A MOTIVAÇÃO SUBJACENTE PARA A CONTINUIDADE DA MODALIDADE DESPORTIVA



Documentos relacionados
alegria, prazer, desejo e entusiasmo

Pedagogia do Desporto. António Rosado

ICC Europe Howzat Text Portuguese Version

COMUNICAÇÃO INTERPESSOAL

Dissertação de Mestrado. A Motivação para as Aulas de Educação Física no3º ciclo do Concelho de Santa Maria da Feira

PLANEAMENTO DO TREINO: DA FORMAÇÃO AO ALTO RENDIMENTO

AVALIAÇÃO: Teste escrito

DEFINIÇÃO DE MOTIVAÇÃO

Nota: texto da autoria do IAPMEI - UR PME, publicado na revista Ideias & Mercados, da NERSANT edição Setembro/Outubro 2005.

Roteiro VcPodMais#005

O DESAFIO DOS EXECUTIVOS

A psicologia tem uma dimensão prática que se integra em vários contextos e instituições sociais: escolas, hospitais, empresas, tribunais, associações

COMPETÊNCIAS E SABERES EM ENFERMAGEM

Criatividade e Inovação Organizacional: A liderança de equipas na resolução de problemas complexos

A Gestão, os Sistemas de Informação e a Informação nas Organizações

h u m a n i t y. c o m. b r A vida acontece quando você realiza os seus sonhos

PLANO DE CARREIRA DO NADADOR DO AMINATA ÉVORA CLUBE DE NATAÇÃO

ÁREA A DESENVOLVER. Formação Comercial Gratuita para Desempregados

A Sessão de Treino. A Sessão de Treino. Curso de Treinadores de Nível 1. Cascais, 27 de Setembro

CONSULTORIA DE DESENVOLVIMENTO ORGANIZACIONAL

POLÍTICA DA QUALIDADE POLÍTICA AMBIENTAL POLÍTICA DE SEGURANÇA, SAÚDE E BEM ESTAR NO TRABALHO

Que Liderança hoje? A Transformação acontece aqui e agora o que permanecerá? Mentoring, Tutoring, Coaching A Inteligência Emocional

Desporto e Hábitos de Vida Saudável

Introdução à Psicologia do Desporto e Exercício

PROGRAMA DE PSICOLOGIA DESPORTIVA 11ª Classe

Rekreum Bilbao, Vizcaya, Espanha,

XI Mestrado em Gestão do Desporto

1. Introdução NÍVEIS DE ATIVIDADE FÍSICA EM CRIANÇAS DE 9 ANOS FORA DO CONTEXTO ESCOLAR: ESTUDO EM MEIO URBANO E MEIO RURAL

AS DESIGUALDADES DE REMUNERAÇÕES ENTRE HOMENS E MULHERES AUMENTAM COM O AUMENTO DO NIVEL DE ESCOLARIDADE E DE QUALIFICAÇÃO DAS MULHERES

Colaborações em ambientes online predispõem a criação de comunidades de

. evolução do conceito. Inspecção 3. Controlo da qualidade 4. Controlo da Qualidade Aula 05. Gestão da qualidade:

Falemos um pouco sobre o conceito DESPORTO. (3 a 3, definam desporto )

A PRÁTICA DA ATIVIDADE FÍSICA: SERÁ QUE EU CONSIGO? UM ENFOQUE PSICOLÓGICO 1

CARACTERIZAÇÃO DOS COMPORTAMENTOS PRÉ- COMPETITIVOS EM JOVENS NADADORES *

PLANO DE FORMAÇÃO DE RECURSOS HUMANOS 2012 FORMAÇÃO DE TREINADORES FEDERAÇÃO PORTUGUESA DO PENTATLO MODERNO

2010/2011 Plano Anual de Actividades

GABARITO COMENTADO. A resposta correta é a opção 4, conforme consta na tabela das Necessidades Humanas Básicas, à página 65 da apostila.

