PODER JUDICIÁRIO TRIBUNAL REGIONAL FEDERAL DA 5ª REGIÃO GABINETE DO DESEMBARGADOR FEDERAL FRANCISCO BARROS DIAS

Transcrição

1 APELAÇÃO CÍVEL Nº /PE ( ) APTE : UNIÃO APDO : MARCELO FERNANDES PIRES DOS SANTOS ADV/PROC : CAMILA AMBLARD ORIGEM: 2ª VARA FEDERAL DE PERNAMBUCO RELATOR: DESEMBARGADOR FEDERAL FRANCISCO BARROS DIAS - Segunda Turma RELATÓRIO O Excelentíssimo Senhor Desembargador Federal FRANCISCO BARROS DIAS (Relator): Trata-se de remessa oficial e apelação interposta pela UNIÃO contra a sentença proferida pelo MM. Juízo da 2ª Vara Federal-PE, Dr. Francisco Alves dos Santos Júnior, que, em ação ordinária, julgou procedente o pedido formulado, determinando que a UNIÃO se abstenha de exigir, na ocasião da inscrição definitiva do concurso, a comprovação de um mínimo de dois anos de prática forense, assegurando ao Autor o direito de participar de todas as etapas do Concurso Público para o Cargo de Procurador da Fazenda Nacional, regulado pelo Edital ESAF nº 52, de , devendo cumprir tal exigência apenas quando o Autor for tomar posse no mencionado cargo, caso aprovado no referido concurso. O MM. magistrado sentenciante aplicou o entendimento da Súmula nº 266 do col. STJ, permitindo que o autor apresente a comprovação do tempo mínimo de dois anos de prática forense apenas no ato da posse, caso seja aprovado no certame em questão. Em razões de apelo, a recorrente defende, em síntese, que a Lei Complementar nº 73/93, ao exigir, no seu art. 21, 2º, a comprovação do exercício de prática forense de no mínimo 2 (dois) anos para os candidatos ao cargo de Procurador da Fazenda Nacional, no momento da inscrição, encontra amparo no art. 5º, inciso XIII, da Constituição Federal, de modo que a sentença merece ser reformada, porque encontra-se em confronto direto com a lei federal que dispõe sobre a organização e funcionamento da Advocacia-Geral da União. Foram apresentadas contrarrazões. É o relatório. (GSPF) AC PE 1

2 APELAÇÃO CÍVEL Nº /PE ( ) APTE : UNIÃO APDO : MARCELO FERNANDES PIRES DOS SANTOS ADV/PROC : CAMILA AMBLARD ORIGEM: 2ª VARA FEDERAL DE PERNAMBUCO RELATOR: DESEMBARGADOR FEDERAL FRANCISCO BARROS DIAS - Segunda Turma VOTO O Excelentíssimo Senhor Desembargador Federal FRANCISCO BARROS DIAS (Relator): A hipótese é de remessa oficial e apelação interposta contra a sentença que, em ação ordinária, julgou procedente o pedido formulado, determinando que a UNIÃO se abstenha de exigir, na ocasião da inscrição definitiva do concurso, a comprovação de um mínimo de dois anos de prática forense, assegurando ao Autor o direito de participar de todas as etapas do Concurso Público para o Cargo de Procurador da Fazenda Nacional, regulado pelo Edital ESAF nº 52, de , devendo cumprir tal exigência apenas quando o Autor for tomar posse no mencionado cargo, caso aprovado no referido concurso. Acerca da matéria em apreço, há que se manter a sentença que se manifestou em consonância com o entendimento do Superior Tribunal de Justiça, inclusive sumulado (Súmula 266/STJ), segundo o qual o diploma ou habilitação legal para o exercício do cargo deve ser exigido na posse e não na inscrição para o concurso público. Vale a transcrição de julgados proferidos por este egrégio Tribunal no mesmo sentido: RECURSO ORDINÁRIO EM MANDADO DE SEGURANÇA - DIREITO ADMINISTRATIVO - CONCURSO PÚBLICO - PROVIMENTO DE CARGO - EXIGÊNCIAS - HABILITAÇÃO LEGAL - MOMENTO - INSCRIÇÃO - ILEGALIDADE - PRÁTICA FORENSE - CONCEITO - RESTRIÇÃO - ILEGALIDADE - É ilícito o ato administrativo que, em concurso público, exige a habilitação legal para o exercício do cargo antes da posse. Precedentes. Súmula 266 do STJ. A prática forense exigida para provimento de cargo público dispensa que a atividade seja privativa de bacharel em direito, relevando para a sua caracterização a natureza experimental de práticas desempenhadas na vida forense, possibilitando ao agente o desenvolvimento na área específica do Direito. Recurso provido, segurança concedida. (STJ - ROMS MG - 6ª T. - Rel. p/o Ac. Min. Paulo Medina - DJU ) ADMINISTRATIVO - CONCURSO PÚBLICO - PROCURADOR DA FAZENDA NACIONAL - PRÁTICA FORENSE - CONCEITO - SENTIDO AMPLO - 1- Para o ingresso nas carreiras da Advocacia-Geral da União predica o art. 21, 2º, da LC nº 73/93 que "o candidato, no momento da inscrição, há de comprovar um mínimo (GSPF) AC PE 2

