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AC no 001.2009.001565-0/001 1 Poder Judiciário do Estado da Paraíba Tribunal de Justiça Gabinete da Desembargadora Maria das Neves do Egito de A. D. Ferreira ACÓRDÃO APELAÇÃO Cá/EL No 001.2009.001565-0/001 - CAMPINA GRANDE RELATOR: Juiz Marcos William de Oliveira, convocado para substituir a Desembargadora Maria das Neves do Egito de A. D. Ferreira APELANTE: Banco do Nordeste do Brasil S/A ADVOGADA: Maria Fernanda Diniz Nunes Brasil APELADOS: Ricardo Jorge de Farias Aires e Luiz Eduardo de Farias Aires ADVOGADO: Gustavo de Britto Lyra APELAÇÃO CÍVEL. EXECUÇÃO. EXCEÇÃO DE PRÉ-EXECUTIVIDADE. SENTENÇA. EXTINÇÃO DO PROCESSO. PRESCRIÇÃO. APLICAÇÃO ERRÔNEA DO ART. 206, 3, VIII, DO CÓDIGO CIVIL. CONTRATO DE ASSUNÇÃO DE DÍVIDA. INSTRUMENTO PARTICULAR. PRAZO PRESCRICIONAL DE CINCO ANOS. ART. 206, 5, I, DO CÓDIGO CIVIL. OBRIGAÇÃO DE TRATO SUCESSIVO. PRESCRIÇÃO A SE VERIFICADA EM RELAÇÃO A CADA PRESTAÇÃO, COM INÍCIO DO PRAZO NO VENCIMENTO. INTERRUPÇÃO PRESCRICIONAL NA DATA DA INTERPOSIÇÃO DA AÇÃO (14/10/2009). PRESTAÇÕES VENCIDAS ATE 13/10/2009 PRESCRITAS, CONTINUANDO EXIGÍVEIS AS DEMAIS. PROVIMENTO PARCIAL. 1. O instrumento particular de assunção de dívida, assinado pelo devedor e por duas testemunhas,

AC no 001.2009.001565-0/001 2 não é título de crédito, sendo aplicável à cobrança da dívida líquida nele representada o prazo prescricional de 5 (cinco) anos, previsto no art. 206, 5 0, inciso I, do Código Civil de 2002. 2. Sendo a obrigação de trato sucessivo, a verificação da prescrição é realizada isoladamente em relação a cada prestação, sendo o termo a quo o vencimento de cada uma delas. 3. Interposta a ação no dia 14/10/2009, estão prescritas todas as prestações não pagas e vencidas anteriormente a 14/10/2004. VISTOS, relatados e discutidos estes autos. ACORDA a Colenda Segunda Câmara Cível do Egrégio Tribunal de Justiça do Estado da Paraíba, por unanimidade, dar provimento parcial à apelação. Trata-se de apelação cível interposta pelo BANCO DO NORDESTE DO BRASIL S/A em face de RICARDO JORGE DE FARIAS AIRES e de LUIZ EDUARDO DE FARIAS AIRES, contra sentença prolatada pelo Juízo de Direito da 3a Vara Cível de Campina Grande (fls. 56/59), que julgou procedente a objeção de executividade e extinguiu a execução, ante a prescrição do título de crédito que a instrui. Nas razões recursais (fls. 61/68), o apelante requer a reforma do decisum, alegando que o título que instrui este processo executivo é um instrumento particular assinado pelo devedor e por d testemunhas, ou seja, não se trata de título de crédito, de modo que o lapso prescricional a ser observado é o de 5 (cinco) anos, previsto no art. 206, 50, inciso I, do Código Civil, e não o do 3 0, inciso VIII, do mesmo artigo. Embora intimados para apresentarem contrarrazões, os apelados deixaram transcorrer o prazo in albis (fls. 72v). Neste grau de jurisdição, instada a manifestar-se, a Procuradoria de Justiça opinou pelo conhecimento e pelo provimento recursal, confirmando a tese apresentada pelo apelante (fls. 79/83).