Escola Secundária com 3º CEB de Coruche EDUCAÇÃO SEXUAL

Quem somos. Objetivo. O Método. Diferencial. Desafio

Práticas de Apoio à Gestão: Gerenciamento com foco na Qualidade. Prof a Lillian Alvares Faculdade de Ciência da Informação, Universidade de Brasília

Sociedade União 1º.Dezembro. Das teorias generalistas. à ESPECIFICIDADE do treino em Futebol. Programação e. Periodização do.

a) Caracterização do Externato e meio envolvente; b) Concepção de educação e valores a defender;

MESTRADO EM DESPORTO, ESPECIALIZAÇÕES EM TREINO DESPORTIVO, CONDIÇÃO FÍSICA E SAÚDE, DESPORTO DE NATUREZA, EDUCAÇÃO FÍSICA ESCOLAR

Desenvolvimento Pessoal e Social em Desporto. O Domínio Sócio-Afectivo

O modelo de balanced scorecard

na sala de aula e na vida

Mentor do Projecto -> Coach-Helper.Com

Controlo da Qualidade Aula 05

Projeto de Acessibilidade Virtual RENAPI/NAPNE. Maio de 2010

Ministério do Esporte

AULA. Natércia do Céu Andrade Pesqueira Menezes UNIVERSIDADE PORTUCALENSE. Doutora Sónia Rolland Sobral

MISSÃO, VISÃO, VALORES E POLÍTICA

O Coaching Como Ferramenta Para Desenvolvimento Do Processo De Aprendizado

Coaching Para a EXCELÊNCIA

Justiça do treinador e satisfação desportiva:

Considerações Finais. Resultados do estudo

TEXTO RETIRADO DO REGIMENTO INTERNO DA ESCOLA APAE DE PASSOS:

As Organizações e o Processo de Inclusão

JMA Abril 2010 A Partir de Trabalho de Lurdes Veríssimo_FEP_UCP

Por uma pedagogia da juventude

EDUCAÇÃO PARA A CIDADANIA

Liderança Ciclo Motivacional Clima Organizacional Cultura Organizacional

AGRUPAMENTO DE ESCOLAS DE REDONDO PROJETO EDUCATIVO. Indicações para Operacionalização

Permanente actualização tecnológica e de Recursos Humanos qualificados e motivados;

Pequenas e Médias Empresas no Canadá. Pequenos Negócios Conceito e Principais instituições de Apoio aos Pequenos Negócios

PROGRAMA DE METODOLOGIA DO ENSINO DE EDUCAÇÃO MORAL E CÍVICA

A VISUALIZAÇÃO MENTAL NA QUALIDADE DE NADO DA PARTIDA DE BRUÇOS

V Jornadas de Assumar Qualidade em saúde mental: A gestão, a promoção e as parcerias para a mudança

Gestão da Qualidade. Gestão Mudança. Conceito e Sinais da Mudança. Gestão da Mudança :10 Natacha Pereira & Sibila Costa 1

3. RELATÓRIO DE GESTÃO ANÁLISE ECONÓMICA E FINANCEIRA

Richard Way aborda a plataforma Canadian Sport For Life para melhorar a qualidade do esporte e a atividade física no Canadá

4.1. PLANO DE ACÇÃO TUTORIAL (Individual) - 1 a Fase

O CLUBE SPORT BENFICA E CASTELO BRANCO O QUE É A CHUTALBI ESCOLA DE FUTEBOL? ESPIRITO CHUTALBI

LEARNING MENTOR. Leonardo da Vinci DE/09/LLP-LdV/TOI/ Perfil do Learning Mentor. Módulos da acção de formação

REDE TEMÁTICA DE ACTIVIDADE FÍSICA ADAPTADA

Índice. 1. A educação e a teoria do capital humano...3. Grupo Módulo 7

Marketing Turístico e Hoteleiro

A importância do animador sociocultural na Escola Agrupamento de Escolas de Matosinhos Sul

PROPOSTA DE SERVIÇOS RECURSOS HUMANOS EXCELLING BUSINESSES THROUGH PEOPLE

Promoção da Actividade Física nos Idosos Acção Integrada para um Objectivo Comum

Aprendizagem enquanto produto. refere-se àquilo que o sujeito aprendeu, aos conteúdos de aprendizagem, às aprendizagens realizadas.

