Análise da Viabilidade Técnica e Ambiental de AHEs no Sudoeste de Goiás. Relatório Final



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Transcrição:

Análise d Vibilidde Técnic e Ambientl de AHEs no Sudoeste de Goiás Wilson Cbrl de Sous Júnior Pulo Antônio de Almeid Sinisglli E-mil: wilson@it.br (coordendores) André Torres Célio Bermnn Luiz Grci Mommr Ghzi Pulo Cruz John Reid (consultores) Pulo Gustvo do Prdo Pereir Mário Brroso (colbordores) Lidine de Fátim Vilel Luis Fernndo Domicino (ssistentes) SJCmpos/SP, bril de 2005 1

Apresentção O reltório que or se present constitui versão finl do trblho de vlição técnico-econômic e mbientl de empreendimentos hidrelétricos propostos pr bci do rio Argui, em seu lto curso, e pr s bcis dos rios Corrente, Verde e Clro, fluentes do bixo curso do rio Prníb. Dos proveitmentos hidrelétricos (AHE) nlisdos (AHE Couto Mglhães bci do rio Argui; AHEs Itumirim e Olho D águ bci do rio Corrente; AHEs Slto e Slto do Rio Verdinho bci do rio Verde; e AHEs Cçu e Brr dos Coqueiros bci do rio Clro), o primeiro se locliz n divis entre os Estdos de Mto Grosso e Goiás, enqunto os demis se inserem totlmente n região sudoeste do Estdo de Goiás. Estes empreendimentos se loclizm em um região geográfic (e, portnto, geoeconômic) n qul se situm nscentes ds bcis do Prgui, do Prná e do Argui-Tocntins, onde outror hvi um intenso intercâmbio genético. É possível que, em cert medid, isto poss continur ocorrendo, ind que se tenh mplido frgmentção dos remnescentes nturis de vegetção com o conseqüente escssemento dos refúgios de fun. Nest região se insere propost de conservção do Corredor Ecológico Cerrdo- Pntnl, cuj idéi contempl existênci de um mosico de uniddes de conservção, áres protegids por reserv legl e domínios privdos com tividdes econômics com prátics sustentáveis. É importnte que se conduzm os estudos sobre inserção destes empreendimentos hidrelétricos, num contexto mplido, tendendo às premisss normtivs de nálises mbientis que deverim compnhr os estudos de 2

inventário do potencil energético dos cursos d águ e d vibilidde dos projetos escolhidos. A intenção, portnto, subjcente os trblhos or presentdos, é ferir em que medid os estudos de inventário e vibilidde form competentes em sus finliddes normtivmente estbelecids, e de que mneir s vriáveis mbientis interferirm no processo decisório, conformndo solução de projeto mis dequd do ponto de vist técnico-econômico e mbientl. Os tems trtdos podem ser grupdos em três blocos. O primeiro trz um contextulizção do trblho e dos objetos em estudo, lém de presentr um nálise do setor elétrico e os desdobrmentos mis recentes ds polítics de gestão de energi no Brsil. O segundo, já com foco nos empreendimentos bord seus spectos de técnic construtiv e nlis criticmente seus estudos de vibilidde. O terceiro bloco present os resultdos ds nálises econômics dos empreendimentos sob bordgens d economi mbientl e ecológic. Após ests nálises, são presentds s considerções d equipe sobre os empreendimentos e su inserção regionl, de form subsidir tomds de decisão. 3

ÍNDICE 1 Introdução 6 1.1 Aspectos Geris 6 1.2 Justifictivs 8 1.3 Objetivos 8 1.4 Procedimentos e Critérios Adotdos 9 1.4.1 Levntmento de Ddos 9 1.4.2 Avlição de Vibilidde dos Empreendimentos 9 1.4.3 Análise de Custo-Benefício 9 1.4.4 Bse de Informções Utilizds 10 2 Cenário Energético Brsileiro 13 2.1 Ofert Energétic no Brsil 13 2.2 Potencil Hidrelétrico Brsileiro 15 2.3 Problems Sociombientis d Atul Mtriz de Gerção Elétric 18 2.4 Perspectivs ds Fontes Renováveis no Brsil 21 2.5 Consumo de Energi Elétric no Brsil 24 2.6 O Perfil Industril Eletrointensivo no Brsil 26 2.7 O Gerencimento d Demnd como Alterntiv de Ofert 31 2.8 O Plnejmento do Setor Elétrico e o Licencimento Ambientl 33 2.9 O Novo Modelo do setor Elétrico Brsileiro 39 3 O Corredor de Biodiversidde Cerrdo Pntnl 45 4

4 Análise dos Estudos de Vibilidde e Ambientis 57 4.1 Região do Alto do Urugui 57 4.1.1 AHE Couto De Mglhães 58 4.2 Região do Bixo Prníb 81 4.2.1 AHE Itumirim 87 4.2.2 AHE Olho D águ 106 4.2.3 AHE Slto 130 4.2.4 AHE Slto Do Rio Verdinho 149 4.2.5 AHE Cçu 163 4.2.6 AHE Brr Dos Coqueiros 182 5 Análise Emergétic 196 5.1 Metodologi 197 6 Análise Econômic-Ambientl 218 6.1 Metodologi 219 6.2 Resultdos 224 Conclusões e Recomendções 239 Apêndice 1 - Fichs Técnics dos Empreendimentos 248 Apêndice 2 - Sistem de Informções Geográfics 270 Apêndice 3 - Ddos d Análise Emergétic 282 5

1 Introdução 1.1 Aspectos Geris O Brsil, por possuir numerosos rios com potencil de proveitmento hidrelétrico, tem n hidroeletricidde su fonte primordil de energi elétric. Até 1999, cerc de 90,8% d energi elétric gerd no pís erm provenientes de fontes descrits como renováveis (usins hidrelétrics), sendo o restnte produzido principlmente por termelétrics que se utilizm de combustíveis fósseis ou nucler. A gerção e trnsmissão de energi elétric, no cso brsileiro, presentrm um lterção significtiv o longo ds últims décds, no sentido, principlmente, d mplição d cpcidde instld e d interligção dos sistems regionis implntdos. Est mplição d cpcidde instld normlmente envolve cnlizção de investimentos intensivos em cpitl. Existe ind um forte e compreensível tendênci no setor elétrico em continur proprição energétic dos recursos hídricos, porém, em lguns csos, sem devid vlição ds conseqüêncis sócio-mbientis de tis empreendimentos. Ademis, o inventário do potencil energético de determindos cursos d águ e prtição de sus queds muits vezes dtm de um período onde preocupção com os spectos mbientis não encontrv respldo normtivo muito rígido, 6

