UNIVERSIDADE VALE DO PARAÍBA FACULDADE DE EDUCAÇÃO E ARTES CURSO DE EDUCAÇÃO FÍSICA Treinamento de Força para Criança e Adolescente Sayuri Flavia Oliveira Teramoto São José dos Campos/SP 2015
UNIVERSIDADE DO VALE DO PARAÍBA FACULDADE DE EDUCAÇÃO E ARTES CURSO DE EDUCAÇÃO FÍSICA TREINAMENTO DE FORÇA PARA CRIANÇAS E ADOLESCENTES SAYURI FLAVIA OLIVEIRA TERAMOTO Relatório final apresentado como parte das exigências da disciplina Trabalho de Conclusão de Curso à Coordenação de TCC do curso de Educação Física da Faculdade de Educação e Artes da Universidade do Vale do Paraíba. Orientador: Prof. Me. Cláudio Alexandre Cunha. São José dos Campos/SP 2015
Sumário 1. INTRODUÇÃO... 4 2. JUSTIFICATIVA... 5 3. OBJETIVO... 6 3.1 Geral... 6 3.2 Específico... 6 4. METODOLOGIA... 7 5. REVISÃO DE LITERATURA... 8 5.1 Desenvolvimento físico e motor infantil... 8 5.1.2 Desenvolvimento físico e motor do adolescente... 9 5.2 Treinamento de força... 10 5.3 Treinamento de força para a criança e o adolescente... 11 5.3.1 Pensamentos errados sobre o treinamento de força para a criança e o adolescente... 13 5.4 Efeitos do treinamento de força para a criança e o adolescente... 14 5.4.1 Aumento da força e resistência muscular... 14 5.4.2 Aumento da densidade mineral óssea... 15 5.4.3 Composição corporal... 16 5.4.4 Melhora no desempenho esportivo e prevenção de lesões... 16 6. CONCLUSÃO... 18 7. REFERÊNCIAS... 19
RESUMO O treinamento de força para crianças e adolescentes não é algo comum, pois ainda existem pensamentos de que o treinamento de força não trás benefícios e não é seguro. O objetivo desse trabalho é entender os efeitos que o treinamento de força pode causar e apontar os pensamentos errados que ainda existem. O trabalho é de revisão bibliográfica e as pesquisas foram feitas através de artigos que abordam o tema sobre o treinamento de força para criança e o adolescente. Concluindo que o treinamento de força em seus benefícios são maiores que seus riscos, sendo um exercício seguro e eficaz, trazendo inúmeros resultados positivos para o crescimento e desenvolvimento. Palavras chave: Treinamento de força, exercício resistido, criança, adolescente, desenvolvimento, crescimento.
4 1. INTRODUÇÃO O TF (treinamento de força) é caracterizado pela capacidade de um individuo tem de superar determinada resistência que é imposta ao mesmo, onde envolve aparelhos de musculação, pesos livres, fitas elásticas e o próprio peso corporal. Essa modalidade pode ser praticada por todos, desde que seja prescrito de forma adequada de acordo com as necessidades do individuo e supervisionada por um profissional da área, para que os resultados esperados não sejam opostos pela pratica incorreta ou excessiva do TF (FLECK; KRAMER, 2001). Essa modalidade ainda é pouco praticada entre crianças e adolescentes, pois leigos e ate mesmo alguns profissionais da saúde mencionam que essa pratica seja inadequada para o crescimento e desenvolvimento da criança e do adolescente, pois associam o TF com o fisiculturismo e levantamento de peso olímpico (BRAGA, 2008). A idade é de grande importância para realizar o TF de forma eficaz, pois a criança depende de seu desenvolvimento, para que tenha postura, equilíbrio, controle de movimento e coordenação, e seja um treinamento seguro e eficiente. A criança começa a desenvolver coordenação a níveis maduros entre 7 a 8 anos, e não seria seguro que uma criança com menos de 7 anos realize o TF, e também depende de outros fatores do desenvolvimento como a capacidade de se concentrar e ter maturidade suficiente para aceitar, compreender os comandos e instruções, pois se não tiver atingido esse nível de desenvolvimento a criança não ira atingir os objetivos esperados para a realização do TF (STRIKER, 2006).
