PROJETO INTEGRADO DE PRODUTO ORIENTADO PARA A SUSTENTABILIDADE: UMA VISÃO DO DESENVOLVIMENTO DE PRODUTO SUSTENTÁVEL

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Transcrição:

PROJETO INTEGRADO DE PRODUTO ORIENTADO PARA A SUSTENTABILIDADE: UMA VISÃO DO DESENVOLVIMENTO DE PRODUTO SUSTENTÁVEL ROSANA ADAMI MATTIODA - rosana.mattioda@pucpr.br PONTIFÍCIA UNIVERSIDADE CATÓLICA - PUC - PARANÁ PÂMELA TEIXEIRA FERNANDES - pamelafernandes_di@hotmail.com PONTIFÍCIA UNIVERSIDADE CATÓLICA - PUC - PARANÁ JOSÉ LUIZ CASELA - j.casela@pucpr.br PONTIFÍCIA UNIVERSIDADE CATÓLICA - PUC - PARANÁ OSIRIS CANCIGLIERI JUNIOR - osiris.canciglieri@pucpr.br PONTIFÍCIA UNIVERSIDADE CATÓLICA - PUC - PARANÁ Resumo: O PRESENTE ARTIGO APRESENTA UMA VISÃO SOBRE O TEMA DESENVOLVIMENTO DE PRODUTO, SEUS CONCEITOS, MODELOS E FASES, TENDO A SUSTENTABILIDADE COMO PANO DE FUNDO. PROCURA RESPONDER A QUESTÃO PROBLEMA: QUAL O ATUAL RELACIONAMENTO ENTRE O PROCESSO DE DESENVOLVIMENTO DE PRODUTOS E A SUSTENTABILIDADE. NESSE CENÁRIO, FOI FEITO UMA REVISÃO BIBLIOGRÁFICA SOBRE OS PRINCIPAIS TEMAS QUE UNEM O DESENVOLVIMENTO DE PRODUTOS, A SUSTENTABILIDADE E O CHAMADO PRODUTO SUSTENTÁVEL. O RESULTADO FINAL DO ESTUDO DÁ ORIGEM A UMA VISÃO SOBRE OS ASPECTOS CONCEITUAIS QUE NORTEIAM ESSA RELAÇÃO. Palavras-chaves: DESENVOLVIMENTO DE PRODUTOS; SUSTENTABILIDADE; DESENVOLVIMENTO SUSTENTÁVEL; PRODUTOS SUSTENTÁVEIS. Área: 5 - GESTÃO DO PRODUTO Sub-Área: 5.4 - ENGENHARIA DE PRODUTO

INTEGRATED PRODUCT ORIENTED DESIGN FOR SUSTAINABILITY: A VISION OF SUSTAINABLE PRODUCT DEVELOPMENT Abstract: THIS ARTICLE GIVES AN INSIGHT INTO THE SUBJECT PRODUCT DEVELOPMENT, CONCEPTS, MODELS AND STAGES, WITH SUSTAINABILITY AS A BACKDROP. PROBLEM SEEKS TO ANSWER THE QUESTION: WHAT IS THE CURRENT RELATIONSHIP BETWEEN THE PROCESS OF PRODUCT DEVELOOPMENT AND SUSTAINABILITY. IN THIS SCENARIO, A LITERATURE REVIEW WAS DONE ON THE MAIN THEMES THAT UNITE PRODUCT DEVELOPMENT, SUSTAINABILITY AND SUSTAINABLE PRODUCT NAMED. THE END RESULT OF THE STUDY GIVES RISE TO A VIEW ON THE CONCEPTUAL ASPECTS THAT GOVERN THIS RELATIONSHIP. Keyword: PRODUCT DEVELOPMENT, SUSTAINABILITY, SUSTAINABLE DEVELOPMENT, SUSTAINABLE PRODUCTS. 2

1. Introdução O esgotamento dos recursos não renováveis, o aquecimento global, a destruição das florestas, a contaminação da água, a poluição atmosférica, dentre muitas outras questões, estão entre os mais graves problemas atuais, devido fundamentalmente, quando se fala em preservação do meio ambiente, a décadas de má gestão de recursos naturais, a expansão das atividades humanas em áreas que deveriam ser preservadas e ao desenvolvimento econômico sem elementos regulatórios que controlassem seus excessos. Sob essas condições o desenvolvimento sustentável tornou-se de extrema importância a nível mundial, mobilizando autoridades, empresas e nações a integrar o pensamento sustentável no planejamento de suas operações. De acordo com o relatório Brundtland (World Commission on Environment and Development, 1987), o desenvolvimento sustentável deve "atender às necessidades do presente sem comprometer a capacidade das gerações futuras satisfazerem suas próprias necessidades". O conceito central da sustentabilidade ou desenvolvimento sustentável é o chamado equilíbrio do "triple bottom line", que é alcançar simultaneamente prosperidade econômica, qualidade ambiental e responsabilidade social. Neste ambiente, o efeito da sustentabilidade para a sobrevivência e crescimento dos negócios está evidente nos assuntos globais em pauta. A exigência de projetos ecologicamente, socialmente e tecnologicamente sustentáveis tornaram-se requisitos constantemente estudados nas organizações para indicar soluções alternativas para novas estratégias de negócios. Como já afirmado por especialistas, as práticas de negócios sustentáveis melhoram a produtividade dos recursos da empresa, a confiança dos acionistas e satisfazem as exigências de uma nova classe consumidora (van BELLEN, 2006; ORECCHINI et al., 2012; OTHMAN et al., 2010; ROMEIRO FILHO et al., 2010). Conforme Huang (1996), no passado, a manufatura e os problemas ambientais eram tratados independentemente e quase nenhuma atenção era dada ao ambiente durante as várias fases que englobam o desenvolvimento de produtos. Tais problemas ambientais eram vistos e tratados como problemas que afetavam áreas específicas, como os locais para disposição final de resíduos que continham materiais perigosos ou a contaminação de rios e