prevlecendo n miori dos csos um rcionlidde decisóri centrd pens ns vriáveis de nturez técnico-econômic. Mesmo sendo energi hidrelétric descrit como renovável, su gerção implic em impctos mbientis, desencdedos desde etp de plnejmento té operção, que podem ser mis significtivos que o próprio benefício gerdo, principlmente se levds em cont s crcterístics preexistentes dos locis onde são locds s instlções, o reservtório, como é operdo o sistem, s influêncis regionis, entre outrs. A destruição d biodiversidde, lterção do regime hidrológico, o umento d evpotrnspirção, lterção do nível do lençol freático, o deslocmento d populção locl, imigrção espontâne, pressão sobre infr-estrutur locl são lguns dos efeitos dversos que este tipo de empreendimento pode cusr no sistem locl e regionl. Estes impctos levntm pontos como própri definição de energi renovável com relção à hidroeletricidde, um vez que pouco se tem incorpordo nos estudos os custos mbientis decorrentes deste tipo de empreendimento. Não obstnte, demis ds exigêncis legis e normtivs que form sendo introduzids no Brsil o longo ds últims décds, o estdo d rte no plnejmento e implntção de empreendimentos do gênero vem grdtivmente incorporndo um perfeiçomento dos critérios decisórios, onde s vriáveis mbientis (em sentido mplo) vêm ssumindo um importânci crescente, não rro sseverndo invibilidde de certos projetos. Nesse contexto, se resslt importânci e oportunidde dos estudos or propostos, que podem contribuir pr o perfeiçomento metodológico dos critérios e processos de nálise d vibilidde de empreendimentos hidrelétricos no Brsil. Por outro ldo, nálise reci sobre um região de grnde importânci do ponto de vist ecológico. O Projeto de Conservção e Utilizção Sustentável d Diversidde Biológic Brsileir - PROBIO, coordendo pelo Ministério do Meio Ambiente - MMA, dentre s diverss áres prioritáris pr conservção d biodiversidde, pontou o Corredor Ecológico 1 Cerrdo-Pntnl como um ds principis. 1 A expressão Corredores Ecológicos denot o conceito de fixs de trnsição entre dois bioms, no cso, o biom Cerrdo e o Pntnl. Sustentm ind que esss áres necessitm de um forte preservção mbientl devido su importânci pr o ecossistem n qul estão inseridos. Segundo Lei nº 9.985/2000, nos termos do rt. 2º, entende-se por Corredores Ecológicos: porções de ecossistems nturis ou seminturis, ligndo uniddes de conservção, que possibilitm entre els o fluxo de genes e o movimento d biot, fcilitndo dispersão de espécies e re-colonizção de áres degrdds, bem como mnutenção de populções que demndm pr su sobrevivênci áres com extensão mior do que quel ds uniddes individuis (Vleri, S. V.; Senô, M. A. A. F. A Importânci dos Corredores Ecológicos pr Fun 7

O cenário dignosticdo reforç necessidde d diversificção de pesquiss pr conservção, que visem não somente preservção de espécies, ms o desenvolvimento de metodologis que contribum pr um melhor plnejmento do uso e ocupção dest região, num esforço de gestão que ultrpsse os limites d nálise puntul e locl de tividdes com impcto mbientl. 1.2 Justifictivs Tendo em vist importânci estrtégic d energi elétric pr s tividdes humns, o bem-estr ds comuniddes e o crescimento econômico, no cso brsileiro pelo destque e preponderânci d fonte hidráulic, os empreendimentos propostos devem ser nlisdos qunto à su relevânci e vibilidde de form complex, sem simplificções dstrits pens os spectos técnico-econômicos e energéticos. Tl prtido se justific n rzão diret d importânci d gerção de energi de origem hidrelétric, o que requer que s consequêncis mbientis envolvids tenhm o mesmo peso que s vriáveis trdicionis de nálise, notdmente qundo s interferêncis ocorrm em áres de relevnte interesse do ponto de vist d conservção d biodiversidde e dos ecossistems que suportm. Tl diretriz, liás, const dos mnuis que normtizm os estudos necessários às váris etps de projeto de empreendimentos do setor elétrico ncionl, ind que tl orientção nem sempre se mterilize de mneir dequd ou desejável nos resultdos ddos público. 1.3 Objetivos De cordo com o entendimento exposto cim, os objetivos do presente trblho são os de promover um nálise multidisciplinr e holístic de lguns dos empreendimentos que estão sendo propostos pr proveitmento energético do lto curso do rio Argui e de lguns contribuintes d mrgem direit d subbci do rio Prníb (GO) bci do Prná, em seu curso inferior. Este trecho ds sub-bcis está integrlmente inserido nos Ecossistems d Região dos Cerrdos. Prticmente tod região de influênci coincide com um importnte vetor de ocupção econômic com gricultur intensiv, notdmente cn e soj. Como tl, houve intens errdicção d cobertur vegetl originl e, nos trechos lto e médio superior dos rios, ocorreu intensificção de processos erosivos resultnte deste fto e, provvelmente, d sobre-explorção ds terrs. e Sustentbilidde de Remnescentes Florestis. In: XVIII CONGRESSO INTERNACIONAL DE DIREITO AMBIENTAL, 2004, São Pulo. Anis Eletrônicos. São Pulo: ONG Plnt Verde, 2004). 8

A região e os empreendimentos que form escolhidos pr nálise coincidem, nos ltos cursos de seus rios, com nscentes de três ds principis bcis que cortm o território ncionl: do Prgui, do Argui-Tocntins e do Prná. Ademis, região tem como um espécie de centro geográfico o Prque Ncionl ds Ems, ponto centrl de conservção n fix de trnsição dos bioms do Cerrdo e do Pntnl. O objetivo gerl foi, portnto, o de revlir os proveitmentos hidrelétricos de Couto de Mglhães (Alto Argui), Cçu e Brr dos Coqueiros (rio Clro), Itumirim e Olho D águ (rio Corrente), Slto do Rio Verdinho e Slto (rio Verde), dentro do contexto regionl e, mis especificmente, com relção à prtição ds queds, os estudos de engenhri e os estudos de impctos mbientis relizdos, à luz de lterntivs possíveis, e relizr um nálise de custobenefício incorporndo s vriáveis sócio-mbientis dos empreendimentos e sus implicções com relção os grndes eixos que originlmente correspondim grndes corredores de fun, entre outrs vriáveis mbientis tmbém significtivs. 1.4 Procedimentos e Critérios dotdos 1.4.1 Levntmentos de Ddos Os estudos lirm o recurso os ddos secundários disponíveis com produção de conhecimento prtir de investigções de cmpo n região. No cso dos primeiros, lém d documentção depositd n ANEEL e n Eletrobrás, form cessds s disponíveis em outrs gêncis que tum n região. 1.4.2 Avliço de Vibilidde dos Empreendimentos Foi revist vlição d vibilidde dos empreendimentos à luz de procedimentos de nálise crític contemporâneos, desde s etps mis incipientes de plnejmento, ou sej, desde s estimtivs do potencil e inventário energético dos cursos d águ em questão. A nálise brngeu um vlição crític dos estudos já relizdos, desde os que decidirm cerc d prtição ds queds dos rios, té os tuis, tendo em vist o contexto fisiográfico e sócio-econômico de tod região de inserção, os proveitmentos já implntdos e outros propostos pelos orgnismos setoriis. 1.4.3 Anlise de Custo - Beneficio Como já referido, os estudos contemplrm nálises custo-benefício dos empreendimentos, por meio ds estimtivs de benefícios em termos de gerção de energi, e custos, tnto com relção os mteriis e mão-de-obr necessários 9

