METODOLOGIA PARA ANÁLISE E SOLUÇÃO DE PROBLEMAS: CONCEITO, FERRAMENTAS E CASOS SADIA CONCORDIA S/A E ALBRAS ALUMÍNIO BRASILEIRO S/A

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Transcrição:

METODOLOGIA PARA ANÁLISE E SOLUÇÃO DE PROBLEMAS: CONCEITO, FERRAMENTAS E CASOS SADIA CONCORDIA S/A E ALBRAS ALUMÍNIO BRASILEIRO S/A Jessica Franca Teixeira (-) jessicafrancateixeira@gmail.com Vinicius de Almeida Dias (-) viniccsk8@hotmail.com Evellyn Porto Pimenta (-) evellyn@ymail.com Mariana Coelho Maciel (-) marianamaciel2@hotmail.com Beatriz silva (-) beatriztiza60@hotmail.com Este trabalho possui conceitos e aplicações do MASP (Método de Análise e Soluções de Problemas), descrevendo as ferramentas que podem ser utilizadas em sua execução, visando expor de forma clara e objetiva esta maneira de proceder diante dee irregularidades. As etapas estão inseridas no ciclo PDCA, que tem por base quatro fases que servem como organizadoras deste processo racional, sendo elas: Planejar - fase que abrange as etapas de identificação do problema, observação, análise e plano de ação; Executar - traz a ação; Verificar; Atuar - engloba padronização e conclusão. Cada uma dessas etapas pode fazer uso das ferramentas da qualidade e suas respectivas incumbências, que são de suma importância, sendo relevante o cumprimento de todas as etapas do processo de forma que cada uma possa chegar ao conhecimento ou demonstração da verdade. O artigo traz como exemplo a comparação entre dois casos, Sadia Concordia S/A e Albras Alumínio Brasileiro S/A, onde a aplicação do MASP conseguiu bloquear o problema em questão. Palavras-chaves: MASP, ferramentas, qualidade, processo.

Metodologia para análise e solução de problemas: conceito, ferramentas e casos Sadia Concordia S/A e Albras Alumínio Brasileiro S/A 1. Introdução No mercado atual, ter características que permitem bons resultados face à concorrência está ligado, de maneira direta, à qualidade, que de acordo com Campos (1992) se resume em atender com perfeiçao, credibilidade, acessibilidade e garantia as necessidades do cliente. Considerando a empresa um sistema que compõe meios e processos diversos, é importante a conciência de que podem ocorrer erros no modo de fazer, gerando um problema, onde a solução, muitas das vezes, não está na experiência ou no profundo conhecimento e sim na gestão da qualidade e do controle de processos. Campos (2008) afirma que o MASP é peça fundamental para que o controle da qualidade possa ser exercido. Esse controle se dá através do gerenciamento participativo, onde todos na empresa devem ser exímios solucionadores de problemas e conhecedores do método. Na primeira parte do presente trabalho apresenta-se através de pesquisas realizadas o conceito e objetivo do MASP, sua metodologia, abordando todos os processos envolvidos no método, e também as diferentes ferramentas de qualidade utilizadas na solução de problemas. Será abordada ainda, na Tabela 1, a seleção de ferramentas e técnicas adequadas de acordo com a tarefa a ser realizada tanto na análise quanto na aplicação do método. Na segunda parte apresenta-se a comparação de estudos de caso retirados do livro da Fundação Christiano Ottoni (1994), onde cita-se as ferramentas utilizadas, a forma de aplicação do método, o problema a ser solucionado e os resultados obtidos, nos casos das empresas Sadia Concordia S/A e Albras Alumínio Brasileiro S/A. 2. MASP Conceito e objetivo 2.1 Metodologia O Método de Análise e Solução de Problemas é um conveniente método estabelecido a fim de detectar e efetivar a solução de problemas ou melhorar um processo. Age de forma a estruturar o início, meio e fim de uma ação corretiva, uma vez que um dado problema pode envolver vários setores e colaboradores, sendo a organização essencial para o sucesso da operação. É susceptível de ser aplicado em todo e qualquer seguimento, podendo ser utilizado em um ou mais setores simultaneamente e, para isso, é essencial a participação de todo os colaboradores que participam do processo até a etapa onde há um resultado não satisfatório ou possível melhoria em discussão. É determinada uma série de etapas a serem sistematicamente concluídas com o auxílio das ferramentas devidas. O método é utilizado através da aplicação sequencial de suas oito etapas: a) Identificação do problema: É necessário detectar o problema e a partir daí, acompanhar a linha de produção com o auxílio da folha de verificação para facilitar na 2