5 2. JUSTIFICATIVA O treinamento de força, também conhecido como exercício resistido é uma modalidade pouco praticada entre crianças e adolescentes, talvez por falta de incentivo ou falta de informação sobre esse tipo de treino, e na maioria das vezes os próprios pais e profissionais da saúde julgam que o treinamento de força seja prejudicial ao desenvolvimento e crescimento da criança e do adolescente. O treinamento de força é uma modalidade onde cada indivíduo realiza os exercícios através das suas necessidades e objetivos, para melhorar ou manter a aptidão física e previne lesões tantos nos esportes como atividades recreativas.
6 3. OBJETIVOS 3.1 Geral Entender os efeitos do treinamento de força em crianças e adolescentes. 3.2 Específico Entender efeitos e benefícios do treinamento de força para crianças e adolescentes; Entender como o treinamento de força pode ser adequado e eficiente à criança e o adolescente; Relatar pensamentos errados que existe sobre o treinamento de força para crianças e adolescentes;
7 4 METODOLOGIA O trabalho foi uma revisão bibliográfica com descrição analítica que abordará o assunto sobre os efeitos do treinamento de força em crianças e adolescentes. As palavras chaves utilizadas para a pesquisa foram: treinamento de força, exercício resistido, criança e adolescente, desenvolvimento.
8 5. REVISÃO DE LITERATURA 5.1 Desenvolvimento físico e motor infantil O desenvolvimento físico e motor são as mudanças físicas e de aprendizagem constante das habilidades que ocorrem durante o crescimento da criança. O período infantil se da às crianças de 2 a 10 anos, sendo que o mesmo pode ser subdividido em dois períodos, o período inicial para crianças de 2 a 6 anos e o período da infância posterior para crianças de 6 a 10 anos segundo os dados da National Center for Health Statistics (2000 apud GALLAHUE; OZMUN, 2005). No período inicial as crianças ganham peso e altura de forma constante e acelerada ate os 4 anos, após essa idade continuam ganhando peso e altura, mas de uma forma mais lenta que durará até a adolescência. Neste período meninas e meninos são bem semelhantes quanto ao desenvolvimento físico, e não se vê diferenças significativas (MIALINA, 1994). O período inicial é ideal para que as crianças desenvolvam a habilidade motora fundamental. A habilidade motora fundamental é dividida em três estágios: inicial (2 a 3 anos), elementar (4 a 5 anos) e maduro (6 a 7 anos), nesse período as crianças aprendem de forma rápida, pela facilidade de aprendizagem para a coordenação motora fundamental aprimorando suas capacidades locomotoras, de equilíbrio e tarefas manipulativas, caracterizando essa fase o caminhar e o correr com mais coordenação, saltos, arremessos e equilíbrio são os movimentos fundamentais dessa fase com uma coordenação mais rítmica, mas ainda existe dificuldade na consciência corporal, espacial e temporal. E no fim desse período a criança começa a ter maior complexidade em seus movimentos, e as habilidades motoras rudimentares já estão desenvolvidas (GALLAHUE; OZMUN, 2005). O período da infância posterior são as crianças de 6 a 10 anos, a criança esta passando pelo período final da infância, tendo uma estabilização na altura e no peso até o período pré-púbere, ainda não existe uma diferença significativa no desenvolvimento físico entre meninos e meninas, normalmente os membros são
9 mais longos que o tronco. No final da infância a criança ainda tem facilidade em aprender e absorver os estímulos que são propostos a ela, se desenvolvendo de forma acelerada, a coordenação motora fina, movimentos de pequenos grupos musculares, movimento minuciosos se aprimora nesse período da infância. Este período a criança desenvolve a habilidade motora especializada que também se divide em três estágios: transitório (7 a 10 anos), aplicação (11 a 13 anos) e utilização permanente (14 anos em diante). É um período que a criança e o adolescente conseguem assimilar melhor os movimentos e ter maior consciência corporal levando a uma postura e coordenação madura chegando próximo aos níveis adultos, estando mais apto a escolher uma modalidade esportiva, pela habilidade e coordenação mais aprimorada (GALLAHUE D. L. e OZMUN J. C, 2005). 