ACÓRDÃO W-4 2,áfpà PODER JUDICIÁRIO TRIBUNAL DE JUSTIÇA DA PARAIBA GABINETE DO DES. MÁRCIO MURILO DA CUNHA RAMOS APELAÇÃO CÍVEL N 001.2008.016188-6/001 Juizo da 38 Vara Cível da Comarca de Campina Grande Relator: Exmo. Des. Márcio Murilo da Cunha Ramos Apelantes: Telemar Norte Leste S/A. e TNL PCS S.A. Advogado: Caio César Vieira Rocha Apelada: lana Albuquerque Andrade Advogado: Tânio Abílio de Albuquerque Viana APELAÇÃO CÍVEL SERVIÇO DE TELEFONIA FIXA E MÓVEL COBRANÇAS INDEVIDAS CANCELAMENTO DAS FATURAS EMITIDAS INDEVIDAMENTE, CONCESSÃO DO DIREITO À REPETIÇÃO DE INDÉBITO E DE INDENIZAÇÃO POR DANOS MORAIS IRRESIGNAÇÃO ALEGAÇÃO DE INADIMPLÊNCIA DO CONSUMIDOR NÃO VERIFICAÇÃO: MIGRAÇÃO ENTRE PLANOS DE TELEFONIA OFERTADOS PELAS EMPRESAS APELANTES MIGRAÇÃO QUE, REALIZADA, NÃO FOI CONSIDERADA PELAS RECORRENTES CONSEQUÊNCIA: COBRANÇAS REALIZADAS INDEVIDAMENTE REJEIÇÃO DAS TESES DE EXERCÍCIO REGULAR DE DIREITO E DE CULPA EXCLUSIVA DA VÍTIMA (INEXISTÊNCIA DE INADIMPLÊNCIA) DIREITO DA APELADA À ANULAÇÃO DAS FATURAS EMITIDAS INDEVIDAMENTE E À REPETIÇÃO DO INDÉBITO BLOQUEIO DA LINHA TELEFÔNICA COMPROVAÇÃO DO ATO ILÍCITO, DO DANO E DO NEXO CAUSAL DEVER DE INDENIZAR INSURGÊNCIA CONTRA O VALOR INDENIZATÓRIO ARBITRADO DESNECESSIDADE DE REDUÇÃO: VALOR FIXADO ADEQUADAMENTE DESPROVIMENTO DO APELO. Provado que o consumidor, além do bloqueio ilegal de sua linha telefônica, sofreu cobranças indevidas, haja vista não se qualificar devedor da empresa de telefonia, descortina-se o seu direito à anulação das faturas de cobrança emitidas indevidamente, à repetiç - indébito, bem como à indenização por danos morais. A jurisprudê ta do Superior Tribunal de Justiça é uníssona no sentido de qáe o dano moral in re 47sa dispensa a prova de sua ocorrência para fins de imposição do respectivo deve-, indenizatório.
Provado que o valor indenizatório se revela adequado, pois fixado de acordo com os princípios da razoabilidade e da proporcionalidade, não possuindo o condão de gerar enriquecimento indevido, impõe-se denegar a pretensão de sua redução. acima identificados. VISTOS, RELATADOS E DISCUTIDOS os presentes autos ACORDA a Egrégia Terceira Câmara Cível do Colendo Tribunal de Justiça do Estado, à unanimidade, em negar provimento à apelação eive). RELATÓRIO Telemar Norte Leste S/A, interpôs Apelação Cível (fls. 362/382) contra lana Albuquerque Andrade, visando modificar a sentença de mérito que, julgando a demanda parcialmente procedente, cancelou "todas as faturas de telefone fixo, bem assim do Plano 01 Conta Total 2 originário e as cobranças da assinatura básica mensal de telefonia fixa e do aluguel do modem posteriores a 23/04/2008 (...) bem assim para condenar a Telemar Norte Leste S/A. e a TNL PCS S.A a restituir. à promovente, em dobro, o valor da fatura de fl. 26, no valor de R$ 313,87 (trezentos e treze reais e oitenta e sete centavos), com correção monetária pelo INPC e juros de mora de I% a.m. a partir da cobrança indevida (08/06/2008 data do vencimento) e. também, ao pagamento de R$ 10.000,00 (dez mil reais) a título de danos morais, corrigidos a partir desta data pelo INPC e acrescidos com juros de mora de I% ao mês. estes devidos desde a citação" (fls. 360). Em suas razões recursais, a apelanté esclarece que a apelada "assinou o PLANO 01 CONTA TOTAL 2 em 24 de março de 2007, o qual tinha a duração de 01 ano, dando direito a: uma assinatura da linha fixa com ligações ilimitadas de fixo para fixo; conexão para internei Veloz de até I M com modem grátis; 200 min de ligações de 01 il/ióvel para qualquer número, do fixo para oi ou outra. operadora, DDD com 31 do I MÓVEL ou do OI FIXO para o Brasil e ainda 01 (um) dependente no 01 MÓVEL." (fls. 367). Prossegue afirmando que "na data de 22/04/2008, de acordo com o protocolo n. 8530978013, após o tempo limite de fidelidade do plano (após 1 ano), a parte recorrida entrou em contato com as empresas, requerendo o cancelamento do plano, ficando ciente do cancelamento dos números dos celulares e de que.ficaria com a linha fixa e a internei Velox a sua disposição" (fls. 367). Diz, ainda, que "na fatura ombatida, incidiram as cobranças dos serviços do dia 22/04 a 30/05 de 2008, erent ao período no qual a apelada esteve na situação de não cadastrada e plano algu da Telemar, sendo a posteriori automaticamente cadastrada no plano le 200 minutos, onde foram cobrados: aluguel de modern, equipamento este que per-nce a empresa por não mais possuir, no período, o OI CONTA TOTAL 2; de assinatu a de uso residencial; ligações locais para celular: ligações de longa distância naciona ; assinatura VELOX; e juros de mora e multa por giras do pagamento da conta referente a janeiro de 2008" (fls. 368).
