Lógica Fuzzy. Conectivos e Inferência. Professor: Mário Benevides. Monitores: Bianca Munaro Diogo Borges Jonas Arêas Renan Iglesias Vanius Farias

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Transcrição:

Lógica Fuzzy Conectivos e Inferência Professor: Mário Benevides Monitores: Bianca Munaro Diogo Borges Jonas Arêas Renan Iglesias Vanius Farias

Conectivos O que são conectivos? São operadores que conectam sentenças como e, ou, se então (implica) e se e somente se. Na lógica difusa são utilizados os mesmos conectivos da lógica clássica.

Conectivos Como são usados? Uma sentença modificada pela palavra não é dita negação da sentença original. A palavra e é usada para juntar duas sentenças formando uma conjunção de duas sentenças. Ao conectarmos duas sentenças com a palavra ou é dita disjunção das duas sentenças. A partir de duas sentenças podemos construir a forma se... então... que é dita sentença condicional

Conectivos Na lógica fuzzy utilizamos a mesma notação da lógica clássica para representar os conectivos: para não ^ para e v para ou para implica para se e somente se

Linguagem

Tabelas Verdade Forma de Cayley X Forma Cartesiana Tabelas verdade semelhantes as da lógica clássica podem ser construidas na lógica fuzzy. Nos exemplos a seguir, utilizaremos os valores {0, 0.5, 1} para as funções de pertinência das variáveis. Estes valores indicam os casos onde x não pertence, talvez pertença e pertence ao conjunto fuzzy, respectivamente.

Disjunção A disjunção é equivalente à operação de união teórica, ou seja, p v q = p max q, o que induz a função de pertinência p q (x) = max ( p (x), q (x)). Tabela verdade da operação ou : p v q p q 0 0.5 1 0 0 0.5 1 0.5 0.5 0.5 1 1 1 1 1

Conjunção A conjunção é equivalente a operação p ^ q = p min q, o que induz a função de pertinência p q (x) = max ( p (x), q (x)). Tabela verdade da operação e : p ^ q p q 0 0.5 1 0 0 0 0 0.5 0 0.5 0.5 1 0 0.5 1

Negação Assumiremos que a negação é definida como o complemento, ou seja, p = 1 p. Isso induz a função de pertinência p (x) = 1 p (x).

Negação Tabela verdade da operação nao e : (p ^ q) = 1 (p ^ q) à esquerda. Tabela verdade da operação nao ou : (p v q) = 1 (p v q) à direita. p q 0 0.5 1 p q 0 0.5 1 0 1 1 1 0.5 1 0.5 0.5 1 1 0.5 0 0 1 0.5 0 0.5 0.5 0.5 0 1 0 0 0

Implicação Diferente das anteriores, a operação de implicação possui várias interpretações. Se definirmos o operador na forma usual, ou seja, p q p v q, obteremos uma tabela verdade que é contra intuitiva onde algumas leis lógicas deixam de ser respeitadas. Uma das interpretações mais aceitas é a implicação de Gödel, que é mais adequada que a interpretação clássica pois mais relações da lógica clássica são preservadas.

Implicação de Gödel A implicação de Gödel pode ser escrita como: p q p q q Tabela verdade da operação implicação de Gödel : p q 0 0.5 1 0 1 1 1 0.5 0 1 1 1 0 0.5 1

Implicação: equivalência A tabela verdade para equivalência ( ) pode ser determinada a partir da implicação (de Gödel) e conjunção, visto que p q é o mesmo que (p q) ^ (q p). Tabela verdade da operação equivalência : p q 0 0.5 1 0 1 0 0 0.5 0 1 0.5 1 0 0.5 1

Implicação de Mamdani Interpretação para o operador de implicação muito utilizado em controladores fuzzy. A implicação de Mamdani é definida por: a b a minb Onde *min é o produto externo, correspondendo à aplicação de min a cada elemento do produto cartesiano entre a e b. Na prática, é equivalente à conjunção, ou seja, a min b.

