Juros sobem na semana diante de percepção de inflação mais elevada; Dólar se deprecia 1,1% na semana, influenciado por entrada de fluxo externo;

Transcrição

1 24-mar-2014 Juros sobem na semana diante de percepção de inflação mais elevada; Dólar se deprecia 1,1% na semana, influenciado por entrada de fluxo externo; Ibovespa sobe 5,4% na semana, com destaque para empresas estatais. As taxas de juros no mercado futuro subiram na semana, sobretudo na parte mais longa da curva. O contrato DI Jan15 subiu +6 bps, encerrando a semana a 11,2% ao ano. Enquanto isso, o vértice do DI Jan17 variou +18 bps, encerrando a semana em 12,7% ao ano. O DI Jan21 também subiu 18 bps, fechando a semana cotado a 13,2% ao ano. O avanço dos juros é resposta à persistente preocupação com a dinâmica inflacionária (ver comentário Por dentro do cenário ) e à divulgação dos dados melhores do mercado de trabalho (CAGED) de fevereiro. Além disso, o presidente do Banco Central, Alexandre Tombini, mencionou no início da semana estar vigilante com a evolução dos preços dos alimentos in natura devido à falta de chuvas principalmente na região Sudeste. Com isso, a percepção dos analistas de mercado é de que a autoridade monetária promoverá mais um aumento de 25 bps na taxa Selic na reunião de 1º e 2 de abril. O IPCA-15, pouco mais baixo que o esperado, trouxe um viés de baixa para as taxas de juros na 6ªfeira. O dólar norte americano encerrou a semana com baixa ante ao real (- 1,1%), cotado a R$ 2,33. O fluxo positivo de dólares durante a semana e a menor aversão ao risco no exterior ajudaram a sustentar a valorização do real frente ao dólar. Além disso, notícia de que a China autorizou as 50 maiores empresas com ações listadas na Bolsa a levantar fundos através da venda de ações preferenciais ajudou a sustentar a alta das moedas ligadas a commodities. O Ibovespa terminou a semana subindo 5,4% na comparação com a semana anterior, cotado a pontos. Após quatro semanas em retração, a alta da bolsa brasileira na semana passada reverteu o sinal do mês, que acumula ganho de 0,61%. No ano, o índice acumula queda de 8,0%. Apesar do cenário internacional negativo, diante dos desdobramentos da crise da Ucrânia e dificuldades de crédito de empresas chinesas, a bolsa brasileira se descolou do comportamento das bolsas internacionais. A expectativa de divulgação de pesquisa de opinião sobre a corrida eleitoral ajudou a impulsionar a alta do Ibovespa. Destaque de alta na semana para empresas estatais. Em relação à 6ªfeira da semana passada as ações da Cesp subiram 2,9%, do Banco do Brasil 1,8% e da Petrobras 1,2% na semana.

2

3

4 Por dentro do cenário A seca dos últimos meses tem elevado as chances de ocorrência de racionamento de energia elétrica. As chances de acontecimento do evento ficarão mais claras até o final de abril. Isso porque a propensão de ocorrência de chuvas tradicionalmente é maior até lá. Se as chuvas ficarem inferiores à média histórica neste período, e se adentrar o período seco com níveis historicamente baixos dos reservatórios, a necessidade de se racionar energia aumenta consideravelmente. Atualmente, os especialistas do setor trabalham com chances entre 20% e 70% de haver racionamento. Ou seja, o cenário ainda segue bastante incerto. Neste sentido, a dúvida sobre o impacto do racionamento no PIB para 2014 é elevada. Em 2001, quando o país implementou racionamento de 20% de energia a partir de junho, o PIB recuou 3 p.p. em relação ao ano anterior (foi de 4,3% em 2000 para 1,3%). Porém, a desaceleração da economia também foi contaminada pela crise da Argentina no final de Porém, é difícil isolar estes dois efeitos. Nosso cenário é de PIB de +1,5% em 2014, sem ocorrência de racionamento. Se do ponto de visto do PIB ainda há esperança, o mesmo não ocorre com a inflação. A estiagem recente terá impacto relevante sobre os índices de preços. A seca prejudicou a produção de alimentos, em especial dos chamados in natura, que possuem ciclo de produção curto e impacto rápido aos preços ao consumidor final. Exemplo disso, o IGP-10 passou de 0,3% em fevereiro para 1,3% em março, principalmente por conta da forte alta nos preços agropecuários (+4,3% vs -1,7% em fevereiro). Em 12 meses, o índice acelerou para 6,7% de 5,6% em fevereiro. Para o IGP-M de março, projetamos +1,7%. Para 2014, o IGP-M deve subir para 6,9% de 5,5% em O IPCA-15 de março (0,73% vs 0,75% estimado) já foi contaminado pela alta dos alimentos, mas é esperada elevação ainda maior nos próximos meses. Para o IPCA de março, estimamos +0,8% (0,57% IPCA ex-alimentos). Para 2014, estimamos IPCA em 6,4%. Os dados do CAGED de fevereiro foram bastante positivos, ao mostrar criação de vagas formais de 261 mil (a mediana do mercado era +120 mil). Mesmo em termos dessazonalizado, houve alta de 129 mil em fevereiro se comparada à alta de 52 mil em janeiro. Diante do forte número, preferimos aguardar os dados de março antes de concluir se houve algum evento atípico na série(o que acreditamos ser o mais provável), ou se realmente houve mudança de tendência do mercado de trabalho. Nos Estados Unidos, a decisão de política monetária do Fed de manter a taxa de juros entre zero e 0,25% ao ano e a redução de US$ 10 bilhões na compra mensal de ativos (atualmente em US$ 55 bilhões) era amplamente esperada pelo mercado. No discurso, a presidente do Fed, Janet Yellen, anunciou o abandono da referência (foward guidance) para a taxa de desemprego de 6,5% e para a inflação (2%). A partir de agora, o comitê passará a considerar um conjunto bastante amplo de indicadores para balizar suas decisões de política monetária. A mudança, segundo Yellen, visa aumentar a transparência das decisões e não sinaliza qualquer mudança de diretriz.