Afirma que a cobrança se revela regular exercício de direito, porquanto diz que as cobranças decorreram de culpa exclusiva da recorrida, haja vista sua inadimplência. Adiante, suscita a inexistência de comprovação dos danos morais, razão por que, em sua ótica, a concessão de indenização se revela causa de enriquecimento indevido. Com fulcro nessas razões, requer o provimento do apelo para que a demanda seja julgada improcedente, ao tempo em que, através de pedido subsidiário, pugna pela redução do valor indenizatório arbitrado a título de danos morais. O recurso veio instruído com documentos de fls. 383/419. A apelada ofertou contrarrazões recursais às fls. 422/428. Propugna pelo desprovimento do recurso. A Procuradoria de Justiça, através de manifestação às fls. 4341436, assentou a desnecessidade de oferta de parecer por ausência de interesse público na lide. É o Relatório. VOTO: Inicialmente, cumpre asseverar que, através de ação conjunta de ambas as empresas, a recorrida passou a utilizar de serviços de telefonia fixa (Telemar Norte Leste SIA.) e móvel (TNL PCS S.A.), sendo-lhe prestado, ademais, serviço de acesso à internet. Analisando os autos, vejo restar provado que a apelada, inicialmente, contratou o Plano OI Conta Total 2 em 24 de março de 2007 (fls. 101/102, telas inferiores). Posteriormente, a recorrida cancelou o Plano OI Conta Total, precisamente em 22 de abril de 2008 (fls. 103, tela inferior), migrando para o Plano 01 Conta Total Mães 2008 no dia seguinte: 23 de abril de 2008 (fls. 28/29). Em que pese a comprovada migração do plano de telefonia, revela-se fato incontroverso que a apelada recebeu cobranças indevidas, consoante bem observado pelo juízo sentenciante (fls. 357): "De outra senda, não obstante o fato de a promovente haver renovado o plano de telefonia com a Telemar Norte Leste S.A em 23 de abril do ano de 2008 (contrato de fls. 28/29), a mesma passou a receber faturas cobrando os serviços oferecidos no plano contratado em faturas avulsas da linha telefônica fixa, especialmente a assinatura básica mensal e o aluguel do modem de acesso à internet, os quais já estão inclusos no plano contratado [renovado]." Referidas cobranças são reconhecidas pelas empresa recorrentes que, ao tentar justificá-las, expuseram (fls. 368): "Na fatura combatida, i diram as co anças dos serviços do dia 22/04 a 30/05 de 2008, refer tes ao período n qual a apelada esteve na situação de não cadastra em plano algu Telemar, sendo a posteriori automaticament cadastrada no plano de 200 minutos, onde foram cobrados: aluguel de mo em, equipamento este que pertence a empresa por não mais possuir no pe iodo o OI CONTA TOTAL 2; de assinatura de uso residencial; ligações loc s para celular; ligações de longa distância nacional; assinatura VELOX; e juros de mora e multa por atraso do pagamento da conta referente
a janeiro de 2008." Entretanto, não convence a alegação de que as cobranças decorreram da ausência de migração / cadastramento da recorrida em outro plano de telefonia e que, por isso, restariam autorizadas as cobranças de: (a) aluguel de modem; (b) assinatura de uso residencial; (c) ligações locais para celular; (d) ligações de longa distância nacional, (e) assinatura VELOX. É que, conforme exposto acima, existe prova da migração da apelada do Plano 01 Conta Total para o Plano 01 Conta Total Mães. Por conseguinte, também perfilho a fundamentação exposta pelo juízo monocrático no particular (fls. 357): "Destarte (...) a Telemar e a TNL PCS S.A. erraram em desconhecer a renovação do Plano 01 Conta Total, o qual aglutina os servicos de internet, telefonia fixa e móvel, além de ligações de longa distância pelo prefixo 31, efetuando a cobrança em duplicidade, pelo menos, da assinatura básica mensal em faturas do plano renovado e do telefone fixo, conforme se observa das faturas de fls. 25/26,46/60 e 214/312" Cumpre ressaltar, ademais, que a transferência de plano não permitia a cobrança pelo uso do modem, haja vista o disposto na Cláusula n. 3.9 do contrato referente à promoção "Oi Conta Total Mães 2008" (fls. 31): "Clientes