CONTABILIDADE AVANÇADA CAPÍTULO 1: DEMONSTRAÇÃO DAS ORIGENS E APLICAÇÕES DE RECURSOS
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- Edite Viveiros de Santarém
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1 CONTABILIDADE AVANÇADA CAPÍTULO 1: DEMONSTRAÇÃO DAS ORIGENS E APLICAÇÕES DE RECURSOS CONCEITO A Demonstração das Origens e Aplicações de recursos (DOAR) deixou de ser obrigatória por força da lei /07, a qual alterou de forma significativa a lei 6.404/76. A referida demonstração foi substituída pela Demonstração dos Fluxos de Caixa (DFC). No entanto, entendemos ser importante abordar a DOAR no desenvolvimento do presente trabalho, tendo em vista os seguintes motivos: 1) A DOAR constitui-se em importante introdução ao estudo da DFC, especificamente em relação ao seu método indireto; 2) O estudo da DOAR proporciona uma grande quantidade de informações de interesse dos usuários da contabilidade; 3) A DOAR permite um excelente meio de avaliação dos conhecimentos de contabilidade adquiridos pelos concursandos na medida em que aborda grande parte dos assuntos anteriormente estudados. Assim, com base nos motivos expostos, analisaremos os principais aspectos desta demonstração CONCEITO A Demonstração das Origens e Aplicações de Recursos DOAR tem por objetivo indicar as modificações na posição financeira da companhia. No entanto, no sentido prático, a DOAR tem uma abrangência maior pois analisa as alterações no capital circulante líquido da sociedade em determinado período contábil. No início do estudo da contabilidade, é demonstrado que os Bens e Direitos que compõem o Ativo da entidade são classificados como Aplicações de Recursos (Investimentos). Analisa-se, nesta fase, que tais recursos podem ser originados por três tipos de fontes, ou seja, três tipos de Origens de Recursos (Financiamentos), quais sejam; Capital investido diretamente pelos Sócios (Capital Social), Capital de Terceiros e Lucros da entidade. Na DOAR, o conceito de Origens e as Aplicações de recursos está relacionado às alterações do Capital Circulante Líquido. Esta demonstração tem por objetivo evidenciar as alterações no Capital Circulante Líquido - CCL com base na influência dos Grupos não Circulantes. 1
2 Nota: Eram obrigadas à apuração da DOAR as companhias de Capital Aberto e as de Capital Fechado com patrimônio líquido superior a R$ ,00 (um milhão de reais) CAPITAL CIRCULANTE LÍQUIDO E SUAS VARIAÇÕES O Capital Circulante Líquido (ou Capital de Giro Líquido) corresponde ao Ativo Circulante diminuído do Passivo Circulante (AC - PC). A Variação do Capital Circulante Líquido retrata a relação entre as Origens as Aplicações de Recurso. As Origens aumentam o CCL enquanto que as Aplicações o diminuem. O aumento do Capital Circulante Líquido decorre do acréscimo do Ativo Circulante ou da redução do Passivo Circulante. Assim, se ocorre uma alteração em determinado grupo não circulante que tenha como conseqüência um aumento do Capital Circulante Líquido, esta alteração do grupo não circulante será considerada uma Origem de Recursos, em contrapartida, se a referida alteração provocar uma redução do Capital Circulante Líquido essa será considerada uma Aplicação de Recursos. Var. CCL Positiva Origens > Aplicações Var. CCL Negativa Origens < Aplicações EQUAÇÃO PATRIMONIAL A visualização da influência dos Grupos não Circulantes no Capital Circulante Líquido é obtida por meio da equação patrimonial. AC + ANC = PC + PNC + PL + LUCRO AJUSTADO Isolando-se o CCL, no lado esquerdo da equação, obtêm-se: AC PC = PNC + PL + LUCRO AJUSTADO ANC (Investim/ + Imobiliz. + Intang.) Analisando-se os sinais dos grupos não circulantes (lado direito da equação) verifica-se se o grupo é uma Origem ou Aplicação. Os que tiverem o mesmo sinal que o CCL, quando aumentam, representam Origens e quando diminuem, representam Aplicações. Os de sinal contrário, variam no sentido inverso, ou seja, quando aumentam são Aplicações e quando diminuem são Origens. 2
