CONTABILIDADE ANALÍTICA



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Transcrição:

CONTABILIDADE ANALÍTICA Capítulo Capítulo CONCEPÇÃO DO SISTEMA DE CONTABILIDADE DE GESTÃO A Contabilidade de Gestão, como instrumento essencial de apoio ao processo de tomada de decisão, deve contribuir essencialmente para a: Orientação estratégica (por exemplo, providenciar informação para a avaliação da escolha de um determinado segmento de mercado); Responsabilização: o desempenho das empresas depende da relação entre proveitos e custos, bem como do investimento necessário; Melhoria contínua. Assim, a Contabilidade de Gestão deixa de ter como tarefa a atribuição de custos a produtos (característica da Contabilidade de Custos), mas sim afectar os recursos utilizados (custos) e os produtos realizados (proveitos) a estruturas que representem a forma como a empresa está organizada (p.e. centros de responsabilidade, por produtos, por actividades, etc.) -2-

CONCEPÇÃO DO SISTEMA DE CONTABILIDADE DE GESTÃO Como moldar a atribuição de dados financeiros, ou seja, que concepções existem com vista a apurar o resultado da empresa? RECURSOS Lógica da Absorção: a preocupação é afectar os recursos utilizados (custos) pelos produtos. Óptica tradicional que é expressa no Método de Custeio Total. Neste caso, os custos directos (variáveis e fixos específicos) e os indirectos (custos fixos comuns) são utilizados na valorização do produto. Directos Comuns Repartição Produto Fonte: H. Jordan, J. C. Neves, J. A. Rodrigues Preocupação: encontrar formas de todos os custos serem imputados aos produtos CONCEPÇÃO DO SISTEMA DE CONTABILIDADE DE GESTÃO Lógica da Contribuição: a ênfase é dada às estruturas que existem nas organizações e no valor que elas criam ou propiciam. Deste modo, a análise envolve, por um lado, determinar o nível de receitas e, por outro lado, considerar os custo associados à utilização dos recursos (aqueles que me permitem obter as receitas). Isto leva a que as organizações caminhem para o Método ABC. SEGMENTOS Proporcionam Consomem recursos Contribuem com Produto RECEITAS CUSTOS MARGENS Fonte: H. Jordan, J. C. Neves, J. A. Rodrigues Preocupação: saber qual a rendibilidade do produto ou segmento em que a empresa opera. Activo Económico -3- -4-

Num processo de planeamento e controle de gestão é importante analisar a interacção que existe entre as seguintes variáveis: Preço de venda; Volume de vendas e produção; Estrutura dos custos; uma vez que influenciam o resultado da empresa. Custos Variáveis A sua ocorrência e respectivo montante está relacionado com o nível de actividade. Ao aumento de actividade corresponde um aumento destes custos. Custos Fixos: A natureza destes custos não se altera com o nível de actividade, pois são independentes e constantes ao longo do tempo. Custos Semi Variáveis Custos que são constituídos por uma parte fixa e uma parte variável. Por exemplo, o caso das remunerações dos vendedores em que uma parte é fixa (remuneração base) e a outra parte varia com o valor da facturação relativa às vendas de cada um. Método do Custeio Total Todos os custos industriais variáveis e fixos são imputados ao produto. Método do Custeio Variável: Apenas são imputados aos produtos os custos industriais variáveis, sendo os custos fixos imputados aos resultados. -5- -6-

Demonstração Resultados pelo Método do Custeio Total Vendas Q * PV CIPV Q * CI total Resultado Bruto Q * (PV - CI total ) Custos não Industriais Custos Não Industriais Resultado Antes Impostos Demonstração Resultados pelo Método do Custeio Variável Vendas Q * PV CIPV Q * CI variável Margem Bruta Industrial Q * (PV - CI variável ) Custos não Industriais Variáveis Q * CNI variável Margem Bruta Comercial Q * (PV - CI variável - CNI variável ) Custos Fixos Industrais CFI Custos Fixos não Industrais CFNI Resultado Antes Impostos -7- -8-