AC no 001.2009.001565-0/001 3 É o relatório. VOTO: Juiz MARCOS WILLIAM DE OLIVEIRA Relator O exequente/apelante instruiu a demanda executiva com o documento de fls. 06/12, intitulado "Contrato Particular de Composição e Assunção de Dívidas". Trata-se de instrumento particular assinado pelo devedor e por duas testemunhas, título executivo extrajudicial, nos termos do art. 585, inciso II, do Código Processual Civil. Como o próprio nome do documento informa, é um contrato firmado entre o apelante e os apelados, não gozando da autonomia e da cartularidade típica dos títulos de crédito, ou seja, não pode o apelante, credor da obrigação constante do contrato, por meio de simples endosso, transferir esse instrumento particular a terceiro. Mesmo que o polo ativo do contrato supracitado seja alterado por meio de sub-rogação ou cessão de crédito, o devedor pode opor contra os terceiros adquirentes as exceções cabíveis contra o credor originário, o que não ocorreria, caso se tratasse de título de crédito. Portanto, o instrumento particular objeto da execução não tem a natureza de título de crédito, sendo, assim, errônea a aplicação do prazo prescricional especial, previsto no art. 206, 3 0, inciso VIII, do Código Civil. O presente contrato de assunção de dívida extinguiu obrigação anterior, representada através de Nota de Crédito Comera (título de crédito), caracterizando o que ria doutrina se chama de novação subjetiva passiva. In casu, existia uma obrigação anterior, representada pelo título de crédito mencionado, que tinha como devedor José Carneiro Nunes. Tal obrigação foi extinta e substituída por uma nova, na qual consta como devedor Ricardo Jorge de Farias Aires, e como fiador Luiz Eduardo de Farias Aires, ora apelados.

AC no 001.2009.001565-0/001 4 Restando afastada a natureza cambiária do presente título executivo extrajudicial, passo à análise do termo a quo do prazo prescricional. Como já relatado, o contrato em questão foi firmado em 07/05/2002, sendo dividido em 33 (trinta e três) prestações a se vencerem no primeiro dia de cada mês, devendo a primeira prestação ser paga em 1 0/06/2002, e a última em 1 0/02/2005. Trata-se, portanto, de uma obrigação de trato sucessivo, devendo a verificação da prescrição ser realizada em relação a cada prestação, ou seja, o prazo prescricional, para cada parcela, começa a correr a partir do seu vencimento. Assim, a prescrição em relação às prestações não deve ser analisada apenas a partir da última prestação, nem a partir do momento em que o devedor passou a não mais pagar as prestações, pois, neste último caso, a possibilidade contratual de antecipar o vencimento de toda a dívida restante, em razão de mora do sujeito passivo da relação, é faculdade do credor. Esse é o entendimento desta Egrégia Segunda Câmara Cível, já externado em julgados anteriores, conforme se vê adiante: APELAÇÃO CÍVEL. EMBARGOS À EXECUÇÃO. CONTRATO DE REPASSE DE RECURSOS EXTERNOS. ESCRITURA PÚBLICA. PRESCRIÇÃO TRIENAL. HIPÓTESE DE INCIDÊNCIA NAS CÉDULAS DE CRÉDITO COMERCIAL. INOCORRÊNCIA. PRESCRIÇÃO QUINQUENAL. ACOLHIMENTO PARCIAL. INADIMPLÊNCIA CONTRATUAL PELO DEVEDOR. DESCUMPRIMENTO DA OBRIGAÇÃO. VENCIMENTO ANTECIPADO DAS PARCELAS PACTUADAS, FACE AO NÃO PAGAMENTO. FACULDADE CONTRATUAL CONCEDIDA AO CREDO EXECUÇÃO FORMULADA APÓS O VENCIMENTO DA ÚLTIMA PARCELA. DIES A QUO DO PRAZO PRESCRICIONAL. VIOLAÇÃO DO DIREITO DO CREDOR, AO VENCIMENTO DE CADA PARCELA, IX VI ART. 189 DO CÓDIGO CIVIL. PREJUDICIAL ACOLHIDA, EM PARTE. EXCESSO DE EXECUÇÃO. CONSTATAÇÃO. NECESSIDADE DE ELABORAÇÃO DE NOVOS CÁLCULOS. PRECEDENTES. PROVIMENTO PARCIAL. - Nos contratos de repasse de recursos externos, pactuados mediante escritura pública e com cláusula de vencimento antecipado, o dies a guo do prazo prescricional de execução do débito ocorre a partir do