3 1.4 - DESCRIÇÃO DAS ORIGENS E DAS APLICAÇÕES ORIGENS a- Das próprias operações Resultado Líquido do Exercício (+) Despesas que NÃO afetam o CCL (-) Receitas que NÃO afetam o CCL APLICAÇÕES a. Dividendos Distribuídos b. Aquisição de Direitos do Imobilizado (+/-) Resultados de Exercícios Futuros (Receitas Diferidas) b. Dos Proprietários Realização do Capital Social e Contribuições para Reservas de Capital c. De Terceiros Aumento do PNC Redução do ARLP Alienação de Investimentos e do Imobilizado c. Aumento do Ativo Realizável a Longo Prazo (RLP), dos Investimentos e do Ativo Intangível d. Redução do Passivo Não Circulante (PNC) Exemplo Com base nos dados apresentados, elabore a DRE e a DOAR, em X2. 1. Na DRE foram apurados os seguintes fatos: 1.1. Receitas de Vendas, para recebimento no exercício subseqüente, no valor de R$ ,00. O CMV das referidas vendas foi no valor de R$ ,00 e os estoques vendidos estavam classificados no ativo circulante Receita de Vendas, para recebimento após o final do exercício subseqüente, no valor de R$ ,00. O CMV das referidas vendas foi no valor de R$ ,00 e os estoques vendidos estavam classificados no ativo circulante Resultados Positivos por Equivalência Patrimonial no valor de R$ ,00. 3
4 1.4. Resultados Não Operacionais positivos de R$ ,00 (venda de bem do Imobilizado por R$ ,00, cujo custo de aquisição foi de R$ ,00) Despesas Operacionais, incorridas em X2, no valor total de R$ , Encargos de Depreciação, Amortização e Exaustão, no valor de R$ , Variações Monetárias Passivas, relativas a obrigações de longo prazo, no valor de R$ 5.000, Receitas Diferidas (Aluguéis recebidos antecipadamente com cláusula de não devolução), no valor de R$ 5.000, Realização de Capital Social, em moeda, no valor de R$ , Empréstimo obtidos a Longo Prazo, em moeda, no valor de , Direitos Realizáveis a Longo Prazo convertidos para o circulante em função do vencimento ocorrer no período X3, no valor de R$ , Dividendos a Destinados no valor de R$ , Aquisição de Bem do Imobilizado no valor de R$ , Empréstimo concedido a sócio no valor de R$ , Aquisição de Participação Societária Permanente no valor de R$ , Aquisição de Intangível no valor de R$ , Transferência de Obrigação de Longo Prazo para o Passivo Circulante, no valor de R$ ,00. O Ativo Circulante e o Passivo Circulante da empresa, em X1, eram de R$ ,00 e ,00, respectivamente. Informar o valor do Capital Circulante Líquido, em X2. 4
5 CONTABILIDADE AVANÇADA CAPÍTULO 2: DEMONSTRAÇÃO DOS FLUXOS DE CAIXA (DFC) A Demonstração dos Fluxos de Caixa (DFC) tornou-se obrigatória a partir do ano de 2008 por força da Lei nº /07. A partir da referida lei, a Demonstração das Origens e Aplicações de Recursos (DOAR) deixou de ser obrigatória. A lei dispensa as companhias fechadas com Patrimônio Líquido inferior a R$ ,00 (dois milhões de reais) da elaboração da DFC. Enquanto que o objetivo na DOAR é o de evidenciar as Origens e Aplicações (grupos não circulantes) que alteram o Capital Circulante Líquido, na DFC a finalidade é a de evidenciar os fatores que provocaram as alterações nas Disponibilidades da empresa, ou seja, de verificar as Entradas e Saídas de recursos nas contas Caixa, Bancos conta Movimento e Aplicações de Liquidez Imediata (Equivalente-Caixa). Aqui, vamos adotar o conceito de Caixa como o de Disponibilidades. A Demonstração do Resultado do Exercício é elaborada com base no Princípio da Competência, no qual as Receitas e Despesas são computadas em função da ocorrência de seus fatos geradores, independentemente dos respectivos recebimentos e pagamentos. No entanto, para a tomada de decisões é necessária a obtenção de informações quanto às Disponibilidades de recursos. A Demonstração do Fluxo de Caixa permite a análise dos fatores que provocaram e irão provocar as Entradas e Saídas das disponibilidades na empresa. Na DFC, separam-se as atividades em três categorias: a) Das Operações; b) Atividades de Financiamento; c) Atividades de Investimento. Existem dois modelos para elaboração da Demonstração do Fluxo de Caixa; Direto e Indireto. 5
