Gerenciamento dos resíduos gerados na construção civil de um edifício empresarial

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Transcrição:

1 Resumo Gerenciamento dos resíduos gerados na construção civil de um edifício empresarial Maxwel Araújo Soares maxwelsoares@outlook.com Gerenciamento de obras, Qualidade & Desempenho da Construção Instituto de Pós-Graduação - IPOG Brasília, DF, 9 de setembro de 2016 A construção civil é reconhecida como uma das mais importantes atividades para o desenvolvimento econômico social, mas por outro lado, comporta-se, ainda, como grande geradora de impactos ambientais, quer seja pelo consumo de recursos naturais, pela modificação da paisagem ou pela geração de resíduos. Os números apartam bastante, mas mesmo assim são elevados. Estima-se que nos aterros sanitários, locais onde são depositados os resíduos urbanos das grandes cidades, 40 a 60% desse resíduo representa material resultante das atividades da construção civil, isto é, construção, reformas de manutenção e demolição. Pode-se dizer que 50% de todo esse entulho é colocado, irregularmente, na maioria dos centros urbanos brasileiros. Esse Plano de Gerenciamento de Resíduos da Construção Civil PGRCC, implantado em uma unidade empresarial, localizada no Setor de Rádio e Televisão Norte, é um instrumento determinante para diminuir a geração de resíduos na fonte, regular a segregação na origem, monitorar e reduzir riscos ao meio ambiente, além de, assegurar o correto manuseio e disposição final dos resíduos, extinguindo a intensificação dos efeitos degradantes na região. A sustentabilidade, tão almejada pela sociedade atual, certamente só será atingida se a construção civil, uma das principais, senão a principal indústria consumidora de matéria-prima e geradora de resíduos, tornar-se sustentável. A correta gestão dos seus resíduos já é um importante passo para a realização disso. Palavras-chave: Construção civil. Resíduos sólidos. Impactos ambientais. 1. Introdução A construção civil é reconhecida como uma das mais importantes atividades para o desenvolvimento econômico social, mas por outro lado, comporta-se, ainda, como grande geradora de impactos ambientais, quer seja pelo consumo de recursos naturais, pela modificação da paisagem ou pela geração de resíduos. Os números apartam bastante, mas mesmo assim são elevados. Estima- se que nos aterros sanitários, locais onde são depositados os lixos urbanos das grandes cidades, 40 a 60% desse lixo representa material resultante das atividades da construção civil, isto é, construção, reformas de manutenção e demolição. Pode-se dizer que 50% de todo esse entulho é colocado irregularmente na maioria dos centros urbanos brasileiros.

2 Esse volume exagerado gera um grande impacto socioambiental, fazendo que exista uma necessidade cada vez maior de grandes áreas adequadas para o descarte de lixo, resultando em problemas de ordem ambiental, social e elevados custos. A destinação inadequada dos resíduos gera problemas como o esgotamento de aterros sanitários, o entupimento do sistema de drenagem urbana, a proliferação de insetos e roedores. Provoca, ainda, a contaminação de águas subterrâneas pela penetração no solo, de metais de elevada toxidade e de chorume, além do desperdício de materiais recicláveis, e o consequente prejuízo à saúde pública. Com a aprovação da Resolução 307 do Conama de 05/07/2002 que dispõe sobre o gerenciamento de resíduos de construção e demolição, aos poucos se percebe um avanço na busca da minimização dos impactos causados por esses, em um canteiro de obras (BLUMENSCHEIN, 2007). Segundo a Resolução 307, são estabelecidas diretrizes, critérios e procedimentos para a gestão de resíduos da construção civil. Trata-se de um Plano de Gerenciamento de Resíduos da Construção Civil PGRCC, onde constam as ações a serem implementadas para minimizar a produção desses na fonte, adequar a segregação na origem, controlar e reduzir riscos ao meio ambiente, por meio do correto manejo, desde o planejamento da geração, até a disposição final dos resíduos a serem produzidos durante as diferentes fases da obra. Considerando-se que, em torno de 80% do volume de uma caçamba é totalmente reciclável e é matéria-prima para processos produtivos, destaca-se a responsabilidade dos geradores no fortalecimento do processo de reciclagem desses resíduos, o que significa assegurar a qualidade da segregação, ou seja, que esses sejam separados, seletivamente, de acordo com a classificação da Resolução 307, do Conama (BLUMENSCHEIN, 2007). A Política Nacional de Resíduos Sólidos, promulgada Lei n.º 12.305/2010 (BRASIL, 2010ª) que instituiu a Política Nacional de Resíduos Sólidos, regulamentada pelo Decreto Federal n.º 7.404/2010 (BRASIL, 2010ª), define o termo Resíduo Sólido, em seu Art. 3º, Inciso XVI. Segundo a definição, são considerados Resíduos Sólidos qualquer material, substância, objeto ou bem descartável, oriundos de atividades humanas em sociedade, cuja destinação final se procede, se propõe proceder ou se está obrigado a proceder, em estado sólido ou semissólido. De acordo com a Lei n.º 12.305/2010 (BRASIL, 2010ª), são classificados como resíduos da construção civil (RCC), aqueles gerados nas construções, reformas, reparos e demolições de obras de construção civil, incluindo os resultantes da preparação e escavação de terrenos para obras civis, os quais são de responsabilidade do gerador. A tendência de gerenciar os resíduos em uma grande cidade aumentam na mesma proporção que o volume é gerado, tornando-se assim, muito oneroso e difícil. Por outra, a Lei Distrital n.º 4.704/2011, que trata do gerenciamento dos resíduos sólidos da construção civil no âmbito do Distrito Federal, estabelece a obrigatoriedade da elaboração e cumprimento do Plano de Gerenciamento de Resíduos da Construção Civil (PGRCC), atendendo ao disposto na Resolução 307/02 do CONAMA, devendo incluir procedimentos de redução na geração de resíduos, assim como a desmontagem seletiva para as demolições.