nascentes. Hoje, a consciência sobre esses problemas permite a compreensão do efeito imediato que o design e a manufatura têm sobre o ambiente e como os produtos e seus sistemas podem afetar os ecossistemas a sua volta. Sabe-se que as atividades de design são responsáveis por até 70% dos custos de manufatura de um produto. Com isso, é sensato considerar que também grande parte dos custos ambientais de um produto podem ser prescritos pelos seus estágios de projeto. Desenvolver produtos ou novos produtos é a razão de sucesso para se estabelecer ou se manter de forma competitiva no mercado. Reagir de forma rápida diante de aumento da concorrência, evoluções tecnológicas e o progressivo aumento de exigência do consumidor são condições básicas para se manter competitivo. Essas condições exigem das empresas e de seus gestores, agilidade, grande produtividade e um padrão de qualidade que está condicionado ao investimento que a empresa faz em seus processos de gestão e no processo de desenvolvimento de novos produtos. Neste contexto, o presente artigo tem por objetivo apresentar os principais conceitos de desenvolvimento de produto, sustentabilidade, desenvolvimento sustentável e produto sustentável. Através do embasamento teórico, conforme Berto e Nakano (1998, apud OKUMURA et al., 2011), o estudo teórico-conceitual é o ponto de partida de uma pesquisa com intenção de esboçar um primeiro cenário, ou pano de fundo, que engloba uma tentativa 3

de formular explicações acerca de algum aspecto da realidade. Neste caso, o artigo tem como intenção esboçar o cenário do desenvolvimento do produto no contexto do desenvolvimento sustentável. Como resultados apresenta-se a inter-relação da importância do desenvolvimento integrado de produtos dentro do pensamento da sustentabilidade. 2. Referencial Teórico 2.1 Desenvolvimento Integrado de Produto Conforme Romeiro Filho (2010) para reduzir o grau de incertezas e assegurar que as decisões são as mais assertivas dentro de um contexto é que se investe no desenvolvimento de produtos. A definição de desenvolvimento de produtos, projeto de produtos e outras terminologias afins, são apresentadas de forma bem diversificada, com dificuldade até de apresentar um referencial em comum que pode ser identificado e aceito tanto por designers como por gestores de empresas. A utilização de uma ou outra expressão está ligada às diferentes abordagens adotadas por seus autores e de como essa etapa se ocupa na estrutura organizacional das empresas. Das diferentes abordagens que são utilizadas para o processo de desenvolvimento do produto, pode-se citar: Engenharia Simultânea (ES) ou Engenharia Concorrente, Stage Gate conhecido como Phased Program Planing (PPP) ou modificado Phased Program Development (PPD), também chamado de funil de desenvolvimento, Structured Development Process (SDP), ou ainda Phased Review Process (PRP), Desenvolvimento Integrado de Produtos (DIP), etc. (EL MARGHANI, 2011, p. 41). O desenvolvimento de produtos envolve mais que o projeto de design, é essencial que uma ampla perspectiva do produto seja considerada a partir de uma visão holística. Sistemas como produção, marketing e manutenção devem ser desenvolvidos simultaneamente. A Figura 1 a seguir descreve um exemplo sobre esta visão holística. Figura 1. Exemplo de Desenvolvimento Integrado do Produto - determinação simultânea dos sistemas de vendas e marketing, do produto e do sistema de produção. Fonte: Adaptado de Andreassen e Hein, 1987 (apud van Hemel; Keldmann, 1996). Durante a etapa de desenvolvimento é importante que os processos de ES sejam aplicados, analisando o produto sobre os aspectos de desenvolvimento de tecnologia, desempenho, manutenção, confiabilidade, marketing, e aspectos ambientais, entre outros. Para responder à concorrência global, o desenvolvimento de um produto bem sucedido necessita metodologias atuais e aperfeiçoadas, que visem à organização dos processos de desenvolvimento de forma a 4

