PODER JUDICIÁRIO TRIBUNAL REGIONAL FEDERAL MINUTA DE JULGAMENTO FLS. *** TERCEIRA TURMA ***

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1 TRIBUNAL REGIONAL FEDERAL MINUTA DE JULGAMENTO FLS. *** TERCEIRA TURMA *** ANOTAÇÕES: DUPLO GRAU AMS-SP PAUTA: 22/03/2006 JULGADO: 22/03/2006 NUM. PAUTA: BONORA RELATOR: DES.FED. CARLOS MUTA PRESIDENTE DO ÓRGÃO JULGADOR: DES.FED. CARLOS MUTA PRESIDENTE DA SESSÃO: DES.FED. CARLOS MUTA PROCURADOR(A) DA REPÚBLICA: Dr(a). ELIZABETH KABLUKOW PEINADO AUTUAÇÃO Paulo APTE : Conselho Regional de Medicina do Estado de São CREMESP ADVOGADO(S) SUSTENTAÇÃO ORAL CERTIDÃO Certifico que a Egrégia TERCEIRA TURMA, ao apreciar os autos do processo em epígrafe, em sessão realizada nesta data, proferiu a seguinte decisão: A Turma, por unanimidade, negou provimento à apelação e à remessa oficial, nos termos do voto do(a) Relator(a). Votaram os(as) JUIZ CONV. SILVIO GEMAQUE e DES.FED. CECILIA MARCONDES. Ausente justificadamente o(a) DES.FED. MÁRCIO MORAES. SILVIA SENCIALES SOBREIRA MACHADO Secretário(a) Página 1 de 6

2 PROC. : AMS APTE : Conselho Regional de Medicina do Estado de São Paulo CREMESP RELATOR : DES. FED. CARLOS MUTA / TERCEIRA TURMA R E L A T Ó R I O Trata-se de apelação e remessa oficial, em mandado de segurança impetrado com o objetivo de garantir a inscrição de alunos graduados em Medicina no respectivo Conselho Regional, alegando, em suma, a ilegitimidade da exigência da apresentação do diploma registrado como prérequisito, prevista no artigo 2º, 1º, alínea a, do Decreto nº /58, e aduzindo que, embora graduados, conforme certidão de conclusão, a demora no registro dos diplomas decorre de entraves burocráticos. A r. sentença concedeu a ordem. Apelou o Conselho Regional de Medicina, pela reforma da r. sentença, alegando, em suma, a validade da exigência. Com contra-razões, subiram os autos a esta Corte, opinando o Ministério Público Federal pela manutenção da r. sentença. Dispensada a revisão, na forma regimental. É o relatório. CARLOS MUTA Desembargador Federal Relator m.n. Página 2 de 6

3 PROC. : AMS APTE : Conselho Regional de Medicina do Estado de São Paulo CREMESP RELATOR : DES. FED. CARLOS MUTA / TERCEIRA TURMA V O T O Senhores Desembargadores, é líquido e certo o direito postulado na presente ação, pois não houve recusa dos impetrantes em fornecer a documentação exigida para a inscrição nos quadros do Conselho Regional de Medicina, mas apenas a comprovação de que, embora graduados em Medicina, conforme documentação oficial juntada, os respectivos diplomas não lograram registro, por entraves burocráticos dos órgãos envolvidos, impedindo a sua imediata exibição, como pretendido pela autoridade impetrada. Embora a exigência legal seja a de exibição de documento específico, é certo que, em circunstâncias excepcionais, considerado o princípio da razoabilidade e da boa-fé, deve ser relegado o formalismo em favor do essencial que, no caso, corresponde à comprovação, ainda que por documento diverso, da condição de graduados em Medicina, sem prejuízo de que, oportunamente, os impetrantes forneçam os diplomas, devidamente registrados, para a inscrição definitiva no Conselho Regional de Medicina. verbis: A propósito, a jurisprudência dos Tribunais Regionais Federais, - AMS nº , Rel. Des. Fed. VERA LÚCIA LIMA, DJU de , p. 267: ADMINISTRATIVO - CONSELHO REGIONAL DE MEDICINA - REGISTRO - APRESENTAÇÃO DE DIPLOMA PRINCÍPIO DA RAZOABILIDADE DESNECESSIDADE DE EXAURIMENTO DA VIA ADMINISTRATIVA FATO CONSOLIDADO - A apresentação do diploma de conclusão do curso de medicina é um dos requisitos legais exigidos para que seja efetuada a inscrição do médico no Conselho Regional de Medicina. Todavia, em que pese o princípio da legalidade, no qual pautou-se a autoridade impetrada para recusar a inscrição do apelado no CRM, deve o mesmo coadunar-se Página 3 de 6

