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1 Page 1 of 6 APELAÇÃO/REEXAME NECESSÁRIO Nº /RS RELATOR : Des. Federal CARLOS EDUARDO THOMPSON FLORES LENZ APELANTE : UNIVERSIDADE FEDERAL DE SANTA MARIA - UFSM ADVOGADO : Procuradoria-Regional Federal da 4ª Região APELANTE : CONSELHO REGIONAL DE ECONOMIA - 4A REGIAO/RS ADVOGADO : Leonardo Dienstmann Dutra Vila : Roberta Carneiro de Araujo APELADO : CONSELHO REGIONAL DE CONTABILIDADE DO RIO GRANDE DO SUL ADVOGADO : Angelo Roberto Bozzetto e outros : Yuri Alexei Marca REMETENTE : JUÍZO SUBSTITUTO DA 03A VF E JEF CRIMINAL DE SANTA MARIA/RS EMENTA ADMINISTRATIVO. CONSELHO REGIONAL DE CONTABILIDADE DO RIO GRANDE DO SUL - CRC/RS. EDITAL DE CONCURSO PÚBLICO DA UFSM. CARGO DE AUDITOR. ALEGAÇÃO DE QUE TAIS ATIVIDADES SERIAM PRIVATIVAS À FUNÇÃO DE CONTADOR. LITISCONSÓRCIO PASSIVO NECESSÁRIO. Apelações e remessa oficial providas. ACÓRDÃO Vistos e relatados estes autos em que são partes as acima indicadas, decide a Egrégia 3ª Turma do Tribunal Regional Federal da 4ª Região, por unanimidade, dar provimento aos recursos e à remessa oficial, nos termos do relatório, votos e notas taquigráficas que ficam fazendo parte integrante do presente julgado. Porto Alegre, 13 de abril de Des. Federal Carlos Eduardo Thompson Flores Lenz Relator APELAÇÃO/REEXAME NECESSÁRIO Nº /RS RELATOR : Des. Federal CARLOS EDUARDO THOMPSON FLORES LENZ APELANTE : UNIVERSIDADE FEDERAL DE SANTA MARIA - UFSM ADVOGADO : Procuradoria-Regional Federal da 4ª Região APELANTE : CONSELHO REGIONAL DE ECONOMIA - 4A REGIAO/RS ADVOGADO : Leonardo Dienstmann Dutra Vila : Roberta Carneiro de Araujo

2 Page 2 of 6 APELADO : CONSELHO REGIONAL DE CONTABILIDADE DO RIO GRANDE DO SUL ADVOGADO : Angelo Roberto Bozzetto e outros : Yuri Alexei Marca REMETENTE : JUÍZO SUBSTITUTO DA 03A VF E JEF CRIMINAL DE SANTA MARIA/RS RELATÓRIO O parecer do MPF, a fls. 255/255v, expõe com precisão a controvérsia, verbis: "1. Trata-se de apelação e reexame necessário de sentença que concedeu a segurança pata declarar a nulidade parcial do Edital nº 001/2009 da UFSM, no que tange à admissão da inscrição de candidatos não detentores do diploma de graduação em Ciências Contábeis, bem como para que promova sua retificação a fim de possibilitar a participação no certame somente aos candidatos portadores de referido diploma, devidamente inscritos no Conselho Regional de Contabilidade. Em seu recurso de apelação, a UFSM sustenta, em síntese: (a) a legalidade do Edital por ser legítimo à Administração estabelecer requisitos para inscrição em concurso público; (b ) dispor a Lei n como requisito ao cargo de auditor "Curso Superior em Economia ou Direito ou Ciências Contábeis". O Conselho Regional de Economia da 4ª Região também apelou, alegando, preliminarmente, a nulidade do feito ante a ausência de citação dos demais interessados, na condição de litisconsortes passivos. Sucessivamente, sustenta a violação à legislação inerente ao profissional da Economia. Apresentadas as contrarrazões (fls ), vieram os autos ao Ministério Público Federal para parecer. É o sucinto relatório." É o relatório. Peço dia. VOTO A fls. 682/4, anotou o douto MPF, verbis: Afiguram-se-me irrefutáveis as considerações desenvolvidas no parecer do culto agente do MPF, Dr. Eduardo Kurtz Lorenzoni, a fls. 255v/257, verbis: 2. - A sentença deve ser reformada, pelos fundamentos que se passa a expor Do litisconsórcio passivo necessário