AC no 001.2009.001565-0/001 5 vencimento de cada parcela, ante a faculdade conferida ao credor de exercer o seu direito, vez que violado a cada vencimento. Diferentemente do entendimento jurisprudencial acerca das execuções de títulos de crédito.' Como o novo Código Civil só entrou em vigor em 11 de janeiro de 2003, parte das parcelas tiveram seu vencimento antes da vigência do referido Código, mais precisamente todas as vencidas até a prestação com vencimento em 1 de janeiro de 2003. Na exceção de pré-executividade apresentada, o apelado Luiz Eduardo de Farias Aires afirma que a absoluta cessação de pagamento das prestações só se iniciou a partir de 1 0/06/2003, portanto quando já vigente o novo Código Civil, sendo as parcelas devidas a partir desta data as quais interessam à presente apreciação. Tendo em vista que a dívida é líquida e consta de instrumento particular, não há dúvida de que o prazo prescricional a ser *utilizado é o do art. 206, 5 0, inciso I, do Código Civil, ou seja, de 5 (cinco) anos. Sobre a interrupção da prescrição, o art. 219, caput e 1 0, do Código Processual Civil dispõe o seguinte: Art. 219. A citação válida torna prevento o juízo, induz litispendência e faz litigiosa a coisa; e, ainda quando ordenada por juiz incompetente, constitui em mora o devedor e interrompe a prescrição. 1 0 A interrupção da prescrição retroagirá à data da propositura da ação. Logo, o prazo prescricional se, interrompeu a partir d momento em que a ação foi interposta, ou seja, no dia 14/10/2009, de modo que todas as prestações anteriores a 14/10/2004 estão prescritas, restando ainda exigíveis as vencidas nos últimos cinco anos. Ante o exposto, dou provimento parcial à apelação, apenas considerando prescritas as prestações vencidas anteriormente a 14/10/2009, devendo o processo retornar à origem, para a continuidade da execução. Também reduzo o pagamento de honorários pelo apelante a R$ TJPB. Apelação Cível no. 200.2004.001.808-3/001-2a Câmara Cível Relatora: Desa. MARIA DAS NEVES DO E. A. D. FERREIRA Julgamento: 25/11/2008.

AC no 001.2009.001565-0/001 6 500,00 (quinhentos reais), valor devido em razão da procedência parcial da exceção de pré-executividade oposta pelos apelados. É como voto. Presidiu a Sessão a Excelentíssima Desembargadora MARIA DE FÁTIMA MORAES BEZERRA CAVALCANTI, que participou do julgamento com ESTE RELATOR (Juiz de Direito Convocado, com jurisdição limitada, para substituir a Excelentíssima Desembargadora MARIA DAS NEVES DO EGITO DE A. D. FERREIRA) e com o Excelentíssimo Desembargador JOSÉ RICARDO PORTO, convocado para compor o quórurn, face à ausência justificada do Excelentíssimo Desembargador MARCOS CAVALCANTI DE ALBUQUERQUE. Presente à Sessão o Excelentíssimo Doutor FRANCISCO ANTÔNIO SARMENTO VIEIRA, Promotor de Justiça Convocado. Sala de Sessõe Tribunal de Justiça do Estado d de 2012. a Segunda Câmara Cível do Egrégio raíba, em João Pessoa/PB, 03 de julho Juiz MA A DE OLIVEIRA R ator

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