reduzir o desperdício ao projetar produtos para atender as necessidades e expectativas dos consumidores. A Engenharia Simultânea é uma das técnicas que podem ser usadas para alcançar estes objetivos (ROZENFELD, 2006; van HEMEL; KELDMANN, 1996; TSENG; EL-GANZOURY, 2012). O conceito ES foi inicialmente proposto como um potencial meio para minimizar o projeto, desenvolvimento e tempo de entrega do produto. Conforme Prasad (1999) a ES pretende incentivar os desenvolvedores de produtos, desde o início, a considerar o trabalho total tendo um grande impacto sobre o processo de criação e a maneira como uma organização conduz o negócio PDP, pois, substituem a tradicional abordagem sequencial "over-the-wall" por um projeto simultâneo de abordagem paralela com a fabricação. Visa reduzir o esforço total do produto da concepção à entrega, respeitando as necessidades dos consumidores. Exemplos de tecnologias populares na ES são soft prototyping, visualization, product data management, design for X-ability, multimedia, electronic data interchange (EDI), etc. A Engenharia Simultânea é descrita mais como uma filosofia do que como uma tecnologia. Trata-se de uma abordagem onde o design dos produtos e todos os seus processos no sistema de manufatura são considerados simultaneamente, incluindo requisitos estruturais e funcionais dos produtos associados às implicações de manufatura. Seus objetivos incluem o melhoramento da qualidade, redução de custos, diminuição dos tempos dos ciclos, aumento de flexibilidade, aumento de produtividade e eficiência e melhoramento da imagem social, além do trabalho cooperativo de equipes multidisciplinares. As informações pertinentes devem ser direcionadas entre as funções de design e os processos relacionados na organização, como análise de mercado, aquisição de materiais, estimativas de custo, usinagem, montagem, inspeções nas fases do ciclo de vida do produto como serviço e manutenção e disposição final (HUANG, 1996; PARSAEI, 1993). De acordo com Back et al. (2008, apud OKUMURA et al., 2011), o processo de desenvolvimento integrado de produtos (PDIP) é uma metodologia por meio da qual uma equipe multidisciplinar desenvolve um projeto, considerando simultaneamente ao longo do seu desenvolvimento, as necessidades e restrições do ciclo de vida do produto. Conforme os autores, Back (1983) recomenda os estudos nas disciplinas opcionais de ciências humanas, ciências econômicas, ciências sociais e inclusive de artes. Na visão dos autores o profissional de engenharia frequentemente é forçado a considerar outros fatores paralelos, assim preparao, abrangendo amplamente aos fatos conhecidos, para conversão adequada das especificações requeridas ao executar a função de projetar o produto em questão. 2.2.1 Modelos e Fases de e Desenvolvimento de Produtos El Marghani (2011) os textos clássicos de desenvolvimento de produto, apresentam diferentes abordagens cujos modelos possuem diferentes características. Em Engenharia Simultânea (ES) cita Clark & Fujimoto (1991), Miller (1993), Prasad (1996), Hubka & Eder (1998) e Pahl & Beitz (1996). No caso de Desenvolvimento Integrado de Produtos cita como referências Andreasen & Heins (1987), Prasad (1997) e Pugh (1990). Outras abordagens, conforme a autora seria: Stage-Gate (SG) e Product Based Business (PPB). Os modelos propostos para o e Desenvolvimento de Produtos apresentam diversas fases em seus processos e tipicamente são agrupados em três grandes macro-fases. Conforme El Marghani (2011) é possível identificar o objetivo conceitual comum que existe em três macro-fases: 1) Pré-desenvolvimento, onde se tem o estabelecimento das especificações de projeto do produto a ser desenvolvido; 2) Desenvolvimento, onde há as fases de projetação e implementação, responsáveis pelo delineamento das alternativas em atendimento aos 5

Pós-Desenvolvimento Pós-Desenvolvimento Implementação MACROFASES DO PDP Desenvolvimento Projetação Pré-Desenvolvimento Pré-Desenvolvimento XIX SIMPÓSIO DE ENGENHARIA DE PRODUÇÃO problemas identificados anteriormente, e; 3) Pós-desenvolvimento, fase em que são estabelecidas as modificações para garantir a continuidade da vida útil do produto, ou o seu fim de vida. A Tabela 1 demonstra algumas das diversas nomenclaturas para as fases do Processo de Desenvolvimento do Produto (Pré-Desenvolvimento; Desenvolvimento e Pós Desenvolvimento) encontradas nos modelos dos principais autores nas áreas de Engenharia e Design. Tabela 1. Nomenclaturas para as fases do PDP nas áreas de Engenharia e Design ÁREAS ENGENHARIA DESIGN AUTORES Rozenfeld et al. (2006) Stuart Pugh (2002) Kaminski (2000) Clark e Fugimoto (1991) Back (1983) Löbach (2000) Baxter (1998) Munari (1979) Planejamento Estratégico de Produtos Plano do Especificação de de Produto Especificação de técnicas de necessidade Estudo de Conceito Estudo de Viabilidade Conceitual Preparação Especificação de Estruturação do Problema Informacional Conceitual Conceitual Viabilidade