Manter produtos em estoque vale à pena? 1 INTRODUÇÃO Numa época em que os índices de inflação eram altos, via-se uma vantagem em manter grandes volumes de mercadorias em estoque, pois mesmo com os produtos parados, havia uma valorização quase que diária neste ativo. Porém, com a queda da inflação, as empresas vêm agindo de forma diferente. Hoje, é comum manter-se pequenas quantidades dos produtos em estoque já que parece não ser mais vantajoso possuir esta conta do ativo inchada. Mas, mesmo em pequenas quantidades é vantagem manter saldos em estoques? Não seria possível produzir ou mesmo comprar na medida em que as demandas de venda fossem surgindo? Para responder a estas perguntas, analisaremos os prós e os contras do processo de compra e estocagem de mercadoria. 2 OBJETIVO estoque. Identificar as vantagens e as desvantagens em manter mercadorias em 3 REFERENCIAL TEÓRICO 3.1 ESTOQUES Entende-se por estoque todos os materiais armazenados para atender algum fim, de acordo com a atividade da empresa. Pode-se considerar estoque as matérias-primas, os produtos acabados ou semiacabados, os componentes para montagens ou reposição, os materiais administrativos e outros tipos de suprimentos, de forma que estes supram as necessidades da empresa para que ela possa atender às suas demandas de acordo com os seu negócio. (VIANA, 2000). Contudo, é importante entender a real necessidade de se manter estoque.
O ideal seria não manter estoques partindo do princípio que fosse possível atender aos clientes, internos ou externos, no exato momento em que estes fizessem o pedido. Mas a incerteza futura, o abastecimento imediato por parte dos fornecedores e a continuidade operacional são as principais causas para que a empresa mantenha produtos em estoque para possa atender as demandas internas ou mesmo a área de vendas de imediato. (AZEVEDO; SOUZA, 2013). Alguns motivos que justificam a existência de estoques são a inviabilidade se manter as mercadorias a pronta entrega, na ocasião em que as demandas ocorrem, o ganho por conta das variações dos custos unitários (importante quando se tem níveis de inflação relevantes, o que pode beneficiar muitas vezes as empresas com valorização do estoque), a diminuição da frequência dos contatos com os fornecedores, que muitas vezes gera demandas excessivas ao setor de compras e a segurança contra os riscos de produção do mercado fornecedor. (VIANA, 2000). Porém, sabe-se que os estoques possuem outras finalidades além do atendimento imediato às demandas internas e externas, que podem justificar os recursos investidos pela companhia. É necessário um investimento por parte da companhia para manter determinados níveis de estoque uma vez que não é possível saber exatamente quais serão as demandas futuras como também a real disponibilidade dos fornecedores. Assim, devem-se manter os estoques para ter disponibilidade de produtos minimizando os custos totais de produção e distribuição. Além disso, temos outras vantagens ao mantermos estoques como segue: Melhoram o nível de serviço; incentivam economias na produção; permitem economias de escala nas compras e nos transportes; agem como proteção contra aumentos de preços; e servem como segurança contra contingências (BALLOU, 1993). Entende-se a necessidade desse investimento sabendo dos custos envolvidos na estocagem de mercadorias o que muitas vezes utiliza recursos que poderiam ser destinados para outros fins. De acordo com Ballou (1993, p. 208): O controle de estoques exerce influência muito grande na rentabilidade da empresa. Eles absorvem capital que poderia estar sendo investido de outras maneiras. Portanto, o inventário desvia fundos de outros usos potenciais e
