Universidade de São Paulo Faculdade de Saúde Pública Departamento de Saúde Materno Infantil Síndromes hipertensivas na gestação O B S T E T R I Z

Documentos relacionados
DOENÇA HIPERTENSIVA NA GRAVIDEZ. MSc. Roberpaulo Anacleto

UNIVERSIDADE FEDERAL DE SERGIPE SINDROMES HIPERTENSIVAS DA GRAVIDEZ

CADA VIDA CONTA. Reconhecido pela: Parceria oficial: Realização:

DISTÚRBIOS HIPERTENSIVOS NA GRAVIDEZ. Profª Leticia Pedroso

M.C.R 20 anos Casada Ensino médio completo Prendas domésticas Natural e procedente de Botucatu

Faculdade de Medicina de Botucatu - Unesp

DOENÇA HIPERTENSIVA ESPECÍFICA DA GRAVIDEZ

OBSTETRÍCIA PARTE 1 D H E G E DIABETES GESTACIONAL

Disciplina de Obstetrícia

PREVENÇÃO DA ECLÂMPSIA: O USO DO SULFATO DE MAGNÉSIO

Atenciosamente, MARCO AURÉLIO MAGALHÃES FARIA JÚNIOR Secretário Chefe de Gabinete

Departamento de Ginecologia e Obstetrícia Faculdade de Medicina de Ribeirão Preto Universidade de São Paulo Como Evitar: Pré-eclâmpsia

SESSÕES CLÍNICAS E PROTOCOLOS DE OBSTETRÍCIA

Mortalidade Materna na Doença Falciforme

REBES REVISTA BRASILEIRA DE EDUCAÇÃO E SAÚDE

Síndromes Hipertensivas na Gestação - SHEG

ATUAÇÃO DA ENFERMAGEM NA SÍNDROME DE HELLP UMA REVISÃO DE LITERATURA PERFORMANCE OF NURSING IN SYNDROME HELLP A LITERATURE REVIEW

CADA VIDA CONTA. Reconhecido pela: Parceria oficial: Realização:

Patologias Obstétricas

Urgências e emergências com síndromes hipertensivas em gestantes de alto risco no contexto hospitalar nos serviços de saúde pública brasileiro

Abordagem da eclâmpsia na sala de partos. Dra Euridice Chongolola 8 De Novembro 2017

26/08/2016. Questões UFG. Doenças Transmissíveis

ASPECTOS LABORATORIAIS E PATOLÓGICOS DA SÍNDROME HELLP

Emergência Hipertensiva Na Gestação: Síndrome Hellp Uma Revisão De Literatura

com pré-eclâmpsia grave

HIPERTENSÃO ARTERIAL NA GESTAÇÃO: UM PROBLEMA DE SAÚDE PÚBLICA MUNDIAL

SÍNDROME HIPERTENSIVA NA GESTAÇÃO

Vanessa Maria Fenelon da Costa 2012

Patrícia Santos Resende Cardoso 2012

ENFERMAGEM SAÚDE DA MULHER. Assistência de Enfermagem ao Pré-Natal Parte 7. Profª. Lívia Bahia

Sessão Televoter Hipertensão

DISTÚRBIOS METABÓLICOS DO RN

HIPERÊMESE GRAVÍDICA. Msc. Roberpaulo Anacleto

Implicações do parto humanizado na redução da mortalidade materna. Maykon dos Santos Marinho Palloma Freitas PET-Saúde da Família IMS-UFBA

Hipertensão arterial, uma inimiga silenciosa e muito perigosa

SÍNDROME HELLP E FÍGADO GORDUROSO AGUDO NA GESTAÇÃO

CRISE HIPERTENSIVA GESTACIONAL

Classificação. Acidente Vascular Cerebral Isquêmico(AVCI) * Ataque Isquêmico Transitório(AIT)

INTRODUÇÃO LESÃO RENAL AGUDA

Farmacoterapia aplicada em grupos alvo. Profa. Fernanda Datti

TRATAMENTO DE HIPERTENSÃO GESTACIONAL GRAVE NA URGÊNCIA: REVISÃO DE DIRETRIZES

Reconhecendo os agravos clínicos em urgência e emergência. Prof.º Enfº. Diógenes Trevizan