Básico Planejamento do Produto Preliminar Geração Avaliação Conceitual de Configuração Criatividade Experimentação Modelos Verificação Detalhado Detalhado Executivo Engenharia do Produto Detalhado Revisão e testes Realização Detalhado Solução Preparação para Produção Manufatura Planejamento da produção do Processo Planejamento da produção de Fabricação Lançamento do Produto Execução Produção Piloto Planejamento de Marketing Acompanhar Produto / Produção Descontinuar Produto Fonte: Adaptado de El Marghani (2011) e Romeiro Filho (2010). Embora alguns modelos extendam sua macro-fase de pré-projeto é pertinente à divisão em duas fases distintas, pré-projeto e projeto informacional (fase correspondente à primeira etapa da macro-fase desenvolvimento ), pois apesar de relacionadas, a separação proporciona uma visibilidade maior dos resultados ao longo do processo e atendimento aos objetivos planejados e tomada de decisão. Conforme Rozenfeld (2006) o projeto informacional trata basicamente da aquisição e transformação de informações. Na fase conceitual, as atividades da equipe de projeto relacionam-se com a busca, criação, representação e seleção de soluções para o problema do 6

projeto. O projeto detalhado dá prosseguimento a fase anterior, objetiva desenvolver e finalizar todas as especificações do produto para ser encaminhada á manufatura e outras fases do produto. Uma boa parte da literatura adota o desenvolvimento de produto como voltado ao processo de negócio. A utilização de uma ou outra expressão está ligada às diferentes abordagens adotadas por seus autores e de como essa etapa se ocupa na estrutura organizacional das empresas (ROMEIRO FILHO, 2010). 2.2 Sustentabilidade e Desenvolvimento Sustentável A definição de Desenvolvimento Sustentável (DS) estabelece ligações claras com muitas questões de preocupação biofísicas e socioeconômicas, tais como: esgotamento de recursos, poluição, geração e eliminação de resíduos, qualidade ambiental, pobreza, segurança, crescimento populacional, justiça social, e assim por diante. Em geral, o campo de DS é subdividido em três áreas: econômica, ambiental e social, devendo todas suas dimensões ser abordados na avaliação da sustentabilidade. Assim, a interpretação taxativa de ecológico na qual a sustentabilidade e DS são vistos na maioria das vezes, passa a ter uma interpretação mais ampla, onde os três pilares são cobertos (HEIJUNGS et al., 2010; STEAD; STEAD, 2000). Conforme Guimarães (2012) a proposta DS é um método estruturado de ideias que ocorrem durante a atividade de design. Isso se reflete principalmente no que diz respeito às fases que podem ser consideradas as mais importantes do processo de projeto, ou seja, o planejamento e o conceito do produto. Para atender aos objetivos do desenvolvimento sustentável é necessário fechar os ciclos que envolvem o produto, garantindo o aumento da sua eficiência, pressionando para a inovação no sentido de ser uma solução para o problema, e não melhoria de um produto, tendo em vista a preferência futura por produtos duráveis e reutilizáveis em algum novo ciclo de produção (MULDER, 2007). 2.3 Consciência de Produtos Sustentáveis Decisões iniciais do projeto podem ter uma posição significativa ou mesmo impacto sobre a sustentabilidade da realização do produto. As decisões têm de ser feitas com base não só em estrutura, material e as escolhas de fabricação, mas sim considerar todas as etapas do ciclo de vida do produto, incluindo a distribuição, transporte, fim de vida, logística e gestão. Manzini e Vezzoli (2003, apud RAMANI et al., 2010) argumentam que o projeto deve focar no desenvolvimento de produtos únicos, para gerenciamento de sistemas de produtos que são conjuntamente capazes de cumprir as exigências ambientais. Novos modelos de decisão de fim de vida devem incluir aspectos como energia, estratégias da empresa, impactos ambientais, condições de mercado emergentes, as mudanças disruptivas e o lucro da empresa. Conforme Holloway et al. (1996) a necessidade de incorporar considerações ambientais tem sido dirigida por alguns fatores que podem facilitar as diferentes abordagens que atuam sobre um problema específico, como: financeira, legislativa, pressões do mercado e preocupação ambiental. Esses aspectos são diretamente afetados pelas modernas práticas industriais e os designers, por encontrar-se em uma posição central do processo de desenvolvimento de produtos, tem a capacidade de influenciar positivamente os efeitos ambientais através de suas decisões e ações. Termos como Design for Environment, Ecodesign, Green Design, Environmentally Conscious Design são usados alternativamente na literatura. De uma forma geral, o conceito desses 7