3 de dois anos de prática forense". 2- Está pacificado na jurisprudência pátria, no entanto, que a prática forense não se restringe ao exercício da advocacia ou de cargo privativo de bacharel em direito (se a lei assim não considera), e, que a habilitação legal para o exercício do cargo deve ser exigido na posse e não na inscrição para o concurso público, a teor da Súmula 266/STJ. Precedentes do eg. STJ e desta Corte. 3- Tendo o autor comprovado que exerceu dois anos de prática forense no cargo que ocupa - Técnico judiciário, e classificado/aprovado no concurso em apreço, deve-se reconhecer o seu direito à nomeação no cargo concorrido, respeitada a sua colocação no certame. - Apelação e remessa oficial improvidas. (TRF-5ª R. - AC /PE - 2ª T. - Rel. Des. Fed. Francisco Wildo Lacerda Dantas - DJe ) PROCESSUAL CIVIL E ADMINISTRATIVO - LITISCONSÓRCIO PASSIVO NECESSÁRIO - DESNECESSIDADE - CONCURSO PÚBLICO - ADVOGADO DA UNIÃO - PRÁTICA FORENSE - COMPROVAÇÃO - DATA DA POSSE - PRECEDENTES - 1- Apelações e remessa oficial em face de sentença que julgou procedente o pedido, confirmando a liminar anteriormente concedida, para determinar a homologação da inscrição definitiva da autora no concurso público para provimento de cargos vagos de Advogado da União (Edital nº 01/2005- AGU/ADV, de 28 de dezembro de 2005), habilitando-a a prosseguir no certame, ficando postergada para a data da posse o prazo para comprovação de prática forense. 2- Desnecessária a citação dos demais candidatos como litisconsortes passivos necessários, uma vez que o processo não tem por fim subtrair a vaga de outro participante, mas apenas assegurar à autora o direito de não ser eliminada do certame. 3- A exigência de comprovação de dois anos de prática forense já no momento da inscrição no concurso afigura-se irrazoável, visto que a prática é requisito necessário para o exercício do cargo público, que só vai ocorrer com a posse. 4- Conforme já se pronunciou o Superior Tribunal de Justiça, a prática forense, traduzida no efetivo exercício da advocacia por dois anos ou de cargo para o qual se exija diploma de Bacharel em Direito, é exigência legítima, cuja comprovação deve ser exigida no ato da posse e não por ocasião das inscrições (RMS /RR, Rel. Ministro Fernando Gonçalves, Sexta Turma, julgado em 12/12/2002, unânime, DJ 17/02/2003, p. 371). 5- Precedentes desta egrégia Corte Regional: Terceira Turma, AGTR /CE, Relator Desembargador Federal Vladimir Carvalho, j. 21 fev. 2008, unânime, DJ 28 abr. 2008, p. 531; Segunda Turma, AC /CE, Relator Desembargador Federal Élio Wanderley de Siqueira Filho, j. 25 jul. 2006, unânime, DJ 18 ago. 2006, p Preliminar rejeitada. Apelações e remessa oficial improvidas. (TRF-5ª R. - AC /PE - 1ª T. - Rel. Des. Fed. Francisco Cavalcanti - DJe ) PROCESSO CIVIL E ADMINISTRATIVO - CONCURSO PÚBLICO - JUIZ FEDERAL SUBSTITUTO - EXIGÊNCIA DE PRÁTICA FORENSE - 1. Tratando-se de concurso realizado no ano de 2004, a decisão deve se reportar à legislação vigente à época, anterior à EC nº 45, publicada em 31/12/2004; 2. O conceito de atividade jurídica deve ser entendido de forma abrangente, de modo a considerar o período de prática forense desempenhada pelo candidato, mesmo antes de sua colação de grau, em face de efetivo desempenho de atividades semelhantes ao exercício da advocacia ou de cargo ou função técnico-jurídica; 3. A comprovação dos requisitos para o acesso a cargos públicos somente pode ser exigida no momento da posse; 4. Apelação e Remessa oficial improvidas. (TRF-5ª R. - AC ª T. - Rel. Des. Fed. Paulo Roberto de Oliveira Lima - DJU ) (GSPF) AC PE 3