à construção e operção, bem como os custos sócio-mbientis ssocidos. Pr est nálise, lnçou-se mão de dois instrumentos: ACB trdicionl, incorporndo vriáveis mbientis, e nálise emergétic, considerndo o investimento em termos de energi cumuld ns diverss tividdes que envolvem os empreendimentos. 1.4.4 Bse de Informções Utilizds Nos esforços de pesquis e colet de documentos, foi obtido um mplo cervo de litertur técnic respeito dos estudos de inventário, vibilidde e mbientis ds sub-bcis considerds e dos empreendimentos nlisdos. Os documentos básicos, não obstnte, são rroldos seguir, de cordo com os comprtimentos espciis que form objeto ds nálises. CNEC. AHE Couto de Mglhães. Estudos de Vibilidde., V.1 Texto e V.2 Cderno de Desenhos, mis Apêndices 1 Hidrologi e 2 Geologi e Geotecni. Rev. 0. 2001. ELETRONORTE. UHE Couto de Mglhães. Estudos de Impcto Ambientl. 3 V1s. PROGEA. Setembro/1998. CELG. Estudos Preliminres de Inventário. Bci Hidrográfic do Rio Corrente, V.1. Texto e V.2. Desenhos. THEMAG. Outubro/1994.. Estudos Finis de Inventário. Bci Hidrográfic do Rio Corrente, V.1. Texto e V.2. Desenhos. THEMAG. Fevereiro/1995.. Estudos de Inventário d Bci do Rio Corrente. Revisão d Divisão de Qued. THEMAG. Fevereiro/1999.. UHE Itumirim. Estudo de Vibilidde.. THEMAG. Dezembro/1996. ELETROBRÁS. UHE Itumirim. Análise Técnico-Orçmentári do Estudo de Vibilidde. Reltório Condensdo. IT-DPG-011/98. CELG. UHE Itumirim. Estudo de Impcto Ambientl. Dignóstico d Áre de Influênci. THEMAG. Dezembro 1994.. UHE Itumirim. Estudo de Impcto Ambientl. Dignóstico Ambientl d Áre Diretmente Afetd. Avlição de Impctos e Progrms. V.1. Texto e V.2. Anexos. 10

. UHE Itumirim. Reltório de Impcto Ambientl. Fevereiro/1995.. AHE Olho D Águ. Estudos de Vibilidde.. V.1. Texto e V.2. Desenhos (disponíveis pens prcilmente). SOARES BARROS Engenhri. Julho/2001.. AHE Olho D Águ. Reltório Ambientl Simplificdo. V.1. Texto e V.2. Desenhos (disponíveis pens prcilmente). CTE Centro Tecnológico de Engenhri. s/d, ms com lguns desenhos dtdos de julho/01. CELG. Bcis dos Rios Clro e Verde. Estudos de Inventário Hidrelétrico.. V.1. Texto e V.2. Desenhos. THEMAG. Novembro/1998. CONSÓRCIO SALTO (CEB-THEMAG). AHE Slto. Estudos de Vibilidde. V.1. Memoril Descritivo, Rev. 1, s/d e Desenhos de Interesse Avulsos, dtds de novembro/2001.. AHE Slto. Levntmento Topográfico. CTE Centro Tecnológico de Engenhri. s/d, ms com desenhos dtdos de junho/01.. AHE Slto. Estudos de Vibilidde. Reltório Hidrossedimentométrico (set/00 go/01). ARAGUAIA Serviços Hidrométricos. s/d. FURNAS. AHE Slto. Ensios com Testemunhos de Roch (Rel. DCT.T.1.176.2001-R0). THEMAG. Outubro/2001.. AHE Slto. Ensios Geotécnicos de Crcterizção, Compctção, Permebilidde, Adensmento, colpso e Compressão Trixil (Rel. DCT.T.02.045.2001-R0). THEMAG. Novembro/2001. THEMAG. AHE Slto. Estudo de Impcto Ambientl. Vls 1 3 Texto e V.4 Desenhos. CTE - Centro Tecnológico de Engenhri. s/d.. AHE Slto. Reltório de Impcto Ambientl. CTE - Centro Tecnológico de Engenhri. s/d. CONSÓRCIO SALTO (CEB-THEMAG). AHE Slto do Rio Verdinho. Estudos de Vibilidde. V.1. Memoril Descritivo, Rev. 2, bril/02 e Desenhos de Interesse Avulsos, dtds de dezembro/2001. THEMAG. AHE Slto do Rio Verdinho. Estudo de Impcto Ambientl. Vls 1 3 Texto e V.4 Anexos. CTE - Centro Tecnológico de Engenhri. s/d. 11

. AHE Slto do Rio Verdinho. Reltório de Impcto Ambientl. CTE - Centro Tecnológico de Engenhri. s/d. DESENVIX. UHE Cçu. Estudos de Vibilidde.. ENGEVIX. Outubro/2001.. UHE Brr dos Coqueiros. Estudos de Vibilidde.. ENGEVIX. Outubro/2001.. Complexo Energético de Cçu. Estudo de Impcto Ambientl. ENGEVIX. s/d.. Complexo Energético de Cçu. Reltório de Impcto Ambientl. ENGEVIX. s/d. Sempre que houver citções e referêncis n nálise feit dinte, el estrá dirigid esses documentos presentdos. O Apêndice finl trz detlhes d orgnizção d bse de informções e do Sistem de Informções Geográfics crido especificmente pr relizção do estudo. 12

2 Cenário Energético Brsileiro Qundo se pens n inversão econômic pr projetos de gerção elétric, em gerl, trblh-se com o ideário d ofert de energi, influencid por pressões de expnsão econômic e por nálises de menor przo no que concerne os spectos de retorno finnceiro. Nesse sentido, gestão d demnd energétic fic prejudicd, lém de que não se crim incentivos fontes dits lterntivs. De form que se compreend melhor estes spectos, os quis são cruciis pr um visão sistêmic, present-se seguir um nálise do cenário energético ncionl, prticulrmente no que se refere à mtriz de gerção de eletricidde no pís, os spectos sócio-mbientis ds diverss lterntivs de gerção tulmente preconizds pr mplição d ofert, e o perfil de consumo d energi elétric no pís, estbelecendo um bse nlític pr um vlição ds reis necessiddes energétics no Brsil. 2.1 Ofert Energétic no Brsil Atulmente, gerção de energi elétric no Brsil se bsei n utilizção ds seguintes fontes identificds n Tbel 2.1 que se segue: 13

Tbel 2.1- Mtriz de Gerção de Energi Elétric Tipo Quntidde Potênci Instld 1 (kw) % Hidráulic 68.104.124 77,24 UHE 142 66.800.154 75,76 PCH 245 1.216.105 1,38 MCH 164 87.865 0,10 Térmic 17.219.630 19,54 UTE 344 15.212.630 17,26 UTN 2 2.007.000 2,28 Outrs Renováveis 2.849.941 3,22 BIO 2 236 2.821.296 3,19 EOL 11 28.625 0,03 SOL 3 1 20 0,00 Totl 1.356 88.173.695 100,00 Fonte - Elborção prtir dos ddos do Boletim Informtivo d Gerção Aneel, bril/2004. Legend: UHE Usin Hidrelétric de Energi ( > 30.000 KW) PCH Pequen Centrl Hidrelétric ( 1.000 KW 30.000 KW) MCH Micro Centrl Hidrelétric ( < 1.000 KW) UTE Usin Termelétric de Energi (Óleo Combustivell, Óleo Diesel, Gás) UTN Usin Termonucler BIO Biomss (Bgço Cn, Resíduos de Mdeir, Csc de Arroz, Biogás) EOL Centrl Gerdor Eolielétric SOL Centrl Gerdor Solr Fotovoltic Nots: 14