Diferença entre os 2 métodos: o custo do período é a componente negativa do resultado. Deste modo, No método do Custeio Total, os custos industriais (fixos e variáveis) são considerados na Demonstração de Resultados apenas quando os produtos são vendidos. No método do Custeio Variável, a componente de custos industriais fixos são considerados na Demonstração de Resultados quando são incorridos e não quando os produtos são vendidos. Exemplo Produção :1.000 ton Vendas :800 ton Preço Venda : 3.750 Euros Existência Inicial P.A :0 Custos Industriais Fixos : 500.000 Euros Custos Industrias Variáveis:1.200.000 Euros Custos Não Industriais Fixos :800.000 Euros Exemplo CUSTEIO TOTAL 500.000 + 1.200.000 Custo Industrial Unitário = = 1.700 1.000 Vendas =800*3.750 CIPV =800*1.700 Lucro Bruto =800*(3.750-1.700) Custos não Industriais 800.000 Resultado Antes Impostos 840.000 CUSTEIO VARIÁVEL 1.200.000 Custo Industrial Unitário = = 1.200 1.000 Vendas =800*3.750 CIPV =800*1.200 Margem Bruta Industrial =800*(3.750-1.200) Custos não Industriais Variáveis 0 Margem Bruta Comercial =800*(3.750-1.200-0) Custos Fixos Industrais -500.000 Custos Fixos não Industrais -800.000 Resultado Antes Impostos 740.000 Existência s Finais = 1.700 200 = 340.000 Existência s Finais = 1.200 200 = 240.000-9- -10-

MÉTODO DE CUSTEIO REAL VS BÁSICO Método Custeio Real: consiste no apuramento dos custos de produção (MP + Custos de transformação através do método das secções homogéneas) com base nos custos realmente incorridos no período em análise. Este método subdivide-se em: Custeio Total Real Custeio Variável Real Método Custeio Básico: à priori são determinados os custos unitários das matérias-primas, das secções e do produto acabado. Origina desvios: Compras: Qr*Cr Qr*Cb Secções Principais: (CDr + Ar*Cb) Ar*Cb Fabricação: (Qr*Cb + Ar*Cb) Qr*Cb MÉTODO DE CUSTEIO REAL VS BÁSICO Compras Matéria-Prima Quant. Reais * Custo Real Quant. Reais * C. Básico Desvio Compras Secção Principal Custos Directos Reais Act. Real * Custo Básico Act. Real * Custo Básico Desvio Secção Fabricação Quant. Reais * Custo Básico Quant. Reais * Custo Básico Act. Real * Custo Básico Desvio Fabrico Produto Acabado Secção Auxiliar Quant. Reais * Custo Básico Quant. Reais * Custo Básico Custos Directos Reais Act. Real * Custo Básico Desvio Secção -11- -12-

MÉTODO DE CUSTEIO RACIONAL Na determinação do custo de produção de um produto/serviço, é necessário isolar o efeito da variação no nível de actividade dos Centros de Custo ou do nível de quantidades produzidas (previsto no POC 5.3.3). Por natureza, esse efeito tem impacto apenas nos custos fixos industriais, uma vez que por definição, os custos variáveis acompanham de uma forma proporcional o nível de actividade produtiva ou dos Centros de Custos. Actividade Real (A r ) Capacidade Instalada Actividade Normal (A n ) MÉTODO DE CUSTEIO RACIONAL Donde, o montante de custos de transformação fixos a considerar na: Determinação do custo do Centro de Custo, ou; Determinação do custo industrial do produto; é o seguinte: Custos Fixos Industrial Actividade Real Actividade Normal Coeficiente Imputação Racional Assim, de acordo com o método de custeio racional: CIPT = Custos Variáveis Industriais + Custos Fixos Imputados Custo Industrial Secção = Custos Directos Variáveis + Custos Fixos Imputados -13- -14-

MÉTODO DE CUSTEIO RACIONAL A parte dos custos fixos industriais não imputados aos produtos é considerado na rubrica de resultados analíticos Diferenças relativas a níveis de actividade. Conclusão: Este método imprime um comportamento de custo variável à componente fixa dos custos industriais imputados aos produtos. Exemplo Outubro Novembro Actividade Normal 1.000 1.000 Actividade Real 800 900 Coeficiente de Imputação Racional 0,8 0,9 Custos Fixos Industriais 100.000 100.000 Custos Fixos a Imputar 80.000 90.000 Custos Variáveis Industriais 64.000 72.000 CIPT 144.000 162.000 CIPT Unitário 180 180-15-