PODER JUDICIÁRIO TRIBUNAL DE JUSTIÇA DO ESTADO DA PARAÍBA GABINETE DO DESEMBARGADOR JOSÉ RICARDO PORTO ACÓRDÃO AGRAVO DE INSTRUMENTO N 200.2012.082386-5/001 CAPITAL. Relator :Des. José Ricardo Porto. Agravante :Companhia de Água e Esgotos da Paraíba CAGEPA. Advogados :Fernanda Alves Rabelo. Agravados :Keilla Barbosa Cavalcante de Melo. Advogado :Conceição de Maria Holanda Honário Silva. AGRAVO DE INSTRUMENTO. AÇÃO ANULATÓRIA DE kto ADMINISTRATIVO. TUTELA ANTECIPADA. CONCURSO PÚBLICO. LEITURISTA. CAPACIDADE FÍSICA PARA DESEMPENHAR AS FUNÇÕES DO CARGO. RESSON AT\ ClA MAGNÉTICA APRESENTADA PELA CONCESSIONÁRIA DE SERVIÇO PÚBLICO. EXAME QUE NÃO APRESENTA CONCLUSÃO ACERCA DA SUPOSTA INAPTIDÃO. PROVA CLARIVIDENTE EM SENTIDO CONTRÁRIO DA PROMOVENTE. ATESTADO ASSINADO POR MÉDICO ESPECIALISTA. VEROSSIMILHANÇA DAS ALEGAÇÕES DA AUTORA. PRESENÇA DO PERICULUM IN MC RA. MANUTENÇÃO DA LIMINAR DEFERIDA NO PRIME IRO GRAU DE JURISDIÇÃO. DESPROVIMENTO DA 'IRRESIGNAÇÃO INSTRUMENTAL. - A eliminação em concurso público de candidato, no que se refere ao exame pré-admissional, deve vir amparada em laudo médico c,aro, indicando de forma específica que a deficiência apresentada é incompatível com o exercício das atribuições do cargo. - Existindo nos autos opinião médica subscrita por profissional especializado na área ortopédica, atestando, de forma clara e para do leigo entender, que a parte não apresenta qualquer patologia que a impossibilite de realizar suas atividades físicas, caracterizada res :a a verossimilhança das alegações, no que concerne a capacidade de exercer as funções de cargo que exija razoável esforço corporal. VISTOS, relatados e discutidos os autos acima referenciados. ACORDAaColenda Primeira Câmara Cível do Egrégio Tribunal de Justiça da Paraíba, à unanimidade, negar provimento ao presente recurso. RELATÓRIO Trata-se de Agravo de Instrumento interposto pela Companhia de Água e Esgotos da Paraíba CAGEPA em desfavor da decisão proferida pelo Juízo de Direito da
Vara da Fazenda Pública da Capital que, nos autos da Ação Declaratória de Nulidade de kto Administrativo - processo n 200.2012.082386-5, movida por Keilla Barbosa Cavalcante de i`v12:1o. deferiu pedido de tutela antecipada para determinar que a promovida, ora recorrente, "proceaa a nomeação e dê posse à Keilla Barbosa Cavalcante Melo, no cargo de leiturista, para o qual logmu aprovação em concurso público" - fls. 11. Inicialmente, a concessionária de serviço público agravante afirma que a recorrida foi eliminada do certame, após a realização de exame pré-admissional, que atestou a sua incapacidade corporal para desempenhar as funções do posto em questão (leiturista), o qual e,:ige -esforços físicos repetitivos de agachamento para aferição da leitura, cujas tampas cias caixas pesam cerca de 03 (três) quilos, a caminhada de vários quilômetros por dia" - fls. 04. Aduz, ainda que existe regra editalícia prevendo que o candidato ceve comprovar "ter aptidão física e mental para o exercício das atribuições do cargo, constatzda através de Exma Médico pré-admissional, a ser realizado pela CAGEPA" - fls. 04. Ao final, pugna pelo provimento da irresignação instrumental, no sentido da cassar o decisum impugnado - fls. 02/06. Acostou documentos - fls. 07/22. Não houve pedido de efeito suspensivo - fls. 26. Sem contrarrazões recursais e informações do Magistrado de base- fls. 30. Instada a se pronunciar, a Procuradoria de Justiça deixou de lanar manifestação no recurso - fls. 31/32. Com espeque no recentíssimo entendimento do Superior Tribunal de Ju ;tica (peças facultativas consideradas como essenciais para compreensão da controvérsia), concedi prazo para que a agravante apresentasse cópias dos documentos de fls. 71/80 e 90 acostados no prin eiro grau de jurisdição - fls. 34/35 Em atendimento ao despacho de fls. 34/35, a suplicante colacionou a documentação solicitada - fls. 38/57. É o relatório. VOTO: Des. José Ricardo Porto Relator Conforme visto no relatório, a agravante busca, através do presente recurso, a cassação da decisão agravada que lhe impôs a nomeação e posse de Keilla Barbosa Cavalcante Melo, no cargo de leiturista, para o qual logrou aprovação em concurso público. Inicialmente, friso que o pleito formulado neste agravo deve aferir se as razões que levaram o Juízo a quo a conceder a liminar requerida pela recorrida, na demanda intentada na instância inferior, são dotadas da necessária solidez jurídica, no que diz respeito ao preenchirr ento dos requisitos do art. 273 da Lei Adjetiva Civil. Ag. Instrumento n 200.2012.082.0.1.