1 Se refere à potênci fisclizd pel Aneel. 2 O setor sucro-lcooleiro corresponde cerc de 72% d gerção com biomss. 3 Não estão considerdos os ddos referentes os pinéis solres instldos em comuniddes isolds pelo PRODEEM, d ordem de 15.000 kwp. Se considerrmos os empreendimentos de gerção de energi elétric previstos pr os próximos nos, s usins que utilizm fonte hidráulic pr gerção (UHE, PCH e MCH) contbilizm 52 empreendimentos (4.845.133 kw) tulmente em construção, e 273 empreendimentos (8.818.619 kw) outorgdos pel Aneel, isto é, usins que ind não inicirm su construção. No que diz respeito às usins térmics, encontrm-se tulmente em construção 18 empreendimentos (3.136.034 kw), enqunto que Aneel já concedeu outorg outros 100 empreendimentos (12.951.892 kw). Qunto às fontes renováveis, conforme os ddos reltivos bril de 2004, o insumo biomss possui 3 empreendimentos em construção (1 com bgço: 25.000 kw; e 2 com resíduos de mdeir: 15.000 kw), e 41 empreendimentos (453.171 kw) com outorg d Aneel. Por seu turno, fonte eólic possui 155 empreendimentos (7.792.881 kw) outorgdos. Até dezembro de 2006 prticipção ds fontes renováveis eólic, biomss e pequens centris hidrelétrics (PCHs) deverá tomr impulso, com entrd em operção de 3.300 MW trvés do Progrm de Incentivo às Fontes Alterntivs de Energi Elétric (PROINFA), sendo 1.100 MW de cd fonte. Este impulso poderi ser mis vigoroso, conforme veremos mis dinte. 2.2 Potencil Hidrelétrico Brsileiro A Tbel 2.2 present ddos do potencil hidroelétrico, medido em termos d cpcidde ser instld, e considerndo s principis bcis hidrográfics brsileirs. Este potencil pode ser tmbém vlido em termos d energi firme, isto é, energi que pode ser proveitd o longo de todo o no independentemente d époc, sej el de chuvs ou de estigem. Est é um ds crcterístics dos proveitmentos hidrelétricos: os reservtórios têm função de rmzenr águ, regulrizndo vzão, de form grntir um disponibilidde energétic mior durnte um período de tempo tmbém mior. 15

Tbel 2.2- Potencil Hidroelétrico Brsileiro 2000 (cpcidde instld MW) BACIAS Operção Construçã o Inventário/ Vibilidde/ Projeto Básico Estimdo Totl Amzons 547 139 31.213 73.510 105.410 Tocntins 5.578 4.975 14.278 2.709 27.540 Atlnt. N/NE 300 0 1.747 1.355 3.402 São Frncisco 10.290 0 13.557 2.472 26.319 Atlnt. Leste 1.895 750 9.392 2.055 14.092 Prná 38.999 233 12.476 8.670 60.378 Urugui 1.717 1.140 8.047 2.434 13.337 Atlnt. Sudeste 2.395 170 4.762 2.291 9.617 Totl 61.720 7.407 95.472 95.496 260.096 Fonte: DENI-DIVISÃO DE RECURSOS HÍDRICOS E INVENTÁRIO / ELETROBRÁS Reltório Anul do GTIB Grupo de Trblho de Informções Básics pr o Plnejmento d Expnsão d Gerção, dezembro de 2000. Consider-se no Brsil energi firme equivlente cerc de 50% d cpcidde instld que represent cpcidde totl de operção ds turbins. Como consequênci d vrição do regime hidrológico, est situção só contece nos períodos de lt pluviosidde, qundo vzão é mior como é tmbém mior ltur de qued, em virtude do umento d cot do reservtório. Os ddos d Tbel 2.2 indicm o potencil em inventário, vibilidde e projeto básico, que correspondem à etp em que se encontr o conjunto dos empreendimentos hidrelétricos em projeto e represent um vlição mis precis e detlhd, enqunto que o potencil estimdo é bsedo pens em 16

trblhos de escritório prtir de ddos existentes, sem qulquer levntmento mis detlhdo. Com bse nestes ddos, observ-se que o potencil hidroelétrico tulmente em operção é de cerc de 69,1 mil MW (incluindo s usins em construção em dezembro de 2000), e represent pens 27% do potencil hidroelétrico totl, estimdo em 260,1 mil MW. Est situção é utilizd como rgumento pr queles que preconizm um expnsão mis vigoros dos projetos de usins hidrelétrics no Brsil. Entretnto, s possibiliddes de expnsão d cpcidde hidrelétric ser instld no Brsil encontrm muitos problems. Considerndo-se o totl do potencil inventrido/vibilidde/projeto básico e o potencil estimdo, prticmente 2/3 (63,7%) deste potencil encontr-se loclizdo n Região Amzônic, principlmente nos rios Tocntins, Argui, Xingu, Tpjós e Mdeir. As conseqüêncis sociis e mbientis d possibilidde de implntção dos empreendimentos hidrelétricos previstos n região, envolvendo questões como s relcionds com reservtórios em terrs indígens ou mnutenção d biodiversidde, exigem tenção e cuiddos muito lém d retóric dos documentos oficiis. Aind, tmbém é significtivo o potencil hidroelétrico proveitr loclizdo ns bcis dos rios Prná e Urugui, representndo cerc de 20% do totl. Nests regiões do sul do pís, crcterizds por um elevd densidde populcionl, notdmente ns áres ruris, há que se considerr existênci de um grnde número de pequens proprieddes grícols que hoje grntem condições de subsistênci de um populção rurl constituíd por proprietários, rrendtários, meeiros, sslridos e posseiros. O processo de deslocmento compulsório dests populções ribeirinhs pr formção dos reservtórios dos empreendimentos hidrelétricos previstos tmbém exige tod tenção e cuiddos, pr que não se reproduzm os problems verificdos no pssdo recente. Com freqüênci, construção de um usin hidrelétric representou pr ests populções destruição de seus projetos de vid, impondo su expulsão d terr sem presentr compensções que pudessem, o menos, ssegurr mnutenção de sus condições de reprodução num mesmo nível dquele que se verificv ntes d implntção do empreendimento. Questões como ests form exminds pel Comissão Mundil de Brrgens (CMB), crid em bril/1997 pr um vlição ds brrgens construíds no mundo. Compost por 12 membros, CMB envolveu prticipção de 17

