20-set-2013 Continuação do QE3 pelo Federal Reserve nos EUA surpreendeu o mercado; Semana com forte queda do dólar e dos juros futuros, além da sustentação da Bolsa; IPCA15 de 0,27% em setembro veio em linha com o esperado. Na última 4ª feira, contrariando a opinião majoritária do mercado, o Comitê de Política Monetária do Federal Reserve decidiu dar continuidade ao Quantitative Easing III, ou seja, seguir com as compras de US$ 85 bilhões por mês em títulos do Tesouro e títulos lastreados em hipotecas (ver Por dentro do Cenário). Com isso, a reação dos ativos financeiros foi relevante em nível global. O rendimento das treasuries de 10 anos voltou para 2,7% ao ano contra 2,9% antes do anúncio da decisão. Em comparação à 6ª feira da semana passada, o dólar americano caiu 1,5% contra uma cesta de moedas mais negociadas (índice DXY); o real valorizou-se em 3,0% contra o dólar (movimento mais intenso do que seus pares tendo em vista a política de intervenções sistemáticas no mercado que é feita pelo BCB); o Ibovespa sustentou-se acima dos 54 mil pontos; e os prêmios no mercado de juros recuaram 0,5 p.p. em média entre os vértices Jan15 e 21. Desta forma, os índices de renda fixa da família IMA conseguiram se recuperar em setembro. Diante da queda do dólar e do recuo dos juros no mercado internacional, a curva de juros no Brasil passou a refletir projeções menores para a taxa Selic ao longo do tempo, especialmente quando analisamos o ano de 2014. Para outubro, a maior probabilidade continua de aumento ao ritmo de 0,5 p.p. Para novembro, a curva embute alguma probabilidade de aumento em 0,25 p.p. Nosso cenário segue sendo o de dois aumentos de 0,50 p.p. (Selic a 10% ao ano). As declarações do presidente do Banco Central, Alexandre Tombini, da Comissão Mista de Orçamento do Congresso, sinalizaram comedimento com o ciclo total de ajuste da política monetária, sendo uma segunda influência para a queda dos prêmios na semana. Tombini mencionou influências pontuais que mantém o IPCA próximo ao teto da meta, que a convergência para níveis mais baixos tende a ocorrer ao longo dos próximos meses e deu a entender que existe um bom espaço de tempo para os preços absorverem o impacto da depreciação do câmbio sem a necessidade de combate forte aos efeitos primários deste choque. A variação de 0,27% do IPCA15 em setembro veio em linha com a nossa projeção e o consenso do mercado. O índice registra 5,9% em 12 meses contra 6,2% até agosto. A surpresa de alta com serviços privados foi compensada pela surpresa de baixa com bens duráveis. Nossa projeção para o IPCA em 2013 segue ao redor de 6%. Nossas projeções para a inflação abraçam premissas de reajuste dos combustíveis, dólar a R$ 2,30 em 2013 e R$ 2,40 no final de 2014. Em setembro, o Ibovespa registra valorização ao redor de 8%. Na semana, que também foi positiva para o mercado acionário brasileiro, fazemos os seguintes destaques positivos setoriais: telecomunicações, saneamento, properties e consumo cíclico. Os destaques negativos foram: transporte aéreo, papel e celulose.