DISTÚRBIO HIPERTENSIVO GESTACIONAL: A IMPORTÂNCIA DO PRÉ-NATAL NA PREVENÇÃO, EVOLUÇÃO E DANOS RENAIS ATRIBUÍDOS A PRÉ-ECLAMPSIA

PRÉ-ECLÂMPSIA: ESTUDO ESTATÍSTICO DA SÍNDROME HIPERTENSIVA ESPECÍFICA DA GESTAÇÃO

HIPERTENSÃO GESTACIONAL: IMPORTÂNCIA DO PRÉ-NATAL. Joelma Cesar Silva¹

Identifique-se na parte inferior desta capa. Caso se identifique em qualquer outro local deste Caderno, você será excluído do Processo Seletivo.

Aula 05 DIABETES MELLITUS (DM) Definição CLASSIFICAÇÃO DA DIABETES. Diabetes Mellitus Tipo I

Disciplina: Específica

Capacitação Interna Emergências ginecológicas e obstétricas

VII SIMPÓSIO INTERNACIONAL DE CIÊNCIAS INTEGRADAS DA UNAERP CAMPUS GUARUJÁ. Assistência de Enfermagem à Gestante com Eclampsia e Pré-Eclampsia.

ÓBITO FETAL DEPARTAMENTO DE OBSTETRÍCIA E GINECOLOGIA DA FMABC DISCIPLINA DE OBSTETRÍCIA PROF. TITULAR: MAURO SANCOVSKI

R1CM HC UFPR Dra. Elisa D. Gaio Prof. CM HC UFPR Dr. Mauricio Carvalho

Fármacos classificados na categoria X (xis) do FDA são contraindicados. Afirmativa correta. São fármacos de alto risco para o feto.

Gestação e Rim. Thaisa de Oliveira Leite. A. Hipertensão gestacional. A gestação normal é caracterizada por redução da pressão arterial (PA)

MORTALIDADE MATERNA POR DOENÇA HIPERTENSIVA ESPECÍFICA DA GESTAÇÃO DHEG, MARINGÁ PR,

HIPERTENSÃO DIABETES ESTEATOSE HEPÁTICA

PROGRAMA DE EDUCAÇÃO CONTINUADA 2016 Sociedade de Anestesiologia do Distrito Federal 3ª ETAPA

Manejo clínico da ascite

PERFIL SÓCIO DEMOGRÁFICO E OBSTÉTRICO EM PORTADORAS DE SÍNDROME HIPERTENSIVA ESPECÍFICA DA GESTAÇÃO

Anexo III. Alterações às secções relevantes do resumo das características do medicamento e folheto informativo

ASSISTÊNCIA PRÉ-NATAL

GRÁVIDA GESTA 1 PARA semanas IG. Mau-estar geral. Náuseas e vómitos. Dor hipocôndrio direito. Acentuado aumento de peso.

Aluna: Laise Souza Mestranda em Alimentos e Nutrição

GESTANTES DIABÉTICAS E HIPERTENSAS: QUAIS OS RISCOS PARA O RECÉM-NASCIDO?

InDUÇÃO DO TRABALHO DE PARTO

PLANILHA GERAL - QUARTO PERÍODO - INTRODUÇÃO À CLÍNICA IV 2º 2017

DEFINIÇÕES: HIPERTENSÃO DURANTE A GESTAÇÃO. Pode ser divida em 4 categorias, de acordo com a última atualização do ACOG, em 2013:

PRÉ-ECLÂMPSIA LEVE: COMO ACOMPANHAR E QUANDO INTERROMPER COM SEGURANÇA? Eliane Alves. Serviço do Prof. Marcelo Zugaib

Sumário. 1. Visão geral da enfermagem materna Famílias e comunidades Investigação de saúde do paciente recém nascido...

