Boletim Ativos do Café - Edição 15 / Dezembro 2013 Preços do café intensificam a descapitalização na cafeicultura brasileira em 2013 Entre janeiro/13 e novembro/13 o Coffea arabica (Arábica) apresentou uma desvalorização de 31,18%, ficando em R$218,48/saca em média. No Coffea canephora (Conilon) a queda nos preços chegou a 21,62%, e o preço de venda ficou em R$196,65/saca. Os preços de venda médios ficaram em R$276,68/saca (Arábica) e R$231,21/saca (Conilon) entre janeiro/13 e novembro/13. Estes valores representam as médias mensais do café em cada município considerando as classificações física (classificação por tipo) e sensorial (classificação quanto à bebida). Nas regiões produtoras de Arábica, o preço em cada município corresponde à média ponderada de diferentes tipos e bebidas, e nas produtoras de Conilon corresponde à média dos diferentes tipos de café. Durante os paineis de levantamento de dados, foram estimados os percentuais dos diferentes tipos e bebidas produzidos. A análise econômica demonstra que em 2013 a cafeicultura apresentou lucro apenas em Luís Eduardo Magalhães/BA. Em e a produção de Conilon apresentou pequenos prejuízos, R$0,94/saca e R$3,37/saca respectivamente. A receita auferida foi superior ao Custo Operacional Total (COT), porém inferior ao Custo Total (CT). Em alguns municípios, os preços não foram suficientes para cobrir os COT, gerando um processo de descapitalização ou incapacidade de renovação da capacidade produtiva. Em outros, a receita foi menor que o Custo Operacional Efetivo (COE), demonstrando a necessidade de aportes de recursos. Em média, o prejuízo da cafeicultura de Arábica foi de R$147,83/saca. Em Manhumirim/MG, o prejuízo foi de R$271,23/saca, enquanto em Luís Eduardo Magalhães/BA houve lucro de R$21,46/saca. Já
Manhumirim/MG Guaxupé/MG Santa Rita do Sapucaí/MG Abatiá/PR Brejetuba/ES Franca/SP Monte Carmelo/MG Capelinha/MG Luís Eduardo Magalhães/BA na cafeicultura de Conilon, em média o prejuízo foi de R$10,06/saca. O prejuízo em foi de R$60,97/saca. O CT compreende a soma entre o COT (COE + Depreciações + Pró-labore) e os custos de oportunidade do Capital Circulante Próprio e dos Bens de Capital (taxa de juros de 6% ao ano) e da Terra (valor de arrendamento). Ele indica a situação econômica do empreendimento considerando todos os custos implícitos, que neste caso se referem aos valores que estes fatores poderiam gerar em investimentos alternativos à cafeicultura. 600,00 Custos e preços de venda médios entre janeiro/13 e novembro/13 (R$ / saca de 60kg) 500,00 400,00 300,00 200,00 100,00 0,00 Coffea arabica Coffea canephora COE Depreciação + Pró-labore (+ COE = COT) Custo de Oportunidade (+ COT = CT) Preço médio de venda COE do Coffea arabica acumulou aumento de 3,44% entre janeiro/13 e novembro/13 O aumento médio do Custo Operacional Efetivo (COE) do Coffea arabica (Arábica) entre janeiro/13 e novembro/13 foi de 3,44%. Em novembro/13, o COE médio das regiões manuais foi de R$388,58/saca, R$342,91/saca nas regiões semimecanizadas e R$261,36/saca nas mecanizadas. Entre janeiro/13 e fevereiro/13 os custos com mão de obra influenciaram diretamente o aumento no COE, que em março/13 sofreu retração em função dos preços dos insumos agrícolas, em especial os fertilizantes. De abril/13 a setembro/13 houve certa estabilidade nos custos, independentemente do nível de mecanização das lavouras. Entre setembro/13 e novembro/13 os insumos agrícolas novamente se destacaram no comportamento do COE, tanto na menor variação de outubro/13 em comparação a janeiro/13, quanto no aumento em novembro/13, quando seus preços foram superiores aos de outubro/13. Em regiões mecanizadas, os custos com mecanização também influenciaram o aumento do COE nestes últimos meses, quando ficaram 9,17% maiores que os de janeiro/13.
