AS FORMAS BÁSICAS DE COMPOSIÇÃO DO TEXTO

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AS FORMAS BÁSICAS DE COMPOSIÇÃO DO TEXTO

O texto pode ser: Argumentativo Dissertativo Descritivo narrativo

Argumentativo Tipo de texto em que se sobressai a preocupação do autor em persuadir e convencer o leitor. Dissertativo Texto que tem como objetivo explanar e explicar as ideias associadas à sua interpretação.

Descritivo Texto que apresenta a representação verbal de um objeto, coisa, ser, paisagem e também de um sentimento. Narrativo Apresenta prioritariamente uma sequência de ações no tempo e no espaço em que pessoas intervêm, incluindo o próprio locutor.

A Prática Argumentativa Segundo Bourdieu (1983) apud Sena (2011, p. 174) afirma que: [...] não procuramos somente ser compreendidos mas também obedecidos, acreditados, respeitados, reconhecidos. De forma velada ou não, o autor deseja que o leitor compreenda, aceite, compartilhe e seja cúmplice do que o mesmo diz ou escreve.

O texto argumentativo tem esse propósito. Aspectos que caracterizam o texto como argumentativo:

Preocupação com a unidade Prende o leitor a um único assunto, as ideias secundárias, ou a argumentação são direcionadas para um único alvo há maior probabilidade de persuasão.

Propósito explícito de convencimento Característica que mostra-se evidente na abertura de cada texto com frase-núcleo. A frase-núcleo reflete uma afirmação que não deixa dúvida sobre a segurança da assertiva.

EX.: Quando sua empresa disca 23, você sai sempre ganhando. Em termos de recurso persuasivo, sair sempre ganhando é semanticamente mais forte do que sair ganhando.

Preocupação em formar opinião do leitor O escritor procura pôr em evidência que a verdade está com ele, com as ideias que o mesmo está defendendo. O que pode ocorrer da seguinte forma:

Citação de textos autorizados Quando o autor faz referência a textos de tantos outros autores que tratam do mesmo tema, a fim de dar o testemunho autorizado aos argumentos que está expondo (SENA, 2011, p. 180)

Ilustração dos argumentos com exemplos Para evitar que o texto argumentativo fique em plano muito abstrato para o leitor, o escritor deve buscar exemplos adequados e concretos na realidade, para dar maior sustentação aos seus argumentos. Exemplo citado do texto 2 (p.176).

Ilustração dos argumentos com dados estatísticos O autor alerta para o fato dos dados estatísticos serem passíveis de manipulação, principalmente quando não se tem a origem e real metodologia de sua realização. Mas, funcionam como um mecanismo de argumentação.

Reforço dos argumentos com a comparação Apontada pelo autor como um dos recursos de argumentação mais eficientes. Pois, [...] repassa ao leitor pontos divergentes entre duas situações, uma das quais, aquela que é de seu interesse defender, ganha evidência em detrimento da outra (SENA, 2011, p. 181).

Reforço dos argumentos com a enumeração Considerada pelo autor como uma das estratégias mais comuns. Cita o exemplo do texto 5 (p. 177-178) Segundo Sena (2011, p. 182), o efeito deste recurso se dá sobretudo pelo que se pode chamar de martelamento dos argumentos, que vão sendo reiterados com insistência.

Reforço do argumento com a explicitação Estratégia que detalha ou esclarece aquilo que o autor apresentou de forma genérica. Veja o texto 4 (p. 177)

Correlações lógicas entre partes do texto Consiste em articular as ideias que formam o texto, apontando as relações existentes entre elas, como: causa e efeito, razões e consequências, detalhes e inferências. Isso é realizado com o propósito de dar consistência tanto à sua estrutura como também aos seus argumentos a qualidade da coerência.

O autor chama a atenção para o fato de que a argumentação faz parte de qualquer texto, ainda que suas marcas não estejam visíveis na superfície do que se diz.

A Prática Dissertativa Alguns estudiosos não fazem diferença entre os textos argumentativos e dissertativos. Sena (2011) afirma que há nuanças que aproximam a dissertação da argumentação. Contudo, A dissertação se restringe especialmente ao campo da interpretação de dados. A argumentação ao campo do convencimento direto.

As características de textos dissertativos: Predomínio de conceitos abstratos para analisar e interpretar dados da realidade Tipo de característica que implica no envolvimento de quem escreve, já que a sua apreciação decorre da manifestação de juízo de valor. O autor se baseia em fatos concretos. Mas, destaca as suas impressões pessoais.

[...] os dados de uma certa realidade são avaliados na perspectiva particular de quem constrói o texto. (SENA, 2011, p. 189).