PROTOCOLO MÉDICO SEPSE E CHOQUE SÉPTICO

UNISALESIANO. Profª Tatiani

APRESENTAÇÃO E-PÔSTER DATA: 19/10/16 LOCAL: SALAS PRÉDIO IV

Aula 20 Pré-Natal de Alto Risco IV: Doenças. Prof. Ricardo Mattos UNIG,

10ª edição do Curso Continuado em Cirurgia Geral do CBCSP. Estado Atual do Tratamento da Hemorragia Digestiva Alta devida a Hipertensão Portal

ENFERMAGEM ATENÇÃO BÁSICA E SAÚDE DA FAMÍLIA. Parte 26. Profª. Lívia Bahia

Conceitos, prevalência e características da morbidade materna grave, near miss, no Brasil: revisão sistemática

Sistema Urinário. Patrícia Dupim

FARMACOCINÉTICA FARMACODINÂMICA FARMACOCINÉTICA CONCEITOS PRELIMINARES EVENTOS ADVERSOS DE MEDICAMENTOS EAM. Ação do medicamento na molécula alvo;

Agravos prevalentes à saúde da. gestante. Profa. Dra. Carla Marins Silva

PLANILHA GERAL - QUARTO PERÍODO - INTRODUÇÃO À CLÍNICA IV 2º 2018

MANEJO DOS CASOS SUSPEITOS E CONFIRMADOS DE INFLUENZA NO HIAE E UNIDADES

Anticoagulação no ciclo. Adolfo Liao

HEMOCENTRO RP PROCEDIMENTO OPERACIONAL

Capítulo 15 Perinatologia PATOLOGIA PERINATAL

Comumente empregadas nos pacientes graves, as drogas vasoativas são de uso corriqueiro nas unidades de terapia intensiva e o conhecimento exato da

RESIDÊNCIA MÉDICA 2015

COMPLICAÇÕES RENAIS NO TRANSPLANTE HEPÁTICO

PECULIARIDADES DA HIPERTENSÃO NA MULHER CELSO AMODEO

ROSANGELA GOMES DA SILVA RISCOS ASSOCIADOS AO AUMENTO DA PRESSÃO ARTERIAL EM GESTANTES

DHEG: DOENÇA HIPERTENSIVA ESPECIFICA NA GRAVIDEZ

FACULDADE DE EDUCAÇÃO E MEIO AMBIENTE LAUANI ROCHA DE SOUZA

DROGAS VASODILATADORAS E VASOATIVAS. Profª EnfªLuzia Bonfim.

GLOMERULOPATIAS. 5º ano médico. André Balbi

Hospital São Paulo SPDM Associação Paulista para o Desenvolvimento da Medicina Hospital Universitário da UNIFESP Sistema de Gestão da Qualidade

Dr. Fábio Cabar ASSISTÊNCIA PRÉ NATAL REDE CEGONHA DR. FÁBIO R. CABAR

DHEG, Pré Eclâmpsia e Eclâmpsia

Transcrição:

Universidade de São Paulo Faculdade de Saúde Pública Departamento de Saúde Materno Infantil Síndromes hipertensivas na gestação MARCEL ROBLEDO QUEIRO Z O B S T E T R I Z M E S T R A N D O E M S A Ú D E P Ú B L I C A Perguntas norteadoras: 1. Defina morte materna e near-miss materno. 2. Quais são as síndromes hipertensivas que podem estar presentes na gestação? Quais são as características de cada uma delas? 3. Quais são os principais fatores associados às síndromes hipertensivas? 4. Que características poderia ter uma dieta elaborada para prevenir a hipertenção induzida pela gestação? E uma dieta para a hipertenção crônica?

Resumo Mortalidade Materna Near-miss materno Hipertensão Arterial Síndromes Hipertensivas na gestação Fatores associados Hipertensão induzida pela gravidez Pré-eclâmpsia Eclâmspia Síndrome HELLP Tratamentos Parto Alimentação

Mortalidade Materna Objetivos do Milênio Razão de mortalidade materna - razão entre o número de mortes maternas por 100 mil nascidos vivos (NV). Compreende-se por morte materna todo óbito feminino ocorrido durante a gravidez ou até 42 dias do termino da mesma, por causas relacionadas ou agravadas pela gravidez, porém não acarretada por causas acidentais ou incidentais

Mortalidade Materna Ilustração : Razão de mortalidade materna (por 100 mil nascidos vivos) ajustada. Brasil, 1990/2007. Fonte (Brasil, 2010)

Mortalidade Materna A RMM é um indicador de saúde extremamente importante, estando inversamente relacionado ao Índice de Desenvolvimento Humano, contribuindo na avaliação dos níveis de saúde e de desenvolvimento socioeconômico de uma população, sendo um sensível indicador de pobreza e iniquidade social.