tem o mesmo custo de capital que outro projeto de investimento da companhia. Aumentar a rotatividade do estoque auxilia a liberar ativo e economiza o custo de manutenção de inventário (normalmente em torno de 20% do seu valor médio). Uma vez o estoque internalizado, é papel da logística o seu gerenciamento tendo agilidade ao receber e armazenar os produtos, tendo eficiência no controle da qualidade da mercadoria como também a rapidez no atendimento dos pedidos de vendas que são características básicas para a companhia ser competitiva e, sobretudo, lucrativa. A logística é o processo de gerenciar estrategicamente a aquisição, a movimentação e a armazenagem de materiais, e também, suas informações através da organização, de forma que possa otimizar as operações e assim, aumentar a lucratividade através do atendimento dos pedidos a baixo custo e a total satisfação dos seus clientes. A questão da competitividade é uma vantagem obtida através dos bons serviços prestados e que vem a posicionar bem a empresa no ranking entre as suas concorrentes. Essa vantagem competitiva é fruto da capacidade de se diferenciar dos concorrentes e ser a primeira opção a vir à mente dos clientes ao surgir as suas necessidades. Também, o fato de operar a baixos custos abre espaço para investimentos em melhorias e tecnologias. Então, entende-se que a capacidade de planejar e controlar bem os estoques são fundamentais para o sucesso da companhia. (POZO, 2007). Aplica-se também ao setor de estoque, o controle dos itens em estoque e das carências do setor produtivo, não apenas os estoques de matérias-primas como também os intermediários e os de produtos acabados. Sua função é não deixar faltar mercadorias como também não permitir a estocagem de excessos. Ainda de acordo com Pozo (2007), pode-se considerar a lista de objetivos do planejamento e controle de estoque abaixo: suprir corretamente o processo de fabricação de matéria-prima, materiais, peças e insumos; garantir um estoque o mais baixo possível mas que seja suficiente para atender às demandas de venda; garantir a remoção de todos os itens defeituosos e obsoletos das prateleiras; prevenir as avarias por mau uso, os extravios e outras perdas; e
garantir o fornecimento de informações corretas de forma a elaborar corretamente o planejamento de curto, médio e longo prazos das necessidades de estoque. O processo de suprimento deve ser otimizado de forma que não haja disponibilidades maiores que as necessidades, pois isso é algo que irá gerar custos desnecessários. Para uma empresa que busca resultados é importante eliminar todo e qualquer custo maior que o necessário ao sustento das suas operações. De acordo com Ballou (1993, p. 154): Muitas firmas hoje estão evitando ou minimizando a necessidade de armazenagem pela aplicação do conceito Just-in-time. A ideia é ajustar o suprimento e a demanda no tempo e na quantidade, de forma que produtos ou matérias primas cheguem justamente quando são necessários. Este conceito tem sido usado mais efetivamente no suprimento das empresas, pois a demanda por materiais é frequentemente derivada da demanda por produtos finais, nos quais entram como matérias-primas ou componentes. O conhecimento da demanda por suprimentos é tão importante quanto por produtos acabados. Apesar disso, no momento em que a aquisição for de grande quantidade e a previsão das demandas e dos tempos de carência para a aquisição de matérias primas for imprecisa, será necessário estocar em armazéns. O conceito Just-in-time é praticado juntamente com os métodos de cálculo de necessidades de produção (NRP - materials requiriment planning - planejamento de necessidade de materiais) e de distribuição (DRP Distribuition requiriment planning - planejamento de necessidade de distribuição), que serão discutidos posteriormente (BALLOU, 1993). Manter estoques em excesso gera custos maiores do que os necessários para atender às operações da companhia. Existe o risco do produto não vender, a possibilidade de ficar ultrapassado pela entrada de modelos mais novos no mercado além do fato de muitas companhias contraírem empréstimos em bancos para a aquisição de mercadorias. Para Bowersox e Closs (2009, p. 225): A manutenção de estoque implica riscos de investimento e de possibilidade de obsolescência. Em primeiro lugar, o investimento em estoque não p ode ser usado alternativamente para obter mercadorias ou outros ativos destinados à melhoria de desempenho da empresa. Como alternativa, os recursos para investimento em estoque podem ser obtidos mediante empréstimo, opção que aumenta as despesas financeir as da empresa. Outro aspecto do risco que envolve o estoque é a possibilidade de roubos e