5 Agenda da semana 24/mar Brasil EUA Zona do Euro China e Japão 10:30: Current Account Balance 09:58 - Markit US PMI Preliminary (Mar) 07:00 - Euro-Zone: CPI (Feb f) seg 05:00 - FR: PMI Services (Mar p) 25/mar ter 05:30 - GER: PMI Manufacturing (Mar a) 05:30 - GER: PMI Services (Mar a) 06:00 - Euro-Zone: PMI Manufacturing (Mar a) 06:00 - Euro-Zone: PMI Services (Mar a) 06:00 - Euro-Zone: PMI Composite (Mar a) 10:00 - House Price Index (Jan) 06:00 - GER: IFO Expectations (Mar) 11:00 - Consumer Confidence Index (Mar) 11:00 - New Home Sales 06:30 - UK: CPI 20:50 - JN: Trade Balance 26/mar qua 27/mar qui 08:00: FGV Consumer Confidence (Mar) 10:30: Total Outstanding Loans 09:00: Unemployment Rate Central Govt Budget Balance 09:30 - Cap Goods Orders Nondef Ex Air 09:30 - Cap Goods Ship Nondef Ex Air 09:30 - GDP Annualized QoQ (4Q T) 11:00 - Pending Home Sales 22:30 - CH: Industrial Profits YTD 20:30 - JN: Jobless Rate 20:30 - JN: Natl CPI 20:50 - JN: Retail Sales 28/mar 08:00: FGV Inflation IGPM (Mar) 09:30 - Personal Income 04:45 - FR: PPI 20:15 - JN: Markit/JMMA Manufacturing PMI (Mar) sex 10:30: Primary Budget Balance 09:30 - Personal Spending 20:50 - JN: Industrial 06:30 - UK: GDP (4Q f) Production (Feb p) 09:30 - PCE Core 07:00 - Euro-Zone: Consumer Confidence (Mar f) 10:55 - Univ. of Michigan Confidence (Mar f) 10:00 - GER: CPI (Mar p) 30/mar Sun Sem def. 20:15 - JN: Markit/JMMA Manufacturing PMI (Mar) 20:50 - JN: Industrial Production (Feb p) 03/27-03/31 - GER: Retail Sales

6 Glossário Renda Fixa IRFM 1; IRFM 1+; IMA B5; IMA B5+; e IMA Ex-C são componentes do IMA. O IMA Índice de Mercado ANBIMA é uma família de índices que representa a evolução, a preços de mercado, da carteira de títulos públicos e serve como benchmark para o segmento. Com o objetivo de atender às necessidades dos diversos tipos de investidores e das suas respectivas carteiras, o IMA é atualmente subdividido em quatro subíndices, de acordo com os indexadores dos títulos prefixados (IRFM), indexados ao IPCA (IMA B), indexados ao IGP-M (IMA C) e pós-fixados (IMA S). Com exceção das carteiras teóricas de títulos indexados ao IGP-M e pós-fixados (IMA-S), para as demais carteiras, são calculados subíndices com base nos prazos dos seus componentes. Adicionalmente, em virtude da intenção explícita da STN de não mais emitir títulos indexados ao IGP-M (NTN-C) e, ainda, devido à baixa liquidez observada neste segmento, foi determinada a construção de um índice agregado aos mesmos moldes do IMA-Geral, mas sem a participação do IMA-C, denominado IMA-Geral Ex-C. IRFM 1 LTN e NTN-F com prazo < 1 ano IRFM 1+ LTN e NTN-F com prazo >/= 1 ano IMA B5 NTN-B com prazo < 5 anos IMA B5+ NTN-B com prazo >/= 5 anos Fonte: ANBIMA / Adaptação: Itaú Asset Management Prêmio de Risco Spread over treasury do CDS (Credit Default Swap) de 5 anos. Variação em bps. Commodities Índice de uma cesta de commodities em dólares. Ações - Brasil IDIV Índice Dividendos SMLL Índice Small Cap ISE Índice de Sustentabilidade Empresarial Fonte: BM&FBOVESPA / Elaboração: Itaú Asset Management Disclaimer A Conjuntura Semanal é uma publicação da Itaú Asset Management. As informações contidas no informativo foram produzidas dentro das condições atuais de mercado e conjuntura. Todas as recomendações e estimativas aqui apresentadas derivam de nosso julgamento e podem ser alteradas a qualquer momento sem aviso prévio. O Banco Itaú não se responsabiliza por decisões de investimento tomadas com base nos dados aqui divulgados. Cotações às 17hs30min da 6ª feira.