4 com o princípio da razoabilidade, consagrado no artigo 2.º, da Lei n.º 9.784/99. - In casu, impossibilitado de apresentar o diploma de conclusão do curso de medicina, em virtude de morosidade da Universidade Federal do Espírito Santo UFES (instituição de ensino superior pela qual se formou) em expedilo, o apelado forneceu à autoridade impetrada certidão de colação de grau (fl. 12), documento este que, consoante ressaltado na r. Sentença, porta fé pública e traduz os mesmos efeitos que o diploma, durante o tempo em que pende de conclusão a expedição deste documento. - Com efeito, a despeito do disposto nos artigos 5.º, incisos II e XIII, e 22, parágrafo único, inciso XVI, ambos da Constituição Federal de 1988, bem como no Decreto n.º /58, mencionados pelo apelante, não se pode admitir que o apelado deixe de ser inscrito no Conselho Regional de Medicina (CRM/ES), restando, como conseqüência, impedido de exercer sua profissão, em decorrência de mora na entrega do diploma, mormente quando não concorreu para tal falha ao contrário, suprindo-a com a apresentação de documento que igualmente atesta a conclusão do curso de medicina. - Tampouco subsiste a argüição suscitada pelo apelante, acerca da ausência de requerimento de inscrição em seara administrativa, tendo em vista o disposto no artigo 5.º, inciso XXXV, da Constituição Federal de Ademais, cumprida a decisão liminar de fls. 24/25 (21 de agosto de 2001), consolidou-se o fato em tela pela efetiva inscrição do apelado no CRM/ES (atualmente transferido pelo CRM/DF). E, tendo o mesmo já apresentado o original de seu diploma, consoante consta de fl. 48, não se mostra razoável qualquer possibilidade de desconstituição desta situação, sob pena de promover graves prejuízos ao próprio apelado. - Apelação e remessa improvidas. - REOMS nº , Rel. Des. Fed. VALDEMAR CAPELETTI, DJU de , p. 955: ADMINISTRATIVO. CONSELHO REGIONAL DE MEDICINA. MÉDICO. COLAÇÃO DE GRAU. DIPLOMA EM FASE DE REGISTRO. INSCRIÇÃO. - Comprovada não só a colação de grau do impetrante e a inauguração da fase do registro do respectivo diploma, como também o processo admissional em emprego como médico, e carreado aos autos o diploma em tela, por cópia, antes da remessa do processo a este Tribunal, acusando registro no Ministério da Educação e Cultura em , prévio à prolação da sentença, é de se admitir a consolidação do estado de fato, cumprindo ressaltar que a respectiva reversão causaria prejuízos ao impetrante, à sua empregadora e a terceiros que, certamente, até agora não ocorreram. Com a ressalva, pois, de que pode a autoridade impetrada exigir a exibição dos diplomas, em oportunidade posterior e própria, revela-se líquido e certo, porém, o direito dos impetrantes à inscrição no Conselho Profissional, por documentação oficial diversa, de conclusão e aproveitamento em Curso de Medicina. Ante o exposto, nego provimento à apelação e à remessa oficial. CARLOS MUTA Página 4 de 6

5 Desembargador Federal Relator Página 5 de 6

6 PROC. : AMS APTE : Conselho Regional de Medicina do Estado de São Paulo CREMESP RELATOR : DES. FED. CARLOS MUTA / TERCEIRA TURMA E M E N T A DIREITO ADMINISTRATIVO. MANDADO DE SEGURANÇA. DIREITO LÍQUIDO E CERTO À INSCRIÇÃO NO CONSELHO REGIONAL DE MEDICINA. EXIGÊNCIA DE CERTIFICADO DE DIPLOMA. JUSTO IMPEDIMENTO. SUBSTITUIÇÃO DA PROVA DO FATO POR DOCUMENTAÇÃO OFICIAL DIVERSA. VIABILIDADE DA EXIGÊNCIA, OPORTUNA, DO DIPLOMA. 1. É líquido e certo o direito postulado na presente ação, pois não houve recusa dos impetrantes em fornecer a documentação exigida para a inscrição nos quadros do Conselho Regional de Medicina, mas apenas a comprovação de que, embora graduados em Medicina, conforme documentação oficial juntada, os respectivos diplomas não lograram registro, por entraves burocráticos dos órgãos envolvidos, impedindo a sua imediata exibição, como pretendido pela autoridade impetrada. 2. Embora a exigência legal seja a de exibição de documento específico, é certo que, em circunstâncias excepcionais, considerado o princípio da razoabilidade e da boa-fé, deve ser relegado o formalismo em favor do essencial que, no caso, corresponde à comprovação, ainda que por documento diverso, da condição de graduados em Medicina, sem prejuízo de que, oportunamente, os impetrantes forneçam os diplomas, devidamente registrados, para a inscrição definitiva no Conselho Regional de Medicina. 3. Com a ressalva, pois, de que pode a autoridade impetrada exigir a exibição dos diplomas, em oportunidade posterior e própria, revelase líquido e certo, porém, o direito dos impetrantes à inscrição no Conselho Profissional, por documentação oficial diversa, de conclusão e aproveitamento em Curso de Medicina. 4. Precedentes. A C Ó R D Ã O Vistos e relatados estes autos em que são partes as acima indicadas, decide a 3ª Turma do Tribunal Regional Federal da Terceira Região, por unanimidade, negar provimento à apelação e à remessa oficial, nos termos do relatório e voto, que ficam fazendo parte integrante do presente julgado. São Paulo, 22 de março de (data do julgamento) CARLOS MUTA Desembargador Federal Relator Página 6 de 6