PN 2840.07-5; Ap: TC Porto, 4ª Vara, 2ª. Sec. ( Ap.e: ] Apºs: Em Conferência no Tribunal da Relação do Porto I. INTRODUÇÃO: (1) O recorrente discorda de não ter sido admitido ao concurso de credores, apresentada a reclamação, dois anos depois da citação edital, de dívida co m base em contrato-promessa d e compra e venda com tradição da fracção predial penhorada, adstrita sob direito de retenção à garantia do pagamento, ao menos do sinal percebido pela ex ecutada, (2) Da sentença recorrida: há muito que editalmente e através de anúncios foram citados os credores desconhecidos, artº 864 CPC, não tendo na devida altura reclamado o 1
recorrente o seu credito, vindo-o a fazer apenas agora, passados cerca de 2 anos. Aliás, sempre a reclamação seria extemporânea; com efeito, alegando, em 28 de Junho deste ano, no apenso D, que tomou conhecimento de que se iria proceder à venda da fracção, sempre entre a data e o dia 31 de Julho pp, da entrada da reclamação do crédito, teria decorrido já prazo de 15 dias, artº 865 CPC. Ao abrigo dos artigos 865 e 868 CPC e nos termos dos artº.s 686 e 743 ss CC, vai rejeitada por extemporânea a reclamação. II. MATÉRIA ASSE NTE: (a) Em 05.04.29, foi proferida sentença de verificação e graduação dos créditos concorrentes ao pagamento pelo produto da venda judicial das fracçõ es urbanas penhoradas nesta execução movida por (b) A decisão transitou em julgado; (c) Em 05.07.12,, requereu habilitação, por cedência de créditos graduados por parte de, deferida; (d) Em 05.07.31, o recorrente apresentou-se em juízo a pedir a verificação e graduação do seu crédito, indeferida por extemporaneidade; (e) Pelo menos em 05 06 28, tinha tido conhecimento da marcação da venda executiva do prédio penhorado e sobre o qual alegava ter direito de retenção para garantia do pagamento de dívida em metálico. III. CLS/ALEGAÇÕE S: (1) O Tribunal decidiu pela extemporaneidade da reclamação de créditos do apelante, aceitando a regularidade da citação do recorrente com base na citação de edital dos credores desconhecidos. (2) Porém, a reclamação de créditos, espontânea, sem citação, deveria ter sido aceite, e suspensa a graduação de créditos até à obtenção do titulo executivo pelo apelante, tal como foi requerido ao abrigo dos artº,s 865 e 869 CPC, tendo em conta o direito real de garantia do reclamante, segundo os artº.s 755 e 759 CC. 2
(3) Ao não d ecidir d esta maneira. O despacho recorrido infringiu os sobreditos preceitos legais, cometida também uma nulidade do artº 201 do CPC. (4) Com efeito, o reclamante estava devidamente identificado no processo, nos autos de avaliação dos inoveis, pelo que deveria ser notificado para exercer os seus direitos. (5) Ora, sendo inex istente a citação, deve todo o processado ser an ulado com a revogação do despacho proferido, notificado dep ois o apelante, para reclamar os créditos, seguindo-se os demais trâmites até final. (6) Mas, de qualquer forma, quando ainda assim se não entenda, deverá ser, como já se concluiu, aceite e suspensa a graduação. (7) Enfim, o crédito do recorrente deve ser admitido, confrontado com a posição da parte contrária e graduado, com preferência sobre todos os outros, como é de lei. IV. CONTRA-ALEGAÇÕES ( (1) Nos termos do artº 865/1 CPC, na redacção aplicável ao presente caso, só o credor que goze de garantia real sobre os bens penhorados pode reclamar, pelo produto destes, o pagamento dos respectivos créditos. (2) Ainda o nº. 2 do mesmo p receito legal estipula que a reclamação ter á por base um titulo exequível, deduzida no prazo de 15 dias a contar da citação do reclamante. (3) E no que diz respeito à citação, manda o artº 864/2 CPC, também na redacção aplicável