6 2.1 DEMONSTRAÇÃO DO FLUXO DE CAIXA MODELO DIRETO Por este modelo, confrontam-se as RECEITAS RECEBIDAS com as DESPESAS PAGAS ocorridas no período, apurando-se o LUCRO FINANCEIRO (OU LUCRO CAIXA). 2.2 DEMONSTRAÇÃO DO FLUXO DE CAIXA MODELO INDIRETO A diferença entre os dois modelos diz respeito às atividades operacionais. No modelo direto o lucro financeiro é calculado confrontando-se as receitas recebidas com as despesas pagas no período. Já no modelo indireto, parte-se do LUCRO LÍQUIDO DO EXERCÍCIO, que é ECONÔMICO, e, por meio de ajustes, chega-se ao LUCRO LÍQUIDO FINANCEIRO (Lucro Caixa) que representa a diferença entre as entradas e saídas de Disponibilidades. Exemplo (1) A Cia Alfa apresentou as seguintes informações relativas a sua contabilidade (valores em milhares de reais): X X2 Caixa 0,00? Clientes 1.000,00 900,00 PDD 70,00 63,00 Receita de 1.000, ,00 Vendas Despesa c/ PDD 70,00 63,00 Reversão da 0,00 30,00 PDD Perdas com 0,00 0,00 Clientes Com base nos dados apontados, identificar o valor das vendas recebidas em X2; 6
7 Exemplo (2) A Cia Alfa apresentou as seguintes informações relativas a sua contabilidade (valores em milhares de reais): X X2 Caixa 0,00? Clientes 1.000, ,00 PDD 70,00 84,00 Receita de 1.000, ,00 Vendas Despesa c/ PDD 70,00 84,00 Reversão de 0,00 0,00 PDD Perdas com 0,00 20,00 Clientes Com base nos dados apontados, identificar o valor das vendas recebidas em X2; Exemplo (3) A Cia Alfa apresentou as seguintes informações relativas a sua contabilidade (valores em milhares de reais): X X2 Caixa 0,00 Clientes 1.000, ,00 PDD 70,00 105,00 Receita de 1.000, ,00 Vendas Despesa c/ PDD 70,00 65,00 Reversão da 0,00 0,00 PDD Perdas com 0,00 0,00 Clientes Com base nos dados apontados, identificar o valor das vendas recebidas em X2; 7
8 Exemplo (4) No período X2, a Cia Alfa efetuou vendas, baixando os estoques que possuía em X1, assim como os adquiridos em X2 (valores em milhares de reais): X X2 Caixa 600,00 Clientes 0,00 0,00 Estoques 200 0,00 Fornecedores 0,00 400,00 Receita de 600, ,00 Vendas CMV 200,00 600,00 Despesas 100,00 100,00 Contas a pagar 0,00 0,00 Calcular os Resultados Econômico e Financeiro do período X2. QUESTÕES DE CONCURSOS SELECIONADAS (ESAF AFRF 2002) Dadas as informações a seguir: I - As Demonstrações Contábeis, de três períodos consecutivos da Cia. Maracanã, registram nas contas abaixo, os seguintes saldos: Saldos Finais Vendas CMV Despesas com PDD Clientes Estoques PDD Reversão de PDD Fornecedores Despesas do Período Contas a Pagar Perdas com Clientes II O Balanço Patrimonial de 1998 evidenciava como saldos finais das contas a seguir os valores: Estoques Fornecedores Clientes PDD Contas a Pagar
9 II A empresa utilizava Contas a Pagar somente para registrar despesas a prazo. Com base unicamente nas informações fornecidas, responda às questões de 1 a 4. 01) O valor das compras efetuadas pela empresa em 2001 é: a) b) c) d) e) ) O valor de ingresso no Fluxo de Caixa, nos três períodos, proveniente das Vendas é: a) b) c) d) e) ) No período de 2000 os pagamentos efetuados pela empresa aos fornecedores foram no valor de: a) b) c) d) a) ) (ESAF AFRF 2002) Das operações listadas a seguir, indique aquela que não tem como conseqüência alteração nas disponibilidades. a) diminuição de financiamentos por amortizações b) novos investimentos de longo prazo c) aumento do imobilizados por reavaliações d) créditos concedidos a coligadas e controladas e) operações com debêntures conversíveis em ações 05) (AFRF /ESAF) A composição da diferença entre o Lucro Contábil com o Fluxo de Caixa Operacional Líquido é evidenciada: a) na Demonstração das Origens e Aplicações de Recursos. 9