5.1.2 Desenvolvimento físico e motor do adolescente A adolescência é o período de transição da infância para a maturação sexual da idade adulta, onde ocorrem inúmeros eventos marcantes para à adolescência. As características sexuais secundárias se desenvolvem diferenciando meninos e meninas, mudança no sistema endócrino pela quantidade de hormônio produzido nesse período. Na adolescência acontece um evento marcante denominado puberdade, o inicio da maturação sexual, nas meninas é marcada pela menarca e nos meninos a primeira ejaculação, sendo que o sistema reprodutor ainda não esta maduro, podendo ter a maturidade completa de um a dois anos depois desses eventos marcantes (MIALINA; BOUCHARD, 1991). Nas meninas a fase de estirão (surto de crescimento) normalmente inicia aos 9 anos, atinge o pico aos 11 anos e estabiliza aos 13 anos, nessa fase também ocorre o crescimento dos órgãos genitais, aparecimento dos pêlos pubianos, aumento do tecido adiposo em determinadas regiões pela alta quantidade de hormônio que esta sendo secretado, sendo o estrógeno o hormônio feminino principal. Nos meninos normalmente se inicia as 11 anos, atinge o pico aos 13 anos e estabiliza aos 15 anos, nessa fase há o crescimento dos órgãos genitais, mudança da voz, aparecimento dos pêlos pubianos, aumento da massa muscular
10 devido ao sistema endócrino pela alta quantidade de hormônio circulante, sendo a testosterona o principal hormônio para os meninos. Quando o surto de crescimento se estabiliza tanto nas meninas quanto nos meninos estão próximos a altura final da idade adulta, as meninas normalmente crescem até os 16 anos e os meninos até os 18 anos, as meninas amadurecem 2 anos mais cedo que os meninos (KIPKE, 1999). Na adolescência a coordenação motora esta na fase especializada que se divide em três estágios: transitório (7 a 10 anos), aplicação (11 a 13 anos) e utilização permanente (14 em diante). Esse estágio de aplicação e utilização permanente o adolescente começa a amadurecer a postura e a coordenação a níveis adultos, estando mais apto a escolher uma modalidade esportiva, pois a sua coordenação e habilidades já estão mais maduras, e no final dessa fase o adolescente poderá levar alguma modalidade esportiva que preferiu ao longo de sua vida a fins competitivos, recreativos ou uma atividade diária (GALLAHUE D. L. e OZMUN J. C, 2005). 5.2. Treinamento de Força O TF (treinamento de força) se caracteriza em exercícios que utilizam a contração voluntária da musculatura esquelética contra uma resistência, que envolve e o peso do próprio corpo, pesos livres, máquinas e fitas elásticas. É necessário que haja uma periodização e prescrição adequada do treinamento de acordo com os objetivos e as condições do indivíduo juntamente com a supervisão de um profissional, para que além dos benéficos, previna as lesões (FLECK; KRAEMER, 1999). Praticada entre homens e mulheres de todas as idades. A fim de aumentar ou manter a aptidão física, como um melhor desempenho esportivo, perda de peso, ganho de massa muscular, um melhor condicionamento físico, ganho de força, potencia, resistência e também aqueles que utilizam o treinamento de força por estética, além desses objetivos o TF trás inúmeros benefícios à saúde das pessoas que praticam, aumentando a densidade óssea, aumento do metabolismo
11 basal, aumento de massa muscular, controlar e manter o peso (WILLIAMS; GROVES; THUGOOD, 2010). 5.3 Treinamento de força para criança e adolescente Diferente dos pensamentos adversos de que o treinamento de força para as crianças e os adolescentes seja prejudicial à saúde dos mesmos, pois confundem o TF com fisiculturismo e levantamento de peso olímpico (FAIGENBAUM, 2003). O treinamento de força além de não ser prejudicial à saúde trazem benefícios às crianças e os adolescentes se forem prescrito de forma adequada e supervisionado por um profissional da área (MCCAMBRIGE, 2008). Na prescrição do TF para essa faixa etária pode ser utilizado além das máquinas e equipamentos do TF, as fitas elásticas, pesos livres e o peso corporal podem ser incluso para a prescrição do treinamento, e para um maior incentivo no programa de TF seria interessante atividades lúdicas com o objetivo de melhorar a força, a flexibilidade, agilidade, equilíbrio e rendimento cardiovascular para os mesmos (FAIGENBAUM, 2007). Para que haja aquecimento antes do treino com o objetivo de ativar toda a função neuromuscular, diminuir o risco de lesões e ter uma melhor adaptação durante