representntes d indústri de equipmentos, representntes de governos, cdêmicos, mbientlists e lidernçs de movimentos sociis. O Brrgens e Desenvolvimento um nov estrutur pr o processo de decisão foi elbordo prtir d construção de um consenso, considerndo os diversos tores sociis envolvidos. O Brsil possui crcterístics geográfics e hidrológics que fvorecem o emprego d energi hidrelétric. Entretnto, os spectos qui pontdos não podem ser desconsiderdos, qundo do processo de vlição ds lterntivs e dos impctos sócio-mbientis deste tipo de empreendimento. 2.3 Problems Sócio-Ambientis d Atul Mtriz de gerção Elétric Não existe energi limp. Em mior ou menor gru, tods s fontes de energi provocm de lgum form dnos o meio mbiente. A seguir, são ssinldos os problems sócio-mbientis d gerção de energi elétric prtir de usins hidrelétrics, usins termelétrics convencionis, e usins termonucleres. Usins Hidrelétrics A elevd prticipção d hidreletricidde n mtriz energétic brsileir foi lcnçd nos últimos 30 nos trvés d construção de usins hidrelétrics de grnde porte, com grves problems sociis e mbientis. Estes problems são de nturez físico-químic e biológic decorrentes d implntção e operção de um usin hidrelétric, e d su interção com s crcterístics mbientis do locl de construção, trnsformndo sistems fluviis em lcustres, mbientes lóticos em lênticos, interferindo diretmente no ecossistem d região onde são implntds. A usin hidrelétric trz como conseqüêncis, por exemplo, lterção do regime hidrológico; modificção d qulidde d águ com o umento de bctéris e lgs e diminuição d concentrção de oxigênio; processos de ssoremento; emissão de gses estuf prtir d decomposição orgânic no reservtório; entre outrs. Problems que se estendem os spectos sociis, prticulrmente com relção às populções ribeirinhs tingids pels obrs, e invrivelmente desconsiderds frente à perspectiv d perd irreversível ds sus condições de produção e reprodução socil, determind pel formção do reservtório. As usins hidrelétrics construíds té hoje resultrm em 34.000 km 2 de terrs inundds pr formção dos reservtórios, e n expulsão - ou, "deslocmento compulsório" - de cerc de 200 mil fmílis, tods els populções ribeirinhs tingids. 18

No relcionmento ds empress com ests populções, prevleceu estrtégi do "fto consumdo" prticmente em todos os empreendimentos. Enqunto que lterntiv hidrelétric er sempre presentd como um fonte energétic "limp, renovável e brt", e cd projeto er justificdo em nome do interesse público e do progresso, o fto é que s populções ribeirinhs tiverm violentds s sus bses mteriis e culturis de existênci. As obrs promoverm o deslocmento forçdo dests populções, compnhdo por compensções finnceirs irrisóris ou inexistentes; o processo de ressentmento, qundo houve, não ssegurou mnutenção ds condições de vid nteriormente existentes. Por seu turno, os empreendimentos hidrelétricos têm presentdo, vi de regr, o comprometimento d qulidde d águ nos reservtórios, fetndo tividdes como pesc e gricultur. Tl comprometimento ocorre com mior intensidde ns áres tropicis, onde o lgmento de florests interfere com o dinmismo do sistem quático, provocndo lterções expressivs neste sistem. As interferêncis no mbiente quático mnifestm-se n instbilidde, não nturl, dos ftores físicos e químicos e nos impctos sobre biot quátic, entre os quis, mortndde de peixes, proliferção de lgs e plnts quátics, noxi e eutrofizção ds águs, liberção de gses e s lterções n composição d comunidde biológic. Aind, n áre ds brrgens ocorrerm diversos problems de súde públic, como o umento de doençs de nturez endêmic. Verific-se, com frequênci, o surgimento de doençs de veiculção hídric, trnsmitids por vetores que proliferm n águ. A gerção de energi tem crretdo interferêncis com os demis usos d águ n bci, principlmente o bstecimento público, lém de lterções do lençol freático. Ests interferêncis tmbém brngem o uso d águ pr irrigção e se estendem pr áres jusnte do empreendimento. Há que se ressltr tmbém problems de segurnç ds populções de jusnte, com o umento dos riscos de inundção bixo dos reservtórios, decorrentes do regime de operção. Aind, grndes quntiddes de terrs cultiváveis ficrm submerss e, em muitos csos, perd d biodiversidde foi irreversível. Usins Termelétrics Convencionis Os combustíveis fósseis utilizdos pr gerção de energi elétric derivdos de petróleo, gás nturl e crvão minerl são fontes cusdors de diversos problems mbientis. 19

A emissão de CO 2 o gás crbônico, resultnte d queim dos combustíveis fósseis, contribui em cerc de 55% pr o quecimento globl do plnet (efeitoestuf), considerdo tulmente o problem mbientl globl de mior relevânci. Outro problem se refere à presenç de enxofre n composição do óleo diesel, óleo combustível ou crvão minerl, utilizdos pr gerção de energi elétric, crretndo efeitos locis e regionis de cidificção tmosféric, dos solos e ds águs. Há que se ssinlr ind s emissões de NOx (óxidos de nitrogênio). A legislção mbientl brsileir não prevê pdrões de emissão pr NOx, o principl poluente tmosférico de termelétrics gás nturl. Tmbém estão presentes os Hidrocrbonetos (HC). Estes gses e vpores são resultntes d queim incomplet e evporção de combustíveis e outros produtos voláteis. Possuem odor crcterístico e cusm irritção dos olhos, nriz, pele e trto respirtório superior. Podem vir cusr dno celulr, sendo que diversos hidrocrbonetos são considerdos crcinogênicos e mutgênicos. Os hidrocrbonetos e óxidos de nitrogênio regem n tmosfer, principlmente sob ção d luz solr, formndo um conjunto de gses gressivos denomindos oxidntes fotoquímicos. O mis importnte dentre eles é o ozônio que, ns cmds inferiores d tmosfer, exerce ção nociv sobre os vegetis, nimis, mteriis e o homem, mesmo em concentrções reltivmente bixs. Ns plnts, o ozônio ge como inibidor d fotossíntese, produzindo lesões crcterístics ns folhs. No homem, o ozônio provoc dnos n estrutur pulmonr, reduzindo su cpcidde e diminuindo resistênci às infecções deste órgão, cusndo ind o grvmento ds doençs respirtóris, umentndo incidênci de tosse, sm, irritções no trto respirtório superior e nos olhos. Usins Termelétrics Nucleres Há que se considerr os riscos intrínsecos que opção nucler present como lterntiv pr gerção de eletricidde. As dus usins nucleres em operção no Brsil - Angr I e Angr II - utilizm o retor do tipo PWR (pressurized wter rector), vêm presentndo problems de operção como vzmentos de mteril rdiotivo pels vrets que condicionm o combustível físsil no interior do retor nucler, ou flhs no mnuseio do mteril. O futuro descomissionmento tmbém present problems. Não existe um plno de ção pr o período posterior à prlizção complet d operção ds usins. 20

Aind, os problems se estendem à disposição finl dos rejeitos de lt rdiotividde, lém de flhs no plno de emergênci em cso de cidente. Nesse sentido, decisão sobre o término d construção d Usin Angr III, tulmente em discussão, deve necessárimente considerr os spectos qui indicdos. A usênci de soluções concrets pr estes problems invibiliz mbientlmente o projeto de Angr III. 2.4 Perspectivs ds Fontes Renováveis no Brsil O Progrm de Incentivo às Fontes Alterntivs de Energi Elétric PROINFA, foi crido em 26 de bril de 2002, pelo Artigo 3º d Lei nº 10.438, com o objetivo de umentr prticipção no Sistem Elétrico Interligdo Ncionl, d energi de Produtores Independentes Autônomos, bsed ns fontes eólic (energi dos ventos), PCHs e biomss. No decorrer de 2003, o PROINFA foi submetido um processo de revisão, consubstncido pel Lei 10.762, de 11 de novembro de 2003, que ssegurou prticipção de um mior número de estdos no progrm, incentivo à indústri ncionl e exclusão dos consumidores de bix rend do pgmento do rteio d compr d nov energi. Os critérios de regionlizção previstos n Lei 10.762 estbelecem um limite de contrtção por Estdo de 20% d potênci totl destinds s fontes eólic e biomss e 15% pr s PCHs, o que possibilit todos os Estdos que tenhm vocção e projetos provdos e licencidos oportunidde de prticiprem do progrm. O Progrm, coordendo pelo Ministério de Mins e Energi (MME), teve definids s condições de implementção trvés do Decreto nº 5.025, de 30 de Mrço de 2004, que estbelece num primeir etp (té dezembro de 2006), contrtção de 3.300 MW, sendo 1.100 MW de cd um ds fontes considerds: biomss, eólic e PCHs. Trt-se, sem dúvid, de um progrm promissor com vists à definição de polítics públics de fomento às fontes energétics sustentáveis, de form ssegurr diversificção d mtriz energétic ncionl, grntindo mior confibilidde e segurnç o bstecimento. No entnto, os 3.300 MW propostos nest primeir etp estão muito quém ds reis potenciliddes que cd um ds três fontes presentm. A Tbel 2.3 indic o potencil de gerção de energi elétric prtir de três tipos de biomss: bgço d cn de çúcr, resíduos de mdeir e resíduos 21