coleta de dados e analisar a frequência em que o problema ocorre. Esta etapa se resume em apresentar adequadamente o problema; b) Observação: Nesta etapa, deve-se analisar o problema e estratificá-lo. É utilizado o Diagrama de Pareto para agrupar e quantificar as características de modo a identificar o principal elemento. Entre os aspectos a serem observados estão: tempo, local, tipo, sintoma e indivíduo; c) Análise: Primeiramente, é necessário realizar um Brainstorming, reunindo opiniões de um grupo de pessoas diretamente ligadas ao problema, com o objetivo de definir as causas e esquematizá-las no Diagrama de Causa e Efeito. Através do diagrama é possível visualizar o estado atual do processo. O próximo passo é examinar a dispersão, com o auxílio de um histograma, identificando a relação ou não das causas com o efeito apontado; d) Plano de ação: É a preparação das ações necessárias para atingir o resultado desejado. Nesse momento, utilizamos a ferramenta 5W1H a fim de direcionar a ação, estruturando a solução de problemas ao citar as tarefas, designar responsáveis e verificar os itens de controle; e) Ação: Esse é o momento de executar o plano de ação. Para tal, é imprescindível o treinamento adequado dos colaboradores, apresentando de maneira objetiva o plano de ação e sua justificativa. A partir do proposto, estabeleça uma meta e seu cronograma fazendo observações no local e anotações, ressaltando os pontos positivos e negativos da nova ação; f) Verificação: Nesta fase ocorre uma comparação dos resultados obtidos antes e depois da coleta dos dados, o que pode ser feito utilizando uma carta de controle, que definirá a variabilidade do processo, que possibilitando a obtenção das variações em termos monetários. Terminada a verificação, tem-se uma prévia do bloqueio ou continuação do problema, o que determinará o prosseguimento do processo, caso o bloqueio tenha sido efetivado ou o retorno à etapa de observação, onde serão feitas novas análises e coleta de dados; g) Padronização: Caso o bloqueio do problema tenha sido efetivado, deve ser feita a elaboração ou alteração do padrão já existente. É essencial estabelecer no procedimento operacional os 5 porquês, para as atividades que farão parte do padrão, afim de facilitar a execução por qualquer pessoa de forma bem clara. O sucesso na execução vai depender também dos meios utilizados na divulgação do novo padrão, bem como das verificações periódicas do cumprimento do POP; h) Conclusão: Nesta última etapa é o momento de verificar a existência de problemas remanescentes e em caso positivo, verificar uma maneira de bloqueá-los. É interessante refletir todo o processo de solução do problema verificando o cumprimento do cronograma, o crescimento profissional dos envolvidos e se as ferramentas foram bem utilizadas e auxiliaram o bloqueio. 2.2 Ferramentas da qualidade A fim de acabar com os problemas em um processo de fabricação foram criadas ferramentas com específicas funções e importâncias, são elas: 3