o treino, e para que tenha um melhor rendimento e qualidade na execução dos exercícios, atividades lúdicas e exercícios dinâmicos podem ser essenciais para atingir o objetivo do aquecimento, se tornando mais atrativo e motivacional as crianças e os adolescentes (UGHINI, 2011). Os exercícios realizados nos equipamentos pelas crianças maiores e adolescentes, mesmo sempre que necessário adaptar para que os mesmos alcance uma altura adequada para utiliza-los tem apontado segurança e eficácia. Já as crianças menores não conseguem utilizar certos equipamentos pela estatura baixa (RUAS et al, 2014). Para iniciantes, os exercícios devem partir dos mais simples para os mais complexos para que se desenvolva confiança e competência necessária para a
12 execução. Deve se ter uma periodização envolvendo os principais grupos musculares durante cada sessão de treinamento. Deve-se começar a trabalhar exercícios multi-articulares para que depois introduza o mono-artilular. Sendo uma forma de que os exercícios mais complexos sejam feitos no inicio do treino enquanto os músculos estão menos fadigados, proporcionando um melhor rendimento. E com isso terão maiores ganhos de força e aprendizados pelas adaptações neurais, sendo que a maior contribuição para esses ganhos é durante a pré-adolescência. O método de exercícios pliomêtricos e de explosão são formas de um maior desenvolvimento da força em crianças e adolescentes, além de desenvolver habilidade de maior velocidade de movimentos e potencia muscular, isso é causado pelo alongamento e encurtamento rápido e constante das fibras musculares, além de estarem inseridas na vida diária dos mesmos, através das brincadeiras de salto, corrida e arremesso. Os exercícios pliomêtricos também devem partir de uma intensidade mais leve para gradualmente aumentar (UGHINI et al, 2011). Para a adaptação inicial é necessária uma periodização com cargas mais leves e mais repetições para que a criança e o adolescente possa se adaptar para o desenvolvimento de força. Realizar de 8 a 12 exercícios em uma sessão para um progresso positivo. O treinamento deve ocorrer de 2 a 3 vezes na semana, não podendo ser em dias consecutivos, para aprendizagem de uma melhor técnica e adaptação, depois de ganharem experiências necessárias podem passar a treinar com maior intensidade e volume conforme o objetivo de cada um, e sendo muito importante a variação no programa do treinamento para que seja estimulante, desafiador e efetivo, ajudando para futuras adaptações, e alcançar os objetivos com uma melhor performance e reduzir o risco de lesões. Para determinar carga à criança e ao adolescente é necessário teste de força máxima ou a utilização da tabela de esforço, para que auxilie na prescrição dos exercícios com eficácia e segurança (FAIGENBAUM, 2003). No final de toda a sessão de treinamento é indicado que haja uma volta calma para o relaxamento do corpo, normalização da frequência cardíaca e a volta da
13 temperatura corporal, alongamento, e também esse momento tem como objetivo, a conversa entre o professor e o aluno para que o professor saiba como o aluno esta se sentindo, e saber se seus objetivos estão sendo alcançados (FAIGENBAUM, 2003). 5.3.1 Pensamentos errados sobre o treinamento de força para crianças e adolescentes Pensamentos errados sobre o TF segundo Avery e Faigenbaum (2012): O TF impede o crescimento e causa danos nas placas de crescimento; Não tem aumento de força pelo baixo nível de hormônio anabólico circulante; Não é seguro; É apenas para jovens atletas e adultos; Diferente dos pensamentos adversos de que o treinamento de força para as crianças e os adolescentes seja prejudicial à saúde dos mesmos, pois confundem o TF com fisiculturismo e levantamento de peso olímpico (FAIGENBAUM, 2003). Relatam que a criança e o adolescente não têm hormônios anabólicos suficientes circulantes para que o TF seja efetivo para o ganho de força, mas estudos atuais demostram que a participação regular do TF para crianças e adolescentes pode proporcionar grande melhora da aptidão física, sendo a força como um dos principais ganhos pela adaptação neural e morfológica. Há grande preocupação de que o TF não seja seguro, e que seus riscos são maiores que seus benefícios, mas não se lembram de que os esportes e atividades recreativas que são propostas as criança, estão submetidos na maioria das vezes a riscos maiores que o do TF, pois na maioria dos esportes se tem alto rico de acidentes e lesões, principalmente esportes de contato direto. E o TF quando adequado e supervisionado o risco se torna mínimo (AVERY; FAIGENBAUM, 2012). O TF não interfere no crescimento e não causa danos nas placas de crescimento, sendo muito pelo contrário, o TF é favorável ao crescimento da
