ADMINISTRAÇÃO FINANCEIRA DE CURTO PRAZO



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Transcrição:

ADMINISTRAÇÃO FINANCEIRA DE CURTO PRAZO 1.1. Capital de Giro O Capita de Giro refere-se aos recursos correntes de curto prazo pertencentes à empresa. Dessa forma, o capital de giro corresponde aos recursos aplicados no ativo circulante da empresa, formado basicamente pelas disponibilidades, valores a receber e estoques, conforme demonstrado na figura 1. Esses recursos são utilizados pela empresa para manter suas atividades operacionais que compreendem desde a aquisição de matérias-primas (ou mercadorias), passando pelo processo transformação e de comercialização, até o efetivo recebimento pela venda dos produtos acabados (ou mercadorias). ATIVO Ativo Circulante (AC) Disponível Valores a Receber Estoques Ativo Realizável a Longo Prazo (RLP) Ativo Permanente (AP) Investimento Imobilizado Diferido PASSIVO Passivo Circulante (PC) Fornecedores Salários e Encargos Sociais Empréstimos e Financiamentos Passivo Exigível a Longo Prazo (ELP) Empréstimos e Financiamentos Patrimônio Líquido (PL) Capital Reservas Lucros/Prejuízos Acumulados Figura 1 Balanço Patrimonial Contudo, os valores registrados no Ativo, que por sua vez são chamados de aplicações, são financiados pelos valores registrados no Passivo, chamados de origens. Desse modo, a administração do capital de giro está relacionada com a gestão das contas que representam os elementos de giro, ou seja, ativos e passivos circulantes, bem como as inter-relações existentes entre elas. O capital de giros pode ser segmentado em fixo (ou permanente) e variável (ou sazonal): Capital de Giro Fixo: refere-se ao volume de mínimo de ativo circulante necessário para manter a empresa em condições normais de funcionamento. 3

Capital de Giro Variável: refere-se às necessidades adicionais e temporais de recursos ocorridas em determinado período, determinadas principalmente em função de compras antecipadas de estoque, atraso no recebimento de clientes, sazonalidade nas vendas em períodos distintos entre outros fatores. Por fim, vale ressaltar que a manutenção de níveis adequados de estoque, investimentos em créditos a clientes, critérios para gerenciamento do caixa e a estrutura de passivos circulante impactam na necessidade de novos recursos para financiar as atividades operacionais ou na sobra de recursos utilizadas para ampliar a atividade operacional, e em última instância, estão relacionados à determinação e manutenção do nível de rentabilidade e liquidez da empresa. 1.2. Ativos e Passivos Operacionais e s Para poder avaliar as necessidades de investimento em capital de giros, torna-se imprescindível reclassificar as constas do Balanço Patrimonial, agrupando-as de acordo com a figura 2. ATIVO PASSIVO CIRCULANTE Caixa e Bancos Aplicações Financeiras Duplicatas a Receber Estoques Empréstimos e Financiamentos Fornecedores Salários e Encargos Sociais CIRCULANTE PERMANENTE Realizável a Longo Prazo Investimento Fixo Exigível a Longo Prazo Patrimônio Líquido PERMANENTE Figura 2 Grupos patrimoniais operacionais, financeiros e permanentes. 4

O ativo circulante financeiro é composto por valores de maior liquidez e que não apresentam necessariamente um vínculo direto com o ciclo operacional. O ativo circulante operacional é composto por valores que mantêm estreita relação com a atividade operacional da empresa. Estes valores estão relacionados ao volume de negócios (produção e vendas) e com as características das fases do ciclo operacional (prazos médios). O ativo permanente é composto por valores tipicamente de longo prazo (não circulante), tais como os direitos realizáveis a longo prazo e os investimentos fixos (máquinas, equipamentos entre outros). O passivo circulante financeiro inclui as dívidas que a empresa mantém junto às instituições financeiras e as outras obrigações não vinculadas diretamente com a atividade operacional. O passivo circulante operacional é composto pelas obrigações de curto prazo identificadas diretamente com o ciclo operacional da empresa, representando as dívidas de funcionamento (operacionais) da empresa, tal como ocorre de maneira similar ao ativo circulante operacional. O passivo permanente é composto pelas fontes de financiamento a longo prazo próprio (patrimônio líquido) e de terceiros (exigibilidades), no qual a importância está relacionada em manter o equilíbrio financeiro com as necessidades permanentes de recursos da empresa. 1.3. Ciclos, e Econômico O ciclo operacional compreende todas as fases operacionais presentes no processo empresarial de produção venda recebimento, iniciando-se na aquisição da matéria-prima, e finalizando-se no recebimento da venda do produto acabado, conforme representado na figura 3. Compra de Matéria-Prima Início da Fabricação Fim da Fabricação Venda Recebimento da Venda PME (Mp) PMF PMV PMC Figura 3 Ciclo operacional de uma empresa industrial Onde, PME (Mp) = prazo médio de estocagem de matérias-primas; 5