a) Fluxograma: Esta ferramenta representa o processo graficamente e proporciona sua visão por completo. Por utilizar símbolos que podem ser identificados facilmente, é simples a visualização da relação entre as etapas do processo. O fluxograma é comumente utilizado para identificar problemas e pode representar, por exemplo, o percurso de uma fatura, o fornecimento de um produto ou o fluxo de materiais; b) Folha de verificação: É utilizada para determinar a frequência com que certos eventos acontecem. Esta ferramenta transforma opiniões em fatos de maneira simples e de fácil visualização; c) Brainstorming: Também é conhecido como chuva de ideias e é importante por agregar todos os aspectos do problema ou da solução. Existem duas modalidades: o estruturado, em que cada pessoa do grupo contribui com uma opinião a cada rodada, e o não estruturado, onde os membros expressam suas ideias à medida que elas surgem; d) Técnica de grupo: Esta técnica permite a análise de todos os problemas da empresa, sem deixar de lado aqueles que atingem as pessoas de menor influência. Todos os colaboradores podem opinar e contribuir com sua experiência em busca de uma solução mais viável; e) Diagrama de Pareto: É utilizado para encontrar a principal causa de um problema e definir um ponto de partida para sua solução. É construído em forma de gráfico e mostra a frequência em que ocorre um evento. As barras são dispostas da maior para a menor, onde a maior aponta a que ocorre mais vezes, ou seja, é a mais importante e exige maior esforço; f) Diagrama de causa e efeito: Este diagrama auxilia na exposição de todas as causas possíveis de um problema. É construído em formato de espinha de peixe, onde à esquerda estão as causas e à direita o efeito. As causas principais são separadas em subclasses, as mais comumente usadas são conhecidas como 6M : método, mão-deobra, materiais, máquinas, meio ambiente e medidas; g) Carta de tendência: é de grande importância para o monitoramento de alterações na média esperada e deve ser usada para apontar mudanças reais no sistema. Costuma ser utilizada para apresentar desvios na produção, parada de máquinas ou refugos; h) Estratificação: Esta técnica é utilizada para encontrar oportunidades de aperfeiçoamento quando os dados ocultam os fatos, o que pode acontecer quando os dados são de fontes distintas. Esta ferramenta não tem como função coletar mais dados e sim detalhar os dados já existentes. É importante deixar bem claro o nome do coletor, da data, duração e coleta de informações; i) Histograma: Permite a visualização da frequência de incidência de determinado evento. O histograma é a disposição de dados através de barras que mostram com maior clareza a concentração, que normalmente apresenta a medida normal, e a variabilidade de um processo; j) Diagrama de dispersão: Este instrumento é utilizado para apontar a relação entre duas variáveis, como por exemplo, causa e efeito. É um gráfico onde cada eixo corresponde a uma variável e a concentração de pontos indica relação. Se a concentração tende a se tornar uma linha, a relação é clara já que toda vez que uma variável se altera a outra acompanha a ação; 4

k) Cartas de controle: Estas cartas indicam através de um gráfico a variação do processo tanto em causas comuns quanto em causas individuais. Consiste em uma linha central que representa a média, duas linhas paralelas e duas linhas tracejadas, que indicam os limites de variação. Os dados devem ser fiéis ao processo, inclusive em ordem de acontecimento para proporcionar um resultado consistente; l) 5W1H: esta auxilia na identificação de ações e responsabilidades na execução de tarefas de forma cuidadosa e objetiva. O uso consiste em aplicar o questionário What, When, Where, Why, Who e How, visando exercer as tarefas de forma orientada. Tarefa Priorizar problemas Descrição do problema (especificidade) Estabelecer todas as causas possíveis de um problema Confirmar a causa básica do problema Desenvolver uma solução efetiva e estabelecer plano de ação Técnicas Fluxograma, folha de verificação, diagrama de Pareto, brainstorming, técnica de grupo Folha de verificação, diagrama de Pareto, carta de tendência, histograma, gráfico de setor, estratificação Folha de verificação, diagrama de causa e efeito, brainstorming Folha de verificação, diagrama de Pareto, diagrama de dispersão, brainstorming, técnica de grupo Brainstorming, Gráficos Implementar a solução Fonte: Brassard, 1992, p. 7 Tabela 1 Seleção das ferramentas adequadas Diagrama de Pareto, Histograma, carta de controle, capacidade de processo, estratificação 3. Comparativo de casos Sadia Concordia S/A e Albras Alumínio Brasileiro S/A O caso Sadia Concórdia S/A trata da quebra no fatiamento do blanquet de peru. A constatação da quebra de 10% das peças durante o fatiamento levou a criação de um grupo que pudesse analisar a situação, que prejudicava a qualidade do produto, seu custo e a satisfação dos clientes. O processo de produção do blanquet, que pode ser pequeno (0,5kg) ou grande (1,7kg), ocorre da seguinte maneira: cubos de carne de peru são cortados manualmente e misturados aos demais ingredientes em máquinas, que podem ser Tumbler ou Misturadeira e então segue para o curamento. O blanquet é cozido em estufas que podem ser Maurer ou Fischer, resfriado com ducha de água e segue para ser embalado. Durante a identificação do problema constatou-se que 48% das reclamações coletadas no Serviço de Informação ao Consumidor e Inspetoria de Qualidade vinham do produto blanquet de peru. O principal cliente suspendeu a compra do produto e já não havia confiança quanto à qualidade do produto. Após utilizar a Análise de Pareto, a conclusão foi de que o problema era a quebra no fatiamento do blanquet de peru grande e a perda chegava a U$ 312.000/ano, já que a quantidade chegava a 10% de perda 2% de reaproveitamento = 8% x 2.640 ton/ano x 1,48/Kg. Definiu-se como meta a redução para 5% de quebra no fatiamento até 31/01/1993. 5