." ik Vejamos o que leciona o citado dispositivo processual que, nos seus incisos I e II, regula a antecipação dos efeitos da tutela: "Art. 273. O juiz poderá, a requerimento da parte, antecipai; total ou parcialmente, os efeitos da tutela pretendida no pedido inicial, desde que, existindo prova inequívoca, se convença da verossimilhança da alegação e: 1- haja fundado receio de dano irreparável ou de difícil reparação; ou 11 -fique caracterizado o abuso de direito de defesa ou o manifesto propó;ito protelatório do réu." (Art.. 273, I e II, do CPC). Observando a redação dos dispositivos legais, acima transcritos, percebe-se que a antecipação dos efeitos da tutela está condicionada à comprovação de elementos obrigató -ies e facultativos. Nesse contexto, configuram-se como indispensáveis a "prova inequívoca" e a "verossimilhança das alegações". Além destes, deverá o julgador constatar, ainda, o "receio de dano irreparável ou de difícil reparação" ou o "abuso do direito de defesa". Pois bem, no caso concreto, vislumbra-se que a promovente ingressou com uma demanda, a fim de anular ato administrativo que lhe considerou inapta para exercer as funções inerentes ao cargo de leiturista, do quadro de pessoal efetivo da Companhia de Água e Esgoto ; da Paraíba CAGEPA. Compulsando os autos, às fls. 19/20, encontramos cópia de ressonaacia magnética realizada na coluna da autora, utilizada pela concessionária de serviço público para eliminá-la do certame. Contudo, salvo melhor juízo, analisando aquele documento médico, não constato nenhuma indicação, tampouco conclusão, de que a promovente não está apta a exercer as atribuições do posto para o qual prestou concurso público Ora, o referido exame apontou o diagnóstico de "desidratação do ais f_.o intervertebral L4-L5, associada a protrusão discai póstero-central, comprimindo a face anterio- do saco dural." - fls. 20, sem, contudo, fazer qualquer relação de incompatibilidade dessa sup osta deficiência com as funções de leiturista. Portanto, a eliminação em concurso público de candidato, no que se refere ao exame pré-admissional, deve vir amparada em laudo médico claro, indicando que a deficiência apresentada é incompatível com o exercícios da atribuições do cargo para o qual prestou o certame. Por sua vez, a demandante trouxe em juízo, opinião médica subscrita por profissional especializado na área ortopédica, atestando, de forma clara e para todo leigo enteider, que a mesma "não apresenta qualquer patologia que acometa o sistema osteolocomotor que o impossibilite de realizar suas atividades físicas." - fls. 45. Em caso semelhante, trago à baila aresto do Tribunal de Justiça de São Paulo: "APELAÇÃO. CONCURSO PÚBLICO. CANDIDATO APROVADO PARA O CARGO DE MOTORISTA. EM EXAME DE SAÚDE PRÉ-ADMISSIONAL FOI CONSIDERADO INAPTO PARA O EXERCÍCIO DAS FUNÇÕES Ag. In.s -trume -Ízt.2012.082386-5/001.
INERENTES AO CARGO EM RAZÃO DE PROBLEMAS NA COLUNA. EM NOVO EXAME REALIZADO EM CLÍNICA PARTICULAR NADA FOI CONSTATADO. Não há nos autos maiores detalhes que pudes,em indicar que a suposta lesão inicialmente encontrada em sua coluna o tornaria inapto para as exigências do cargo. Sentença mantida. Recursos desprovidos." (TJSP. APL n 0164027-59.2007.8.26.0000. Ac. 5035176. Rel. Des. Serg ) Gomes. J. em 30/03/2011). Grifei. Dito isso, entendo que a promovente trouxe prova inequivoca da verossimilhança de suas alegações, no que concerne a sua capacidade para desempenhai as atribuições de cargo que exija razoável esforço corporal No que se refere ao outro requisito, periculum in mora, enxergo que a demora no julgamento de mérito pode refletir acarretar em prejuízos para com a autora. de ordem financeira, no que se refere ao recebimento dos salários do seu cargo. Por essas razões, nego provimento ao recurso. É como voto. Presidiu a sessão o Excelentíssimo Desembargador José Ricardo Porto. Participaram do julgamento, além deste relator, o Exmo. Dr. Leandro dos Santos (Convocado para integrar a 1 Câmara Cível, em razão da aposentadoria do Exmo. Des. Manoel Soares Montei; o) e o Exmo. Dr. Aluizio Bezerra Filho (Juiz convocado para substituir o Exmo. Des. José Di LorEnzo Serpa). Alcoforado. Presente à sessão a Procuradora de Justiça Dra. Sônia Maria Gudes Sala de sessões da Primeira Câmara Cível "Desembargador Mário Moa.cyr Porto" do Egrégio Tribunal de Justiça do Esta 9\ o da Paraíba, em João Pessoa, 25 de setembr ) de 2012. Des. José REL faorto Ag. Instrumento n 200.2012.082386-5/001.
TRIBUNAL 1) E JUSTIÇA Diretori3 Judiciária Registrado erre/30, 4,2 9é.