grícols, com os ddos sistemtizdos conforme cd um ds regiões do pís, considerndo s tecnologis tulmente disponíveis. Tbel 2.3- Potencil de gerção prtir de biomss no Brsil Regiões Tipo de Biomss Potencil Teórico (MW) Cn de çúcr 329 Centro-Oeste Resíduos de mdeir 70 Resíduos grícols 1.561 Cn de çúcr 2.505 Sudeste Resíduos de mdeir 135 Resíduos grícols 1.449 Cn de çúcr 283 Sul Resíduos de mdeir 67 Resíduos grícols 4.664 Cn de çúcr 725 Nordeste Resíduos de mdeir 56 Resíduos grícols 593 Cn de çúcr 10 Norte Resíduos de mdeir 103 Resíduos grícols 1.035 Cn de çúcr 3.852 Resíduos de mdeir 430 Resíduos grícols 9.032 Totl 13.584 Fonte -CENBIO, 2001 Observ-se um potencil d ordem de 13.584 MW que podem ser disponibilizdos no curto przo de 12 18 meses. Aind, um potencil que pode ser significtivmente mplido médio przo, prtir de um rticulção com um polític incisiv de P&D, de form lcnçr miores eficiêncis nos processos de conversão d biomss em energi elétric. Este evidente descompsso entre o potencil oferecido pel energis renováveis no Brsil e timidez explicitd pelo PROINFA, revel-se ind mis significtivo o considerrmos os ddos de potencil d energi eólic no pís, indicdos n Tbel 2.4. 22

Verific-se um potencil eólico extrordinário de 143.500 MW. O mior potencil está loclizdo n região Nordeste, notdmente nos estdos do Cerá, Rio Grnde do Norte e Pernmbuco. O Atls Eólico do Brsil, elbordo em 2001, indic regiões com ventos com intensidde médi superior 6,0 m/s, chegndo té 9,0 m/s, medidos 50 metros de ltur. Ns áres mis propícis, disponibilidde dos ventos (ou o ftor de cpcidde) lcnç, fix de 34% - 44%38% do tempo, o que reduz o problem d su intermitênci. Tbel 2.4 - Potencil de Energi Eólic no Brsil POTÊNCIA REGIÕES INSTALÁVEL (MIL MW) ENERGIA (TWH/ANO) Norte 12,8 26,4 Nordeste 75,0 144,3 Sudeste 29,7 54,9 Sul 22,8 41,1 Centro-Oeste 3,1 5,4 Brsil 143,5 272,2 Fonte: Atls do Potencil Eólico Brsileiro - Cmrgo Schubert Eng. Eólic./True Wind Solutions/CEPEL. Brsíli, 2001. No que se refere às Pequens Centris Hidrelétrics (PCHs), o potencil no Brsil é de 9.795,7 MW, com 942 proveitmentos identificdos, conforme indic Tbel 2.5. Os proveitmentos loclizdos em Mins Geris correspondem 36% d potênci instlável totl, sendo tmbém significtivo o potencil n Bhi (9,3%); São Pulo (7,4%); Rio Grnde do Sul e Snt Ctrin (7%); Mto Grosso do Sul (6,3%); Espirito Snto e Prná (6%). Estes ddos permitem ssinlr que o PROINFA, embor represente um notável esforço pr inserção ds energis renováveis no Brsil, ind se revel excessivmente débil o se restringir os 3.300 MW preconizdos n su primeir etp. Muito embor s restrições encontrds no texto do Novo Modelo Institucionl do Setor Elétrico (MME, 2003) não estejm explicitds n recente legislção (Lei nº 10.848, que dispõe sobre comercilizção de energi elétric), tul polític 23

energétic restringe promoção ds energis renováveis, o impor que o impcto de contrtção de fontes lterntivs n formção d trif de suprimento não poderá exceder 0,5% dess trif. A met de lcnçr proporção de 10% com esss fontes té o no 2010 está usente no documento do Novo Modelo, enfrquecendo posição de lidernç exercid pelo Brsil n Colizão de Jonesburgo pr Energis Renováveis, em 2002. Tbel 2.5 - Potencil de PCHs no Brsil Estdo Quntidde Potênci Nominl (MW) Bhi 87 913,9 Espirito Snto 80 558,2 Mins Geris 349 3.557,0 Mto Grosso do Sul 55 617,7 Prná 51 582,5 Rio de Jneiro 28 413,1 Rio Grnde do Sul 69 672,9 Snt Ctrin 51 670,0 São Pulo 65 720,5 Demis estdos 107 1.089,9 TOTAL 942 9.795,7 Fonte: SIPOT/Eletrobrás, jneiro/2000. 2.5 Consumo de Energi Elétric no Brsil As tividdes produtivs de bens e serviços, s necessiddes de trnsporte de pessos e mercdoris, os serviços energéticos de iluminção, refrigerção, conforto térmico, necessários pr ssegurr pdrões dequdos d qulidde de 24

vid ns residêncis e ns tividdes de comércio e serviços, consomem energi elétric. Este consumo não é distribuido de form equittiv entre os vários setores e o pdrão de consumo dos diferentes setores pode evidencir desigulddes no cesso e n utilizção ds fontes energétics. O exme do consumo finl de energi identificndo s fontes utilizds e os setores responsáveis pelo consumo, permite que se estbeleç prâmetros pr vlição ds condições de sustentbilidde do consumo de eletricidde no Brsil. A Tbel 2.6 present distribuição do consumo de energi no Brsil no no de 2002. Tbel 2.6 - Distribuição do Consumo de Eletricidde no Brsil - 2002 Consumo de Eletricidde SETORES (em %) Energético 3,6 Minerção 2,3 Agropecuário 4,1 Indústri pesd* 28,8 Indústri leve 17,4 Trnsporte 0,4 Residencil 22,6 Comércio/serviços 14,2 Público 8,8 Totl gerl 100,0 * O setor d indústri pesd inclui s indústris de cimento, ferro-gus e ço, ferro-ligs, não-ferrosos e outros d metlurgi, químic, ppel e celulose. Fonte: MME Blnço Energético Ncionl, 2003. Com respeito especificmente o setor industril, desgregou-se s informções disponíveis distinguindo-se indústri leve d indústri pesd. 25