Mortalidade Materna No globo > hemorragia América Latina e Caribe > distúrbios hipertensivos Países desenvolvidos > embolia e outras causas relacionadas à cesariana e anestesia. As mortes por aborto são elevadas em alguns países da América Latina e Caribe e também em alguns países da Europa Oriental, entretanto esses dados podem estar subestimados por conta da subinformação.

Mortalidade Materna No Brasil as principais causas de morte materna continuam sendo a hipertensão arterial e hemorragia, enquanto em muitos países desenvolvidos elas não mais figuram entre as principais causas de morte materna. Um quarto de todas as mortes maternas no Brasil se deve às complicações da hipertensão arterial.

Near-miss materno Apesar da mortalidade materna ainda apresentar taxas elevadas em muito países, trata-se de um evento raro em números absolutos, dificultando seu estudos. Desta forma o estudo dos casos de near-miss materno estão ganhando espaço como um meio útil para observar a qualidade dos cuidados obstétricos, uma vez que esses casos compartilham muitas características com as mortes maternas e pode informar diretamente sobre os obstáculos que tiveram que ser superadas, após o início de uma complicação aguda.

Near-miss materno Conceito foi adaptado da aeronáutica: near miss, ou quase perda, referia-se originalmente a um choque de aeronaves durante o vôo que esteve próximo de ocorrer, e que somente não ocorreu por um bom julgamento ou sorte. Na obstetrícia faz referência à situação onde mulheres que apresentam complicações potencialmente letais durante a gravidez, parto ou puerpério, somente sobrevivem devido ao acaso ou ao cuidado hospitalar Um estudo brasileiro sugere que esses eventos quase-mortais afetam 4% de todos os partos, especialmente os afetados por infecções, hemorragia e pré-eclâmpsia, uma taxa cerca de quatro vezes mais elevadas do que as observadas em países desenvolvidos.

Síndromes Hipertensivas na gestação Segundo a Sociedade Brasileira de Cardiologia podemos considerar a hipertensão na gravidez quando o nível da pressão arterial for maior ou igual a 140/90 mmhg.

Síndromes Hipertensivas na gestação As síndromes hipertensivas podem ser classificadas como: Hipertensão crônica (HC): acontece se uma mulher grávida tiver o diagnóstico de hipertensão antes da gravidez ou até a 20ª semana de gestação; Hipertensão induzida pela gravidez (HIG) ou doença hipertensiva específica da gestação (DHEG): o quadro hipertensivo se desenvolve após a 20ª semana de gestação, mas não acompanhada de proteinúria; Pré-eclâmpsia (PE): agravamento da HIG, com presença de proteinúria; Pré-eclampsia superposta (PES), quadro de HC agravado durante a gestação pela presença de proteinúria;

Síndromes Hipertensivas na gestação As síndromes hipertensivas podem ser classificadas como: Eclâmpsia (EC): eclâmpsia convulsiva, agravamento com crises convulsivas; eclâmpsia comatosa, quando o quadro de pré-eclampsia culmina com o coma, na ausência de convulsões; Síndrome HELLP, quadro composto por hemólise, plaquetopenia e elevação das enzimas hepáticas (Hemolysis, Elevated Liver enzymes, Low Platelet count). Atualmente a CID-10 classifica toda HIG como pré-eclâmpsia, sendo: Na ausência de proteinúria: Pré-eclâmpsia leve Na presença de proteinúria: Pré-eclâmpsia moderada ou grave

Síndromes Hipertensivas na gestação As síndromes hipertensivas ocorrem em 5-10% de todas as gestações no Brasil. Estudos apontam que em algumas UTI obstétricas de nosso país, a internação por agravamentos da hipertenção na gestação chegam a 90% dos.