3 O Serviço de Limpeza Urbana do Distrito Federal (SLU) foi uma das primeiras instituições relacionadas à temática ambiental criadas na nova capital, por meio do Decreto n.º76, de 3 de agosto de 1961, com a denominação Serviço de Limpeza Pública SLP. Naquela época, Brasília apresentava sérios problemas com os resíduos, que não eram tratados, exigindo-se soluções adequadas. A migração de pessoas de outros Estados para Brasília aumentou, significativamente, o que ocasionou a maior produção dos resíduos sólidos que cresceu a taxas imprevistas (SLU, 2013). No Distrito Federal, aproximadamente 2.700 toneladas de resíduos domiciliares e, aproximadamente, 4 mil toneladas de dejetos provenientes da construção civil são dispostos no Lixão da Estrutural. A quantidade exagerada de resíduos afeta a qualidade do solo, da água e do ar. Enquanto as possibilidades ficam no papel, poucas medidas foram tomadas para conter a poluição. Segundo a Secretaria do Meio Ambiente, não há tratamento de lixo no local, no entanto, o Serviço de Limpeza Urbana (SLU) tenta reduzir os danos ambientais de forma similar a de um aterro sanitário, mesmo sem ter uma manta impermeável para proteger o lençol freático. O governo garante que foram instaladas estruturas mínimas para captar os gases, queimá-los e tratar o chorume (CORREIO BRAZILIENSE, 2014). No Brasil, o destino final do lixo é de 50,8% no lixão a céu aberto. De acordo com o Atlas de Saneamento de 2011, que traz dados referentes a 2008, em média, 183.488 toneladas de lixo são recolhidas, diariamente, em municípios de todo o país. Em 40,2% das cidades, a coleta domiciliar é realizada todos os dias, em 36,08% três vezes por semana, e em 6,4% das cidades não há realização de coleta domiciliar. Já a coleta seletiva é realizada em apenas 17,9% das cidades, principalmente, no Sul e no Sudeste. Em apenas 38% deles, porém, o recolhimento de materiais para reciclagem é feito em todo o território do município (MENCHEN, 2011). No restante, fica restrito a alguns bairros ou zonas, conforme demonstrado no gráfico 1.

4 Gráfico 1 Gráfico referente ao percentual de municípios, por exigência de coleta seletiva, segundo Grandes Regiões (IBGE,2008) Dentre os resíduos recicláveis, as aparas de papel e papelão continuam sendo o tipo de material mais coletado por sistemas municipais de coleta seletiva no Brasil, sendo esse material um dos mais encontrados em canteiros de obra. Recentemente, tudo o que é sustentável se tornou global, incluindo as certificações. Hoje, praticamente, todas as nações industrializadas têm, pelo menos, um sistema de certificação em edificações sustentáveis. Até os países menores e menos desenvolvidos possuem diretrizes de sustentabilidade, geralmente, voltadas para a proteção dos ecossistemas e o uso eficiente dos recursos naturais locais (KEELER; BURKE, 2010). Eles podem tratar de considerações do terreno e de estratégias de crescimento e expansão urbana inteligente, bem como, o planejamento urbano voltado para pedestres, o uso de materiais que não contenham toxinas prejudiciais ao meio ambiente e à saúde pública, dando preferência a materiais com certificação. Esse estudo realizado em uma unidade empresarial, localizada no Setor de Rádio e Televisão Norte, é um instrumento determinante para diminuir a geração de resíduos na fonte, regular a segregação na origem, monitorar e reduzir riscos ao meio ambiente, além de, assegurar o correto manuseio e disposição final dos resíduos, extinguindo a intensificação dos efeitos degradantes na região. 2. Desenvolvimento 2.1 Localização do empreendimento Esse estudo foi realizado em uma obra localizada no Setor de Rádio e Televisão Norte, no centro de Brasília, com área construída de 49.369,16m².

