Biologia Estrutural. Simetria. Prof. Dr. Walter Filgueira de Azevedo Jr. wfdaj.sites.uol.com.br. 2006 Dr. Walter F. de Azevedo Jr.



Documentos relacionados
2015 Dr. Walter F. de Azevedo Jr.

ESTRUTURAS CRISTALINAS - TEORIA

2015 Dr. Walter F. de Azevedo Jr. Lei de Bragg e Espaço Recíproco

Arranjos Atômicos 26/3/2006 CM I 1

DIFRAÇÃO DE RAIOS X DRX

UNIDADE 4 - ESTRUTURA CRISTALINA

2018 Dr. Walter F. de Azevedo Jr.

Espectroscopia de Raios X

ARRANJOS ATÔMICOS. Química Aplicada

UNIVERSIDADE FEDERAL DO ABC BC-1105: MATERIAIS E SUAS PROPRIEDADES

ESTRUTURA E PROPRIEDADES DOS MATERIAIS ESTRUTURA CRISTALINA

Formas regulares e simétricas assim como a ordenação das partículas que os formam. Cristalografia e Difração em Raio X - Michele Oliveira

DRIFRAÇÃO DE RAIOS-X

PRINCÍPIOS DA ESTRUTURA EM SÓLIDOS. QFL-4010 Prof. Gianluca C. Azzellini

O CRISTAL IDEAL Estrutura Cristalina. Livro Texto - Capítulo 3

Os reticulados de Bravais 60 CAPÍTULO 4

Os materiais no estado sólido ocupam geralmente menos volume que no estado líquido (fundido).

DETERMINAÇÃO DA ESTRUTURA TRIDIMENSIONAL DE PROTEÍNAS POR DIFRAÇÃO DE RAIOS-X

ESTRUTURA CRISTALINA 1

Determinação por Difração de Raios X da Estrutura Molecular do 1L-1,2,3,4,5-Ciclohexanopentol

ESTRUTURA CRISTALINA DOS METAIS

ARRANJOS ATÔMICOS. Química Aplicada. Profº Vitor de Almeida Silva

Tecnologia Dos Materiais

Célula Unitária e 14 Retículos de Bravais

Biologia Estrutural. Espaço Recíproco e a Esfera de Ewald. Prof. Dr. Walter Filgueira de Azevedo Jr. wfdaj.sites.uol.com.br

CAPÍTULO 3 ESTRUTURAS CRISTALINAS E GEOMETRIA DOS CRISTAIS

ORDEM. Periocidade. SÓLIDO CRISTALINO OU CRISTAL agregado ordenado e periódico de átomos, moléculas ou iões, formando uma estrutura cristalina regular

TM Metalurgia Fisica PIPE e PG-MEC

Estrutura de Sólidos Cristalinos. Profa. Dra Daniela Becker

2018 Dr. Walter F. de Azevedo Jr. Lei de Bragg e Espaço Recíproco

Difração. Espectrometria por Raios X 28/10/2009. Walmor Cardoso Godoi, M.Sc.

ESTRUTURA DAS PROTEÍNAS

Biologia Estrutural. Cálculo dos Fatores de Estrutura. Prof. Dr. Walter Filgueira de Azevedo Jr. wfdaj.sites.uol.com.br

O

IBM1018 Física Básica II FFCLRP USP Prof. Antônio Roque Aula 3

Educação para toda a vida

CRISTALOGRAFIA NOTAÇÃO CRISTALOGRÁFICA

CAPÍTULO 4 NOÇÕES DE CRISTALOGRAFIA

Resolução da Prova da Escola Naval Matemática Prova Azul

ESTRUTURA CRISTALINA E IMPERFEIÇÕES NOS SÓLIDOS ESTRUTURA CRISTALINA E IMPERFEIÇÕES NOS SÓLIDOS

ESTRUTURA DOS MATERIAIS CERÂMICOS

Estruturas Hexagonais

Como Montar Modelos de Estruturas Metálicas a Partir do Empacotamento de Esferas de Isopor

Cristalização e Caracterização Estrutural por Difração de Raios X do composto β-ciclodextrina com um agonista do receptor D2 da dopamina

