AGRTE : JOSE MENDONCA BEZERRA ADV/PROC : MÁRCIO FAM GONDIM E OUTROS AGRDO : INSS - INSTITUTO NACIONAL DO SEGURO SOCIAL REPTE : PROCURADORIA REPRESENTANTE DA ENTIDADE ORIGEM : 22ª VARA FEDERAL DE PERNAMBUCO (PRIVATIVA PARA EXECUÇÕES FISCAIS) - PE RELATOR : JUIZ FRANCISCO CAVALCANTI - Primeira Turma RELATÓRIO O Juiz FRANCISCO CAVALCANTI (Relator): Trata-se de agravo de instrumento interposto em face da decisão proferida pelo Juízo Federal da 22ª Vara da Seção Judiciária do Estado de Pernambuco, que, em sede de execução fiscal, indeferiu o pedido de desbloqueio das quantias depositadas em contas bancárias titularizadas pelo executado, ora agravante, ao fundamento de que sendo o bloqueio anterior à adesão ao parcelamento, a constrição deveria ser mantida até o total adimplemento da dívida. Em suas razões recursais, assevera a parte agravante que só o fato de haver exercido a função de diretor do clube executado, por si só, não autoriza a coerção do seu patrimônio diante de débitos contraídos pela pessoa jurídica. Assevera que a responsabilidade tributária prevista no artigo 135, III, do CTN, imposta ao sócio-gerente, ao administrador ou ao diretor de empresa, é subjetiva e só se caracteriza quando há prática de atos com excesso de poderes ou de violação da lei, do contrato ou estatuto. Sustenta que não há nos autos comprovação de que tenha não ter agido com dolo, culpa, fraude ou excesso de poder. Requer, assim, o provimento do recurso. Recurso recebido apenas no efeito devolutivo. Apresentadas contra-razões, fls. 222/239. O Desembargador Federal Ubaldo Ataíde Cavalcante, por motivo de foro íntimo, declarou-se suspeito para funcionar no presente feito (fl. 258), o que ocasionou a sua redistribuição a este Relator. Esta egrégia Primeira Turma, apreciando Questão de Ordem, reconheceu, por unanimidade, a nulidade do acórdão de fl. 253, determinando, por conseguinte, a realização de novo julgamento. É o relatório. Dispensada a revisão. Peço dia para julgamento. JUIZ FRANCISCO CAVALCANTI Relator 1
AGRTE : JOSE MENDONCA BEZERRA ADV/PROC : MÁRCIO FAM GONDIM E OUTROS AGRDO : INSS - INSTITUTO NACIONAL DO SEGURO SOCIAL REPTE : PROCURADORIA REPRESENTANTE DA ENTIDADE ORIGEM : 22ª VARA FEDERAL DE PERNAMBUCO (PRIVATIVA PARA EXECUÇÕES FISCAIS) - PE RELATOR : JUIZ FRANCISCO CAVALCANTI - Primeira Turma EMENTA. TRIBUTÁRIO. EXECUÇÃO FISCAL. AGRAVO DE INSTRUMENTO. CITAÇÃO DE CO-RESPONSÁVEL TRIBUTÁRIO CUJO NOME CONSTA DA CDA. POSSIBILIDADE. PRESUNÇÃO DE CERTEZA E LIQUIDEZ DO TÍTULO EXECUTIVO. ADESÃO AO PARCELAMENTO. AUSÊNCIA DE COMPROVAÇÃO DE REGULARIDADE NOS PAGAMENTOS. NÃO RECONHECIDA A SUSPENSÃO DO CRÉDITO COBRADO. LIBERAÇÃO DE GARANTIA JÁ EXISTENTE NA EXECUÇÃO FISCAL. IMPOSSIBILIDADE. INTELIGÊNCIA DO PARÁGRAFO 11 DO ARTIGO 4º DA LEI Nº. 11.345/2006. - Hipótese em que o magistrado de primeira instância indeferiu o pedido de desbloqueio das quantias depositadas em contas bancárias titularizadas pelo executado, ora agravante, ao fundamento de que sendo o bloqueio anterior à adesão ao parcelamento, a constrição deveria ser mantida até o total adimplemento da dívida. - Da análise dos autos, observo que consta da CDA o nome do coresponsável de quem a Fazenda Nacional requereu a