termos considera todos os impactos ambientais associados com um produto, ou sistemas ao longo do seu ciclo de vida completo, visando à redução desses impactos para o menor índice possível sem comprometer outros critérios como função, qualidade, custo e estética do produto (HOLLOWAY et al., 1996; van HEMEL et al., 1996). Nos últimos anos tem sido crescente o número de metodologias green desenvolvidas direcionadas aos objetivos de design ambiental. Essas diversas abordagens podem apresentar prós e contras em cada método ou caso específicos. Entretanto, um conjunto de objetivos e ações podem ser consideradas metas genéricas do design para mitigar os impactos ambientais, tais como: a) Considerar em termos ambientais todos os estágios do ciclo de vida do produto; b) Aumentar a eficiência no uso da energia dos materiais e outras fontes; c) Usar materiais reciclados, renováveis e biodegradáveis; d) Escolher materiais que minimizem outros danos ou poluições ambientais; e) Garantir que a expectativa de vida do produto seja apropriada e tentar estendê-la o máximo possível; f) Considerar o uso atual do produto visando minimizar os efeitos ambientais em longo prazo, e; g) Projetar para facilitar a reciclagem, reuso ou remanufatura dos produtos (HOLLOWAY et al., 1996; ROMEIRO FILHO et al., 2010). A produção sustentável também é um desafio para os atuais processos de produção. Os fabricantes de máquinas-ferramentas e sistemas de produção desempenham um papel significativo no fornecimento de máquinas mais sustentáveis, ou seja, mais viável e economicamente eficientes, ecologicamente corretas e que atendam as exigências previstas pela ergonomia garantindo a saúde dos usuários. Clientes exigem equipamentos mais confiáveis, máquinas mais limpas e mais acessíveis economicamente, não considerando apenas o custo de aquisição, mas também tendo em vista o seu ciclo de vida (AZKARATE et al., 2011). Segundo Marx et al. (2010) produtos sustentáveis podem ser definidos como soluções que atendam às necessidades e demandas sociais, minimizando impactos negativos e maximizando os impactos positivos nas dimensões ambiental, econômica, social e ética, através de ciclo de vida do produto. A abordagem do ciclo de vida é uma premissa para o desenvolvimento sustentável, uma vez que esse só é possível se os impactos negativos da extração de materiais, transformação, uso, disposição e processos de reutilização sejam evitados. De acordo com Mulder (2006, apud GAGNON et al., 2010) "[...] a sustentabilidade não é um critério extra. Trata-se de todas as características que um projeto deve cumprir. Design para a sustentabilidade combina a complexidade da concepção arquitetônica tradicional com a complexidade de se considerar uma série de questões ambientais que são baseadas em princípios ecológicos, dentro do desenvolvimento de soluções de design. (POHL et al., 2011). Esses conceitos expõem claramente que designers, projetistas e engenheiros devem considerar as questões de sustentabilidade em todas as fases de concepção de um projeto, através de complementos bem integrados à abordagem convencional, ou mesmo propondo novas abordagens. As questões centrais que norteiam o design sustentável são: 1) atenção para os volumes de produção e consumo; 2) ênfase na concepção de produtos para as demandas reais, atendendo a necessidades humanas locais; 3) ciclo de vida de produtos e projeto de produto/processo que facilitem a remanufatura; 4) concepção de sistemas relacionados, como embalagem ou logística, e; 5) compatibilidade ambiental com o uso de recursos locais e sua disponibilidade em longo prazo. (van WEENEN, 1995; GUIMARÃES, 2006, apud MARX et al. 2010). 2.4 Requisitos de sustentabilidade 8