4 ADMINISTRATIVO - CONCURSO PÚBLICO - PROFESSOR ADJUNTO - UFRN - TÍTULO DE DOUTOR - EXIGÊNCIA DE APRESENTAÇÃO DO DIPLOMA DATA ANTERIOR À POSSE - IMPOSSIBILIDADE - Consoante a súmula nº 266 do Superior Tribunal de Justiça, o diploma ou habilitação legal para o exercício do cargo deve ser exigido na posse e não na inscrição para o concurso público- Na hipótese vertente, a impetrante, a despeito de ter logrado aprovação em primeiro lugar no concurso público para provimento de vaga de Professor Adjunto I da UFRN, ainda não teria sido nomeada para o cargo, porquanto não apresentou o título de Doutor até janeiro de 2002, conforme a exigência do edital- Com efeito, andou bem a sentença recorrida que, ao fazer valer o preceptivo da súmula nº 266 do Superior Tribunal de Justiça, concedeu a segurança pleiteada e transferiu a data da apresentação do diploma de doutor, referido no edital, para o dia da posse da demandante. Apelação improvida. (TRF-5ª R. - AMS (83111/RN) - 1ª T. - Rel. José Maria de Oliveira Lucena - DJe p. 412) (grifei) ADMINISTRATIVO - MANDADO DE SEGURANÇA - CONCURSO PÚBLICO - EDITAL - DIPLOMA DE CURSO SUPERIOR - APRESENTAÇÃO - MOMENTO DA INVESTIDURA - LEGALIDADE - 1. Trata-se de remessa oficial de sentença que concedeu a segurança, ratificando a liminar que autorizou a inscrição do impetrante no processo seletivo para o cargo de Professor Substituto da disciplina de Introdução à Ciência do Direito, devendo o comprovante de conclusão do curso de Direito ser exigido apenas por ocasião da posse do impetrante, caso venha a ser nomeado. 2. A matéria em deslinde, já se encontra sumulado, no Superior Tribunal de Justiça na Súmula nº 266: "O diploma ou habilitação legal para o exercício do cargo deve ser exigido na posse, e não, na inscrição para o concurso público. " 3. A exigência prevista no edital, qual seja, a de que o candidato comprove possuir, o diploma de nível superior, há de prosperar, tãosomente, no momento da posse no cargo, não podendo no a exigência de apresentação do diploma no ato da inscrição, constituir qualquer impeditivo para que o autor participe do concurso público para o cargo de Professor Substituto. 4. Remessa Oficial improvida. (TRF-5ª R. - REOMS ª T. - RN - Rel. Des. Fed. Conv. Ubiratan de Couto Mauricio - DJU p. 488) (grifei) Com essas considerações, nego provimento à remessa oficial e à apelação, mantendo a sentença em sua integralidade. É como voto. (GSPF) AC PE 4

5 APELAÇÃO CÍVEL Nº /PE ( ) APTE : UNIÃO APDO : MARCELO FERNANDES PIRES DOS SANTOS ADV/PROC : CAMILA AMBLARD ORIGEM: 2ª VARA FEDERAL DE PERNAMBUCO RELATOR: DESEMBARGADOR FEDERAL FRANCISCO BARROS DIAS - Segunda Turma EMENTA ADMINISTRATIVO - CONCURSO PÚBLICO - PROCURADOR DA FAZENDA NACIONAL - PRÁTICA FORENSE - COMPROVAÇÃO - DATA DA POSSE - SÚMULA 266 DO STJ PRECEDENTES. 1. O entendimento do Superior Tribunal de Justiça, inclusive sumulado (Súmula 266/STJ), é no sentido de que o diploma ou habilitação legal para o exercício do cargo deve ser exigido na posse e não na inscrição para o concurso público. 2. Há que se manter a sentença que determinou que a UNIÃO se abstenha de exigir, na ocasião da inscrição definitiva do concurso, a comprovação de um mínimo de dois anos de prática forense, assegurando ao Autor o direito de participar de todas as etapas do Concurso Público para o Cargo de Procurador da Fazenda Nacional, regulado pelo Edital ESAF nº 52, de , devendo cumprir tal exigência apenas quando o Autor for tomar posse no mencionado cargo, caso aprovado no referido concurso. 3. Precedentes deste eg. Tribunal: (TRF-5ª R. - AC /PE - 2ª T. - Rel. Des. Fed. Francisco Wildo Lacerda Dantas - DJe ; TRF-5ª R. - AC /PE - 1ª T. - Rel. Des. Fed. Francisco Cavalcanti - DJe ). 4. Remessa oficial e apelação não providas. (GSPF) AC PE 5

6 ACÓRDÃO Vistos e relatados os autos em que são partes as acima indicadas, decide a Segunda Turma do Tribunal Regional Federal da 5a. Região, por maioria, negar provimento à remessa oficial e à apelação, na forma do relatório e voto constantes dos autos, que ficam fazendo parte integrante do presente julgado. Vencido o Exmo. Sr. Desembargador Federal Vladimir Souza Carvalho. Recife/PE, 21 de setembro de (data do julgamento) Desembargador Federal FRANCISCO BARROS DIAS Relator (GSPF) AC PE 6