citação. - Sendo a execução proposta contra a pessoa jurídica e o sócio, cujo nome consta da CDA, não se trata de típico redirecionamento e o ônus da prova de inexistência de infração a lei, contrato social ou estatuto compete ao sócio, uma vez que a CDA goza de presunção relativa de liqüidez e certeza. Precedentes: EREsp nº 702.232/RS, Rel. Min. CASTRO MEIRA, DJ de 26.09.2005; AgRg no REsp nº 720.043/RS, Rel. Min. LUIZ FUX, DJ de 14.11.2005. (STJ - AGRESP 1095316 - Órgão Julgador: Primeira Turma - DJE de 12/03/2009 Relator: Francisco Falcão Decisão: Unânime). - Precedentes do colendo Superior Tribunal de Justiça e desta egrégia Primeira Turma. - A adesão ao parcelamento previsto na Lei nº. 11.345/2006 (Timemania), não implica a liberação de garantias já existentes na execução fiscal. Inteligência do 11, do art. 4º da Lei nº. 11.345/2006. - Demais disso, afigura-se-me correta a conclusão a que chegou o decisório impugnado no sentido de que não restou caracterizada a regularidade do parcelamento, considerando o fato de que não há nos 2
autos comprovação do recolhimento das parcelas subseqüentes à primeira. É cediço que a mera adesão ao parcelamento, com o pagamento da primeira prestação não configura, por si só, a consolidação do parcelamento e tampouco autoriza a suspensão da exigibilidade do crédito cobrado. - Agravo de instrumento ao qual se nega provimento. VOTO O Juiz FRANCISCO CAVALCANTI (Relator): Como relatado, tratase de agravo de instrumento interposto em face da decisão que, em sede de execução fiscal, indeferiu o pedido de desbloqueio das quantias depositadas em contas bancárias titularizadas pelo executado, ora agravante, ao fundamento de que sendo o bloqueio anterior à adesão ao parcelamento, a constrição deveria ser mantida até o total adimplemento da dívida. Da análise dos autos, observo que consta da que consta da Certidão de Dívida Ativa - CDA o nome do Sr. JOSÉ MENDONÇA BEZERRA (fl. 22), coresponsável tributário de quem a Fazenda Nacional requereu a citação. Nesses casos, sendo a execução proposta contra a pessoa jurídica e o sócio, cujo nome consta da CDA, não se trata de típico redirecionamento e o ônus da prova de inexistência de infração a lei, contrato social ou estatuto compete ao sócio, uma vez que a CDA goza de presunção relativa de liqüidez e certeza. Precedentes: EREsp nº 702.232/RS, Rel. Min. CASTRO MEIRA, DJ de 26.09.2005; AgRg no REsp nº 720.043/RS, Rel. Min. LUIZ FUX, DJ de 14.11.2005. (STJ - AGRESP 1095316 - Órgão Julgador: Primeira Turma - DJE de 12/03/2009 Relator: Francisco Falcão Decisão: Unânime). Outro não é, aliás, o entendimento desta egrégia Primeira Turma, conforme se depreende das decisões abaixo ementadas: PROCESSUAL CIVIL. EXECUÇÃO FISCAL. INDICAÇÃO DO NOME DO SÓCIO NA CDA. PRESUNÇÃO DE CERTEZA E LIQUIDEZ DO TÍTULO EXECUTIVO. CITAÇÃO. AGRAVO DE INSTRUMENTO PROVIDO. - Hipótese em que o magistrado de primeira instância, diante de requerimento de citação de co-responsáveis, determinou ao credor que comprovasse a condição de dirigente dos sócios e o ato ensejador da responsabilização tributária. - Quando o nome do sócio da empresa executada consta da CDA, cabe a ele demonstrar a inexistência de infração a lei, contrato social ou estatuto, diante da presunção de certeza e liquidez do título executivo. - Precedentes do col. STJ e desta Corte. - Agravo de instrumento ao qual se dá provimento. 3