a obsolescência. Esses fatores e o valor relativo do estoque determinam o nível de risco a que a maioria das empresas está exposta. É importante compreender que a nat ureza e a extensão do risco variam dependendo da posição da empresa no canal de distribuição. Os estoques representam investimento em ativos, portanto, é esperado que se tenha retorno de capital para a companhia. Faz muito tempo que os contadores reconhecem os diversos problemas de apuração uma vez que as demonstrações contábeis não refletem os verdadeiros custos como também não reconhecem as vantagens de se investir em estoques. (BOWERSOX; CLOSS, 2009). Estoque mínimo, ou estoque reserva, é uma quantidade mínima de peças que tem que existir no estoque com a função de cobrir as possíveis variações do sistema que podem ser: eventuais atrasos no tempo de fornecimento (TR) por nosso fornecedor, rejeição do lote de compra ou aumento na demanda do produto. Sua finalidade é não afetar o processo produtivo e, principalmente, não acarretar transtornos aos clientes por falta de material e, consequentemente, atrasar a entrega de nosso produto ao mercado. (POZO, 2002). Entende-se, então, que é necessário adotar um estoque de segurança de forma que este atenda a possíveis variações do sistema. Entretanto, isso gera custos que talvez não sejam suportados pela empresa. Então, é necessário que se tenha um estoque de segurança que não afete consideravelmente os custos operacionais da companhia. É preciso ter políticas de estoque bem definidas, pois os custos envolvidos podem ser grandes e impactantes nos resultados da empresa. Isso tudo é parte fundamental da gestão de estoques. Conforme Bowersox e Closs (2009, p. 223 e 224): Do ponto de vista da logística, decisões que envolvem estoques são de alto risco e de alto impacto. O comprometimento com determinado nível de estoque e a subsequente expedição de produtos para mercados, em antecipação a vendas futuras, acarretam várias atividades logísticas. Sem um estoque adequado, a atividade de marketing poderá detectar perdas de vendas e declínio da satisfação dos clientes. A formulação de políticas de estoque requer o conhecimento do papel do estoque nas áreas de produção e de marketing das empresas. Para compreender a importância atribuída ao
estoque, deve-se ter uma visão da magnitude dos ativos nele investidos, numa empresa normal. Além dos custos com armazenagem, conservação e controle das mercadorias, existe o custo dos produtos, ou seja, o seu valor contábil dentro do patrimônio da companhia. 4 CONCLUSÃO Os custos com as movimentações dos estoques, a possibilidade de avarias, o risco da obsolescência são apenas alguns motivos para não manter produtos em estoque. Além disso, o valor contido na conta estoque poderia ser investido em outras áreas ou atividades. Contudo, existem vantagens na estocagem de produtos que, muitas vezes, podem superar as desvantagem já mencionadas. A rapidez no atendimento de pedidos de venda e a redução do custo de transporte na medida em que as aquisições são menos frequentes e em maior quantidade, são bons motivos para adotar a política de produtos em estoque. Além disso, temos a incerteza sobre as futuras demandas e o risco de fornecimento, seja ele interno ou externo. Sendo assim, é preciso avaliar o negócio e o mercado em que se está inserido e buscar um equilíbrio nessa questão. Para as empresas serem competitivas, não podem se dar ao luxo de ter custos desnecessários como também não podem ter lentidão no atendimento de pedidos de vendas. Portanto, é importante que se mantenha quantidades estocadas o mais próximo possível da necessidade com base em previsões de demanda muito bem feitas. REFERÊNCIAS AZEVEDO, Érica Carvalhais de; SOUZA, Júlio Cezar de. A Importância da Gestão de Estoques. [2013?]. Disponível em: <http://www.techoje.com.br/site/techoje/categoria/detalhe_artigo/1023> Acesso em: 26 out. 2013. Matéria postada no site techoje, uma revista de opinião. BALLOU, Ronald H. Logística Empresarial. 1. ed. São Paulo: Atlas,1993.
BOWERSOX, Donald J., CLOSS, David J. Logística Empresarial: o processo de integração da cadeia de suprimento. São Paulo: Atlas, 2009. POZO, Hamilton. Administração de Recursos Materiais e Patrimoniais: uma abordagem logística. 2. ed. São Paulo: Atlas, 2002. POZO, Hamilton. Administração de recursos materiais e patrimoniais: uma abordagem logística. 4. ed. São Paulo: Atlas, 2007. VIANA, João José. Administração de Materiais: um enfoque prático. São Paulo: Atlas, 2000.