5 2.2 Descrição do empreendimento Figura 1 Localização do empreendimento Esta obra, cuja implantação foi de 36 meses, é composta por 03 subsolos, 01 térreo e 07 pavimentos que somados resultam numa área construída de 49.369,16m². Cada pavimento terá 04 salas comerciais. No que se refere ao estacionamento projetado, esse compreenderá 634 vagas. 2.3 Caracterização da obra A caracterização da obra foi realizada por um gestor ambiental que analisou qual era o método construtivo da obra e a etapa em que se encontrava para assim determinar os tipos de resíduos que mais eram descartados. Através dos elementos construtivos do empreendimento que se tratava de uma obra de concreto protendido, com fôrmas pré-fabricadas, de metal com assoalho de madeira, escoramento de metal, alvenarias de blocos de concreto pré-moldados pela empresa e algumas divisórias de gesso acartonado, com cabos de aço sendo colocados em bainhas no próprio canteiro e concreto usinado, foi possível determinar quais os tipos de materiais de maior incidência. Figura 2 Fotografia aérea da obra em 2014

6 2.4 Método adotado Para possibilitar a elaboração de um plano de gerenciamento para os resíduos sólidos de construção civil gerados em obras de edificação vertical com fins comerciais, foi realizado um estudo de caso em uma unidade situada no Setor de Rádio e Televisão Norte. A gestão dos resíduos começou a ser feita no canteiro ainda na fase de estrutura da obra. A ideia surgiu após a empresa almejar uma certificação LEED para aquele empreendimento. Na figura 3 estão reproduzidos os passos para a formação de um plano de gerenciamento dos resíduos sólidos produzidos no canteiro de obras. Figura 3 Etapas do Plano de Gerenciamento 2.5 Plano de gestão de resíduos sólidos no canteiro de obras Uma atitude fundamental para a preservação do meio ambiente é o reaproveitamento dos resíduos sólidos da construção civil. É importante ser implantado no setor, a redução da geração de resíduos sólidos e o correto manejo desses no canteiro de obra, partindo da conscientização e sensibilização das pessoas envolvidas no processo. Segundo Blumenschein (2007), um importante fator no plano de gestão de resíduos sólidos é o processo de reciclagem, que depende de diferentes etapas, incluindo a qualidade do resíduo, a qual necessita, por sua vez, de uma adequada segregação na origem da geração. Portanto, um canteiro bem preparado consiste em uma equipe formada com engenheiros, mestres,

7 encarregados e colaboradores conscientes de suas responsabilidades e procedimentos que norteiam o processo de segregação dos resíduos, incluindo sua quantificação, armazenamento e correta destinação. 2.5.1 Preparação do canteiro de obras O canteiro de obras deve ser preparado para atender às necessidades de um sistema de gestão de resíduos, como: a) Áreas para depósito temporário: Os locais para depósito temporário são ambientes onde são colocados contêineres, tambores ou até lixeiras improvisadas no canteiro, destinados a receber todo tipo de resíduo ao final de um expediente, temporariamente. Em locais como os pavimentos, devem ser colocados depósitos temporários, como o da figura abaixo, para os resíduos que ocupam um pequeno volume. Quando o volume do resíduo for de grandes proporções, como é o exemplo do classe A, que segundo a Resolução 307 do Conama, são os restos de bloco, concreto, cerâmica e argamassa, o ideal é que se encaminhe esse tipo de resíduo para seu armazenamento final, no caso, utiliza-se baias ou contêineres para a sua destinação. Figura 4 - Tambores para armazenamento temporário de resíduos b) Fluxo dos resíduos no canteiro de obra: Os diversos tipos de resíduos produzidos no canteiro devem ser transportados de maneira adequada até os depósitos temporários e, logo em seguida, para as áreas de coleta. É