Presença de dados concretos como suporte para a análise Nesse tipo de texto, os fatos são apresentados como elementos secundários. Esses servem de suporte ou ilustração às ideias abstratas que constituem a análise ou a discussão. Se no texto argumentativo os fatos têm primazia, no dissertativo ela é ocupada pela interpretação de conceitos abstratos.

Predomínio da análise e da avaliação crítica Apesar de girar em torno de um dado concreto de uma certa realidade, esse dado concreto é permanentemente margeado pela opinião de quem escreve a relevância na construção do texto dissertativo acaba sempre centrada na perspectiva crítica.

Marcas da impessoalidade nas construções sintáticas Apesar da ausência de expressões como eu acho ou na minha opinião, isso não evita o envolvimento do sujeito, apenas camuflam a sua presença.

A Prática Descritiva [...] descrição consiste num flagrante dado por um conjunto de enunciados a uma dada situação, a uma dada paisagem ou objeto, a um ou mais personagens (SENA, 2011, p. 191).

A descrição também capta as particularidades que o identificam melhor, transmitindo ao leitor uma imagem e não uma simples cópia. Isso quer dizer que a descrição não é a fotografia em si, mas a sensibilidade com que se capta a imagem do que está tratando.

Características dos textos descritivos: Relato de ocorrências simultâneas Nesse caso, a preocupação de quem escreve é passar para o leitor os detalhes que tornam possível a apreensão de um dado objeto num dado momento.

Ausência de mudança de estado Ao contrário do texto narrativo, o texto descritivo deixa de lado a preocupação com o movimento e a transformação do objeto focalizado. O autor dá prioridade ao relato de propriedades e aspectos de determinados elementos num certo estado, como se estivessem parados no tempo.

Envolvimento do enunciador O fato do escritor não utilizar a primeira pessoa, não significa distanciamento do que está sendo dito. É só observar a adjetivação escolhida pelos autores, conforme destacado nos exemplos apresentados por Sena (2011), esses podem transmitir ao leitor a imagem positiva ou negativa do que está sendo descrito.

Preocupação com o ponto de vista físico A descrição tem como objetivo transferir para o leitor as características que formam um dado objeto, de tal modo a permitir que esse mesmo objeto possa mentalmente ser reconstruído por esse mesmo leitor.

A Prática Narrativa O texto narrativo é caracterizado por uma sequência de ações que vão se sucedendo no tempo e no espaço, uma vez que a sua matéria é o fato.

Para dar corpo a essas ações, verifica-se a presença de alguns ou de todos os seguintes elementos: O quê? (para se referir ao fato ou à ação); quem (para se referir aos personagens); como (para se referir ao modo como se desenvolve o fato ou a ação); quando(se refere ao momento ou à ocasião em que se dá o fato ou ação);

Onde (se refere ao lugar em que se deu a ocorrência); porquê (para se referir à causa ou o motivo do fato ou da ação); por isso (para se referir ao resultado ou consequência do fato ou da ação).

Algumas características que tornam o texto narrativo: Ausência de simultaneidade [...] os fatos vão sucedendo-se de forma a seguir uma cronologia que indica haver entre os enunciados uma relação de anterioridade e posterioridade[...]. (SENA, 2011, p. 204). Oserve o texto 1 da p. 201.

Mudanças de um estado para outro O texto narrativo passa para o leitor as transformações sofridas pelo objeto ou personagem ao longo do tempo. Leiam o texto 2 p. 193.

Envolvimento do narrador Apesar da ausência da primeira pessoa, [...] é comum ocorrer na narração a presença de marcas que denunciam a visão de mundo do narrador, aí compreendidas as ações atribuídas aos personagens, suas características, as condições em que vivem, os comentários explícitos ou velados relativos aos fatos que são abordados [...] (SENA, 2011, p. 206). Veja o texto 3 p. 202-203.

Presença ou ausência do narrador Sobre verbos na primeira pessoa (eu, nós) subjetividade.

Observação: Os manuais de metodologia destacam que os verbos na primeira pessoa não devem ser utilizados em trabalhos científicos.

A linguagem deve ser impessoal. Isso quer dizer que não se deve dizer eu pesquisei, ou nós pesquisamos, mas a pesquisa realizada. O verbo deve estar na terceira pessoa no lugar se meu projeto, escreva este projeto; no lugar de eu considero, utilize considerase. (MEDEIROS, 2011).

Sena (2011) ressalta a inexistência de textos em estado puro, ou seja, exclusivamente dissertativos ou descritivos.

REFERÊNCIAS MEDEIROS, João B. Redação científica: a prática de fichamentos, resumos, resenhas. 11. ed. São Paulo: Atlas, 2011. SENA, Odenildo. A engenharia do texto: um caminho rumo à prática da boa redação. 4.ed. Manaus: Editora Valer, 2011.