3 Page 3 of 6 No caso em tela, afigura-se hipótese de litisconsórcio passivo necessário em decorrência da relação jurídica de direito material. Isto porque a declaração de nulidade parcial do Edital n. 001/2009 da UFSM atinge a esfera jurídica do Conselho Regional de Economia, pois prejudica os profissionais desta categoria, que se verão impossibilitados de participar do certame. Desse modo, deve ser anulado o feito para que o CORENCONI/S e a OAB/RS sejam citados como litisconsortes passivos necessários, em atenção ao disposto no art. 47 do CPC. Caso não seja esse o entendimento, passa-se ao exame do mérito. O Edital n. 001/2009 da UFSM estabeleceu como requisito para provimento no cargo de Auditor "Curso Superior em Economia ou Direito ou Ciências Contábeis", descrevendo, sumariamente, as atividades inerentes, bem como as matérias de conhecimento necessário, in verbis: 1. DESCRIÇÃO SUMÁRIA DO CARGO: Realizar auditagem; acompanhar as execuções orçamentárias, financeiras, patrimoniais e de pessoal, emitir pareceres e elaborar relatórios. Assessorar nas atividades de ensino, pesquisa e extensão. 2. REQUISITOS Curso Superior em Economia ou Direito ou Ciências Contábeis. (...) 4. PROGRAMA DA PROVA 1. Conceito e aplicação da auditoria: Conceitos, aplicação e papel da auditoria; Tipos de auditoria; Classificação da auditoria, Objeto e objetivos da auditoria; Natureza e fases do processo de auditoria. 2. Auditoria integral: Cenário atual e sua relação com auditoria integral; Metodologia aplicável à auditoria integral. 3. Controle interno: Conceituação; Importância e limitação do controle interno; Características de um sistema de controle interno; Objetivos do controle interno; Levantamento, exame e avaliação do controle interno; Elementos do controle interno; Tipos de controle interno; Princípios do controle interno; Responsabilidade pela determinação e manutenção do controle interno. 4. Controle na administração pública: Conceito; Legislação; Princípios, Objetivos; Formas de contole; Controle externo; Órgãos de controle interno e externo e vinculação. 5. Papéis de trabalho: Conceito e objetivos, Finalidades, Tipos de papéis de trabalho, Natureza; Organização dos papéis de trabalho; Técnicas de elaboração de papéis de trabalho; Codificação dos papéis de trabalho; Revisão dos papéis de trabalho; Controle físico dos papéis de trabalho; Legislação aplicável. 6. Planejamento da auditoria: Conceito; Objetivo; Entendimento do negócio; Elaboração do planejamento; Vantagens e desvantagens; Principais processos e ciclo operacional da entidade; Planos de auditoria; Meios de prova; Revisão analítica; Avaliação do risco. 7. Normas Brasileiras de Contabilidade: NBC-P1; NBC-P3; NBC-P4; NBC-T11 e NBC- T12; NBC-T Norma Brasileira de Contabilidade Aplicadas ao Setor Público: NBC - T Técnicas e procedimentos de auditoria: Conceitos; Direção e classificação dos Testes; Evidências de auditoria; Técnicas de auditoria; Indícios de erros e irregularidades; Extensão dos testes. 10. Fraude e erro: Definições; Fraudes temporárias e permanentes; Responsabilidades; Detecção; Comunicações de fraudes e erros. 11. Amostragem: Conceitos básicos; Técnicas de amostragem; Desenhos de amostras estatísticas; Plano de