8 importante a disponibilização de carrinhos e locais apropriados para a circulação dentro do canteiro, já previstos no planejamento e gestão da obra. Deve-se evitar transtornos durante o fluxo de resíduos para que não haja nenhuma interferência no desenvolvimento da obra. c) Áreas para armazenamento de resíduos: Todo tipo de resíduos formado no canteiro de obra, deve ser armazenado em um local apropriado, até que esses sejam coletados por cooperativas de reciclagem. Devem ser considerados os acessos para a coleta, de modo que o transporte seja facilitado. Os locais de armazenamento de resíduos, devem permitir a quantificação dos que são coletados e evitar o acesso de pessoas que não sejam da obra. d) Áreas para coleta dos resíduos Quando os contêineres de armazenamento estiverem cheios, poderá ser realizada por cooperativas de reciclagem, a coleta dos resíduos. É fundamental frisar que o acesso aos locais para a coleta deve ser em pontos estratégicos, para que não haja transtorno ao andamento da obra. Figura 5 Local para a coleta de resíduos classe C 2.5.2 Preparação dos trabalhadores no canteiro de obras Essa etapa inclui a sensibilização e conscientização dos colaboradores que estão executando as ações definidas no PGRSC (Plano de Gerenciamento de Resíduos Sólidos da Construção Civil). A sensibilização dos colaboradores do canteiro de obra é o segundo passo para a implantação do PGRSC elaborado pela empresa construtora.

9 a) Apresentação do PGRSC no canteiro de obras: A apresentação do PGRSC no canteiro de obras deve envolver todos os funcionários, desde a alta administração (engenheiros, mestres, gestores ambientais, estagiários) até os colaboradores (encarregados, pintores, pedreiros, serventes, carpinteiros, eletricistas, empreiteiros, etc.). O conteúdo a ser exibido pode incluir diversos temas, por exemplo, a legislação pertinente, a crise ambiental, a responsabilidade de cada um no canteiro de obras, os diferentes tipos de resíduos e qual destinação apropriada de cada um, o impacto ambiental dos resíduos sólidos quando despejados, inadequadamente, entre outros. Figura 6 - Treinamento com os motoristas da concreteira 2.5.3 Procedimentos para o plano de gerenciamento dos resíduos sólidos no canteiro de obras Para implantação do plano de gerenciamento dos resíduos sólidos no canteiro de obras, devem estar bem definidos alguns procedimentos, além dos preparativos que já foram descritos nos itens anteriores. 2.5.3.1 Classificação dos resíduos

10 Segundo a Resolução 307 do Conama, os diferentes tipos de classes de resíduos gerados pela construção civil estão descritos abaixo: a) Classe A: são os resíduos reutilizáveis ou recicláveis como agregados, blocos, argamassas, concreto, cerâmicas, entre outros. b) Classe B: são os resíduos recicláveis para outras destinações, tais como plásticos, papel/papelão, metais, vidros, madeira, entre outros. c) Classe C: são os resíduos inviáveis quanto a sua reutilização, em função da tecnologia disponível como, a lã de rocha. d) Classe D: são os resíduos perigosos oriundos do processo de construção, tais como tintas, solventes e óleos. 2.5.3.2 Triagem dos resíduos Os resíduos passaram por uma triagem na sua fonte de geração ao término de um serviço ou então, ao término de um dia de trabalho. O objetivo é assegurar a qualidade do material e aumentar a sua chance de reciclagem, segregando-os de acordo com a classificação da Resolução 307 do Conama, separando-os nas classes A, B, C e D em locais distintos para futura utilização no canteiro ou fora dele. Foi de extrema importância sinalizar os locais, contêineres e baias de disposição e armazenamento de cada tipo de resíduo que é produzido no canteiro, para que todos possam identificar as classes e onde depositar de forma adequada os rejeitos. 2.5.3.3 Identificação e quantificação Todos os resíduos produzidos no canteiro foram identificados e qualificados, de acordo com os locais de armazenamento, baias, contêineres, que já devem estar separados de acordo com o que a Resolução 307 do Conama define. É importante que a quantificação seja sempre registrada em relatórios mensais, permitindo que a empresa possa assegurar o controle e parâmetros da quantidade e tipo de resíduo gerado. As informações que foram coletadas através desses relatórios permitiram que a empresa identificasse o número de caçambas reduzidas, a partir do momento que há a correta segregação dos resíduos gerados dentro do canteiro de obras. 2.5.3.4 Transporte interno