Para as empresas, a sustentabilidade está se tornando um princípio dominante e essencial. Uma empresa sustentável deve criar lucros para seus acionistas, proteger o meio ambiente e melhorar as vidas daqueles com quem ela interage, operando de modo que seus interesses comerciais e os interesses do meio ambiente e da sociedade se cruzem. De acordo com Orecchini et al. (2012), a partir dos anos 1990, as empresas começaram a adotar os princípios da sustentabilidade em suas organizações, começando com a implementação das atividades ecos-eficientes e inovações verdes e, posteriormente, com a adoção de práticas de Responsabilidade Social e relatórios. A sustentabilidade hoje está tornando-se protagonista das estratégias corporativas. Segundo Pimenta (2008, apud ROMEIRO FILHO et al., 2010) a sustentabilidade empresarial é o desenvolvimento, implementação e manutenção de ações que tornem a organização economicamente viável e inserida em uma posição competitiva, levando em consideração a eficiência ambiental e a responsabilidade social aplicada em todas as suas operações.... Esse ponto abre uma perspectiva atual ao enfatizar a relação existente entre o desenvolvimento sustentável e a sustentabilidade empresarial. Reforça a visão de que as empresas devem adotar políticas de preços mais justos e operações adequadas à capacidade suportada pelos ecossistemas. Complementam ainda com ações que retornem a melhoria contínua para a organização, como a utilização de ferramentas de gestão capazes de administrar os aspectos e impactos ambientais, que veem a contribuir para o aumento do desempenho dos processos ao longo do ciclo de vida dos produtos (BOMMEL, 2011; FIKSEL, 2001). Ao longo dos anos uma grande variedade de técnicas foi desenvolvida para avaliar o desempenho ambiental dos produtos. No entanto, todas elas avaliam o aspecto ambiental de um produto de forma isolada, sem considerar os demais requisitos que um designer deve levar em conta durante o processo de design. Assim, a integração dos aspectos ambientais nas fases iniciais do processo de projeto juntamente com uma abordagem apoiada em multicritérios, que permite equilibrar as exigências ambientais contra outras exigências tradicionais, são dois dos fatores chave para o design sustentável de sucesso (BOVEA; PÉREZ-BELIS, 2012). A fim de implementar com sucesso o processo de projeto engenheiros podem contar com uma variedade de ferramentas, nas quais algumas se destacam por estarem em maior evidência, tais como: análise funcional, métodos de criatividade, desdobramento da função qualidade (QFD), matrizes, experimentos, simulações de computador, análise de risco, estimativa de custos, análise multicritério. Entretanto, várias restrições também devem ser consideradas: orçamento, cronograma, regulamentos, códigos, patentes, estratégias organizacionais, políticas públicas, etc. (GAGNON et al, 2010). No âmbito da estratégia da empresa, um sistema de valores baseado na sustentabilidade pode fornecer uma base solidamente ética para o desenvolvimento ecologicamente sensível de sistemas de gestão estratégicas, que permitem às organizações atender a grande demanda dos stakeholders verdes que representam o planeta na arena de negócios imediatos (STEAD; STEAD, 2000). 3. O Desenvolvimento de Produtos sob a Perspectiva da Sustentabilidade Guimarães (2012) sugere a existência de três tipos de abordagem no processo de desenvolvimento de produtos sustentáveis: a mais comum, que considera melhorias em algumas etapas do ciclo de vida e demonstra alguma prevenção para questões ambientais; uma mais avançada, porém não inovadora, que considera todas as etapas do ciclo de vida e envolve a participação de outras empresas; e a que pode ser considerada ideal, onde há a 9

preocupação da organização para os problemas de sustentabilidade, focando o desenvolvimento sustentável na sociedade e na manutenção da civilização. Bovea e Pérez-Belis (2012) em sua revisão apresentam três fatores principais que podem ser considerados como características necessárias para a otimização do processo de concepção de produtos sustentáveis: a integração precoce de aspectos ambientais no projeto de produto, uma vez que este oferece a flexibilidade necessária para ser capaz de realizar mudanças e incorporar melhorias nos produtos; a abordagem do ciclo de vida, considerando como o produto pode afetar o meio ambiente em suas diferentes fases, e; a abordagem de multicritérios, que simultaneamente leva em conta todos os requisitos tradicionais que afetam o produto (como a função, desempenho, qualidade, custo, etc.) juntamente com os outros aspectos relevantes (como segurança, saúde e requisitos legais e regulamentares) além dos impactos ambientais (BOVEA; PÉREZ-BELIS, 2012). s sustentáveis precisam ser tão técnicos quanto os projetos convencionais. Na literatura uma grande variedade de técnicas e ferramentas foram desenvolvidas para avaliar a exigência ambiental dos produtos e fazer a sua integração com