4 Page 4 of 6 amostragem; Riscos de amostragem; Métodos de seleção; Medidas de dispersão. 12. Relatórios de Auditoria: Introdução; Tipos de relatórios; Técnicas de elaboração; Comunicação com o cliente. 13. Programa de auditoria das contas do ativo. 14. Programa de auditoria das contas do passivo. 15. Programa de auditoria das contas de receitas. 16. Programa de auditoria das contas de despesas. O Decreto-Lei n /46; que disciplina a profissão contábil, especifica, em seu artigo 252, as atribuições destes profissionais, as quais são consideradas privativas. Entretanto, verifica-se que as atribuições do cargo de Auditor não se restringem às atividades privativas dos Técnicos de Contabilidade, previstas na supracitada lei. Ademais, o Anexo II da Lei n /2005 fixou como requisitos para ingresso no cargo de Auditor "Curso Superior em Economia ou Direito ou Ciências Contábeis". Assim, não se mostra necessária a exigência de graduação em Ciências Contábeis para provimento no referido cargo, devendo ser mantido o edital no ponto. No mesmo sentido, os seguintes precedentes: Trata-se de agravo de instrumento interposto contra decisão que indeferiu a liminar em mandado de segurança no qual o Conselho Regional de Contabilidade do Rio Grande do Sul - CRC/RS objetivava a suspensão da realização de concurso público para provimento de vagas dos Cargos de Auditor e de Contador, incluídos no Edital nº001/2009, da CGTEE, alegando que as funções de Auditor são privativas de contador, conforme dispõe a legislação regulamentadora da profissão, especialmente o Decreto- Lei nº 9.295/46. Argumenta ocorrer ilegalidade da abrangência do requisito para inscrição no certame, porquanto o edital alcança também os candidatos com formação em Economia e Administração. É o relatório. Decido. Não obstante a previsão contida no DL 9.295/46, de que as atividades de auditoria contábil são privativas de graduado em Contabilidade, as demais atividades elencadas no edital do concurso não estão afetas à formação específica de contador, razão pela qual inviável a pretensão de tornar o provimento do cargo de Auditor da CGTEE, exclusivo aos graduados em Contabilidade, sob pena de violação direta ao art. 37 da Constituição Federal. No caso dos autos, há um feixe amplo de atribuições que pode encerrar atividades pontuais, mas não determinantes, privativas de um dos profissionais admitidos no concurso, que, por sua pequena relevância no contexto das atribuições, não autorizam a restrição de acesso invocada pelo Conselho Regional de Contabilidade. Nesse mesmo sentido, a decisão exarada pela Desembargadora Federal Maria Lúcia Luz Leiria, nos autos da AMS nº /PR (DE de 30/10/2007). Por esses motivos, com fulcro no art. 37, 1º, II, do R.I. da Corte, nego seguimento ao agravo de instrumento. Dê-se baixa na Distribuição e remetam-se os autos à Vara de Origem. Tribunal Regional Federal da 4ª Região, Terceira Turma, AG , Relator Roger Raupp Rios, p. D.E RECURSO ESPECIAL. CONSELHO REGIONAL DE CONTABILIDADE. AUDITOR FISCAL DA RECEITA FEDERAL. CARGO QUE EXIGE DIPLOMA DE CURSO SUPERIOR, MAS NÃO DEMANDA A ESPECIALIZAÇÃO EM CONTABILIDADE. NÃO-OBRIGATORIEDADE DE