14 criança, e não pode interferir na carga genética que determina a altura de cada individuo. Não é apenas jovens atletas e adultos que podem se beneficiar com o TF, crianças e adolescentes quando pratica o TF também há grandes benefícios que proporcionam as crianças e aos adolescentes, como a melhora da aptidão física, que envolve a melhora da densidade mineral óssea e diminui o risco de desenvolver osteoporose, o individuo se torna mais ativo e tem mais interesse nas atividades físicas (AVERY; FAIGENBAUM, 2012). E o pensamento de que o TF não seja apropriado para a criança, pois é um treinamento baseado na individualidade, e é necessária a supervisão de um profissional, para que não tenha excesso de treinamento e cargas, pois o aumento de carga deve ser gradual conforme a aprendizagem e a execução correta dos movimentos deve haver uma periodização para melhores resultados. 5.4 Efeitos do treinamento de força para a criança e o adolescente Segundo a Academia Americana de pediatria (2011), quem pratica regularmente o treinamento de força, há uma melhora na resistência e força muscular, saúde cardíaca, composição corporal, densidade mineral óssea e flexibilidade. Além de diminuir a taxa de colesterol, ótimo para indivíduos com sobrepeso e obesos, pelo aumento da massa corporal magra e o aumento da taxa metabólica. Previne e reduz lesões trazendo uma maior eficiência quando se combina com exercícios piliomêtricos, exercícios de salto (AMERICAN ACADEMY OF PEDIATRICS, 2011). 5.4.1 Aumento da força e resistência muscular A força muscular é a capacidade de deslocar uma carga ou resistência, e a resistência é a capacidade de sustentar uma carga ou resistência durante um tempo (AMERICAN ACADEMY OF PEDIATRICS, 2003). O ganho de força entre criança e adolescentes através do TF é possível, pois quando se treina ocorrem às adaptações morfológicas e adaptações neurológicas que contribuem de forma diferente entre criança, adolescente e adulto. A
15 adaptação morfológica resulta no aumento da área de secção transversa dos músculos e a adaptação neuromuscular é através da ativação e recrutamento das unidades motoras, mais evidentes em crianças sendo o principal fator para esse ganho, que também esta relacionada à coordenação e aprendizagem, que facilita o recrutamento e a ativação dos músculos utilizados no TF (FOLLAND; WILLIAMS, 2007). A estatura, composição corporal, secreção hormonal e a força mudam conforme a necessidade e o desenvolvimento do individuo. No período em que a criança passa pelo estirão de crescimento, além do rápido ganho de estatura há também um desenvolvimento rápido da força, pois nesse período há o aumento da secreção dos hormônios anabólicos, desenvolvimento do sistema nervoso, aumento do numero e tamanho das fibras musculares e crescimento longitudinal desenvolvendo a força de forma natural, sendo que o ganho é diferente entre meninas e meninos (AMERICAN ACADEMY OF PEDIATRICS, 2006). O de força e resistência muscular é adquirido através das adaptações neurais pela ativação das unidades motoras, coordenação intermuscular e a aprendizagem neuromuscular. Os exercícios multi-articulares são os mais indicados para ser inseridos nas series de treinamento das crianças, pois contribuem de melhor forma esses ganhos. O aumento de força dos músculos ocorre devido aos estímulos neuromusculares, mas as adaptações aprendidas não são permanentes em músculos hipertrofiados (MIALINA, 2006). 5.4.2 Aumento da densidade mineral óssea A infância e a adolescência é um período de maiores possibilidades da remodelação e modelação óssea a partir de atividades com pesos, pois estimula a força de tensão e compressão. O estres mecânico causado pelo exercício, onde os ossos são submetidos a suportar pressão, tem importantes contribuições para a formação dos ossos e para o crescimento das crianças e adolescentes, além de terem massa óssea mais resistente no longo da vida (da SILVA FILHO et al, 2015).