o processo de projeto. Apesar de seu uso ser visto pelas indústrias como uma forma de aumentar a sua eficiência durante o processo de desenvolvimento de produto ainda não são amplamente adotadas, principalmente, porque não são modelos genéricos e imediatamente aplicáveis. As ferramentas de sustentabilidade devem, portanto, ser utilizadas em conjunto com as abordagens existentes associadas com a prática do estado-da-arte de engenharia (BOVEA; PÉREZ-BELIS, 2012; GAGNON et al., 2010). Ramani (2010) afirma que: [...] as escolhas de design, especialmente as decisões tomadas durante a fase inicial do projeto, podem levar até 70% do custo - incluindo o consumo de material e de recursos comprometidos. Como resultado, os impactos ambientais do ciclo de vida de um produto são em grande parte determinada pelo design. Para maximizar a sustentabilidade do produto, é mais desejável integrar os esforços de fabricação ambientalmente conscientes com um design para o ambiente. 4. Visão sobre a relação do desenvolvimento integrado de produto e a sustentabilidade Tendo em vista o conceitual teórico descrito anteriormente, a Figura 2 descreve a visão do de Desenvolvimento Integrado do Produto dentro da consciência sustentável. Figura 2. Inter-relação do Desenvolvimento Integrado do Produto sob a perspectiva da consciência sustentável. Os autores sugerem que todas as fases do projeto integrado para o desenvolvimento do produto devem estar contidas num pensamento mais amplo, que interagem entre si e é 10

englobado pela perspectiva do pensamento triple bottom line, neste caso em particular, nominado de Integrado de Produto Orientado para a Sustentabilidade. 5. Conclusão O pensamento apresentado neste artigo sugere que a estratégia empresarial deve considerar aspectos da sustentabilidade e do desenvolvimento sustentável, não apenas por obrigações legais, para atrair ou reter os clientes e funcionários, ou visando à lucratividade. A consciência das questões de sustentabilidade e do uso estratégico delas certamente apoia os esforços da empresa para ser rentável e é claramente um requisito obrigatório para a sobrevivência das empresas no futuro. A inovação, quando vista sob a perspectiva do desenvolvimento sustentável apresenta uma grande vantagem e uma oportunidade promissora e para as empresas. Entretanto, é perceptível que a sustentabilidade como estratégia de inovação ainda tem um longo caminho a percorrer dentro das indústrias. Na compilação dos modelos de Processos de Desenvolvimento de Produtos apresentada neste artigo, nota-se que a evolução dos modelos tem ocorrido com mais frequência nas práticas voltadas aos processos de engenharia. Quando o foco passa a ser o design, é evidente a falta de novas abordagens. Apesar da discussão sobre desenvolvimento sustentável já possuir uma expressiva representação na literatura, a maioria das ferramentas desenvolvidas para auxiliar no processo de projeto sustentável são direcionadas à visão da engenharia e são criticadas tanto pelos acadêmicos quanto pelas empresas como difíceis de utilizar, ou porque consomem muito tempo, ou porque há a necessidade da atuação de um especialista. Neste contexto ainda é necessário analisar, sob uma ótica do designer, como inserir de uma forma prática e funcional os requisitos de sustentabilidade no projeto de produto já em suas etapas inicias, considerando-os principalmente durante o processo criativo. Nas fases iniciais do PDP, há o envolvimento do designer já na etapa da geração do conceito do produto, particularmente na fase do projeto conceitual. É nessa fase, com uma ideia em processo de definição, tendo como fonte de informação o cliente, tendências do design, evolução do mercado, soluções de produção e manufatura, gestão de projetos, pesquisa de marketing, cadeia de suprimentos e, principalmente dentro do atual contexto, a questão ambiental que o produto nasce (ROZENFELD et al., 2006). Ao se tratar a questão da sustentabilidade já nas fases iniciais da concepção do produto, essas ações determinam as soluções de design, seus atributos de valor, estilo, especificações técnicas e processos, implementação industrial, entre outros. Tendo em vista que a ideia de Integrado (OKUMURA et al., 2011) significa atuar com uma equipe multidisciplinar e de maneira simultânea durante os processos de desenvolvimento, onde departamentos de marketing, engenheiros e designers devem trabalhar em conjunto, e de acordo com as novas exigências do mercado contemporâneo, a necessidade de atualizações para propostas de Processos de Desenvolvimento fica evidente, e novas abordagens que insiram em suas etapas de desenvolvimento as considerações com relação aos aspectos do triple bottom line. A compreensão desses aspectos geram respostas dentro desses novos paradigmas para apresentar soluções de design contemporâneas de forma a alcançar também, de forma integrada, a prosperidade econômica, a qualidade ambiental e a responsabilidade social. Somente assim, além de termos soluções originais e inovadoras, se estará atendendo as 11