Biologia Estrutural. Cálculo da Densidade Eletrônica. Prof. Dr. Walter Filgueira de Azevedo Jr. wfdaj.sites.uol.com.br

Sólidos iônicos. Química Geral. Prof. Edson Nossol

PROVAS DE MATEMÁTICA DO VESTIBULARES-2011 DA MACKENZIE RESOLUÇÃO: Profa. Maria Antônia Gouveia. 13 / 12 / 2010

LIGAÇÃO COVALENTE APOLAR ELEMENTOS COM MESMA ELETRONEGATIVIDADE

ESTRUTURA DOS SÓLIDOS CRISTALINOS CAP. 03

Forças intermoleculares, Disciplina de Química Geral Profa. Marcia Margarete Meier

CRISTALOGRAFIA A FOTOGRAFIA DAS MOLÉCULAS

CAPÍTULO IV ESTRUTURAS ATÔMICAS

Biologia Estrutural. Fatores de Estrutura. Prof. Dr. Walter Filgueira de Azevedo Jr. wfdaj.sites.uol.com.br Dr. Walter F. de Azevedo Jr.

Mineralogia Óptica. T3- As Indicatrizes dos Minerais PEM-6020

TRABALHO DE DEPENDÊNCIA TURMA: 2ª SÉRIE CONTEÚDOS RELATIVOS AO 1º E 2º BIMESTRE MATEMÁTICA 2 PROFESSOR ROGERIO

ITA º DIA MATEMÁTICA BERNOULLI COLÉGIO E PRÉ-VESTIBULAR

Cristalografia para não-cristalógrafos

UNIVERSIDADE ESTADUAL DE GOIÁS UNIDADE UNIVERSITÁRIA DE CIÊNCIAS EXATAS E TECNOLÓGICAS PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM CIÊNCIAS MOLECULARES

Hoje estudaremos a bioquímica dos ácidos nucléicos. Acompanhe!

Eixos Cristalográficos e Sistemas Cristalinos

3. Estruturas Cristalinas

TIPO DE PROVA: A. Questão 1. Questão 4. Questão 2. Questão 3. alternativa D. alternativa A. alternativa D. alternativa C

Biologia Estrutural. Solução do Problema da Fase. Prof. Dr. Walter Filgueira de Azevedo Jr. wfdaj.sites.uol.com.br Dr. Walter F. de Azevedo Jr.

Física da Matéria Condensada

INTRODUÇÃO À DIFRAÇÃO

2015 Dr. Walter F. de Azevedo Jr. Fatores de Estrutura

-Estrutura, composição, características. -Aplicações e processamento. -Tecnologias associadas às aplicações industriais.

Biologia Estrutural. Ondas e Lei de Bragg. Prof. Dr. Walter Filgueira de Azevedo Jr. wfdaj.sites.uol.com.br Dr. Walter F. de Azevedo Jr.

Se ele optar pelo pagamento em duas vezes, pode aplicar o restante à taxa de 25% ao mês (30 dias), então. tem-se

INTERAÇÃO DOS RAIOS-X COM A MATÉRIA

TIPO DE PROVA: A. Questão 4. Questão 1. Questão 2. Questão 5. Questão 3. Questão 6. alternativa D. alternativa C. alternativa D.

Descoberta dos Raios-X

Antonio Liccardo A cristalografia e sua correlação com a gemologia

Tutorial: QUÍMICA COMPUTACIONAL E MODELAGEM MOLECULAR. Profa. Nelilma Correia Romeiro

PROVA DE MATEMÁTICA DA UFBA VESTIBULAR a Fase. RESOLUÇÃO: Profa. Maria Antônia Gouveia.

RESOLUÇÃO Matemática APLICADA FGV Administração

TEORIA DO ORBITAL MOLECULAR PARA MOLÉCULAS POLIATÔMICAS

Bioquímica. Purificação de proteínas

Os materiais no estado sólido ocupam geralmente menos volume que no estado líquido (fundido).