Indicadores de Mercado Nome Unidade Nível % dia % mês % ano % 12m % 24m Fonte Renda Fixa (d-1 para índices da ANBIMA) CDI % ao ano 8,71% 0,03% 0,50% 5,41% 7,37% 17,76% CETIP IRFM 1 Índice - - 0,58% 4,80% 6,90% 18,43% ANBIMA IRFM 1+ Índice - - 2,07% -0,03% 5,00% 33,99% ANBIMA IMA Ex-C Índice - - 1,37% -1,04% 3,64% 19,91% ANBIMA IMA B5 Índice - - 1,23% 1,13% 6,43% 21,61% ANBIMA IMA B5+ Índice - - 1,96% -12,14% -3,39% 24,13% ANBIMA Inflação IPCA % - - 0,24% 3,43% 6,09% 11,65% IBGE IGP-M % - - 0,15% 2,16% 3,85% 11,87% FGV Prêmio de Risco / Commodities Risco país sot bps 149,58 - (57,27) 41,13 44,45 (21,62) BBG CRB Índice 287,44-1,06% -1,28% -2,57% -5,80% -10,22% BBG Moedas Dólar R$ 2,22 0,77% -6,88% 8,30% 8,71% 22,44% BCB Euro USD 1,35-0,07% 2,26% 2,49% 3,69% -1,14% BBG Euro R$ 2,99 0,54% -5,06% 10,58% 12,68% 21,00% BBB Ações - Brasil (em Reais) Ibovespa Índice 54110,03-1,79% 8,19% -11,23% -10,63% -3,51% BM&FBOVESPA Ibovespa USD 24438,84-2,34% 16,57% -17,74% -17,79% -21,20% BM&FBOVESPA IBX Índice 21571,76-1,46% 6,41% -1,87% 0,52% 13,47% BM&FBOVESPA IDIV Índice 3408,45-1,10% 6,26% -4,15% 1,19% 28,91% BM&FBOVESPA SMLL Índice 1362,93-1,51% 5,42% -11,74% -5,86% 10,52% BM&FBOVESPA ISE Índice 2480,01-1,40% 5,17% 1,95% 6,71% 26,83% BM&FBOVESPA Ações - Mundo (Índice - em moeda local) S&P500 EUA 1709,68-0,74% 4,70% 19,88% 17,88% 43,04% BBG FTSE Inglaterra 6596,43-0,44% 2,86% 11,85% 12,51% 25,97% BBG DAX Alemanha 8675,73-0,21% 7,07% 13,97% 17,64% 60,53% BBG Nikkey Japão 14742,42-0,16% 10,11% 41,82% 59,94% 66,58% BBG
jan/08 mai/08 set/08 jan/09 mai/09 set/09 jan/10 mai/10 jan/11 mai/11 jan/12 mai/12 jan/13 mai/13 jan/08 mai/08 set/08 jan/09 mai/09 set/09 jan/10 mai/10 jan/11 mai/11 jan/12 mai/12 jan/13 mai/13 dez/10 mar/11 jun/11 dez/11 mar/12 jun/12 dez/12 mar/13 jun/13 13,5 12,5 11,5 10,5 9,5 8,5 7,5 6,5 Taxas de juros nominais - Mercado futuro (%) Jan/14 Jan/17 Jan/21 2,5 2,4 2,3 2,2 2,1 2,0 1,9 1,8 1,7 1,6 1,5 Dólar 80.000 75.000 70.000 65.000 60.000 55.000 50.000 45.000 40.000 35.000 30.000 Ibovespa vs S&P500 1.800 1.600 1.400 1.200 1.000 800 600 Ibovespa S&P500
Por dentro do cenário A decisão do FOMC em continuar o programa de recompra de ativos sem mudanças acabou nos surpreendendo intensamente e ao mercado. Por quê? As sinalizações dos principais membros do Comitê feitas nas comunicações oficiais de julho estavam no sentido oposto e parte relevante do mercado avaliava que existia até mesmo atraso do FED com o início da redução das compras de treasuries e títulos lastreados em hipotecas. O que pesou então nesta decisão? A piora nas condições financeiras por causa do maior custo de financiamento devido ao forte aumento dos juros negociados no mercado nos últimos meses; o cenário vigente de atividade econômica mais fraca do que as projeções feitas pelo Comitê (que eram mais otimistas do que o consenso do mercado); e as incertezas com a política fiscal. Nós vínhamos destacando o caráter não linear e uniforme da recuperação americana, mas ainda assim fomos surpreendidos. A decisão e o comunicado foram baixistas com os juros. Mais incerteza foi agregada à perspectiva de normalização da política monetária americana. Mais volatilidade continuará presente na renda fixa e mercado cambial. O FED está menos confiante com a recuperação (a velocidade que projetava) e já fez ajustes em seu cenário. Não é claro que na reunião de outubro virá de vez o início da redução do programa de recompra. É mais provável que aconteça a partir de dezembro. Mais importante: existe grande preocupação em manter bem distante a perspectiva de aumento dos juros e, por isso, parâmetros de inflação e taxa de desemprego poderão ser introduzidos oficialmente no comunicado do FED na última reunião de 2013. Dada esta preocupação, o FED deverá declarar que os juros não sobem antes da inflação