Figura 1 Diagrama de causa e efeito. Fonte: Fundação Christiano Otoni (1994) Durante a observação foram realizadas 360 coletas de dados (01/12/1992 a 15/12/1992) onde constatou-se que a temperatura da matéria prima variava em três intervalos: 0º a 3ºC, 4º a 7ºC e 8º a 11ºC; a gordura utilizada era de frango ou peru; o reaproveitamento de produto era de 2%; os equipamentos de mistura eram o Tumbler 1, Tumbler 2 ou Misturadeira; poderia haver ou não o processo de cura; são utilizadas as estufas Maurer ou Fischer, e a temperatura de cozimento variava entre 70º e 72ºC. A conclusão do grupo foi de que 65% da quebra no fatiamento do blanquet de peru, ocorre nas estufas Maurer com temperatura de cozimento de 72ºC. A massa no Tumbler 2 possuía cor diferente das demais máquinas e a temperatura na estufa Maurer chegava a alcançar 74ºC. 6

Figura 2 Número de reclamações x tipo de reclamação. Fonte: Adaptado de Fundação Christiano Otoni (1994) Após realizar uma reunião com um grupo de envolvidos diretamente no processo, constatouse que as causas mais prováveis eram a temperatura interna do produto chegar a 74ºC, a temperatura da matéria prima acima de 8ºC, o medidor descalibrado e a não retenção de vácuo no Tumbler 2. Após testes, todas as hipóteses foram confirmadas e tinham correlação com o problema. As ações propostas eram: programar a temperatura na estufa Maurar em 70ºC, aumentar o tempo de resfriamento da matéria prima e não utilizar o Tumbler 2 até a alteração do sistema de vácuo. Constatou-se a falta de padrão na produção do blanquet de peru. Após colocar o plano de ação em prática e realizar o devido treinamento, a meta foi atingida e consequentemente, houve o bloqueio na quebra de fatiamento do blanquet de peru pequeno. Foi necessário padronizar a operação e a porcentagem de quebra no fatiamento passou para 0% em 11/01/1993, abaixo dos 5% anteriormente estabelecidos para 31/01/1993. O caso Albras trata da baixa disponibilidade da frota de equipamentos móveis utilizados na empresa, que após atingir níveis que comprometiam o andamento da produção, em agosto de 1992, precisavam ser corrigidos. Na identificação do problema, verificou-se que o nível de disponibilidade de máquinas era de 86,6% em 1991 e a previsão era de 85,4% para 1992. A Albras constatou que seria de grande valia analisar seu processo de produção e nomeou um grupo para tal. Corrigindo este problema a empresa ganharia a satisfação do cliente, disponibilidade de mão de obra, 7

disponibilidade operacional da frota e cerca de US$ 1700,00/mês e US$ 20400,00/ano seriam economizados. Durante a estapa de observação o grupo coletou dados e através da estratificação (turno, área usuária, tipo de máquina, defeito, turma e tipo de manutenção) o grupo pode destrinchar as informações através da análise de Pareto e chegou a conclusão de que seriam necessários dois projetos: um para acabar com as horas paradas na manutenção corretiva por vazamento de óleo nos motores das empilhadeiras de 2,5T da fundição, e outro para neutralizar as horas paradas das empilhadeiras de 2,5T da fundição para manutenção corretiva aguardando mão de obra. O grupo definiu as principais causas e chegou a conclusão de que as hipóteses mais prováveis para o projeto 1 eram a falta de supervisão, de gerenciamento de horas extras, de procedimento do recepcionista e no posto de abastecimento, o cancelamento de manutenção preventiva e a falta de subconjuntos montados. Todas as causas foram testadas e comprovadas. No projeto 2, as principais causas eram a alta temperatura do óleo e o retentor não impedir a penetração de partículas. Figura 3 Média mensal de horas paradas da frota de equipamentos móveis. Fonte: Adaptado de Fundação Christiano Otoni (1994) Para o primeiro projeto, as ações tomadas foram: a divisão de tarefas do gerente operacional, a criação de procedimentos para realizar horas extras e cumprir a manutenção preventiva e a execução no reparo dos subconjuntos internamente. Para o segundo projeto, houve a adaptação do radiador para resfriar o óleo e adaptação de dois tanques, separando o óleo da 8

embreagem do óleo hidráulico. Houve divulgação das novas atividades e treinamento dos colaboradores. 9