Espaço t Associação para o Apoio à Integração Social e Comunitária. Instituição Particular de Solidariedade Social

1. Motivação para o sucesso (Ânsia de trabalhar bem ou de se avaliar por uma norma de excelência)

DESENVOLVER E GERIR COMPETÊNCIAS EM CONTEXTO DE MUDANÇA (Publicado na Revista Hotéis de Portugal Julho/Agosto 2004)

ADMINISTRAÇÃO GERAL MOTIVAÇÃO

COACHING CERTIFICAÇÃO INTERNACIONAL Capacitação Profissional e Desenvolvimento Pessoal

ROJECTO PEDAGÓGICO E DE ANIMAÇÃO

FORMAÇÃO DOCENTE: ASPECTOS PESSOAIS, PROFISSIONAIS E INSTITUCIONAIS

O Que São os Serviços de Psicologia e Orientação (SPO)?

A ENERGIA DO BRINCAR: UMA ABORDAGEM BIOENERGÉTICA

A IMPORTÂNCIA DA MOTIVAÇÃO NAS EMPRESAS

República de Angola Ministério da Educação

A PARTICIPAÇÃO DOS SENIORES NUMA OFICINA DE MÚSICA E TEATRO: IMPACTOS NA AUTO-ESTIMA E AUTO-IMAGEM. Sandra Maria Franco Carvalho

Declaração de Brighton sobre Mulheres e Desporto

CAPÍTULO I INTRODUÇÃO

PROJETO PÓS ZARCO ESCOLA SECUNDÁRIA JOÃO GONÇALVES ZARCO-MATOSINHOS. "Uma Escola de Oportunidades"

ADAPTAÇÃO, RENDIMENTO E DESENVOLVIMENTO HUMANO GRUPO DE INVESTIGAÇÃO

Harmonia. Alimentação Infantil. carlafernandes.eu

Transcrição:

A MOTIVAÇÃO SUBJACENTE PARA A CONTINUIDADE DA MODALIDADE DESPORTIVA Sebastião Santos Doutorando em Ciências do Desporto (UTAD Portugal). Mestre em Psicologia do Desporto e do Exercício. Professor do Ensino Básico. Treinador de Natação Email: sebassantos@sapo.pt RESUMO Numa sociedade cada vez mais exigente em que tudo também parece fácil de obter, os intervenientes no contexto desportivo tem de tomar consciência e preocupar-se com a falta de actividade física e desportiva dos nossos jovens no seu dia-a-dia, e quando a praticam do seu abandono precoce. O abandono precoce surge porquê? Concluimos pelos estudos em análise que os possíveis factores de abandono precoce desportivo serão os treinos monótonos, treinos demasiados agressivos, a estagnação e os maus resultados, a dificuldade de conciliar os estudos e o desporto, a envolvência de pares e familiares, finalmente a saturação do ritmo desportivo e competitivo. A todos os intervenientes desportivos cabe uma introspecção sobre os factores de abandono, com uma orientação consciente e sustentada será possível inverter o abandono precoce do desporto pelos jovens. Palavras-chave: Abandono precoce, natação, motivação, autoconfiança INTRODUÇÃO O desporto valoriza socialmente o homem, proporciona uma melhoria do seu auto-conceito, e a aprendizagem de uma modalidade desportiva constitui uma das mais significativas experiências que o ser humano pode viver com o seu próprio corpo. O desporto pode ser algo de muito benéfico na vida de qualquer ser humano, ajudando-o na sua educação e na sua formação pessoal. Numa sociedade cada vez mais exigente em que tudo também parece fácil de obter, os intervenientes do contexto desportivo têm de tomar consciência e preocupar-se com a falta de Sebastião Santos 1