retomar o patamar de 2% nas projeções do Comitê e eventualmente pode reduzir a referência de taxa de desemprego para menos de 6,5%. Assim, a questão da velocidade da subida dos juros também ficaria bem sinalizada: muito gradual. Vemos isso nos números do Comitê. Possuem projeções de juros menores do que o mercado e projeções para a taxa de desemprego também menores do que o mercado. Parece precipitado afirmar que o FED errou na comunicação e que existe um risco de ter que concertar um suposto atraso da reversão do QE3, o que traria pânico ao mercado quanto ao nível dos juros. Pode ter sido uma ação intencional. Os desafios são inúmeros ao longo de 2014 após o início da redução das compras. Ainda virão as fases de redução do reinvestimento dos rendimentos das treasuries e redução do balanço propriamente. Pode até acontecer uma aceleração desta reversão do QE3 se o cenário ajudar, mas avaliamos como pouquíssimo provável uma antecipação do início do aumento dos juros. Continuamos projetando estes movimentos iniciais com os juros para meados do 2º semestre de 2015. A dissociação do QE3 do ajuste dos juros é ponto fundamental para o FED. Avaliamos que o nível neutro dos juros (4%, segundo o Comitê) seja atingido em 2018 e 2019. E, também existe dúvida, compartilhada por nós, se o nível neutro seria menor. Isso representa atratividade dos juros reais negociados aqui. Agenda Semana 23-27/Set: No Brasil, destaque para a pesquisa mensal de emprego referente ao mês de agosto (5ª feira) e Relatório Trimestral de Inflação (na semana). No exterior, destaque para vários pronunciamentos de diretores do Federal Reserve ao longo da semana; encomendas de bens duráveis nos EUA em agosto (4ª feira); e resultado final do PIB americano no 2º trimestre (5ª feira).
Glossário Renda Fixa IRFM 1; IRFM 1+; IMA B5; IMA B5+; e IMA Ex-C são componentes do IMA. O IMA Índice de Mercado ANBIMA é uma família de índices que representa a evolução, a preços de mercado, da carteira de títulos públicos e serve como benchmark para o segmento. Com o objetivo de atender às necessidades dos diversos tipos de investidores e das suas respectivas carteiras, o IMA é atualmente subdividido em quatro subíndices, de acordo com os indexadores dos títulos prefixados (IRFM), indexados ao IPCA (IMA B), indexados ao IGP-M (IMA C) e pós-fixados (IMA S). Com exceção das carteiras teóricas de títulos indexados ao IGP-M e pós-fixados (IMA-S), para as demais carteiras, são calculados subíndices com base nos prazos dos seus componentes. Adicionalmente, em virtude da intenção explícita da STN de não mais emitir títulos indexados ao IGP-M (NTN-C) e, ainda, devido à baixa liquidez observada neste segmento, foi determinada a construção de um índice agregado aos mesmos moldes do IMA-Geral, mas sem a participação do IMA-C, denominado IMA-Geral Ex-C. IRFM 1 IRFM 1+ IMA B5 IMA B5+ LTN e NTN-F com prazo < 1 ano LTN e NTN-F com prazo >/= 1 ano NTN-B com prazo < 5 anos NTN-B com prazo >/= 5 anos Fonte: ANBIMA / Adaptação: Itaú Asset Management Prêmio de Risco Spread over treasury do CDS (Credit Default Swap) de 5 anos. Variação em bps. Commodities Índice de uma cesta de commodities em dólares. Ações - Brasil IDIV Índice Dividendos SMLL Índice Small Cap ISE Índice de Sustentabilidade Empresarial Fonte: BM&FBOVESPA / Elaboração: Itaú Asset Management Disclaimer A Conjuntura Semanal é uma publicação da Itaú Asset Management. As informações contidas no informativo foram produzidas dentro das condições atuais de mercado e conjuntura. Todas as recomendações e estimativas aqui apresentadas derivam de nosso julgamento e podem ser alteradas a qualquer momento sem aviso prévio. O Banco Itaú não se responsabiliza por decisões de investimento tomadas com base nos dados aqui divulgados. Cotações às 17hs30min da 6ª feira.