INSCRIÇÃO NO REFERIDO CONSELHO. O cargo de auditor fiscal exige apenas diploma de curso superior concluído em nível de graduação, sem determinar obrigatoriedade de diplomação no curso de contabilidade (a esse respeito, confira-se o Edital ESAF n. 34, de 29 de setembro de 2003, Concurso Público para Auditor Fiscal da Receita Federal). Nessa linha de raciocínio, vide o REsp /RS, da relatoria deste Magistrado, j. em (cf. Informativo de Jurisprudência STJ n. 236, de 21 a 25 de fevereiro de 2005). Dessa forma, deve ser mantido o entendimento firmado pela Corte de origem, segundo o qual, "exercendo o cargo em epígrafe, o apelado não está, propriamente, desempenhando funções

5 Page 5 of 6 privativas de bacharel em ciências contábeis ou de técnico em contabilidade, cujo desempenho exija controle profissional de parte do apelante" (fl. 143). Recurso especial improvido. STJ, Segunda Turma, REsp /RS, Relator Ministro Franciulli Netto, p. D.I Diante do exposto, este agente do Ministério Público Federal opina pela anulação do feito ou, sucessivamente, pelo provimento dos recursos e do reexame necessário." Por esses motivos, voto por dar provimento aos recursos e à remessa oficial. É o meu voto. Des. Federal Carlos Eduardo Thompson Flores Lenz Relator EXTRATO DE ATA DA SESSÃO DE 13/04/2010 APELAÇÃO/REEXAME NECESSÁRIO Nº /RS ORIGEM: RS RELATOR : Des. Federal CARLOS EDUARDO THOMPSON FLORES LENZ PRESIDENTE : Des. Federal Carlos Eduardo Thompson Flores Lenz PROCURADOR : Dr(a)Domingos Sávio Dresch da Silveira APELANTE : UNIVERSIDADE FEDERAL DE SANTA MARIA - UFSM ADVOGADO : Procuradoria-Regional Federal da 4ª Região APELANTE : CONSELHO REGIONAL DE ECONOMIA - 4A REGIAO/RS ADVOGADO : Leonardo Dienstmann Dutra Vila : Roberta Carneiro de Araujo APELADO : CONSELHO REGIONAL DE CONTABILIDADE DO RIO GRANDE DO SUL ADVOGADO : Angelo Roberto Bozzetto e outros : Yuri Alexei Marca REMETENTE : JUÍZO SUBSTITUTO DA 03A VF E JEF CRIMINAL DE SANTA MARIA/RS Certifico que este processo foi incluído na Pauta do dia 13/04/2010, na seqüência 29, disponibilizada no DE de 05/04/2010, da qual foi intimado(a) o MINISTÉRIO PÚBLICO FEDERAL e as demais PROCURADORIAS FEDERAIS. Certifico que o(a) 3ª TURMA, ao apreciar os autos do processo em epígrafe, em sessão realizada nesta data, proferiu a seguinte decisão: A TURMA, POR UNANIMIDADE, DECIDIU DAR PROVIMENTO AOS RECURSOS E À REMESSA OFICIAL. RELATOR ACÓRDÃO : Des. Federal CARLOS EDUARDO THOMPSON FLORES LENZ VOTANTE(S) : Des. Federal MARIA LÚCIA LUZ LEIRIA : Des. Federal CARLOS EDUARDO THOMPSON FLORES LENZ : Des. Federal FERNANDO QUADROS DA SILVA

6 Page 6 of 6 Letícia Pereira Carello Diretora de Secretaria Documento eletrônico assinado digitalmente por Letícia Pereira Carello, Diretora de Secretaria, conforme MP nº /2001 de 24/08/2001, que instituiu a Infra-estrutura de Chaves Públicas Brasileira - ICP-Brasil, e a Resolução nº 61/2007, publicada no Diário Eletrônico da 4a Região nº 295 de 24/12/2007. A conferência da autenticidade do documento está disponível no endereço eletrônico mediante o preenchimento do código verificador v1 e, se solicitado, do código CRC F928FEA5. Informações adicionais da assinatura: Signatário (a): LETICIA PEREIRA CARELLO:11005 Nº de Série do Certificado: 44356A28 Data e Hora: 13/04/ :51:20