actividade física e desportiva dos nossos jovens no seu dia-a-dia, como também do seu abandono precoce quando têm uma actividade desportiva. O abandono precoce surge porquê? pela desilusão da modalidade e do desporto? Pela pressão exterior dos pais e dos técnicos? Do trabalho árduo exigido nos treinos? Por uma especialização demasiada precoce? Por outros desafios ou outros interesses que surgem na vida dos jovens? Num estudo sobre o abandono e as suas motivações realizado por Oliveira et al (2007) verificou-se que 42% dos individuos abandonavam a natação nos escalões mais jovens (juvenis), 33% em junior e somente 8% em seniores, perfazendo uma média de 16 anos de idade para o abandono da modalidade. As motivações para esse abandono seriam os resultados negativos, a falta de apoio, as lesões, a falta de conciliação dos estudos com o desporto, a rotina dos treinos e a falta de integração social. A consecussão dos resultados desportivos sendo um dos factores de maior influência para o abandono precoce, verifica-se que grande parte dos melhores desempenhos desportivos foram atingidos enquanto nadadores infantis. Num estudo realizado com jovens em França verificou-se que as causas de abandono prematuro da prática da Natação Desportiva (Boulgakova, 1990) seriam principalmente a estagnação de resultados, o aparecimento de outros interesses, a dificuldade de conciliar o desporto e o estudo, os problemas ou a mudança de treinador, a influência dos pares, o excesso e a monotonia dos treinos. No mesmo estudo mas com atletas de alto nível os factores de abandono seriam a estagnação, a dificuldade de conciliar o desporto e o estudo, os problemas ou a mudança de treinador, os maus resultados, o excesso e a monotonia dos treinos. Num estudo realizado em Portugal sobre as causas das decisões do abandono da prática desportiva (Vasconcelos, 2003) nos atletas de elite seriam o cansaço do calendário desportivo, o estilo de vida, a falta de meios para ir mais longe, a consecussão da obtenção dos seus objectivos pessoais, a dificuldade de conciliar o desporto e o estudo, os maus resultados. Concluimos pelos estudos que os possíveis factores de abandono precoce desportivo serão os treinos monótonos, os treinos demasiados agressivos, a estagnação e os maus resultados, a dificuldade de conciliar os estudos e o desporto, a envolvência de pares e familiares, finalmente a saturação do ritmo desportivo e competitivo. MOTIVAÇÃO O estudo da motivação tem um papel determinante no conhecimento da formação e da educação dos jovens para a prática desportiva. Pois serão factores que conduzem a determinados comportamentos para atingir certos objectivos. Samulski (2002) refere a motivação como a totalidade dos factores que determinam a actualização de formas de comportamento dirigido a Sebastião Santos 2

um determinado objectivo. São os factores pessoais e sociais que favorecem a persistência ou o abandono de um comportamento. É uma dimensão intensiva em que os indivíduos se dedicam a realizar uma determinada tarefa (Roberts, 1992; Escarti & Cervello, 1994; Escarti & Brustad, 2002). Fernandes (2004) afirma que para melhor compreender o comportamento desportivo dos indivíduos e para mais correctamente e eficazmente intervir, é necessário conhecer as razões pelas quais seleccionam determinadas actividades e nelas persistem. O organismo pode estar preparado ou não, a motivação é um aspecto da selecção do processo, é um aspecto de antecipação ao serviço dessa própria selecção. Sabendo que a motivação são os factores que respeitam a dinâmica comportamental, fomentando a sua participação e persistência na modalidade. Santos (2008) realizou um estudo sobre os factores motivacionais que mantinham os indivíduos na prática competitiva e se essas motivações se alteravam com os anos de prática. Verificou-se que os indivíduos que estavam na competição privilegiavam o desenvolvimento de competências/habilidades (as motivações de melhorar as habilidades; aprender novas habilidades) e que quanto mais tempo estavam na competição a esses factores se somavam os factores da Forma Física ( as motivações de querer ficar em forma, gostar de fazer exercícios, querer estar fisicamente apto) e da Afiliação geral (as motivações de gostar do trabalho de equipa, gostar do espírito de equipa ou de pertencer a uma equipa). Um dos factores que evoluiu positivamente com o tempo de permanência na competição foi o factor da Emoção (gostar de estímulos, gostar de acção, gostar de desafios, querer extravasar tensão e querer ganhar energia). AUTOCONFIANÇA Um constructo de grande importância para o ser humano é o da autoconfiança, pois revela a forma como estamos consciente e preparados para realizar algo. Um contexto orientado para a motivação da tarefa é positivo para a Autoconfiança. Cruz e Viana (1996) afirmam que os jogadores mais bem sucedidos ou que competem a um nível mais elevado apresentam valores de confiança mais altos nas suas capacidades e ainda aumentam a sua autoconfiança quando atingem os seus objectivos. Existe uma correlação directa entre a autoconfiança e o sucesso na competição (Williams, 1993). Quanto mais baixa a autoconfiança do atleta mais importante se torna o sucesso e maior é a importância de se determinar metas alcançáveis (Definição de Objectivos). Num estudo sobre a evolução da Autoconfiança num contexto de treino com um clima motivacional para a mestria em jovens nadadores (Santos, 2007) verifou-se que existia um acréscimo da autoconfiança nos indivíduos presentes. E que esses valores de autoconfiança aumentavam tanto em jovens do sexo masculino como feminino. Sebastião Santos 3