Como indústri leve form considerds indústri de limentos e bebids, têxtil, cerâmic, e outrs indústris. Como indústri pesd form considerds s indústris de cimento; ferro-gus e ço que compõem o setor siderúrgico; ferro-ligs; não-ferrosos e outros d metlurgi que incluem s indústris fbricntes de lumínio; indústri químic, e o setor de ppel e celulose. Estes setores se constituem ns ssim denominds tividdes industriis energo-intensivs por consumirem um quntidde muito grnde de energi por cd unidde produzid. 2.6 O Perfil Industril Eletrointensivo no Brsil Os setores industriis eletrointensivos desempenhm um importnte ppel nos estudos de previsão de demnd de energi elétric no pís. A importânci destes setores pode ser vlid em termos d su significtiv prticipção n estrutur de consumo de energi elétric do pís. Segundo os ddos consoliddos mis recentes (BEN, no-bse 2002), o setor produtivo eletrointensivo é responsável por 29% do consumo finl de energi elétric no Brsil, lgo em torno de 92,6 mil MWh. Considerndo pens os setores indústris de produção de lumínio primário, siderúrgico, ferro-ligs, ppel e celulose, o consumo de energi elétric destes qutro setores industriis corresponde 43,2% do consumo industril, e por 20% do consumo totl de eletricidde no pís. Avlindo-se o desempenho d indústri ncionl nos últimos nos, perspectiv de expnsão d exportção continu constituir o principl determinnte dos investimentos industriis no Brsil. A Tbel 2.7 que se segue present ddos do destino d produção de lguns setores industriis seleciondos. Prticulrmente, o setor de lumínio se destc pel prcel d su produção voltd pr exportção. Prte considerável dest exportção se concretiz finnceirmente pel prticipção diret de fundos públicos utilizdos pr subsidir produção. Num nálise d composição ds exportções do setor do lumínio, observ-se que s empress loclizds n região norte, onde o custo d energi é inferior, têm quse totlidde de su produção voltd pr exportção, enqunto s empress do sudeste, que pgm trif não subsidid, investem n trnsformção com o objetivo de gregr mis vli o seu produto. Nesse cso, 26

observmos trif d energi elétric como determinnte d polític comercil d empres, já que no cso do lumínio el é prte importnte n composição dos custos de produção. Tbel 2.7 - Distribuição por Rmo Industril d produção pr o mercdo interno e pr exportção - 2000 Setores Seleciondos Produção pr o Mercdo interno (%) Produção pr o Mercdo Externo (%) Alumínio 28,6 71,4 Ferroligs 48,5 51,5 Siderurgi 65,5 34,5 Celulose 57,5 42,5 Ppel 81,5 18,5 Fonte - SMM/MME Anuário Esttístico: 2000, 2001; ABAL - Anuário Esttístico: 2000, 2001; IBS - Anuário Esttístico: 2000, 2001; ABRAFE - Anuário Esttístico: 2000, 2001; BRACELPA - Esttístics do Setor: 2000, 2001. O subsídio proporciondo pelos contrtos de fornecimento d energi produzid pel usin de Tucuruí à ALBRÁS (Ci. Vle do Rio Doce e Nippon Amzon Aluminium Co.) e à ALUMAR (Alco; Shell-Billiton e Cmrgo Corre Metis) represent pr Eletronorte um perd d ordem de US$ 200 milhões o no. Considerndo que o contrto com Albrás (PA) foi inicido em julho de 1985 e vi se estender té mio de 2004, enqunto que o contrto com Alumr (MA) foi inicido em dezembro de 1983 com vigênci té junho de 2004, o subsídio concedido pr estimulr instlção de indústris de lumínio n região Norte lcnç US$ 5 bilhões. Com bse nos ddos levntdos, Tbel 2.8 present os vlores d energi incorpord nos produtos energo-intensivos voltdos pr exportção. Estes ddos confirmm form pel qul produção industril brsileir está se inserindo no processo de globlizção d economi interncionl, limitndo-se o ppel de mero exportdor de produtos primários de bixo vlor gregdo e elevdo conteúdo energético. 27

Em termos quntittivos, energi elétric incorpord nestes produtos é significtiv pois represent 7,8% do consumo totl de eletricidde no pís (nobse: 2000). Considerndo energi totl consumid no pís, est prcel represent significtivos 7%. Aind, est exportção consumiu 48,3% d eletricidde e 42% d energi totl contid nos produtos produzidos pelos qutro setores industriis qui considerdos. Tbel 2.8 - Energi incorpord nos produtos energo-intensivos exportdos 2000 Setores Seleciondos Energi Elétric (em mil MWh) * Estimtivs. Fonte: MME Blnço Energético Ncionl, 2003. Energi Totl (em mil tep) Alumínio 14.245 5.666 Ferroligs 3.277 1.250 Siderurgi 5.362 6.138 Celulose 1.836 1.447* Ppel 1.145 945* Totl 25.865 15.446 Verific-se, pois, que estrtégi industril em curso no Brsil, bsed n obtenção de receit prtir d exportção de produtos primários, de bixo vlor gregdo e lto conteúdo energético, impõe necessidde d mplição d ofert de energi elétric de form tender est demnd, colborndo pr pressão sobre os recursos nturis, e em prticulr, sobre os potenciis hidráulicos. Estudos recentes pontm pr o equívoco dest estrtégi industril, não somente por representr um significtivo vetor pr o crescimento do consumo de eletricidde no pís, ms tmbém porque estes setores industriis presentm um cpcidde extremmente reduzid de gerção de empregos, lém de um 28

restrit ptidão n proprição de receit dvind d exportção de bens de bixo vlor gregdo 2. Se considerrmos os ddos referentes à previsão de umento do consumo de energi elétric destes setores industriis nos próximos nos, indicdos n Tbel 2.9 que se segue, verific-se um tendênci à rtificção dest estrtégi industril. A consequênci dest perspectiv se evidenci n necessidde de implntção de novs plnts de gerção, em prticulr de usins hidrelétrics, cpzes de responder à est demnd. Tbel 2.9 - Previsão de consumo de energi elétric (MWh) dos setores industriis eletrointensivos Setor 2001 2005 2010 Alumínio 21.301 24.970 27.000 Siderurgi 16.259 19.090 21.800 Ferroligs 6.801 8.180 9.160 Ppel 7.457 8.830 11.000 Celulose 7.812 9.640 15.000 Petroquímic 4.201 5.160 6.850 Fonte: CCPE/CTEM Reltório Anlítico de Mercdo, mio/2001. Observ-se que, no seu conjunto, os setores eletrointensivos estão empenhdos num expressivo processo de umento d escl de produção, o que torn crucil questão do suprimento de energi elétric necessário pr tender est crescente demnd. Um tendênci que pode ser verificd tulmente é crescente prticipção dos setores eletrointensivos nos projetos de implntção de usins hidrelétrics pr uso exclusivo, em regime de utoprodução. Prticulrmente nos projetos dos empreendimentos hidrelétricos ds regiões do Alto Argui e do Bixo Prníb, objetos do presente estudo de vlição técnico-econômic e mbientl, observ-se que dois deles UHE Cçu (65 MW) e 2 Ver respeito o estudo de de Bermnn, C. - Exportção brsileir de produtos intensivos em energi: implicções sociis e mbientis. Rio de Jneiro, FASE/FBOMS/REBRIP, junho de 2002. 29