Implicação de Mamdani A operação está ilustrada na tabela a seguir:

Implicação de Mamdani Exemplo do tanque: Considere a implicação se o nível é baixo então abra a válvula V1 Para os níveis [0 litros, 25 litros, 50 litros, 75 litros, 100 litros] tem se baixo = [1, 0.75, 0.5, 0.25, 0], respectivamente. Para os estados [fechada, meio aberta, aberta], tem se abrir = [0, 0.5, 1], respectivamente.

Implicação de Mamdani Resultado da operação:

Implicação de Mamdani A tabela nos mostra que, quanto maior é o meu grau de crença de que o nível do tanque está baixo, maior também é minha crença de que a torneira estará aberta. E se o nível do tanque está alto? Nada podemos afirmar!!

Outras interpretações para implicação

Análise Semântica É possível provar uma expressão enumerando todas as combinações de valores de variáveis em lógica fuzzy, assumindo que o domínio das variáveis é discreto e limitado.

Análise Semântica Exemplo: modus ponens [ p p q ] q A sentença tem duas variáveis e assumiremos uma discretização tal que a variável possa tomar três valores (0, 0.5, 1). Isto implica que teremos 3² = 9 combinações, ilustradas na tabela a seguir. Verifica se que o modus ponens é válido para lógica fuzzy, tratando a implicação como sendo de Gödel. A validade é limitada ao domínio escolhido, mas pode ser estendida para um caso de maior dimensão.

Análise Semântica

Análise Semântica O exemplo mostra que a lógica fuzzy traz outras soluções e requer mais esforço computacional do que no caso da lógica clássica. Pode se notar que a implicação de Gödel preserva a tautologia. Este é o preço que se paga para termos valores verdade intermediários, que capturem a incerteza.

Inferência Para se chegar a conclusões a partir de uma base de regras, é necessário um mecanismo que produza uma saída a partir de uma coleção de regras do tipo "se então". Isto é conhecido como "inferência composicional de regras". O verbo "inferir" significa concluir a partir de evidências, deduzir ou ter uma consequência lógica.

Inferência Para compreendermos melhor o que é inferência, podemos pensar em uma função y = f(x), onde f é uma determinada função, x é a variável independente e y é o resultado da função. O valor y0 é inferido a partir de x0 com a função f.

Inferência: Modus Ponens Consideremos novamente o exemplo do Modus Ponens. Podemos escrevê lo da seguinte forma: P > Q P Q Ou seja, se P então Q é verdade e se P é verdade, então Q é verdade.

Inferência: Modus Ponens Podemos generalizar o Modus Ponens dizendo: P > Q P' Q' Lembrando que, em Lógica Fuzzy, P' poderá ser ligeiramente diferente de P, utilizando se modificadores. A seguir daremos um exemplo.

Inferência: Modus Ponens Exemplo da implicação de Mamdani ("modus ponens generalizado"), vista no exemplo do tanque: R = baixo *min abrir Um novo vetor de entrada para nível, sendo: Nível quase baixo = [0.75, 1, 0.75, 0.5, 0.25] (1)

Inferência: Modus Ponens Fazendo se a multiplicação das matrizes nível e R, representada por v.^, temos o vetor: V1=nível. R V1 = [0, 0.5, 0.75] (2)

Inferência: Modus Ponens v.^ = 0.75 1 0.75 0.5 0.25 0 0.5 1 0 0.5 0.75 0 0.5 0.5 0 0.25 0.25 0 0 0 0 0 0.5 0.5 0.75 0.75 + + + 0 0.5 0.75 0 + + 0 0+ 0 + + 0.5 + + 0.5 0.5 + 0.25 + + + 0.5 + 0.25 + 0 + 0.25 0 + 0 0.25 0

Inferência: Modus Ponens Controle de nível: o A entrada "nível" dada por (1) é um conjunto fuzzy que representa o nível um pouco acima de "baixo". o O resultado após realizar inferência é um vetor V1 ligeiramente abaixo de "aberto" conforme mostra (2). o Se tentássemos colocar "nível=baixo", esperaríamos obter um vetor V1 com valor "aberto" após realizar a composição com R.