Figura 4 Gráficos de Pareto para determinar causas do problema. Fonte: Adaptado de Fundação Christiano Otoni (1994) Durante a verificação constatou-se no projeto 1 que as horas paradas dos agentes móveis cairam de 1398 horas para somente 35 e o bloqueio foi efetivo. Como ponto negativo, houve o crescimento de horas extras 3,5% acima do esperado. Já para o projeto 2, a temperatura caiu de 95ºC para 74ºC e o vazamento no motor se tornou inexistente causando o bloqueio efetivo, porém o custo foi maior que o esperado. No projeto 1, houve revisão dos procedimentos, reunião com todos os envolvidos e acompanhamento através de gráficos. No projeto 2, houve elaboração de padrão, comunicação com a equipe envolvida no processo de produção e treinamento. Durante a conclusão, para ambos os casos, houve planejamento do ataque aos problemas remanescentes e reflexão quanto ao desenvolvimento do MASP e crescimento profissional da equipe. Como consequência, toda a frota teve aumento da disponibilidade e não só as 10

empilhadeiras, que alcançaram 92% de disponibilidade. A redução total de custo foi de US$ 379.648,000. 4. Considerações Finais Conclui-se que o MASP se mostra um método realmente eficaz, trazendo a solução e o bloqueio do problema, atingindo ou até mesmo como foi visto ultrapassando as metas traçadas. Sua utilização, aliada às ferramentas de qualidade, tem demonstrado ótimos resultados solucionando diversos erros ou problemas nos processos das empresas, tanto produtivos quanto organizacionais ou administrativos, uma vez que o método possui diversas aplicações. Esta análise demonstra a importância do conhecimento do método e de suas ferramentas por todos os envolvidos nos processos, garantindo assim, sua melhor utilização. Os dois casos analisados são muito parecidos, e em ambos a utilização do MASP foi eficiente e bloqueou totalmente o problema. Uma ferramenta muito eficaz nas duas empresas foi a análise de Pareto, pois deixou bem claro exatamente onde deve-se concentrar os esforços para a resolução do problema e pode ser utilizada em várias etapas como mostra a tabela a seguir. No caso da Albras, a utilização da estratificação para descoberta das características do problema facilitou a compreensão e a relação com as causas influentes. Um ponto importante foi a opção por dois projetos, o que demonstra a integração entre setores e o envolvimento da empresa como um todo. Os dois estudos utilizaram os 5W1H no momento de elaboração do plano de ação, permitindo compreender exatamente como acontece o bloqueio da ação indevida sem deixar margem para dúvidas. Tarefa Priorizar problemas Descrição do problema (especificidade) Estabelecer todas as causas possíveis de um problema Confirmar a causa básica do problema Implementar a solução (A) - Ferramentas utilizadas pela Albras (S) - Ferramentas utilizadas pela Sadia Tabela 2 Ferramentas utilizadas em cada caso Técnicas Fluxograma (S),folha de verificação (S), diagrama de Pareto (A)(S), técnica de grupo(a) Folha de verificação (A), diagrama de Pareto(A)(S) Diagrama de causa e efeito (A)(S), brainstorming (S) Diagrama de Pareto (A)(S), diagrama de dispersão (S) Diagrama de Pareto (A), Histograma (A), carta de controle (A)(S) Referências ALVAREZ, Roberto dos Reis. Métodos de Identificação, Análise e Solução de Problemas: uma análise comparativa. Instituto Brasileiro da Qualidade e Produtividade no Paraná IBQP. ARIOLI, E.E. Análise e solução de problemas: o método da qualidade total com dinâmica de grupo. 1 ed. Rio de Janeiro: Qualitymark, 1998. 11

CAMPOS, Vicente Falconi. Gerenciamento pelas Diretrizes: o que todo membro da alta administração precisa saber para entrar no terceiro milênio. 4.ed. Belo Horizonte: Fundação Chistiano Ottoni, 2004. CAMPOS, Vicente Falconi. Gerenciamento da Rotina do Trabalho do Dia-a-Dia. 8. ed. Nova Lima: INDG, 2004. CAMPOS, Vicente Falconi. TQC - controle da qualidade total: (no estilo japonês). 8.ed. Nova Lima: INDG, 2008. FUNDAÇÃO CHRISTIANO OTTONI. Casos reais de implantação de TQC. Contagem: Líttera Maciel, 1994. ROSSATO, I.F. Uma metodologia para a análise e solução de problemas. Dissertação de Mestrado, UFSC. 1996. SLACK, N.; CHAMBERS. S. ; JOHNSTON, R. Administração da Produção. São Paulo, Atlas. 2002. 12