11 No transporte interno de resíduos no canteiro de obras, foi necessário o uso de equipamentos que facilitem a vida do trabalhador. Ao final de um dia de serviço, todo tipo de resíduo segregado, era transportado, através de carrinhos de mão, giricas, carrinhos quatro rodas até a área de armazenamento final. 2.5.3.5 Acondicionamento No decorrer da obra foram utilizados diversos recipientes, tais como, caçambas estacionárias, bombonas, barris, baias, dentre outros, a depender de sua disponibilidade e do tipo de resíduo. Alguns fatores, como, volume e características físicas dos resíduos, facilitação para a coleta, controle e utilização dos dispositivos, segurança para os usuários e preservação da qualidade dos resíduos nas condições necessárias, foram essenciais para a determinação do tamanho, quantidade, localização e do tipo de dispositivo a ser utilizado para o acondicionamento final dos resíduos dentro do canteiro de obras. 2.5.3.6 Reutilização e reciclagem dos resíduos Após a captação e triagem dos RCC foram aplicados a eles, processos de reutilização, reciclagem e beneficiamento para evitar os enormes volumes lançados em aterros sanitários e desperdício de matérias-primas. 2.5.3.7 Destinação final De acordo com Resolução CONAMA n 307/2002, é proibido a disposição dos resíduos de construção em aterros de resíduos domiciliares, em áreas de bota-fora, encostas, corpos d água, lotes vagos ou em áreas protegidas por lei. Portanto, nessa etapa foi realizada a identificação do local de destinação pela empresa construtora. 2.5.3.8 Certificação LEED A Certificação LEED avalia algumas categorias por meio de critérios formados por indicadores de desempenho, cada qual com sua pontuação, que ao final da avaliação, o empreendimento recebe a certificação conforme o total de pontos obtidos durante a fase de construção. Em cada critério de avaliação, existem alguns pré-requisitos que devem ser obedecidos, sem as quais a edificação não conseguirá receber a certificação. Os níveis de certificação de desempenho são: Certified (Certificado), Silver (Prata), Gold (Ouro) e Platinum (Platina).

12 No presente artigo foi abordado o LEED-NC (New Construction), cuja categoria é para novas construções e grandes projetos de renovação ou remodelação de edifícios já existentes, elaborado para guiar projetos com alta performance em energia, água, qualidade ambiental e produtividade. Atualmente, encontra-se na versão 3.0, abrangendo os critérios de espaço sustentável com 26 pontos, uso racional da água com 10 pontos, energia e atmosfera com 35 pontos, materiais e recursos com 14 pontos, qualidade ambiental interna com 15 pontos, inovação e processo do projeto com 6 pontos, e créditos regionais com 4 pontos possíveis de serem atingidos. 2.6 Implantação do plano de gerenciamento dos resíduos 2.6.1 Caracterização dos resíduos Os principais tipos de resíduos gerados na obra estão descritos na tabela 1. Tabela 1 Os principais tipos de resíduos gerados no canteiro 2.6.2 Reaproveitamento dos resíduos no canteiro de obras

13 Muitos resíduos foram reaproveitados no canteiro de obras, voltando assim, ao seu processo produtivo, como no caso das fôrmas. As sobras de madeira passavam por uma triagem, como mostra a figura 7. Caso pudessem ser reaproveitadas, retornavam para a obra; caso contrário, eram levadas por cooperativas de reciclagem, sob forma de resíduo. Figura 7 Local de triagem dos resíduos classe B: madeira Para o resíduo classe A (sobras de entulho e de concreto usinado), a solução encontrada para o seu reaproveitamento na obra, foi na confecção de meio-fio e também na estabilização de um reaterro, ao lado de uma cortina de contenção, como mostrado nas imagens 8, 9, 10 e 11.

14 Figura 8 Sobras de concreto usinado reutilizadas para confecção de meio-fio Figura 9 Sobras de concreto usinado na produção de fôrmas Figura 10 Utilização do resíduo classe A em um reaterro dentro do canteiro de obras