ao presente caso, que os credores a favor de quem exista registo de algum direito real de garantia sobre os bens penhorados, são citados no domicílio que conste do registo, enquanto os credores desconhecidos o são por éditos de 20 dias. (4) Contudo, o apelante veio apresentar uma reclamação de créditos cerca de 2 anos depois da citação: é necessariamente extemporânea e consequentemente inadmissível (5) Sem conceder: (i) A identificação do recorrente não consta dos autos em lado nenhum em momento anterior à citação dos credores; (ii) No requerimento de protecção jurídica junto com a reclamação, declar a que a casa de morada de 3
família é outra fracção que não a que é objecto da reclamação do r ecorrente; (iii) Uma eventual nulidade do processado, designadamente relativa à citação teria de ter sido arguida na primeira intervenção do recorrente no processo, mas não sucedeu assim e até à minuta deste recurso, pelo que a nulidade está sanada, por extemporaneidade, artº 196 e 198 CPC; (iv) E a reclamação sempr e teria de improceder, pois o recorrente é parte ilegítima, por ser casado no regime de comunhão de adquiridos à data em que alega ter celebrado o contrato-promessa, artº 28 A CPC. (6) E Não se verificam os pressupostos do artº 865 CPC porque para além de o recorrente não ser titular do credito que invoca, não goza de garantia real sobre o bem penhorado, nem dispõe de um titulo exequível: o contrato-promessa é nulo por vício de forma, artº.s 220 e 410/3 CC. (7) Consequentemente não assiste ao recorrente qualquer direito emergente do artº 442 CC, designad amente não tem sobre a executada o crédito alegad o, nem tão pouco os direitos dos artºs 455/1.f. e 759 CC. (8) Entretanto, para a hipótese de ter sido celebrado, na verdade, o referido contrato-promessa e ter sido enviada à executada a carta de denúncia, está não é apta a produzir os efeitos pretendidos pelo apelante, dad a a falta de intervenção/consentimento do cônjuge, artº 1681, 1682 e 1682 A CC. (9) Por outro lado, os direitos emergentes do artº 442 CC pressupõe a resolução do contrato-promessa nos termos dos artº.s 432 ss, o que não ocorreu, nem tão pouco foi alegado. (10) Ainda assim, o direito de retenção sem mais, designadamente quando respeita a contrato-promessa sem eficácia real, não prevalece sobre a hipoteca. (11) Mais ainda, um eventual direito recorrente do artº 759 CC, pressupõe necessariamente que o seu titular já tenha instaurada uma execução e que esta esteja pendente, e não é caso disso. (12) Por fim, perante a circunstância de não ter sido liquidado o IMPT, imposto devido logo que verificada a tradição do imóvel, a reclamação co nfigura um manifesto abuso de direito, artº 334 CC. (13) Deve pois ser mantida inteiramente a decisão recorrida V. RECURSO: Pronto para julgamento, nos termos do artº 705 CPC. 4
VI. SEQUÊNCIA: (1) O recorrente não impugnou a citação ou alegou carência, limitando-se a defender que o crédito teve vencimento posterior não dispõe de título exequível, circunstâncias que autorizariam a tardia verificação e graduação executiva. (2) Contudo não é esta a situação legal, que admite, sempre no prazo fixado e a contar d a citação, que sejam reclamados créditos não vencidos e sem título, estabelecendo depois regimes apropriados nos artºs 668/3 e 869CPC. (3) Esta exigência de temp estividade, incontornável, remete-nos par o bem fundado da decisão recorrida que não fica pois abalada pela bateria das conclusões da minuta: A reclamação do crédito excedeu o tempo em que foi possível, segundo a lei. (4) Por conseguinte, vai mantida inteiramente a sentença recorrida, visto o disposto no artºs 865/2 e 869/1CPC. VII. CUSTAS: Pelo Ape, sucumbente. 5