.. -. 1 é/é é) * 119 + :'-' 4. Al, 6 ('SN 4- 'MS,fierini!O ESTADO DA PARAÍBA TRIBUNAL DE JUSTIÇA Gabinete do Des. José Di Lorenzo Serpa ACÓRDÃO APELAÇÃO CÍVEL N2 001.2006.029.594-4/001. Relator :Des. José Di Lorenzo Serpa. Apelante :José Leite da Cruz (Adv. Arabela de Cássia Silva e. outro). Apelados :01) Refrescos Guararapes Ltda (Adv. Bruna Larissa de B. Monteiro). 02) Cervejarias Kaiser Nordeste S/A (Adv. Cristiano Zecheto S. Remirez). APELAÇÃO CÍVEL. Ação de indenização por danos morais. Preliminar de cerceamento do direito de defesa levantada pelo apelante. Magistrado destinatário da prova. Inteligência do art. 130 do CPC. Possibilidade de indeferir realização de prova. Princípio da livre admissibilidade da prova. Rejeição. Preliminar de ilegitimidade passiva ad causam arguida pelo apelado. Distribuidora. Responsabilidade solidária com o fabricante. Rejeição. Mérito. Responsabilidade regida pelo Código Civil. Ausência de relação consumerista. Apelante que não é destinatário final do produto. Produto utilizado como insumo da atividade comercial. Cerveja. Corpo estranho encontrado em seu interior. Dano moral ausente. Produto não utilizado. Necessidade de comprovação do prejuízo. Desprovimento do recurso. Manutenção da sentença a quo.
A produção das provas é uma faculdade do Juiz, na qualidade de dirigente do processo, e ínsita ao seu convencimento ou não. São requisitos da obrigação de indenizar: a prática de um ato ilícito, a ocorrência de dano efetivo e o nexo causal entre ambos. Ausente qualquer desses requisitos, não se há de falar em indenização. A legislação em vigor não admite a indenização de dano hipotético e imaginário. Não havendo dano concreto e efetivo, não se há de falar em indenização. Vistos, relatados e discutidos a APELAÇÃO CÍVEL N2 001.2006.029.594-4/001, ajuizada por JOSÉ LEITE DA CRUZ em face de REFRESCOS GUARARAPES LTDA e CERVEJARIAS KAISER NORDESTE S/A. ACORDA o Tribunal de Justiça do Estado da Paraíba, por sua 1 8 Câmara Cível, em sessão ordinária, rejeitar as preliminares e, no mérito, desprover o recurso, à unanimidade. RELATÓRIO Trata-se de apelação cível interposta por JOSÉ LEITE DA CRUZ (fls. 339/370) inconformado com a sentença prolatada pelo Juízo da 2 Vara Cível da Comarca de Campina Grande (fls. 327/331) que julgou improcedente a ação de indenização por danos morais ajuizada em face de REFRESCOS GUARARAPES LTDA e da CERVEJARIAS KAISER NORDESTE S/A. Em razões recursais, o apelante alegou, em preliminar, cerceamento do direito de defesa, pois, deferida a produção de prova testemunhal, o magistrado julgou antecipadamente a lide. No mérito, relata ter sofrido prejuízo ao comercializar produto, no caso, cerveja, com um corpo estranho em seu interior, ficando conhecido na
localidade como vendedor de cerveja falsificada. Relata, outrossim, que na prova pericial restou comprovado que o produto não foi violado e a existência de corpo estranho no interior da garrafa de cerveja. Existindo, assim, a responsabilidade pelo vício do produto. Em contrarrazões recursais, os Refrescos Guararapes Ltda alegou a preliminar de ilegitimidade passiva, por ser apenas distribuidora do produto, devendo a responsabilidade recair no fabricante. No mais, pugnou pelo desprovimento da apelação. As Cervejarias Kaiser Nordeste S/A ofertou contrarrazões ao recurso apelatório, rogando pela manutenção da sentença de primeiro grau. A Procuradoria de Justiça emitiu parecer (fls. 375/377), opinando pelo desprovimento do recurso, para que seja mantida incólume a sentença proferida nos autos. É o relatório. VOTO: ADMISSIBILIDADE Presentes os pressupostos intrínsecos cabimento, legitimidade e interesse para apelar e extrínsecos tempestividade, regularidade formal e inexistência de fato impeditivo ou extintivo do direito de recorrer. Quanto à tempestividade, os demandantes foram intimados da sentença no dia 02/10/2009, fls. 338. O apelante protocolizou o recurso na data de 21/10/2009 (fls. 339), sendo, pois, tempestiva, nos termos do art. 508, do CPC. Ausência do pagamento de preparo por ser o recorrente beneficiário da justiça gratuita. Juízo de admissibilidade positivo. PRELIMINARES 1. Cerceamento do direito de defesa / j