que contratarem o Oi Conta Total, em qualquer de suas modalidades, e que também sejam novos clientes do serviço Oi Veloz, terão o direito de receber gratuitamente em regime de comodato, um modera ADSL, cujas especificações serão escolhidas a critério exclusivo da Prestadora SCM. Os atuais clientes Velox que possuem modens alugados junto a Prestadora SCM. Os atuais clientes Velox que possuem modens alugados junto à prestadora SCM, ao contratarem o Oi Conta Total serão, por mera liberalidade, isentados do pagamento dos aluguéis, durante o período em que permanecerem como assinantes do Oi Conta Total." Pelo exposto, vejo que a realização de cobranças indevidas, bem como o bloqueio da linha telefônica fixa da apelada (fato incontroverso, fls. 85), denotam a prática de ato ilícito passível de ressarcimento ex vi do art. 14 do CDC: "Art. 14. O fornecedor de serviços responde, independentemente da existência de culpa, pela reparacão dos danos causados aos consumidores por defeitos relativos à prestação dos serviços, bem como por informações insuficientes ou inadequadas sobre sua fruição e riscos." No que tange ao dano moral, reputo-o existente, não se tratando de mero aborrecimento, vez que o litígio perpetuou-se, vindo a ser sanado apenas na via judicial. Ademais, a Telemar Norte Leste S/A. admitiu, em desfavor da apelada, "o bloqueio de seu aparelho uma consequência de s..1 resultando também, por conseguinte, na ineficiência do serviço intern. ELOX qu está intimamente atrelado à linha.fixa" (fls. 85). Enfim, prova o que a apelada, além do bloqueio ilegal de sua linha telefônica, sofreu cobrança indevidas, haja vista não se qualificar devedora das empresas de telefonia, desci rtina-se o seu direito à anulação das faturas de cobrança emitidas indevidamente, à repetição do indébito, bem como à
indenização por danos morais, razão por que reputo que a sentença, no particular, foi proferida com acerto. Quanto aos danos morais, reputo-os danos in re ipsa, razão por que estes não necessitam serem processualmente provados, haja vista decorrerem do próprio fato ilegal. Abre-se, pois, possibilidade para a devida concessão indenizatória: "PROCESSUAL CIVIL (...) COMPROVAÇÃO DE DANO MORAL. (...) DANO IN RE IPSA. DESNECESSIDADE DA COMPROVAÇÃO DO PREJUÍZO NÃO PATRIMONIAL. (...). (...). 5. Mesmo que assim não fosse, pacificou-se nesta Corte Superior o entendimento seg,undo osual o dano moral é in re ipsa, ou seja, dispensa comprovação acerca da real experimentação do_prejuízo não patrimonial por parte de quem o alega, bastando, _para tanto, que se demonstre a ocorrência do fato ilegal. (...). (...)." (AgRg no Ag 1271858/RJ, Rel. Ministro MAURO CAMPBELL MARQUES, SEGUNDA TURMA, julgado em 06/04/2010, ale 16/04/2010) Ad linalizandurn, cumpre rechaçar a pretensão de redução do v alor indenizatório. Com efeito, o valor indenizatório de R$ 10.000,00 (dez mil reais) revela-se adequadamente fixado, pois: a) revela-se condizente com os princípios da razoabilidade e da proporcionalidade e, por isso, não dá ensejo a enriquecimento indevido; h) a empresa ré possui vultoso porte econômico, devendo a sanção civil sopesar referido fato; c) trata-se de valor em consonância com os precedentes deste Tribunal de Justiça. Em suma: provado que o valor indenizatório se revela adequado, pois fixado de acordo com os princípios da razoabilidade e da proporcionalidade, não possuindo o condão de gerar enriquecimento indevido, impõe-se denegar a pretensão de sua redução. Pelo exposto, NEGO PROVIMENTO AO APELO para manter a sentença de mérito em todos os seus termos. É como voto. Presidiu a Sessão o Exmo. Des. Márcio Murilo da Cunha Ramos, presidente em exercício. Participaram do julgamento, o Exmo. Des. Márcio Murilo da Cunha Ramos, o Exmo. Des. Saulo Henriques de Sá e Benevides e o Dr. Aluizio Bezerra Filho, juiz convocado para substituir o Exmo. Des. Genésio Gomes Pereira Filho. Procurador de Justiça. Presente ao julgamento o Exmo. Dr. Doriel Veloso Gouveia, Joã eiro d 2012. cio Murilo da Cunha Ramos. Relator
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