(TRF 5ª Região - AGTR 86870 / SE - Órgão Julgador: Primeira Turma, de minha relatoria - DJ de 14/07/2008 - Página:309 Decisão: Unânime). TRIBUTÁRIO. PROCESSUAL CIVIL. EMBARGOS À EXECUÇÃO FISCAL. RESPONSABILIDADE DO SÓCIO. ARTIGO 135 DO CTN. - Para a configuração da responsabilidade tributária a que se reporta o art. 135 do CTN, faz-se necessária a comprovação, pela Fazenda Pública, de que o sócio agiu com excesso de mandato, ou infração à lei, contrato ou estatuto. - Entretanto, se o nome do sócio figurar na Certidão de Dívida Ativa que embasa a execução, há inversão do ônus da prova, incumbindo ao sócio comprovar, no âmbito dos embargos à execução, que não se trata das hipóteses arroladas no art. 135 do CTN, caso em que aplicável a presunção relativa de liquidez e certeza do título executivo. - Na situação versada nos autos, a dívida inscrita refere-se a período em que a embargante chegou a ocupar cargo de diretora administrativa da empresa executada, além do que seu nome consta no pólo passivo do feito executivo como co-responsável tributário, do que se deduz caber à embargante, ora apelante, comprovar, na presente ação de conhecimento, que não se faz presente qualquer das hipóteses do art. 135 do CTN, não tendo se desincumbido de tal ônus. - Portanto, proposta a execução fiscal contra a empresa e o sócio, cujos nomes constam da CDA, legítimo o reconhecimento da responsabilidade tributária do embargante para responder pessoalmente pela cobrança do débito. - Apelação não provida. (TRF 5ª Região - AC 347356 / PE - Órgão Julgador: Primeira Turma Relator: Desembargador Federal Jose Maria Lucena DJ de 19/06/2007 - Página: 339 Decisão: Unânime). Também não assiste razão ao recorrente quando alega que a adesão do Santa Cruz Futebol Clube ao parcelamento instituído pela Lei nº. 11.345/2006 (Timemania), ensejaria o reconhecimento da suspensão da exigibilidade do crédito tributário, a teor do disposto no artigo 151, inciso VI, do Código Tributário Nacional, com a conseqüente suspensão da execução fiscal. Vejamos o que dispõe o 11 do art. 4º da Lei nº. 11.345/2006: Art. 4º (...) 11. A concessão do parcelamento de que trata o caput deste artigo independerá de apresentação de garantias ou de arrolamento de bens, mantidos os gravames decorrentes de medida cautelar fiscal e as 4
garantias decorrentes de débitos transferidos de outras modalidades de parcelamento e de execução fiscal. Conclui-se, da leitura do parágrafo transcrito, que a adesão ao referido parcelamento não implica a liberação de garantias já existentes em sede de execução fiscal. Assim, a garantia, representada na hipótese dos autos, pela penhora de ativos financeiros do co-responsável tributário, não pode ser levantada nessa fase processual. Demais disso, afigura-se-me correta a conclusão a que chegou o decisório impugnado no sentido de que não restou caracterizada a regularidade do parcelamento, considerando o fato de que não há nos autos comprovação do recolhimento das parcelas subseqüentes à primeira. É cediço que a mera adesão ao parcelamento, com o pagamento da primeira prestação não configura, por si só, a consolidação do parcelamento e tampouco autoriza a suspensão da exigibilidade do crédito cobrado. Diante do exposto, nego provimento ao agravo de instrumento. É o meu voto. JUIZ FRANCISCO CAVALCANTI Relator 5