PMF = prazo médio de fabricação; PMV = prazo médio de venda (prazo médio de estocagem os produtos acabados) PMC = prazo médio de cobrança (prazo médio de recebimento) A soma de cada um destes prazos médios, indica o tempo médio decorrido desde a compra de matéria-prima até o efetivo recebimento da venda. Quanto maior for este prazo, maior será a necessidade de recursos para financiar o giro da empresa. Uma boa administração do capital de giro aumentar o giro e diminuir os prazos médios, tornando mais dinâmico o fluxo de operações. Necessidade Acumulada de Recursos ($) Financiamento do Capital de Giro Ciclo Compra de Matéria-Prima Início da Fabricação Fim da Fabricação Venda Recebimento da Venda Pagamento de Desconto de Fornecedores Duplicatas PME (Mp) PMF PMV PMC Figura 4 Ciclo operacional e necessidades de recursos Vale ressaltar que o ciclo operacional varia em função do setor de atividade e das características de atuação da empresa. Dessa forma, os prazos médios de uma empresa processadora de alimentos são diferentes de uma empresa fabricante de bens de consumo, que por sua vez são diferentes de uma construtora. 6

Porém, a cada fase operacional ocorrida ao longo do tempo, o montante de recursos destinado ao financiamento do capital de giro vai aumentando devido o acúmulo de gastos ocorridos, conforme demonstrado na figura 4. Por exemplo, o investimento demandado no período de estocagem de matérias-primas é menor que o verificado no período de fabricação, em razão de serem agregados nesta fase os custos de produção. Do mesmo modo, a necessidade de financiamento aumenta mais um pouco durante o prazo de vendas e cobrança pela presença de gastos específicos. Em relação ao ciclo operacional, podemos ainda identificar a partir dele dois outros ciclos, o ciclo financeiro (caixa) e o ciclo econômico, conforme ilustrado na figura 5. Compra de Matéria-Prima Início da Fabricação Fim da Fabricação Venda Recebimento da Venda PME (Mp) PMF PMV PMC PMPF Ciclo Ciclo (Caixa) Ciclo Econômico Figura 5 Ciclo financeiro e econômico Onde, PMPF = prazo médio de pagamento a fornecedores; O ciclo financeiro mensura o período relacionado às movimentações de caixa, que compreende desde o desembolso inicial de caixa (pagamento de matérias a fornecedores) até o recebimento efetivo da venda. Na eventualidade da empresa descontar títulos de venda, esse 7

período será reduzido na mesma proporção que o prazo da operação. O período referente a antecipação do recebimento é demonstrada pelo PMDD (prazo médio de desconto de duplicatas). O ciclo econômico por sua vez considera exclusivamente as ocorrências de ordem econômica, que compreende desde a compra de materiais até a respectiva venda, desconsiderando os reflexos de caixa ocorridos em cada fase operacional. seguinte forma: Desse modo, podem-se expressar os ciclos operacionais, financeiro e econômico da Ciclo : PME (mp) + PMF + PMV + PMC Ciclo : Ciclo PMPF PMDD Ciclo Econômico: Ciclo PMC 1.4. Cálculo dos Prazos Médios Ao se estudar o ciclo operacional, financeiro e econômico, faz-se necessário aprender calcular os prazos médios tratados anteriormente. Para isso, utilizaremos as informações de uma empresa hipotética, conforme consta no quadro 1. Quadro 1 Informações contábeis da Cia ABC No quadrimestre 19X8 Ativos Circulantes Operacionais Duplicatas a Receber 7.500,00 Estoques Matérias-Primas 400,00 Produtos em Processo 700,00 Produtos Acabados 1.050,00 Passivos Circulantes Operacionais Fornecedores a Pagar 4.000,00 Despesas Operacionais a Pagar 400,00 Informações Adicionais: - Vendas: 15.000,00 - Custo dos Produtos Vendidos (CPV): 7.000,00 - Matéria-Prima Consumida no Período: 1.600,00 - Compras Realizadas no Período: 6.000,00 - Despesas Operacionais Ocorridas no Período: 2.400,00 8