exigências de projetos ecológica, social e tecnologicamente sustentáveis, através do desenvolvimento de Integrado de Produto Orientado para a Sustentabilidade. Referências AZKARATE, Ander; RICONDO, Itziar; PÉREZ, Amaia; MARTÍNEZ, Paulino. An assessment method and design support system for designing sustainable machine tools. Journal of Engineering Design, v.22, n.3, p.165-179, 2011. van BELLEN, Hans Michael. Indicadores de Sustentabilidade: uma análise comparativa. 2. Ed. Rio da Janeiro: Editora FGV, 2006. BOMMEL, H.W.M. Van. A conceptual framework for analyzing sustainability strategies in industrial supply networks from an innovation perspective. Journal of Cleaner Production, v.19, n.8, p.895-904, 2011. BOVEA, M D; PÉREZ-BELIS, V. A taxonomy of ecodesign tools for integrating environmental requirements into the product design process. Journal of Cleaner Production, v.20, n.1, p.61-71, 2012. EL MARGHANI, Viviane Gespar Ribas. Modelo de Processo de Design. São Paulo: Blücher Acadêmico, 2011. FIKSEL, Joseph. Measuring Sustainability in Ecodesign. In: Sustainable solutions: developing products and services for the future. CHARTER, Martin (Ed.); TISCHNER, Ursula (Ed.). Sheffield: Greenleaf, 2001. GAGNON, Bruno; LEDUC, Roland; SAVARD, Luc. From a conventional to a sustainable engineering design process: different shades of sustainability. Groupe de Recherche en Économie et Développement International. Université de Sherbrooke, Sherbrooke, QC, Canada, 2010. GUIMARÃES, Lia Buarque de Macedo. Sociotechnical design for a sustainable world. Theoretical Issues in Ergonomics Science, v.13, n.2, p.240 269, 2012. HEIJUNGS, Reinout; HUPPES, Gjalt; GUINÉE, Jeroen B. Life cycle assessment and sustainability analysis of products, materials and technologies. Toward a scientific framework for sustainability life cycle analysis. Polymer Degradation and Stability, v.95, p.422-428, 2010. van HEMEL, Carolien G.; KELDMANN, Troels. Applying Design for X Experience in Design for Environment. In: HUANG, G. Q. (Org.) Design for X: concurrent engineering imperatives. London: Chapman & Hall, 1996. HOLLOWAY, Leigh; TRANTER, Ian; CLEEG, David W. Design for Optimal Environmetal Impact. In: HUANG, G. Q. (Org.) Design for X: concurrent engineering imperatives. London: Chapman & Hall, 1996. HUANG, G. Q. Design for X: concurrent engineering imperatives. London: Chapman & Hall, 1996. MARX, Ângela Maria; PAULA, Istefani Carísio de; SUM, Fabiane. Sustainable consumption in Brazil: Identification of preliminary requirements to guide product development and the definition of public policies. Natural Resources Forum, v.34 p.51-62, 2010. MULDER, Karel F. Innovation for sustainable development: from environmental design to transition management. Sustainability Science, v.2, n.2, p. 253-263, 2007. OKUMURA, Maria Lucia Miyake; CANCIGLIERI JR. Osiris.; RUDEK Marcelo. A Engenharia Simultânea aplicada no desenvolvimento de produtos inclusivos: uma proposta de framework conceitual. VIII Congresso Brasileiro de Gestão de Desenvolvimento de Produto. Porto Alegre, RS, 2011. ORECCHINI, Fabio; VITALI, Giorgio; VALITUTTI, Valeria. Industry and academia for a transition towards sustainability: advancing sustainability science through university business collaborations. Sustainability Science, v.7, n.s1, p.57-73, 2012. OTHMAN, Mohamad R; REPKE, Jens-uwe; HUANG, Yinlun; WOZNY, Gunter. A Modular Approach to Sustainability Assessment and Decision Support in Chemical Process Design. Industrial & Engineering Chemistry Research, v.49, p.7870-7881, 2010. PARSAEI, Hamid R. Concurrent Engineering: Contemporary Issues and Modern Design Tools. Springer, 1993. POHL, Jens; ASSAL, Hisham; POHL, Kym Jason. Intelligent Software for Ecological Building Design. Journal Intelligent Decision Technologies, v.5, n.3, p.201-217, 2011. 12

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