,... Alega o apelante, em preliminar, que o seu direito de defesa foi tolhido, ao ser deferida a produção de prova testemunhal e não sendo esta realizada. Com efeito, é preciso se ter em mente, de logo, que o destinatário da prova é o julgador. Preceitua o disposto no art. 130 do CPC, in verbis: No "Caberá ao juiz, de ofício ou a requerimento das partes, determinar as provas necessárias à instrução do processo, indeferindo as diligências inúteis ou meramente protelatórias". caso em tela, o Magistrado, mesmo tendo deferido a produção de prova testemunhal, entendeu desnecessária a sua realização, o que é perfeitamente cabível se ele, detentor do poder instrutório do processo, entendeu que a realização da referida prova era prescindível à formação de seu convencimento. Neste sentido, inúmeras são as decisões: AGRAVO DE INSTRUMENTO. DIREITO PÚBLICO NÃO ESPECIFICADO. FORNECIMENTO DE ENERGIA ELÉTRICA. PROVA ORAL..NECESSIDADE. O sistema jurídico brasileiro adota o princípio da livre admissibilidade da prova e dessa forma, o critério predominante é o de admitir toda a prova necessária à determinação da verdade dos fatos e à formação da convicção do juiz. No caso, a matéria é de fato e a parte tem o direito de produzir prova testemunhal para comprovar a impossibilidade do fornecimento de energia elétrica, com o depoimento da engenheira técnica, e o seu indeferimento constitui flagrante cerceamento de defesa. Precedentes desta Corte. RECURSO PROVIDO. (Agravo de Instrumento NQ 70023110968, Segunda Câmara Cível, Tribunal de Justiça do RS, Relator: Amo Werlang, Julgado em 06/08/2008) (grifo nosso). 1
,... AGRAVO DE INSTRUMENTO. EMBARGOS DE TERCEIRO. PROVA TESTEMUNHAL. É o juiz o destinatário da prova, sendo dele a faculdade do ordenamento do feito. Inteligência dos artigos 128 e 331, 22, do CPC. Precedentes. AGRAVO MANIFESTAMENTE IMPROCEDENTE. SEGUIMENTO NEGADO. (Agravo de Instrumento NQ 70024979130, Primeira Câmara Especial Cível, Tribunal de Justiça do RS, Relator: Ana Lúcia Carvalho Pinto Vieira, Julgado em 03/07/2008) (grifo nosso). Isto posto, a preliminar deve ser rejeitada. 2. Ilegitimidade passiva ad causam dos Refrescos Guararapes Ltda Por outro lado, sustenta a apelada Refrescos Guararapes Ltda a preliminar de ilegitimidade passiva ad causam, ao fundamento de que seria apenas a distribuidora do produto objeto da presente demanda. Para a referida apelada, a responsabilidade por eventual vício do produto deveria ser atribuída apenas ao fabricante. Porém, a presença da empresa Refrescos Guararapes no processo está plenamente justificada, conforme acertadamente determinado pelo Juízo anterior, eis que, na condição de comerciante e colocando o produto com habitualidade no mercado de consumo, deve responder pelos vícios na qualidade da mercadoria. O dever de indenizar é fundamentado pelo art. 931 do atual Código Civil: "Art. 931. Ressalvados outros casos previstos em lei especial, os empresários individuais e as empresas respondem independentemente de culpa pelos danos causados pelos produtos postos em circulação." Logo, não há o que se falar em ilegitimidade, havendo efetiva solidariedade entre a recorrida e o fabricante do produto apontado na inicial como impróprio para consumo, já que este foi por ela comercializado. (I ----- ( ) 7 2.31-"-----
.... Por tais razões, rejeito a preliminar de ilegitimidade. MÉRITO Versam os autos sobre pedido de indenização por danos morais, decorrentes de objeto estranho encontrado em garrafa de cerveja, no estabelecimento comercial do apelante, o que teria resultado, na ótica do apelante, constrangimento perante sua clientela. A garrafa de cerveja em questão foi adquirida pelo apelante na distribuidora Refrescos Guararapes Ltda, para que fosse servida em seu bar. Logo, não há caracterização de relação de consumo, já que o produto se caracteriza como insumo da atividade enegociai desenvolvida pelo recorrente. A respeito da matéria, a jurisprudência: Pois (...) - INEXISTÊNCIA DE RELAÇÃO DE CONSUMO - PACTA SUNT SER VANDA - A falta de assinatura nas contra-razões de apelação constitui irregularidade sanável; no entanto, concedida oportunidade para suprir a deficiência apontada sem atendimento, de conseqüência não se conhece da resposta recursal, por ausência de pressuposto formal de sua validade. 'Não se enquadra no conceito de consumidor, para efeitos da Lei n 2 8.078/90, a pessoa jurídica que não é destinatária final do bem, por utilizá-lo como insumo de sua atividade econômica para gerar riquezas'..." (Apelação Cível 0384162-1, TAMG, 1 a C.Cív., Rel. Des. Gouvêa Rios, j. em 01.07.03). bem. Neste passo, apensar da Constituição Federal resguardar a honra e à imagem das pessoas, de maneira indistinta. Todavia, a legislação em vigor não admite a indenização de dano hipotético, mesmo que seja bastante possível que este viesse a ocorrer. Não havendo dano concreto e efetivo, não se pode falar em indenização. Neste passo, não tendo o apelante comprovado ter sofrido qualquer dano concreto em virtude dos fatos narrados nos autos, inviável se mostra o acolhimento da pretensão indenizatória.