UFABC Bacharelado em Ciência & Tecnologia

REFLEXÃO DA LUZ: ESPELHOS 412EE TEORIA

2015 Dr. Walter F. de Azevedo Jr. Substituição Molecular

TIPO DE PROVA: A. Questão 3. Questão 1. Questão 2. Questão 4. alternativa E. alternativa A. alternativa B

Determinação por Difração de Raios X da Estrutura Molecular do 1L-1,2,3,4,5-Ciclohexanopentol

- LIGAÇÕES IÔNICAS: Na (1s 2 2s 2 2p 6 3s 1 ) + Cl (1s 2 2s 2 2p 6 3s 2 3p 5 ) Na + (1s 2 2s 2 2p 6 ) + Cl - (1s 2 2s 2 2p 6 3s 2 3p 6 )

A Ligação Iônica ou Eletrovalente

Curso: Ensino Fundamental II Disciplina: MATEMÁTICA Professor: Álvaro / Leandro

ESTRUTURA E PROPRIEDADES DE POLÍMEROS

Estrutura Cristalina

Ligações Químicas Ligação Iônica Ligação Metálica

Geometria Espacial Elementos de Geometria Espacial Prof. Fabiano

CRISTALOGRAFIA MORFOLÓGICA

Tecnicas analiticas para Joias

Estrutura tridimensional de proteínas. Prof. Dr. Fernando Berton Zanchi

TIPOS DE REFLEXÃO Regular Difusa

Exercícios Triângulos (1)

H 2. Cl 2 N 2 O 2. família dos calcogênios 4. É uma substância apolar

Reflexão da luz. Espelhos planos

através do reticulado hexagonal

Transcrição:

Biologia Estrutural Simetria Prof. Dr. Walter Filgueira de Azevedo Jr.

Resumo Características dos Cristais Características dos Cristais de Proteínas Elementos de Simetria Rede, Retículo e Empacotamento Cristalino Eixos e Ângulos Interaxiais Sistemas Cristalinos Centragens Retículos de Bravais Grupos Espaciais Referências

Características dos Cristais 1) 2) 3) Rígidos Transparentes (a maioria) Com arestas bem definidas

Características dos Cristais

Características dos Cristais de Proteínas 1) 2) 3) Frágeis Transparentes (a maioria) Com arestas bem definidas

Características dos Cristais de Proteínas Muitos cristais refletem na sua simetria externa aspectos da simetria da molécula cristalizada. A manifestação da simetria da molécula, a nível macroscópico, permite, muitas vez, inferir aspectos biológicos sobre a macromolécula cristalizada. No caso ao lado temos um cristal da Purina Nucleosídeo Fosforilase humana, a molécula é trimérica e vemos claramente um eixo de simetria de ordem 3 ao longo do cristal.

Características dos Cristais de Proteínas 1) 2) 3) Fragilidade mecânica, devido às ligações que estabilizam o cristal. Nos cristais de pequenas moléculas as ligações que estabilizam o empacotamento cristalino normalmente são iônicas, nos cristais de macromoléculas biológicas essas ligações são do tipo ligação de hidrogênio; Alto conteúdo de solvente. Os cristais de macromoléculas biológicas apresentam alto conteúdo de solvente, se comparados com cristais de pequenas moléculas, tal conteúdo de solvente permite que ligantes possam difundir-se pelo retículo cristalino, permitindo o estudo de complexos entre proteínas e ligantes, bem como a preparação de derivados isomorfos. Fragilidade a danos causados por radiação. A exposição de cristais de proteínas a radiações ionizantes, como raios X, leva à quebra de ligações e a geração de radicais livres no retículo cristalino, que podem quebrar as frágeis ligações de hidrogênio que estabilizam o cristal.

Elementos de Simetria 1) Rotação 2) Espelho 3) Centro de inversão 4) Roto-translação 5) Glide

Rotação Eixo de ordem n rotação de 360 /n onde n é a ordem do eixo, onde n pode ser 2, 3, 4, 6 (para cristais). Eixo de ordem 2, rotação de 180

Eixo de Ordem 2 2

Eixo de Ordem 3 3

Eixo de Ordem 3 3

Eixo de Ordem 4 4

Eixo de Ordem 6 6

Rotação (x,y,z) y x

Rotação -x -y (-x,-y,z)

Rotação x = -x y = -y z = z

Matriz Rotação R = cos θ - sen θ 0 sen θ cos θ 0 0 1 0 x y z = cos θ - sen θ 0 sen θ cos θ 0 0 1 0 x y z X = RX