A autoconfiança por si só não irá transformar o indivíduo no melhor atleta do mundo mas ajuda-lo-á a melhorar, pois a autoconfiança emerge como uma característica essencial dos atletas para se proteger de disfunções de pensamentos e de sentimentos negativos. A boa forma física e a técnica de jovens reflecte-se nos bons níveis de autoconfiança que se adquirem com o empenho nas tarefas e nas actividades. Num desempenho com sucesso numa tarefa orientada para a mestria espera-se um aumento da autoconfiança porque os indivíduos vão percebendo que as suas habilidades se vão reforçando e melhorando. Os atletas que têm uma alta percepção da sua habilidade adoptam um objectivo para a tarefa e perseguem um clima de mestria com uma motivação intrínseca acentuada. Weis e Ferrer- Caja (2002) referem que uma informação vinda de uma fonte exterior num ambiente de aprendizagem é uma influência potencial para a motivação intrínseca dos indivíduos. A prática orientada leva ao aumento das representações, passando o atleta a ter um conhecimento mais profundo do que faz. A prática para surtir os efeitos pretendidos não se pode ficar pela quantidade mas principalmente pela qualidade (Alves, 2004). A necessidade de entender o nadador como um indivíduo com um complexo sistema de transformação, disponibilização e utilização de energia (Villas-Boas, 2000). O empenho nas actividades desportivas durante um período tão longo como a modalidade da natação, apenas será possível se tiver um significado e um empenho pessoal por parte do atleta (Serpa, 2002). TREINADOR No contexto do treino o treinador não se limita ao seu papel de ensino, tem sido um poderoso agente social (Brito, 2001). Ele não só estrutura a prática ou as aprendizagens afectando os jovens nas suas percepções de competência, nas suas motivações, nos reforços que comprometem a informação ou a avaliação correspondendo ao desempenho específíco realizado como a realizar a posteriori. O treinador é um elemento que maximiza de forma deliberada a prática, as aprendizagens e as habilidades dos seus atletas de forma a ser o melhor predictor do sucesso dos seus jovens, facultando-lhes as ferramentas e as fontes necessárias (Salmela, 1996). Cabe-lhe a ele preparar o contexto para potênciar o desempenho desportivo. Ele tem de compreender o modo de intervir e de ter a capacidade de transformar os seus conhecimentos num processo que culmina no produto final. O Treinador tem o papel de ser um facilitador de aprendizagens, tem de ser um proporcionador de ambiente para as aprendizagens, um estruturador das tarefas mais adequadas para a aquisição de conhecimentos, de ser um formador de atletas e de cidadãos. Sebastião Santos 4

CONCLUSÕES Cada homem deve inventar o seu caminho (Sartre) Neste contexto desportivo tão delicado como o desporto para jovens e crianças será de total importância os intervenientes desportivos estarem conscientes de toda uma complexidade de processos para manter os nadadores na actividade desportiva. Que a formação dos intervenientes desportivos não se fica pelo senso comum, mas sim para uma formação estrutural de forma a estarem sensibilizados às constantes mudanças comportamentais dos jovens. A importância da compreensão dos factores individuais, tal como a melhoria e a formação dos jovens como cidadãos e atletas. E que é possível aumentar a persistência dos indivíduos na modalidade, possibilitando a satisfação das suas necessidades. As sugestões seguintes são pressupostos subjacentes para a melhoria e o combate ao abandono precoce das crianças e dos jovens desportistas: Proporcionar uma actividade física saudável; Privilegiar as aprendizagens das técnicas; Realização de exercícios multifacetados; Realizar uma prática divertida e estimulante; Direccionar principalmente o indivíduo para uma motivação intrínseca; A auto-estima deve ser estimulada; Dar maior enfâse e importância ao processo do que ao produto final; As atitudes devem ser constantes e valorizadas (ensino); Os valores associados à prática desportiva para que haja uma continuidade a longo prazo. Diversificar o treino; Definir objectivos por prova e por treino; Fornecer imediatamente os FB s da prova e dos treinos; Criar um clima de confiança inter e intra equipa; Melhorar as etiquetas que facultamos aos nadadores; Elaborar actividades paralelas e extra-desportivas ao calendário competitivo. Sebastião Santos 5