Prazo Médio de Estocagem das Matérias-Primas - PME PME = Matéria Prima Consumo de Matéria-Prima x 120 PME = 400,00 1.600,00 x 120 = 30 dias Prazo Médio de Fabricação - PMF PMF = Produto em Processo Custo dos Produtos Elaborados x 120 PMF = 700,00 7.000,00 x 120 = 12 dias Prazo Médio de Vendas - PMV PMV = Produtos Acabados Custo dos Produtos Vendidos x 120 PMV = 1.050,00 7.000,00 x 120 = 18 dias Prazo Médio de Cobrança - PMC PMC = Duplicatas a Receber Vendas x 120 9

PMC = 7.500,00 15.000,00 x 120 = 60 dias Prazo Médio de Pagamento a Fornecedores - PMPF PMPF = Fornecedores a Pagar Compras x 120 PMPF = 4.000,00 6.000,00 x 120 = 80 dias Prazo Médio de Pagamento de Despesas Operacionais PMPD PMPD = Despesas a Pagar Despesas Incorridas x 120 PMPD = 400,00 2.400,00 x 120 = 20 dias Após efetuar os cálculos dos prazos médios, pode-se expressar graficamente a composição dos prazos conforme demonstrado na figura 6. PMC PME (Mp) PMF PMV 30 42 60 80 100 120 PMPF Necessidade de Financiamento Figura 6 Representação Gráfica do ciclo financeiro da Cia ABC 10

De acordo com o ciclo financeiro demonstrado, podemos observar que nos primeiros 30 dias a empresa investiu em matéria-prima, mantendo-os no estoque por um mês até que sejam utilizados no processo de fabricação. A partir do 30 o dia, a empresa aplica estes recursos por mais 12 dias no processo de fabricação. Do 42 o dia até o 60 o dia, a empresa investe recursos nos produtos acabados, os quais permanecem estocados por 18 dias antes de serem vendidos. A partir do 60 o dia, mais investimentos são demandados para cobrir os 60 dias de prazo de pagamento concedido a seus clientes. mente, observa-se que a empresa se financia por 80 dias, que representa o prazo médio de pagamentos concedidos pelos fornecedores. Desta forma, por demandar recursos por um período de 120 dias, a empresa necessita obter outras fontes de financiamento para cobrir os 40 dias excedentes do prazo concedido pelos fornecedores até o prazo de recebimento dos clientes. É importante que a empresa atente-se para o período de necessidade de financiamento, pois, quanto maior for maior será o volume de recursos necessários para financiar esse período. Logo, a empresa deve procurar ajustar estes prazos na medida do possível para amenizar a necessidade de recurso. Vale ressaltar ainda que na medida em que os prazos médios se alterem, a necessidade de financiamento também será alterada para mais ou para menos, dependendo de quais prazos médios forem alterados. 1.5. NIG Necessidade de Investimento em Capital de Giro Devido o descompasso entre o fluxo de pagamento e de recebimento ocorridos na empresa em função dos prazos de conversão de estoque em duplicatas a receber e destas em numerários, é necessário fazer investimentos em capital de giro para financiar os períodos em que ocorrem mais pagamentos que recebimentos. A necessidade de investimento em capital de giro é representada pela diferença entre o Ativo Circulante (ACO) e o Passivo Circulante (PCO), conforme demonstrado na equação: NIG = ACO - PCO 11

Graficamente, a NIG pode ser expressa das seguintes maneiras: NIG POSITIVA (ACO > PCO) ATIVO $ 30 $ 60 Permanente $ 50 PASSIVO $ 20 $ 40 Permanente $ 80 ACO = 60 ( ) PCO = 40 (=) NIG = 20 É a situação normal para maioria das empresas. Neste caso, a empresa deve encontrar fontes adequadas de financiamento. NIG NULA (ACO = PCO) ATIVO $ 30 $ 60 Permanente $ 50 PASSIVO $ 10 $ 60 Permanente $ 70 ACO = 60 ( ) PCO = 60 (=) NIG = 0 para o giro. Neste caso a NIG é igual a zero e, portanto, a empresa não necessita de financiamento 12

NIG NEGATIVA (ACO < PCO) ATIVO $ 30 PASSIVO $ 50 ACO = 30 ( ) PCO = 60 (=) NIG = (30) $ 30 $ 60 Permanente $ 80 Permanente $ 30 Neste caso a empresa tem mais financiamentos operacionais do que investimentos operacionais de maneira que os recursos excedentes poderão ser aplicados no mercado financeiro ou em investimentos fixos. 1.6. Indicadores de Liquidez Muitas pessoas confundem os indicadores de liquidez com indicadores de capacidade de pagamento. Na verdade, os indicadores de liquidez, tais como: liquidez geral, liquidez corrente, liquidez seca e liquidez imediata, não medem a efetiva capacidade de a empresa liquidar seus compromissos nos vencimentos, mas apenas evidenciam o grau de cobertura das dívidas no caso de encerramento total das atividades da empresa. Segundo Matarazzo (2003), uma empresa com bons indicadores de liquidez tem condições de ter boa capacidade de pagar suas dívidas, mas não estará, obrigatoriamente, pagando suas dívidas em dia em função de outras variáveis como prazo, renovação de dívidas, etc. anteriormente: A seguir, serão tratados individualmente cada um dos indicadores de liquidez citados a) Índice de liquidez geral (LG) = AtivoCirculante + RealizávelaLongoPr azo PassivoCirculante + ExigívelaLongoPr azo O objetivo deste indicador é demonstrar a proporção dos bens e diretos a serem realizados a curto e longo prazo em relação às dívidas totais da entidade, retratando, então, a saúde 13