UHE Brr dos Coqueiros (90 MW) mbos loclizdos no Rio Clro, Municípios de Cçu e Cchoeir Alt (GO), têm como empres concessionári Alcn Alumínio do Brsil Ltd, empres produtor de lumínio. A figur do utoprodutor foi definid pelo Decreto no 2003, de 10 de setembro de 1996. O Art. 27 indic que outorg de concessão ou de utorizção utoprodutor estrá condiciond à demonstrção, pernte o órgão reguldor e fisclizdor do poder concedente, de que energi elétric ser produzid será destind consumo próprio, tul ou projetdo. O regime de utoprodução consider gerção de energi não como um mercdori de comércio (produtor independente), ms como um insumo pr tividde do utoprodutor, pois ele produz pr seu próprio consumo. Dess form, segundo o princípio que o fundment, o utoprodutor deixri de consumir energi do sistem público, e este gnhri um folg. Por ess vi, mplir-sei ofert sem o emprego de recursos públicos. No cso específico d utoprodução, s novs uniddes gerdors representrim disponibilizção de quntiddes de energi que serim necessrimente destinds o tendimento ds necessiddes desses segmentos industriis interessdos. Aind, o interesse público seri tmbém observdo pelo incremento ds receits públics, gerção de empregos e melhori ds condições de vid d populção. Entretnto, estudos recentes 3 revelm que trtm-se de empreendimentos que pens ssegurm mplição d cpcidde de produção de cd um ds empress eletrointensivs envolvids. Dess form, não existe decntd folg pr o sistem público. Pelo contrário, s usins hidrelétrics licitds pr o regime de utoprodução n verdde subtrem do sistem público desejável mplição d ofert. A mplição d ofert de energi elétric no pís deve se orientr, prioritárimente, pr o tendimento os setores produtivos de bens e de serviços que germ emprego e rend. Fz-se necessári um reorientção d tul polític industril, de form restringir os investimentos no umento d cpcidde de produção ds plnts industriis eletrointensivs pr, posteriormente, reduzir produção ou reorientá-l pr o mercdo interno, redirecionndo pr exportção de bens de mior vlor gregdo. 3 Ver respeito o estudo de Bermnn, C. - Indústris Eletrointensivs e Autoprodução: proposts pr um polític energétic de resgte do interesse público. São Pulo, IEE-USP, novembro de 2002. 30

A mplição d ofert de energi elétric no pís deve tmbém tender o consumo domicilir. O progrm de universlizção do cesso e do uso do serviço de energi elétric instituído recentemente pelo Ministério de Mins e Energi, sob denominção Progrm Luz pr Todos, com objetivo de tingir universlizção do tendimento té o no 2008, irá exigir grnti do suprimento notdmente prtir d gerção descentrlizd, bsed ns fontes lterntivs de energi locis, restringindo este tendimento trvés d extensão d rede prtir de grndes usins de gerção. Est demnd deverá ser compnhd por um umento do consumo domicilir em gerl, de form grntir o suprimento pr melhori d qulidde de vid do conjunto d populção. 2.7 Gerencimento do Ldo d Demnd como Alterntiv de Ofert As tividdes e medids de Gerencimento do Ldo d Demnd, expressão que vem do termo inglês Demnd Side Mngement (DSM), referem-se às ções que reduzem o consumo e/ou o tornm mis eficiente, de mneir tender às necessiddes de serviços energéticos (como iluminção, refrigerção, uso finl de energi motriz elétric, condicionmento de r, etc...) com s quntiddes de energi necessáris pr cd equipmento e condições de uso pr cd setor de consumo, sem necessrimente prejudicr ou limitr o serviço energético fornecido o usuário. A rzão fundmentl pr doção de progrms de gerencimento pelo ldo d demnd reside n incpcidde do mercdo em proveitr tods s oportuniddes de umento d eficiênci nos serviços energéticos. Os progrms de DSM tentm estimulr e obter economis efetivs em custo, evitndo investimentos em sobre cpcidde de gerção, com o consequente umento de trifs e perd d eficiênci loctiv. Trt-se, pois, de incorporr ns opções de ofert doção de medids de eficiênci energétic nos usos finis, trzendo como resultdo necessidde de um mplição d cpcidde de gerção em menor escl. A este processo que combin um vriedde de opções de ofert e demnd pr encontrr o custo efetivo ds necessiddes dos consumidores de energi elétric, dá-se o nome de Plnejmento Integrdo de Recursos PIR que, em últim nálise, constitui-se num instrumento cpz de ssegurr o consumo energético em bses mbientlmente sustentáveis. A doção d noção do menor custo (lest cost), pr expnsão d ofert de energi bsed no gerencimento d demnd encontrou no contexto energético 31

brsileiro um vigoros possibilidde de vnço, infelizmente bortd prtir de 1995 com o processo de privtizção ds empress elétrics de distribuição e gerção, e com desverticlizção do setor elétrico brsileiro. A desverticlizção ds empress elétrics, provocndo seprção ds tividdes de gerção, trnsmissão e distribuição de eletricidde, tornou mis difícil doção de progrms de conservção. O cálculo do kw evitdo encontrv miores possibiliddes de sensibilizção e de sucesso qundo gerção e distribuição de energi elétric se encontrvm sob gestão de um só empres. Este cálculo indic que o custo incorrido com medids de conservção (p.ex., gerencimento pelo ldo d demnd, substituição por equipmentos mis eficientes, entre outros) pode ser menor que o custo de mplição d ofert (construção de novs plnts de gerção). Algums empress do setor elétrico brsileiro já estvm incorporndo lguns instrumentos do Plnejmento Integrdo de Recursos (PIR) qundo o processo de privtizção prticmente desrticulou s possibiliddes de sucesso desse tipo de inicitivs, n medid em que no novo contexto, s empress de distribuição de eletricidde não possuem nenhum motivção pr implementção de progrms de conservção. Um evidênci d usênci de mecnismos de mercdo no sentido de vibilizr finnceirmente prátics de economi de energi, é o ppel centrl ssumido pelo órgão reguldor, Agênci Ncionl de Energi Elétric-ANEEL, com vists ssegurr que medids efetivs de conservção de energi estão sendo implementds no nosso pís. A Resolução n o 242 d Aneel, de 24/julho/1998, é um evidênci nesse sentido, o definir obrigtoriedde de 1% d receit opercionl nul (RA) ds empress de distribuição de eletricidde ser destind o desenvolvimento de ções com o objetivo de incrementr eficiênci no uso e n ofert de energi elétric. Desse totl, um mínimo de 0,25% d receit opercionl nul de cd distribuidor de eletricidde deveri ser plicdo em ções que mplissem eficiênci dos usos finis de energi elétric. Entretnto, própri gênci está encontrndo dificulddes pr identificr nturez dos progrms presentdos pels empress. Muitos destes progrms não pssm de simples projetos de substituição de lâmpds com preços sobrevlorizdos, no intuito de lcnçr ou se proximr mis fácilmente dos vlores correspondentes 1% do fturmento impostos trvés de um instrumento de regulção. Se considerrmos os vlores expressivos destes recursos, cerc de R$ 300 milhões (ou cerc de 120 milhões de dólres) por no, s oportuniddes de implementção de progrms efetivos de conservção encontrm dificulddes n medid em que não existem mecnismos de controle socil sobre plicção destes recursos. 32