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS Alves J (2004). Mestria e Rendimento: O papel da Percepção. In Revista Portuguesa de Ciências do Desporto vol.4, nº2: (suplemento) 38-42 Boulgakova N. (1990) Selection et Preparation des Jeunes Nageurs. Ed. Vigot. Paris. Cruz J & Viana M (1996). O treino das competências psicológicas e a preparação mental para a competição. In Cruz e outros, Manual de Psicologia do Desporto. Braga: Sistemas Humanos e Organizacionais, Lda., 533-563 Escarti, A. & Brustad, R. (2002). Estudio de la motivación deportiva desde la perspectiva de la teorias de metas. In Dosil (editor) Psicología y rendimento deportivo. pp. 57-69. Edições GERSAM, Ourense. Fernandes R (2004). Motivação das Nadadoras para a Prática de Natação Pura. In Revista Portuguesa de Ciencias do Desporto vol.4, nº2: (suplemento) 133-152. Magyar T, Feltz D (2003). The influence of dispositional and situational tendencies on adolescente girls sport confidence sources. In Psychology of Sport and Exercise 4: 175-190 Martin, J., Adams-Mushett, C., Smith, K. (1995). Athletic identity and sport orientation of adolescent swimmers with disabilities. Adapted Physical Activity Quarterly 12 (2): 113-123. (abstract) Oliveira, G., Araújo, I., Junior, O., Neto, J. & Cielo, F. (2007) A Relação entre a Especialização Precoce e o Abandono Prematuro da Natação. Movimento & Percepção. Espírito Santo do Pinhal. 8 (11): 307-322. Lda. Paula-Brito, A. (2001) Psicologia do Desporto. Omniserviços, Representações e Serviços, Salguero, A., Gonzalez-Boto, R., Tuero, C. & Marquez, S. (2004). Relationship between perceived physical ability and sport participation motives in young competitive swimmers Journal of Sports Medicine and Physical Fitness. 44 (3), pp. 294-299. (abstract) Sebastião Santos 6

Salselas, V., Gonzalez-Boto, R., Tuero, C., & Marquez, S. (2007). The relationship between sources of motivation and level of practice in young portuguese swimmers. Journal of Sports Medicine and Physical Fitness. 47 (2), pp. 228-233 (abstract) Salmela J (1996). Great Job coach! Getting the edge from proven winners. M.O.M. Printing, Canadá. Samulski D (2002). Psicologia do Esporte. Brasil: Editora Manole Ltda. Santos S & Alves J (2007) A Motivação no Contexto Desportivo. (no prelo) Santos S (2008) Que Motivações para os Jovens continuarem a prática da Natação Pura. (no prelo) Serpa, S. (2002) Psicologia do Treino Desportivo: A lição de Greg Louganis. Serpa, S, & Araújo, D. (Eds.). In Psicologia do Desporto e do Exercício Compreensão e aplicações. FMH edições. Vasconcelos, A (2003) Abandono da Prática Desportiva e Sucesso na Adaptação à Vida Activa em Nadadores Portugueses de Elite. www.fcpnatacao.com/competicao/artigos/files/abandono.pdf Vasconcelos Raposo, J (2006) Definição de objectivos: implicações para a prática profissional. In Actas Congreso de la Sociedad Iberoamericana de Psicología del Deporte. 332-338. Guadalajara, México. Villas-Boas, J.P. (2000) Aproximação biofísica ao desempenho e ao treino de nadadores. In revista Educação Física São Paulo. 14 (2): 107-117. Watson, G., Blanksby, B. & Bloomfield, J. (1985). Competing to swim or swimming to compete: Some motivational problems in junior swimming. Australian Journal of Science and Medicine in Sport 17 (3), pp. 24-26. (abstract) Weiss M & Ferrer-Caja E (2002). Motivational Orientations and Sport Behavior. In Horn (ed.). Advances in sports psychology (2 ª ed.). Human Kinetics Publishers, Inc., 101-183. Sebastião Santos 7