Fatores Associados hipertensão pré-gravídica: 25-50% das mulheres com nefropatia hipertensiva desenvolvem DHEG sobreposta antecedentes familiares de pré-eclâmpsia (herdada através do genótipo materno) diabetes (incidência 24-56% DHEG nas formas hipertensivas dos diabetes )

Fatores Associados paridade (predominante em primigesta, em multípara está associada HAC) idade materna avançada (acima de 35 anos - associada HAC) Jovem (abaixo de 15 anos)

Fatores Associados gravidez múltipla gemelar - aumenta o risco da DHEG em 4 a 5 vezes raça (negra) constituição física (obesa) mola hidatiforme (manifestação precoce anterior 20ª semana)

Hipertensão Induzida pela Gravidez (HIG) presença de hipertensão arterial, edema e/ou proteinúria a partir da 20ª semana de gestação, em mulheres previamente normotensas. Complicações maternas DPP, CIVD, hemorragia cerebral, edema pulmonar, insuficiência hepática, insuficiência renal aguda Complicações perinatais prematuridade, restrição do crescimento fetal (RCF), sofrimento fetal e morte perinatal (devido à má perfusão plancentária)

Hipertensão Induzida pela Gravidez (HIG) Hipertensão gestacional: PAS 140 mmhg ou PAD 90 mmhg aferida pela 1.a vez durante a gestação Retorno dos níveis pressóricos à normalidade antes de 12 semanas pós-parto Podem haver outros sinais ou sintomas de préeclâmpsia, como desconforto epigástrico ou trombocitopenia (plaquetopenia).

Hipertensão Induzida pela Gravidez (HIG) Edema

Hipertensão Induzida pela Gravidez (HIG) Diagnóstico: Pressão arterial sistólica 140 mmhg ou Pressão arterial diastólica 90 mmhg Aferida em pelo menos duas medidas O aumento de 30 mmhg ou mais na PAS e de 15 mmhg ou mais na PAD não é mais considerado como diagnóstico de hipertensão na gestação indica apenas risco elevado para o desenvolvimento de pré-eclampsia.

Hipertensão Induzida pela Gravidez (HIG) Etiologia: Teoria da isquemia renal: a distensão uterina provocaria reflexo vasoconstritivo renal com conseqüente hipertensão. Teoria do aumento da pressão abdominal: provocaria redução do fluxo sangüíneo aos rins. Teoria genética: maior freqüência em gestantes cujas mães apresentaram a DHEG Teoria prostaciclínica: na DHEG as prostaglandinas vasodilatadoras estão reduzidas e o tromboxano vasoconstritor está aumentado Teoria imunológica - troca de parceiros: justificaria a maior incidência em primigesta.

Hipertensão Induzida pela Gravidez (HIG) Etiologia: Teoria metabólica - alimentação (dieta hipoprotéica, hipersódica), associada à influência do nível socioeconômico (nutrição deficiente, maior estresse).

Hipertensão Induzida pela Gravidez (HIG) Etiologia: Teoria da redução da perfusão útero-placentária: má adaptação placentária, com falha da remodelação e da infiltração de células trofoblásticas nas arteríolas espiraladas e subsequente hipoperfusão do leito placentar. A isquemia da circulação uteroplacentária ocasiona liberação de substâncias vasoativas na circulação materna, promovendo dano endotelial e consequente alteração de sua função. Essa lesão do endotélio leva a uma gama de mudanças na interface sangue-tecido, incluindo agregação plaquetária, ativação do sistema de coagulação, aumento da permeabilidade da parede do vaso e aumento da reatividade e do tono do músculo liso vascular. Como consequência final, ocorre vasoespasmo arteriolar generalizado, levando a alterações funcionais e morfológicas em vários órgãos e resultando na complexa manifestação clínica HIG.

Hipertensão Induzida pela Gravidez (HIG) Etiologia: Teoria da redução da perfusão útero-placentária: A mãe não rejeita o filho (outro código genético) porque existe uma série de mecanismos imunológicos que acontecem no interior do útero feminino com a finalidade de proteger mãe e filho. Esses mecanismos envolvem a placenta, tecido que faz a conexão do feto com a mãe e através da qual há as trocas gasosas e de nutrientes essenciais para o desenvolvimento do feto.