16 O TF associado a exercícios pliomêtricos trazem maiores benefícios à saúde óssea das crianças e dos adolescentes pelo impacto que os exercícios causam, quanto maior a força de um individuo melhor será sua saúde óssea (ANLIKER et al, 2012). Segundo os estudos de Yu e Colaboradores (2005) que avaliaram algumas crianças que praticaram o TF, teve um aumento significativo da densidade mineral óssea, então o TF pode beneficiar a saúde óssea de forma significativa. O TF faz com que a densidade mineral óssea aumente se que interfira no crescimento, podendo ser uma boa estratégia as crianças e adolescentes para a prevenção de osteoporose na idade adulta (KARA; SNOW, CHRISTINE 2000). 5.4.3 composição corporal A composição corporal inclui a massa magra que é composta pelos ossos, músculos e vísceras, e a massa gorda que é o acumulo de gordura no organismo. O TF gera o equilíbrio da composição corporal, pois pode reduzir a massa adiposa e aumentar a massa muscular e óssea das crianças e dos adolescentes. O TF melhora o condicionamento físico, a taxa metabólica, ativação neuromuscular que contribuem para um menor risco de doenças vasculares e cardiovasculares, deixando os indivíduos fisicamente mais ativos, confiantes ao desempenharem atividades rotineiras que exijam coordenação motora, e ficam com maior disposição a pratica de exercícios físicos, levando esse benefício ate a vida adulta (RUAS et al, 2014). 5.4.4 melhora no desempenho esportivo e prevenção de lesões O TF proporciona a criança e ao adolescente um maior controle e coordenação das habilidades motoras, e também previne lesões em praticas esportivas. A criança e o adolescente tem um melhor desempenho esportivo pelo aumento da força e resistência muscular, potência e coordenação da habilidade motora que são fatores essenciais à prática esportiva além de diminuir o risco de
17 lesões. Os atletas devem no TF executar movimentos mais específicos do esporte em que pratica para que tenha uma melhor performance em seu esporte. O motivo pelo qual o TF pode prevenir e diminuir o risco de lesões, pois há um aumento de força das estruturas de sustentação (ligamentos, tendões e ossos), o aumento da habilidade muscular, e o equilíbrio de grupos musculares que envolvem as articulações faz com que suporte uma maior resistência e retarde a fadiga (FAIGENBAUM, 1996).
18 6. CONCLUSÃO Embora ainda existam mitos sobre o TF seja prejudicial para as crianças e os adolescentes, o TF não é um fator de risco para o crescimento e desenvolvimento das crianças e adolescentes, sendo uma pratica que beneficia a saúde e a qualidade de vida de cada um deles quando prescrito de forma adequada e supervisionado por um profissional da área, o TF em vista dos esportes traz riscos de lesão muito menores, sendo que seus benefícios se sobressaem, tornando uma pratica viável, pois além dos diversos benefícios como o aumento da força, resistência, potência, densidade mineral óssea, composição corporal e prevenção de lesões, o TF é uma base para todos os esportes, pela melhora da aptidão física.
19 7. REFERÊNCIAS AMERICAN ACADEMY OF PEDIATRICS. Care of the Young Athlete Patient Education Handouts, 2011 AMERICAN ACADEMY OF PEDIATRICS. Your Child's Prescription for the Best Experience, 2006. AMERICAN ACADEMY OF PEDIATRICS. Caring for Your Teenager, 2003. AVERY,D; FAIGENBAUM,A. Youth Strength Training: Facts and Fallacies. American College of sports medicine. Ed.D., FACSM, 2012. Anliker, E., Dick, C., Rawer, R., & Toigo, M. Effects of jumping exercise on maximum ground reaction force and bone in 8-to 12-year-old boys and girls: a 9-month randomized controlled trial. J Musculoskelet Neuronal Interact, v. 12. n. 2, 2012. Braga, F., Generosi, R. A., Garlipp, D. C., Gaya, A. Programas de Treinamento de Força para Escolares sem uso de Equipamentos. Revista Eletrônica da Ulbra São Jerônimo, v.3. 2008 da Silva Filho, J. N., da Fonseca, R. C., Cruz, A. P., de Maio Godoi Filho, J. R., Saraiva, B., & Ferreira, R. A. Efeitos do exercício físico de força sobre o desenvolvimento ósseo em crianças e adolescentes: uma revisão sistemática. RBPFEX-Revista Brasileira de Prescrição e Fisiologia do Exercício, v.9. n.51, 2015. FLECK, S. J; KRAEMER, W.J. Fundamentos do treinamento de força muscular. 2.ed. Porto Alegre: Artmed, 1999 FLECK, S. J; KRAEMER, W.J. Fundamentos do treinamento de força para jovens atletas. São Paulo: Manole, 2001 FAIGENBAUM, A. et al. Youth Resistance training: position statement paper and literature review. Strength and Conditioning Journal, v.18, n.6, p. 62-75, 1996. FAIGENBAUM, A. Youth resistance training. President's Council on Physical fitness and Sports. 2003 FAIGENBAUM, AVERY, D. State of the Art Reviews: Resistance Training for Children and Adolescents Are There Health Outcomes?. American Journal of Lifestyle Medicine, v. 1, n. 3, 2007. FOLLAND, J. P.; WILLIAMS, A. G. Morphological and neurological contributions to increased strength. Sports medicine, v. 37, n. 2, 2007. GALLAHUE,D.L.; OZUMUN J.C. Compreendendo o desenvolvimento motor. 3. ed. São Paulo:Phorte, 2005. p. 281.
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