15 Figura 11 Funcionário despejando resíduo classe A no reaterro. Sobras de concreto também foram utilizadas na construção de um estacionamento provisório para a administração e de um lava-bicas, ambos dentro do canteiro de obras. Os restos de bloco foram enviados para a CPP (Central de Produção e Pesquisa) da empresa, para que fossem reaproveitados no processo de fabricação de novos blocos. 2.6.7 Transporte e destinação final para cada tipo de resíduo Na tabela 2 a seguir, estão os transportadores e a destinação final para os principais tipos de resíduo, produzidos no canteiro de obras. TIPO DE RESÍDUO TRANSPORTADOR DESTINATÁRIO FINAL CLASSE A - Entulho Só Entulhos Área Bela Vista CLASSE B - Papeis Cooperativa Recicla Brasília Capital Recicláveis CLASSE B - Plástico Cooperativa Recicla Brasília Capital Recicláveis CLASSE B - Vidros CLASSE B - Metais CLASSE B - Madeira CLASSE B - Gesso CLASSE B - Resíduos orgânicos CLASSE C - Resíduos nãorecicláveis CLASSE D - Resíduos perigosos Cooperativa Recicla Brasília Cooperativa Recicla Brasília Central de Pesquisa e Produção da Paulo Octávio Só Entulhos Tigrão Gessos Só Entulhos Só Entulhos Globo Soluções Ambientais Tadeu sucata de vidro Central de Pesquisa e Produção da Paulo Octávio Capital Recicláveis Central de Pesquisa e Produção da Paulo Octávio Cooperativa Sonho de Liberdade Logística reversa junto ao fornecedor (Tigrão Gessos) Aterro controlado da Estrutural Aterro controlado da Estrutural Globo Soluções Ambientais (incineração) Tabela 2 Transportador e destinatário final para cada tipo de resíduo Os resíduos foram transportados, internamente, com o auxílio de giricas e de carrinhos de mão, até o local onde o transportador final pudesse recolhê-los. Na figura 12, um funcionário conduz um carrinho de mão com alguns blocos de concreto.

16 Figura 12 Transporte interno de resíduo classe A Figura 13 Transporte de resíduo classe A ao seu destino final

17 Figura 14 - Cooperativa Sonho de Liberdade, responsável por receber resíduos de madeira 2.6.8 Remoção dos resíduos do canteiro de obras Tipos de Resíduos Blocos de concreto, blocos cerâmicos, argamassas, outros componentes cerâmicos, tijolos e assemelhados. Madeira. Plásticos (sacarias de embalagem, aparas de tubulação, etc). Remoção dos Resíduos Caminhão com equipamento poliguindaste ou caminhão com caçamba basculante, sempre coberto com lona. Caminhão com equipamento poliguindaste, caminhão com caçamba basculante ou caminhão com carroceria de madeira, respeitando as condições de segurança para a acomodação da carga, sempre coberto com lona. Caminhão ou outro veículo de carga, desde que o recipiente que os contém, seja retirado fechado, para impedir a mistura com outros resíduos na carroceria e/ou dispersão durante o transporte. Papelão (sacos e caixas de embalagem dos insumos, utilizados durante a obra) e papéis (escritório). Metal (ferro, aço, fiação revestida, arame, etc). Serragem. Gesso de revestimento, placas acartonadas e artefatos. Solos. Caminhão ou outro veículo de carga, desde que o recipiente que os contém, seja retirado fechado, para impedir a mistura com outros resíduos na carroceria e/ou dispersão durante o transporte. Caminhão, preferencialmente equipado com guindaste para elevação de cargas pesadas, ou outro veículo de carga. Caminhão ou outro veículo de carga, desde que o recipiente que a contém, seja retirado fechado para impedir a mistura com outros resíduos na carroceria e/ou dispersão durante o transporte. Caminhão com equipamento poliguindaste ou caminhão com caçamba basculante, sempre coberto com lona. Caminhão com caçamba basculante, sempre coberto com lona.