Hipertensão Induzida pela Gravidez (HIG)

Hipertensão Induzida pela Gravidez (HIG) Etiologia: Teoria da redução da perfusão útero-placentária:

Hipertensão Induzida pela Gravidez (HIG) Etiologia: Teoria da redução da perfusão úteroplacentária: Os vilos (diminutas projeções) originários da placenta em desenvolvimento, estendem-se até o interior da parede uterina, ramificandose sucessivamente em um complicado arranjo arboriforme. Este arranjo aumenta bastante a área de contato entre a mãe e a placenta, permitindo que mais nutrientes passem da mãe para o feto e que os produtos da degradação metabólica passem do feto para a mãe.

Hipertensão Induzida pela Gravidez (HIG) Etiologia: Teoria da redução da perfusão útero-placentária: Em alguns casos, porém, essa interação da mãe com a placenta e o feto é disfuncional do ponto de vista imunológico porque são liberadas proteínas do filho na circulação materna que provocam uma resposta imunológica da mãe contra os tecidos fetais. Como conseqüência, muitas vezes a reação imunológica agride as paredes dos vasos sangüíneos, provocando uma vasoconstrição. Para vencer a resistência dos vasos contraídos, o coração é obrigado a bombear com mais força e a pressão arterial aumenta.

Pré-eclâmpsia (PE) Pré-eclâmpsia leve - presença de hipertensão (PA 140/90 mmhg), edema e proteinúria, sem sinais e/ou sintomas característicos de PRÉ-ECLAMPSIA grave Pré-eclâmpsia grave gestantes com pré-eclâmpsia e qualquer um dos sinais ou sintomas a seguir:

Pré-eclâmpsia (PE) cefaléia intensa dor epigástrica Proteinúria - definida como proteinúria 300 mg em 24 horas, ou 1+ ou mais na fita em duas ocasiões, em uma determinação de amostra única sem evidência de infecção. Creatinina sérica 1,3mg/dl Plaquetopenia < 100.000 mm 3 oligúria (diurese <400ml/24h)

Pré-eclâmpsia (PE) Sintomas: Manifestações cerebrais e visuais: cefaléia, torpor, confusão, turvação visual, escotomas (perda parcial da acuidade parcial), diplopia (visão dupla), amaurose (cegueira transitória). Edema agudo de pulmão ou cianose. Dor epigástrica ou em hipocôndrio direito. Achados de Síndrome HELLP - elevação das enzimas hepáticas (TGO e TGP)

Pré-eclâmpsia (PE) Sintomas: Escotomas

Pré-eclâmpsia (PE) Sintomas: Diplopia

Eclâmpsia (Ec) Ocorrência de convulsões tônico-clônicas generalizadas e/ou coma, convulsões não relacionadas a qualquer outra doença Significa a manifestação do envolvimento cerebral na pré-eclâmpsia grave

Eclâmpsia (Ec) Sinais e sintomas: Geralmente precedida por cefaléia, alterações visuais, agitação psicomotora e hiper-reflexia. Pode estar associada a outras queixas, como dor epigástrica, naúseas e vômitos. Quadro clínico: Precedida pelos sinais de pré-eclâmpsia grave As convulsões podem ocorrer antes durante após o parto (primeiras 24 horas) Pode chegar ao coma, com ou sem convulsões

Eclâmpsia (Ec) Fisiopatologia: O tecido cerebral é o principal órgão alvo das complicações decorrentes da hipertensão grave e da eclâmpsia. Basicamente, o processo fisiopatológico dos quadros hipertensivos graves, associados ou não à convulsão, determina intenso espasmo arteriolar, edema cerebral frequentemente associado à hemorragia do parênquima cerebral.