financeira de longo prazo da entidade. A interpretação que se faz para este índice é quanto maior, melhor. Neste caso, o quociente deve ser sempre maior que um, representando uma situação cujos ativos de curto e longo prazo são maiores que os passivos de curto e longo prazo, evidenciando assim uma folga na capacidade global de solvência da entidade. b) Índice de liquidez corrente (LC) = AtivoCirculante PassivoCirculante Este indicador é o mais popular dentre todos os indicadores de liquidez, e tem por objetivo demonstrar a proporção entre os ativos e passivos realizáveis em menos de um ano. Assim como no índice de liquidez geral, a interpretação que se faz para este índice é quanto maior, melhor. Neste caso, o quociente deve ser sempre maior que um, representando uma situação cujos ativos de curto prazo sejam maiores que os passivos vencíveis no mesmo período, evidenciando assim uma folga na capacidade de solvência da entidade no curto prazo. c) Índice de liquidez seca (LS) = AtivoCirculante Estoques PassivoCirculante Este indicador, se comparado ao índice de liquidez corrente, corrige algumas distorções provocadas pelos riscos envolvidos na administração dos estoques, que correspondem aos itens de mais duvidosa conversibilidade entre os ativos circulantes da entidade, pois necessitam serem vendidos para se converterem em contas a receber ou caixa. Segundo Iudícibus (1998), este é um bom indicador de liquidez da entidade, contanto que os prazos médios de contas a receber e a pagar sejam assemelhados, pois, ao se eliminarem os estoques do numerador, apenas consideram-se os recursos disponíveis (caixa, bancos, aplicações e contas a receber de curto prazo) para fazer frente ao passivo circulante. Assim como os demais índices de liquidez, a interpretação que se faz para este índice também é quanto maior, melhor. Neste caso, o quociente deve ser sempre maior que um, representando uma situação cujos ativos de curto prazo desconsiderando os estoques, sejam maiores que os passivos vencíveis no mesmo período, evidenciando assim uma maior folga na capacidade de solvência da entidade no curto prazo em relação ao quociente apurado na liquidez corrente. 14

d) Índice de liquidez imediata (LI) = Disponibilidades PassivoCirculante Este indicador demonstra a relação entre as disponibilidades prontamente conversíveis em dinheiro (caixa, bancos e aplicações financeiras) e o passivo circulante, representando então quanto de dinheiro a entidade pode dispor imediatamente para liquidar as dívidas de curto prazo. Braga (1989) refere-se a este indicador como indicador efetivo de liquidez, destacando que, se muito alto, este indicador evidenciaria excesso de recursos parados no caixa ou então baixo volume de dívidas em curto prazo, sendo que, em qualquer hipótese, mais do que alta liquidez, isto representaria uma má gestão dos recursos financeiros. Dessa forma, a interpretação feita aos demais indicadores de quanto maior, melhor, não seria de todo coerente, pois, evidenciaria uma má gestão dos recursos financeiros de acordo com a citação anterior. A seguir um quadro com o resumo dos indicadores de liquidez tratados anteriormente, constando o que indica cada índice e sua interpretação. Quadro 2 Resumo dos indicadores de liquidez ÍNDICE INDICA INTERPRETAÇÃO Quanto a entidade possui de ativo circulante + realizável a Liquidez longo prazo para cada $ 1,00 de passivo circulante + Quanto maior, melhor. Geral exigível a longo prazo. Liquidez Quanto a entidade possui de ativo circulante para cada $ Quanto maior, melhor. Corrente Liquidez Seca Liquidez Imediata 1,00 de passivo circulante. Quanto a entidade possui de ativo líquido (ativo circulante estoques) para cada $ 1,00 de passivo circulante. Quanto a entidade possui de disponibilidades (caixa, bancos e aplicações financeiras) para cada $ 1,00 de passivo circulante. Quanto maior, melhor. Fonte: Extraído e Adaptado de Matarazzo (2003); Iudícibus (1998) e Braga (1989) - 15