18 Telas de fachada e de proteção. Resíduos perigosos presentes em embalagens plásticas e de metal, instrumentos de aplicação como broxas, pincéis e outros materiais auxiliares, como panos, estopas e similares. Caminhão ou outro veículo de carga, com cuidado para a contenção da carga, durante o transporte. Caminhão de carga, sempre coberto ou outro veículo utilizado, especificamente, para essa destinação. Na tabela 3, está descrita a maneira como foi a remoção dos resíduos do canteiro de obras. Tabela 3 Remoção dos resíduos do canteiro 2.6.9 Relatório de viabilidade do LEED Na análise de resultados em questão, foi abordado o LEED-NC, um módulo para novas construções. Nele, encontram-se os critérios: espaço sustentável com 26 pontos, uso racional da água com 10 pontos, energia e atmosfera com 35 pontos, inovação e processo do projeto com 6 pontos, e por último, créditos regionais com 4 pontos, possíveis de serem atingidos. Na tabela 4, estão descritos os critérios avaliados e os pontos que a empresa almeja alcançar, ao término da obra. PRÉ- REQUISITOS PONTOS QUE IMPACTAM EM ALTERAÇÕES DE ESPECIFICAÇÕES PONTOS POSSÍVEIS COM POUCAS ALTERAÇÕES PONTOS VIÁVEIS PONTOS QUE IMPACTAM PROJETOS DE ARQUITETURA TOTAL (Fora os prérequisitos) ESPAÇO SUSTENTÁVEL 1-17 1 5 23 EFICIÊNCIA DO USO DA ÁGUA 1 - - - 8 8 ENERGIA E ATMOSFERA 3 6 4-13 23 MATERIAIS E RECURSOS 1 4 1 - - 5 QUALIDADE AMBIENTAL INTERNA INOVEÇÃO E PROCESSOS 2 1 3-1 5-5 - 1-6 CRÉDITOS REGIONAIS - 4 - - - 4 TOTAL 8 20 25 2 27 74 Tabela 4 Pontuação almejada pelo empreendimento LEED Analisando a tabela, temos um total de 74 pontos de 110 possíveis, que podem ser atingidos ao final da obra. Só que isso não quer dizer que o empreendimento irá receber esses 74 pontos, pois ainda será avaliado por uma comissão do USGBC. Com essa quantidade de pontos, o empreendimento seria certificado como uma obra LEED OURO.

19 Devido alguns critérios precisarem de mudanças de projetos e alterações de especificações, a meta é receber 55 pontos desses 74, que são os mais viáveis. Nada impede que a obra receba mais ou menos, tudo vai depender de como a obra será avaliada. Atingida a meta, a obra será certificada como empreendimento LEED PRATA. Os principais objetivos de sustentabilidade notáveis do empreendimento após ser concluído, são reduções em mais de 20% com gastos de energia e 40% em consumo de água. 3 Conclusões A sustentabilidade, tão almejada pela sociedade atual, certamente só será atingida se a construção civil, uma das principais, senão a principal indústria consumidora de matériaprima e geradora de resíduos, tornar-se sustentável. A correta gestão dos seus resíduos já é um importante passo para tal realização. Após a implementação do plano de gerenciamento de resíduos sólidos nessa obra, foram avaliados todos os aspectos, dentre eles, os pontos negativos, positivos e todas as dificuldades encontradas no gerenciamento dos resíduos da construção civil. Foram analisados, também, os critérios referentes à limpeza e organização do canteiro, bem como, a qualidade da triagem dos materiais. Após a designação de locais apropriados para o recolhimento e acondicionamento dos materiais segregados, a obra começou a mudar de aspecto. A organização e a limpeza do canteiro acabaram se tornando pontos positivos. Antes da implantação do PGRS, não existiam locais adequados para dispor os resíduos gerados, sendo colocados de qualquer modo a prejudicar o andamento da obra. Segundo a maioria dos funcionários, em entrevista feita no canteiro, uma obra bem limpa e organizada diminui os riscos de acidente. Nada mais óbvio, pois, além de uma obra mais segura para aqueles que ali trabalham, o ambiente de trabalho melhorou, bem como, a organização e logística dos espaços, contribuindo, assim, para a redução dos impactos ambientais.

20 As principais vantagens percebidas no canteiro com a implantação do plano de gerenciamento dos resíduos, foram: a melhoria no ambiente de trabalho, a limpeza e organização do canteiro, redução dos acidentes na obra, menores impactos sociais e ambientais, menores custos pela redução dos desperdícios, redução do material enviado para o aterro sanitário e uma conscientização ambiental geral, dentro do canteiro de obras. Outro fator positivo, refere-se à redução dos gastos mensais com transporte e aluguel de caçambas de entulho, pois habitualmente, todo o resíduo gerado na obra era enviado para o aterro sanitário, sem haver qualquer tipo de segregação e/ou reaproveitamento do material. Logo após a implementação do PGRS, os resíduos passaram a ser segregados e, com isso, todo o material que poderia ser reaproveitado no canteiro e/ou reciclado, era separado daqueles cuja única alternativa seria o envio para o aterro. Com isso, diminuiu o volume de resíduos transportados e a quantidade de caçambas de entulho caiu em torno de 75%. Ainda com relação à segregação, todo resíduo que poderia ser reciclado, como: papel, plástico, papelão e metais, foi coletado e transportado por cooperativas de reciclagem, mesmo que de forma, não tão eficiente, devido a uma falta de sinergia entre a empresa e as cooperativas. Uma das grandes dificuldades encontradas, foi a falta de tecnologia disponível para a reciclagem de materiais, como isopor e embalagens de argamassa e de cimento, resíduos que tiveram uma larga produção, dentro do canteiro de obras. Dentre outros problemas enfrentados, pode-se citar: a resistência dos trabalhadores terceirizados em colaborar na triagem dos resíduos; a falta de áreas específicas para o recebimento de resíduos classe A; a escassez de pessoal especializado para a coleta e reciclagem de material, como também, a falta de incentivo e de espaço físico no canteiro. A implantação do PGRCC, no caso do empreendimento em estudo, foi iniciada com o objetivo de se obter a certificação LEED. Foi feita para se obter um dos diversos pontos da certificação como, por exemplo, desviar, pelo menos, 50% dos resíduos dos aterros sanitários. O presente trabalho se propôs a analisar, também, os aspectos ambientais passíveis de serem implantados no empreendimento, cujo objetivo é o de torná-lo uma obra com conceito, ecologicamente correto, além de adquirir a Certificação LEED da USGCB. Nesse sentido, foram revistos os métodos e processos utilizados na construção, que estão relacionados com os critérios exigidos pelo LEED. Dificuldades foram enfrentadas nessa busca pela certificação, como algumas modificações no projeto original, para que esse se adaptasse à nova realidade do empreendimento, que passava por mudanças ambientalmente corretas. Hoje, os principais problemas ambientais enfrentados, são de responsabilidade dos autores da sociedade, Estado e mercado, o que requer sempre instrumentos de gerenciamento dos