. No caso, verifica-se que, mesmo se considerando incontestados os fatos relativos à existência, na garrafa de cerveja adquirida pelo apelante, de um corpo estranho, ainda que houvessem brincadeiras por tal fato em seu estabelecimento comercial, não se pode concluir pela existência de um dano moral, ainda mais quando não houve o consumo do conteúdo da garrafa por qualquer pessoa. Assim, tem-se que os contra-tempos gerados em face do apelante são passageiros, não havendo nos autos nem mesmo demonstração de prejuízo tido com seus fornecedores e clientes pelo fato ocorrido, tampouco prova da redução em sua clientela em decorrência do corpo estranho encontrado no interior da garrafa de cerveja. Neste sentido corrobora a jurisprudência pátria: DIREITO CIVIL - REFRIGERANTE - OBJETO ESTRANHO NO INTERIOR - INEXISTÊNCIA DE PROVA DO ILÍCITO ASSIM COMO DE DANOS - Para que se configure o ato ilícito, que enseja a reparação, é necessário que ocorram simultaneamente, nos termos do art. 159 do CC de 1916, recepcionado no novo CC de 2002 em seu artigo 186 c/c art. 927. as seguintes situações: fato lesivo voluntário, causado pelo agente, por ação ou omissão voluntária (dolo). negligência ou imprudência (culpa), ocorrência de um dano patrimonial ou moral, cumuláveis as indenizações por dano material ou moral 410 decorrentes do mesmo e nexo de causalidade entre o dano e o comportamento do agente. - A indenização por dano moral objetiva atenuar o sofrimento, físico ou psicológico, decorrente do ato danoso, que atinge aspectos íntimos e sociais da personalidade humana. Na presente hipótese, a simples aquisição do produto danificado. uma aarrafa de refrigerante contendo um objeto estranho no seu interior, sem que se tenha ingerido o seu conteúdo, não revela, a meu ver, o sofrimento descrito pelo recorrente como capaz de ensejar indenização por danos morais. Assim,, / -,
.... Ação O, ausentes o ilícito atribuído à apelada e dano ao recorrente, não há como prosperar seu pleito por indenização decorrente de danos morais. - Os danos materiais devem ser devidamente provados, não se podendo presumi-los. No caso dos autos, não existe prova da perda sustentada pelo recorrente; não se podendo presumi-la, e não logrando êxito quanto a esse ônus, a conseqüência processual é o julgamento de improcedência do pedido. (TJMG Apelação Cível 2.0000.00.439353-9/000, Rel. Des. Sebastião Pereira de Souza, p. Em 26.08.04) (grifo nosso). de indenização por dano material. Relação de consumo. Garrafa de cerveja que supostamente continha uma tampa amassada no seu Interior. Ausência de qualquer dano suportado pela parte. Suposições. Dano hipotético. Impossibilidade de acolhimento do pleito indenizatório. (TJMG Apelação Chiei nq 2.0000.00.411011-8/000(1), Relator: Juiz Pedro Bernardes, Data do julgamento: 10/02/2004; Data da publicação: 13/03/2004) (grifo nosso). Mediante tais considerações, não há o que ser modificado na decisão de primeiro grau. Ante o exposto, em harmonia com o parecer ministerial, REJEITO AS PRELIMINARES DE CERCEAMENTO DO DIREITO DE DEFESA E DE ILEGITIMIDADE PASSIVA DO REFRESCOS GUARARAPES LTDA E NEGO PROVIMENTO AO RECURSO APELATÓRIO, mantendo em todos os termos a sentença combatida. Presidiu a sessão o Exmo. Des. Manoel Soares Monteiro. Participaram do julgamento, além do Relator, o Exmo. Des. José Di Lorenzo Serpa, o Exmo. Juiz Miguel de Britto Lyra Filho, convocado em razão da disponibilidade do Exmo. Des. Marcos Antônio Souto Maior e o Exmo. Des. Manoel Soares Monteiro. Presente à sessão a Douta Procuradora de Justiça Janete Maria Ismael da Costa Macedo. Ç ji --
.. Sala de Sessões da Primeira Câmara Cível do Tribunal de Justiça do Estado d Paraíba, em João Pessoa, 15 de abril de 2010. >7 / 4 DES. JOS É Dl LORENZO SERPA RELATOR 1110
, TRIBUNAL DE JUSTIÇA Coordenadoria Judiciârta. Registrada ere;2242j1fm,e2