AGRTE : JOSE MENDONCA BEZERRA ADV/PROC : MÁRCIO FAM GONDIM E OUTROS AGRDO : INSS - INSTITUTO NACIONAL DO SEGURO SOCIAL REPTE : PROCURADORIA REPRESENTANTE DA ENTIDADE ORIGEM : 22ª VARA FEDERAL DE PERNAMBUCO (PRIVATIVA PARA EXECUÇÕES FISCAIS) - PE RELATOR : JUIZ FRANCISCO CAVALCANTI - Primeira Turma EMENTA. TRIBUTÁRIO. EXECUÇÃO FISCAL. AGRAVO DE INSTRUMENTO. CITAÇÃO DE CO-RESPONSÁVEL TRIBUTÁRIO CUJO NOME CONSTA DA CDA. POSSIBILIDADE. PRESUNÇÃO DE CERTEZA E LIQUIDEZ DO TÍTULO EXECUTIVO. ADESÃO AO PARCELAMENTO. AUSÊNCIA DE COMPROVAÇÃO DE REGULARIDADE NOS PAGAMENTOS. NÃO RECONHECIDA A SUSPENSÃO DO CRÉDITO COBRADO. LIBERAÇÃO DE GARANTIA JÁ EXISTENTE NA EXECUÇÃO FISCAL. IMPOSSIBILIDADE. INTELIGÊNCIA DO PARÁGRAFO 11 DO ARTIGO 4º DA LEI Nº. 11.345/2006. - Hipótese em que o magistrado de primeira instância indeferiu o pedido de desbloqueio das quantias depositadas em contas bancárias titularizadas pelo executado, ora agravante, ao fundamento de que sendo o bloqueio anterior à adesão ao parcelamento, a constrição deveria ser mantida até o total adimplemento da dívida. - Da análise dos autos, observo que consta da CDA o nome do co-responsável de quem a Fazenda Nacional requereu a citação. - Sendo a execução proposta contra a pessoa jurídica e o sócio, cujo nome consta da CDA, não se trata de típico redirecionamento e o ônus da prova de inexistência de infração a lei, contrato social ou estatuto compete ao sócio, uma vez que a CDA goza de presunção relativa de liqüidez e certeza. Precedentes: EREsp nº 702.232/RS, Rel. Min. CASTRO MEIRA, DJ de 26.09.2005; AgRg no REsp nº 720.043/RS, Rel. Min. LUIZ FUX, DJ de 14.11.2005. (STJ - AGRESP 1095316 - Órgão Julgador: Primeira Turma - DJE de 12/03/2009 Relator: Francisco Falcão Decisão: Unânime). - Precedentes do colendo Superior Tribunal de Justiça e desta egrégia Primeira Turma. - A adesão ao parcelamento previsto na Lei nº. 11.345/2006 (Timemania), não implica a liberação de garantias já existentes na execução fiscal. Inteligência do 11, do art. 4º da Lei nº. 11.345/2006. - Demais disso, afigura-se-me correta a conclusão a que chegou o decisório impugnado no sentido de que não restou caracterizada a regularidade do parcelamento, considerando o fato de que não há nos autos comprovação do recolhimento das parcelas subseqüentes à primeira. É cediço que a mera adesão ao parcelamento, com o pagamento da primeira prestação não configura, por si só, a consolidação do parcelamento e tampouco autoriza a suspensão da exigibilidade do crédito cobrado. - Agravo de instrumento ao qual se nega provimento. 6
ACÓRDÃO Vistos e relatados os presentes autos, DECIDE a Primeira Turma do Tribunal Regional Federal da 5ª Região, por unanimidade, negar provimento ao agravo de instrumento, nos termos do relatório e voto anexos, que passam a integrar o presente julgamento. Recife, 30 de julho de 2009. (Data do julgamento) JUIZ FRANCISCO CAVALCANTI Relator 7