades nos dois produtos mais consumidos fez com que a população chinesa voltasse seu consumo para os bovinos. Enfermidades mais comuns entre os suínos são febre suína clássica e febre suína africana, mas o Brasil é livre de ambas. Nas aves, é a gripe aviária, e, entre os bovinos, são a febre aftosa e a encefalite espongiforme bovina (BSE). 4.1 Carne bovina Os principais produtores mundiais de carne bovina, em 2010, de acordo com a Associação Brasileira das Indústrias Exportadoras de Carne (ABIEC), foram os Estados Unidos, o Brasil, a União Europeia 9 e a China. No mesmo ano, os maiores exportadores foram o Brasil, a Austrália, os Estado Unidos e a Índia. Entre os importadores, destacam-se Estados Unidos, Rússia, Japão e União Europeia. Nas exportações ao mercado chinês de carnes bovinas, o Brasil se destaca nas exportações de carne desossada e de miudezas, conforme Figura 1. Figura 1- Importações chinesas de produtos bovinos. Fonte: Elaborado pelos autores, a partir de dados do FAOSTAT. Conforme Lazzarini Neto et al (1996), em Miranda (2001), há falhas entre a produção, a indústria frigorífica e o setor varejista, o que impede um maior beneficiamento 9 UE-27. 4

do produto quando na carcaça. Melhoramento genético, nos pastos, pela substituição da pastagem nativa do cerrado, e pela suplementação garante maior qualidade ao rebanho brasileiro. A organização e a padronização do setor é o que impede o avanço do setor de carnes bovinas. A China é vista como um mercado ascendente para o consumo de carne bovina, de acordo com Miranda (2001) e Pereira (2009), em função do crescimento populacional e da elevação da renda. Porém, uma das maiores dificuldades das exportações brasileiras de carnes à China é o frete. Os altos custos, devido à distância, dificultam boa parte do comércio entre esses países. A tarifa aplicada ao Brasil pelas exportações de carnes bovinas desossadas são de 12%. Essas exportações não são orientadas para o mercado chinês, conforme o cálculo do IOR. A PSCPMT é equilibrada, ou nula, ou seja, o Brasil não é importador nem exportador líquido de carne bovina para a China. A PSCPPIB desse produto àquele destino é próxima de zero. O ID e o IGPC foram oscilantes, com perdas e ganhos de competitividade durante o período, mas, em 2009, em relação a 2008, houve perdas de espaço no mercado importador, como consequência da crise financeira de 2008. A taxa geométrica de crescimento das exportações de carne bovina para a China foi de 0,0865% a.a., com tendência crescente. 4.2 Carne Suína Conforme a Associação Brasileira Indústria Produtora e Exportadora de Carne Suína (ABIPECS), em 2011, os maiores produtores de carne suína são a China, a União Europeia, os Estados Unidos e o Brasil, entre os exportadores são os Estados Unidos, União Europeia, Canadá e o Brasil. Os principais importadores em nível mundial são Japão, Rússia, México, Coreia do Sul e China. Observa-se a importância da carne suína para o mercado chinês, já que esta é o maior produtor e quinto maior importador 10. A Figura 2 mostra os principais países exportadores de carnes suínas para a China. 10 De Gomes et all. (2012), adaptado. 5

Figura 2- Importações chinesas de miudeza e carnes suínas em toneladas. Fonte: Elaborada pelos autores, a partir de dados do FAOSTAT. Por meio da análise dos dados, observa-se que as importações chinesas de suínos concentram-se em miudezas. Melhoria em genética, nutrição, controle de doenças fazem com que a suinocultura seja hoje um setor com altos índices de produtividade, os quais permitem que excedentes do mercado interno destinem-se às exportações (GOMES et al, 2012). Os autores destacam ainda que o Brasil produz milho e soja, insumos essenciais para a ração de suínos. A tarifa aplicada às importações de carne suína é de 12% 11. Verifica-se, por meio do cálculo do IOR, que as exportações brasileiras de carne suína não são orientadas para a China. A PSCPMT é nula, ou seja, o país não é importador nem exportador líquido desse produto no mercado chinês. A PSCPPIB exportada àquele país é zero. Ao longo do período, as perdas de competitividade das carnes suínas na China foram de maior relevância, como indicaram o ID e o IGPC. A taxa geométrica de decrescimento das exportações de carne suína para a China foi de 25,9839% a.a.(-), com tendência decrescente. 4.3 Carne de Aves (frango) O mercado avicultor apresenta ganhos em economias de escala, por meio de contratos entre empresas processadoras e o produtor, o que estabelece um mercado mais 11 Conforme o Intercâmbio Comercial do Agronegócio (2011). 6