Simetria Espelho plano yz -x x m

Centro de Inversão plano yz (x,y,z) (-x,-y,-z) 1

Centro de Inversão

Eixo de Roto-translação plano yz (x+1/2,-y,-z) x (x,y,z) 21

Eixo de Roto-translação

Eixo de Roto-translação

Eixo de Roto-translação

Simetria Glide plano yz -x x m

Classes de Simetria

Por que não há eixo de ordem 5 em cristais? B C 2π/n 2π/n a A a B C B C = ma AD = ka m e k são inteiros D B C = AD -2a cos ( 2π/n ) ma = ka 2a cos (2π/n ) => m = k 2 cos (2π/n ) => cos (2π/n ) = k m 2

a 2π/n a 2π/n k m 2 k m 2π/n cos ( ) = n = 2 => 2 k m n = 3 => cos (2π/n ) = 2 k m 2π/n )= n = 4 => cos ( 2 k m 2π/n cos ( ) = n = 5 => 2 k m 2π/n cos ( ) = n = 6 => 2 n = 1 => cos (2π/n ) = k m cos (2π/n ) = 2 = 1 (possível) = -1 (possível) = -1/2 (possível) = 0 (possível) ~ = 0,309 (impossível) = 1/2 (possível)

Rede Cristalina Rede= construção matemática Base de átomos= entidade física Rede + Base de átomos = Cristal Rede+base de átomos= Rede cristalina

Retículo Cristalino Retículo= construção matemática Base de átomos= entidade física Retículo+base de átomos= Retículo cristalino

Empacotamento Cristalino

Empacotamento Cristalino

Eixos e Ângulos Interaxiais α ângulo entre b e c β ângulo entre a e c γ ângulo entre a e b

Sistemas Cristalinos

Sistemas Cristalinos Sistema cristalino Relação entre ângulos e eixos Triclínico Nenhuma Monoclínico α=β=90 γ α=γ=90 β a b c (eixo c único) a b c (eixo b único) Ortorrômbico α=β=γ=90 a b c Tetragonal α=β=γ=90 a=b c Hexagonal α=β=90, γ=120 Trigonal α=β=γ<90 a=b=c Cúbico α=β=γ=90 a=b=c a=b c

Centragens Os sistemas cristalinos descritos anteriormente permitem a inclusão de pontos no retículo cristalino, além dos constantes dos vértices da figura. Para que um ponto possa ser considerado como pertencente ao retículo, fazse necessário que ele tenha igual vizinhança. Usando-se tal critério podemos preencher o espaço tridimensional das seguintes formas: 1) corpo centrado (I), um ponto no centro da diagonal de corpo do retículo. 2) Face centrada (F), um ponto no centro da face. c b a Primitiva

Centragens 1/2a, 1/2b, 1/2c c c b b a Primitiva a Corpo centrado (I)

Centragens 1/2b, 1/2c c c b b a Primitiva a Face centrada (A )

Centragens c c b b a Primitiva a Toda as faces centradas (F)

Centragens 1/2a, 1/2b, 1/2c c c b b a Primitiva a Corpo centrado (I)

Retículos de Bravais Fonte: http://www.chemsoc.org/exemplarchem/entries/2003/bristol_cook/latticetypes.htm

Grupos espaciais

Grupos espaciais

Grupos Espaciais para Proteínas Sistema Classe Símbolos dos grupos espaciais Triclínico 1 P1 Monoclínico 2 P2, P21, C2 Ortorrômbico 222 C222, P222, P212121, P21212, P2221, C2221, F222, I222, I212121 Tetragonal Trigonal Hexagonal Cúbico 4 P4, P41, P42, P43, I4, I41 422 3 P422, P4212, P4122, P41212, P4222, P42212, P43212, P4322, I422, I4122 P3, P31, P32, R3 32 P312, P321, P3121, P3112, P3212, P3221, R32 6 P6, P65, P64, P63, P62, P61 622 P622, P6122, P6222, P6322, P6422, P5622 23 P23, F23, I23, P213, I213 432 P432, P4132, P4232, P4332, F432, F4132, I432, I4132

Referências Drenth, J. (1994). Principles of Protein X-ray Crystallography. New York: Springer-Verlag.

Dr. Walter F. de Azevedo Jr.

bmsys querover