Síndrome HELLP Hemolysis hemólise Elevated Liver function aumento da função hepática Low Platelet count - plaquetopenia Podem ocorrer formas incompletas da síndrome HELLP

Síndrome HELLP Incidência 2 a 12% dos casos de PE grave e/ou eclâmpsia Geralmente são pacientes por volta dos 25 anos, brancas e multíparas. Ocorrência - antes ou após o parto

Síndrome HELLP Diagnóstico Icterícia e/ou bilirrubinas totais >1,2mg/dl Transaminases hepáticas séricas (TGO e TGP) >70U/l Plaquetopenia <100,000/mm3

Síndrome HELLP Mortalidade em 2% dos casos, sendo que os principais eventos envolvidos diretamente na morte materna são: Falência cárdio-pulmonar, Coagulopatia, Hemorragia intracraniana, Ruptura hepática, Choque pós-cesárea, Falência de múltiplos órgãos, Co-morbidade variada

Tratamentos HIG - Tratamento na gestação: Encaminhamento ao pré-natal de alto risco Repouso em DLE Restrição de sódio na dieta Controle do peso e stress Controle da movimentação fatal (mobilograma) Controle medicamentoso (metildopa).

Tratamentos Pré-eclâmpsia Leve: medicação anti-hipertensiva Grave: medicação anti-hipertensiva e anticonvulsivante Eclâmpsia Após a administração da droga anticonvulsivante, iniciar medicação hipotensora

Tratamentos HELLP Admissão em Unidade de Terapia Intensiva ou Unidade de Cuidados Intermediários Estabilização do quadro clínico Tratamento dos picos hipertensivos semelhante a préeclampsia grave Profilaxia anticonvulsivante semelhante a pré-eclampsia grave Correção da plaquetopenia transfusão de plasma fresco congelado

Parto HIG e Pré-eclâmpsia leve: Controle de níveis pressóricos e conduta expectante. O parto normal é aconselhável. Pré-eclâmpsia grave e Eclâmpsia: Após controlar as convulsões e estabilizar clinicamente a paciente, interromper a gravidez. O parto normal é aconselhável. Manter anticonvulsivante por 24h após o parto. Síndrome HELLP: Após estabilização clínica da paciente, interromper a gravidez em até 24 horas.

Parto O risco de complicações maternas é maior quando se realiza cesariana em pacientes com pré-eclâmpsia grave, destacando-se maior risco de manifestações hemorrágicas, infecção, picos hipertensivos e maior duração da hospitalização. A indução pode ser proposta na maior parte dos casos em que existe indicação de interrupção da gravidez. Sugere-se que o parto vaginal é mais seguro que a cesárea em mulheres com pré-eclâmpsia e deve ser tentado, a não ser que existam outras indicações de cesariana.

Alimentação O tipo de dieta pode prevenir Pré-Eclâmsia? De modo geral, a dieta balanceada é fundamental para o sucesso de qualquer gestação. Há a possibilidade da utilização de ácido acetilsalicílico (100 mg/dia) até 3 semanas para gestantes com maior risco para pré-eclâmpsia, incluindo o antecedente de pré-eclâmpsia ou hipertensão arterial de qualquer etiologia e síndrome antifosfolípide (efeito discreto a moderado). Dieta rica em frutais e vegetais com ação antioxidativa está associado a menor pressão arterial Incidência de pré-eclampsia parece ser maior em mulheres cuja ingesta de ácido ascórbico < 85mg/dia

Alimentação O tipo de dieta pode prevenir Pré-Eclâmsia? Cálcio: Em relação a pré-eclâmpsia, existem evidências científicas sugerindo que se você fizer uma dieta rica em cálcio (2 a 3 boas fatias de queijo branco e/ou cerca de 1 litro de leite ao dia) podem diminuir o risco de instalação de pré-eclâmpsia. Segundo o Manual técnico da secretaia do estado de saúde (sp), há a orientação sobre dieta rica em cálcio (folhas verdes, leite pouco gorduroso e derivados, no mínimo 1 litro), ou 1 g via oral de carbonato de cálcio, se ingesta deficiente;

Alimentação O tipo de dieta pode prevenir Pré-Eclâmsia? Dieta hipossódica Não existe evidências suficiente para justificar a indicação da redução do sal no tratamento da pré-eclâmpsia, uma vez que essa não é sódio-dependente, diferentemente dos casos de hipertensão crônica.

Alimentação Amorim MMR, Souza ASR. Prevenção da pré-eclâmpsia: baseada em evidências. FEMINA, 2009. vol 37, nº 1

Obrigado!