estável com garantias de qualidade, por meio de um acompanhamento tecnológico e garantias de crédito (COSTA, 1999), embora limite o poder de barganha do produtor. Conforme a União Brasileira de Avicultura UBABEF (2010/2011), os principais importadores mundiais de carne de frango são Japão, Arábia Saudita, União Europeia e México, e os exportadores são Brasil, Estados Unidos, União Europeia, Tailândia e China. Os principais produtores nesse período foram Estados Unidos, China, Brasil e União Europeia. A produção de frango brasileira é altamente competitiva graças às exigências dos importadores. As melhorias vão desde a genética, as inovações em tecnologias e os processos, como tempo de maturação e quantidade de ração utilizada. A verticalização da produção também é vista como ganho na cadeia da avicultura. Entre os condicionantes brasileiros, destacam-se a oferta de grãos como insumos para a avicultura e das condições climáticas, além de possuir mão de obra abundante (VIEIRA e DIAS, 2005). Conforme Costa (1999), a China também é exportadora no setor avícola, mas seu mercado de exportação são os países asiáticos. A Figura 3 destaca os principais exportadores de carnes de frango para a China. Figura 3: Importações chinesas de carne de aves (frango, em toneladas). Fonte: Elaborada pelos autores a partir de dados do FAOSTAT. 7

A tarifa aplicada à carne de frango importada pela China é de 1,3 Yuan/Kg, já para os pedaços e miudezas, varia entre 0,5 a 1,0 Yuan/Kg 12. O IOR mostrou-se inferior a um, ou seja, as exportações de carne de frango e seus derivados não foram orientadas para o mercado chinês. A PSCPMT foi ligeiramente maior do que zero no período analisado, sendo, portanto, exportador líquido de carnes e miudezas de frango para a China. A PSCPPIB foi de 0,0043%, com pouca representatividade. O ID e IGPC indicaram ganho dessas exportações brasileiras no mercado importador da China, nos anos de 2004 em relação a 2003, e em 2009 em relação a 2008, mas, nos demais períodos, não houve significativos ganhos ou perdas no desempenho das exportações, com exceção do ano de 2006 em relação a 2005, com grande perda de competitividade. A taxa de crescimento das exportações de carnes de aves foi de 10,9214% a.a, com tendência crescente. 5. CONCLUSÕES A tendência é que os países em vias de desenvolvimento econômico continuem ganhando espaço e que os países desenvolvidos diminuam seu ritmo de importações, já que os principais afetados pela crise de 2008 foram os Estados Unidos e a União Europeia. Neste cenário, as negociações sino-brasileiras tendem a intensificar-se devido ao crescimento da demanda e renda chinesas. Por meio do cálculo de indicadores do comércio internacional, observa-se que as exportações do setor cárneo não são orientadas para a China. Em relação à crise financeira, houve perdas de competitividade nas carnes bovina e suína e ganhos para as de frango. Nesse período, a China se voltou para o mercado interno, reduzindo quando possível as importações, já que as expectativas mundiais eram apreensivas. O mercado exportador sino-brasileiro de carnes é pouco significativo, mas apresenta possibilidades de expansão devido ao considrável mercado doméstico chinês e ao consequente temor da segurança alimentar. Porém, a falta de adequação dos exportadores brasileiros às exigências sanitárias e técnicas impede a intensificação dessas transações com a China. 12 De acordo com o Intercâmbio Comercial do Agronegócio (2011). 8

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