21 recursos naturais, implicando num Estado capaz de regulamentar as questões relacionadas ao meio ambiente, com base em uma estrutura forte, ágil e integrada. Por fim, entende-se que com um eficiente sistema de fiscalização e de gerenciamento de resíduos sólidos, consiga-se articular ações eficazes, para acompanhar, de forma criteriosa, todo o ciclo dos resíduos, da geração à sua destinação final e, assim, contribuir para uma redução significativa dos impactos ambientais. 4 Referências ABNT. Associação Brasileira de Normas Técnicas. NBR 10004 Resíduos Sólidos Classificação. Rio de Janeiro/RJ, 2004. ABNT. Associação Brasileira de Normas Técnicas. NBR 15112 Resíduos da Construção civil e resíduos volumosos - Áreas de transbordo e triagem Diretrizes para projeto, implantação e operação. Rio de Janeiro/RJ, 2004. ABNT. Associação Brasileira de Normas Técnicas. NBR 15113 Resíduos sólidos da construção civil e resíduos inertes Aterros Diretrizes para projeto, implantação e operação. Rio de Janeiro/RJ, 2004.

22 ABNT. Associação Brasileira de Normas Técnicas. NBR 15114 Resíduos sólidos da construção civil - Áreas de reciclagem - Diretrizes para projeto, implantação e operação. Rio de Janeiro/RJ, 2004. BARROS, Regina Mambeli. Tratado sobre resíduos sólidos: gestão, uso e sustentabilidade. Rio de Janeiro: Interciência; Minas Gerais: Acta, 2012. 342p. BLUMENSCHEIN, R. N. A Sustentabilidade na Cadeia Produtiva da Indústria da Construção, UnB, CDS, Doutorado em Política e Gestão Ambiental, Brasília, 2004,252p. BLUMENSCHEIN, Raquel Naves. Manual técnico: Gestão de Resíduos Sólidos em Canteiros de Obras. Brasília: SEBRAE/DF. 2007. 44p. BRASIL, MINISTÉRIO DO MEIO AMBIENTE, CONSELHO NACIONAL DO MEIO AMBIENTE CONAMA. Resolução nº307, de 05 de julho de 2002. Estabelece diretrizes, critérios e procedimentos para a gestão dos resíduos da construção civil. Diário Oficial da República Federativa do Brasil, Brasília, DF, nº 136, 17 de julho de 2002. Seção 1, p. 95-96. GBC BRASIL. Certificações. Disponível em: <http://www.gbcbrasil.org.br/?p=certificacao > Acesso em: Julho de 2016. PINTO, T. P.; GONZÁLES, J. L. R. Manejo e Gestão de Resíduos da Construção Civil. Como implantar um Sistema de Manejo e Gestão dos Resíduos da Construção Civil nos Municípios. Brasília: Caixa Econômica Federal; Ministério das Cidades, Ministério do Meio Ambiente, 2005. v. 1, 198p. SINDUSCON-CE. Manual sobre Resíduos Sólidos da Construção Civil. Fortaleza 44 p SINDUSCON-SP. Gestão Ambiental dos Resíduos da Construção Civil: A experiência SindusCon-SP. São Paulo. 48 p