10 b) no Fluxo de Caixa Indireto. c) na Demonstração de Resultados. d) no fluxo gerado por Investimentos. e) na composição dos financiamentos de Caixa. 06) (AFRF /ESAF) O valor de resgate referente a aplicações financeiras de longo prazo é classificado no Fluxo de Caixa como item: a) de Empreendimentos b) de Financiamentos c) de Operações d) de Amortizações e) de Investimentos Das demonstrações contábeis da Cia. Azulão foram extraídas as contas abaixo com os seus respectivos saldos: Contas/Período Fornecedores CMV Compras Vendas Despesas Antecipadas Despesas Totais do Período Depreciação do Período ) (AFRF /ESAF) O valor pago pelas compras no ano de 2001 foi: a) b) c) d) e) ) (AFRF /ESAF) Se o valor do estoque final for , o estoque inicial será: a) b) c) d) e)
11 09) (AFRF /ESAF) Considerando que o Passivo Circulante da empresa era formado unicamente pela rubrica fornecedores e o Balanço Patrimonial não evidenciava a existência de Realizável a Longo Prazo, pode-se afirmar que o valor das Despesas pagas no período é: a) b) c) d) e) ICMS/SP/2006 Instruções: Das demonstrações publicadas da Cia. Poente foram extraídas algumas informações organizadas na tabela abaixo. Com base nesses dados, identifique os valores, em (R$), solicitados nas questões de números 01 a 03. Itens Estoques Fornecedores Clientes CMV Despesas c Crédito de Liquidação duvidosa Perdas com Clientes Vendas Despesas Antecipadas Contas a Pagar Provisão p/ Créditos em Liquidação Duvidosa ). Valor das compras de estoques efetuadas em 2004: (A) ,00 (B) ,00 (C) ,00 (D) ,00 (E)) ,00 11) Valor pago aos fornecedores no último período: (A)) ,00 (B) ,00 (C) ,00 (D) ,00 (E) ,00 11
12 12) Valor dos ingressos de caixa gerados pelas receitas de vendas: (A) ,00 (B)) ,00 (C) ,00 (D) ,00 (E) ,00 Gabarito 1 A 2 E 3 E 4 C 5 B 6 E 7 C 8 A 9 D 10 E 11 A 12 B EXEMPLOS (DFC) DO MÉTODO INDIRETO Exemplo (1) 1) A Cia. Alfa apresentou, em X0, os seguintes dados (valores em mil R$): AC X X1 PC X X1 Clientes Fornecedores Estoques Empréstimos Em X1, ocorreram as seguintes operações: 1. Recebimento de Clientes no valor de R$ 700; 2. Venda de Mercadorias a prazo no valor de R$ 2.000; 3. Custo das Mercadorias vendidas no valor de R$ 600; 4. Pagamento a Fornecedores no valor de R$ 600; 5. Compra a prazo de Mercadorias no valor de R$ 900, sendo R$ 800 a prazo e o restante à vista; 6. Venda de Mercadorias à vista no valor de R$ 1.000; 7. Custo das Mercadorias Vendidas de R$ 350; 12
13 8. Despesas operacionais pagas de R$ 1.350; No mesmo exercício, ainda ocorreram as operações a seguir descritas: 9. Aumento de Capital em reais de R$ 300; 10. Aumento de Financiamento de R$ 200; 11. Pagamento de Dividendos de R$ 100; 12. Depreciação do Imobilizado de R$ 200; 13. Aquisição do Imobilizado em moeda, no valor de R$ 400; 14. Apuração de Lucro Líquido do Exercício de R$ 500; 15. Pagamento dos Empréstimos em R$ 30; Saldo inicial do Caixa de R$ 700; Elaborar a Demonstração do Fluxo de Caixa utilizando o Modelo Indireto e calcular o Saldo Final de Caixa. Exercício (2) A Cia. Celta apresentou os seguintes dados referentes ao exercício X0. Balanço Patrimonial AC Caixa Clientes Estoques AP Equipamentos PC Fornecedores PL Capital Social Fatos ocorridos em X1. 1) Recebimento de R$ de Clientes; 2) Vendas por R$ de Estoques avaliados por R$ ; 3) Contabilização de Despesas Operacionais para pagamento a prazo de R$ ; 4) Pagamento a Fornecedores no valor de R$ ; 5) Contabilização de Despesas de Depreciação R$ ; 6) Aumento do Capital Social em R$ ; Efetuar a contabilização dos fatos, elaborar o Balanço Patrimonial, a Demonstração do Resultado, o Fluxo de Caixa pelo Método Indireto. 13
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