A maior variação nos custos de regiões mecanizadas ocorreu em maio/13, e em regiões manuais em setembro/13. Em ambos os casos, apenas os custos com corretivos agrícolas e energia elétrica foram menores em comparação a janeiro/13. Nas regiões semimecanizadas, a maior variação foi em novembro/13, quando os custos com defensivos foram 12,24% maiores do que os do primeiro mês do ano. 107,00 Variação acumulada no COE do Coffea arabica de acordo com o tipo de manejo (Base 100) 106,00 105,00 104,00 103,00 102,00 101,00 100,00 99,00 jan/13 fev/13 mar/13 abr/13 mai/13 jun/13 jul/13 ago/13 set/13 out/13 nov/13 Manual Semimecanizado Mecanizado Produção de Conilon na Bahia e no Espírito Santo remunera investimento A taxa de remuneração do capital investido em bens de capital na cafeicultura de Coffea canephora (Conilon) na Bahia e no Espírito Santo foi positiva em 2013. Entre janeiro e novembro a remuneração média do capital em foi de 22,39% ao ano (a.a.) e em de 8,74% a.a.. Em, onde o processo produtivo é manual, a receita com o café não remunerou o investimento do produtor. A produtividade nas regiões analisadas foi decisiva para a composição deste resultado. A produtividade em é em média 74% menor que nas demais regiões, que além de serem semimecanizadas, possuem lavouras irrigadas. Nos municípios da Bahia e Espírito Santo os preços médios de venda ficaram em R$231,64/saca até o mês de novembro. Já no município de Rondônia a saca foi comercializada por R$213,91. Quanto aos custos, como em a área produtiva é pequena (5 hectares) em comparação à (50 hectares) e (20 hectares), os custos fixos se diluíram menos, elevando os Custos Operacionais Totais (COT). Entre janeiro e novembro, os COT nestas regiões foram R$223,20/saca (), R$184,41/saca () e 196,46/saca (). A taxa de remuneração sobre os bens de capital, indicador econômico considerado nesta análise, corresponde ao percentual que a Margem Líquida (ML = Preço COT) representa sobre o valor médio do investimento em máquinas, implementos, benfeitorias, equipamentos para irrigação e o valor da terra.
20. 000, 00 18. 000, 00 16. 000, 00 14. 000, 00 12. 000, 00 10. 000, 00 8. 000, 00 6. 000, 00 4. 000, 00 2. 000, 00 0, 00-2. 000, 0 90, 00% 70, 00% 50, 00% 30, 00% 10, 00% - 10, 00% Margem de lucratividade e Remuneração sobre os bens de capital - Média entre janeiro/13 e novembro/13-17.203,70 15.202,91 13.830,75 12.770,08 3.850,36 4.017,58 3.372,95 2.432,83 22,39% 8,74% 0,00% -167,22 Receita / ha Custo Operacional Total / ha Margem Líquida / ha Remuneração Coffea canephora Reais Taxa de Remuneração (Bens de Capital) Produção mundial de Robusta cresce três vezes mais que a de Arábica O Bureau de Inteligência Competitiva do Café (www.icafebr.com) analisou dados sobre o crescimento da produção mundial de Coffea canephora (Robusta/Conilon). O objetivo foi identificar quais países estão em melhores condições para a produção do grão e quais as implicações para a produção brasileira desta espécie. No início da década de 1990 a produção mundial de Coffea arabica (Arábica) superava a de Robusta em 44 milhões de sacas, mas após 2010, a diferença caiu para 26 milhões. De acordo com o Bureau, o aumento na produção de Robusta reflete a estratégia da indústria, que aumentou significativamente o percentual deste grão nos blends. A taxa de crescimento anual da produção de Arábica entre 1990 e 2012 foi de 1,14%, enquanto a de Robusta foi de 3,83%.
Oferta mundial de café (Mil sacas) 100.000,00 90.000,00 80.000,00 70.000,00 72 89 26 60.000,00 50.000,00 40.000,00 44 62 30.000,00 Dif. - 40% 28 20.000,00 1990/1991 1995/1996 2000/2001 2005/2006 2010/2011 Coffea arabica Coffea canephora O Bureau calculou a taxa de crescimento anual da produção de Coffea canephora em vários países, utilizando os dados da International Coffee Organization (ICO) a partir de 2005. As maiores taxas de crescimento foram: Togo (21,70% a.a), Malásia (6,70% a.a), Vietnã (5,95% a.a), Brasil (5,92% a.a), Laos (5,44% a.a), Uganda (4,25% a.a) e Índia (3,01% a.a). Esses dados comprovam a importância da Ásia na oferta mundial de Robusta. A consolidação desta espécie no continente asiático será fundamental para atender a demanda dos novos consumidores chineses e indianos. Nesses dois países o café solúvel, feito a partir de grãos de Robusta, é o mais consumido, o que cria ótimas oportunidades para seu cultivo. O Bureau avalia que a proximidade geográfica entre as lavouras de café Robusta da Ásia e os novos centros consumidores pode criar dificuldades para a internacionalização do Conilon brasileiro. Para as indústrias chinesas e indianas será muito mais fácil importar café Robusta do Vietnã ou do Laos do que o Conilon do Brasil, considerando a distância que separa os continentes. No entanto, os analistas do Bureau destacam que a tecnologia empregada no cultivo e pós-colheita do Conilon brasileiro tem evoluído com rapidez, o que pode tornar o produto competitivo em outros mercados internacionais, como Europa e América do Norte.