QUALIDADE AMBIENTAL E QUALIDADE DE VIDA NOS MUNICÍPIOS DO ESTADO DO RIO GRANDE DO SUL: ASSOCIAÇÃO E DIFERENÇAS REGIONAIS

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QUALIDADE AMBIENTAL E QUALIDADE DE VIDA NOS MUNICÍPIOS DO ESTADO DO RIO GRANDE DO SUL: ASSOCIAÇÃO E DIFERENÇAS REGIONAIS MARIVANE VESTENA ROSSATO (1) ; JOÃO EUSTÁQUIO DE LIMA (). 1.UFSM, SANTA MARIA, RS, BRASIL;.UFV, VIÇOSA, MG, BRASIL. marvane@smal.ufsm.br APRESENTAÇÃO ORAL AGRICULTURA, MEIO AMBIENTE E DESENVOLVIMENTO SUSTENTÁVEL Qualdade Ambental e Qualdade de Vda nos Muncípos do Estado do Ro Grande do Sul: Assocação e Dferenças Regonas Grupo de Pesqusa: Agrcultura, Meo Ambente e Desenvolvmento Sustentável RESUMO Este artgo apresenta um estudo, cujo objetvo fo analsar como o fenômeno da qualdade ambental assoca-se à qualdade de vda da população gaúcha, e as dferenças regonas no estado do Ro Grande do Sul, no ano 000. Para atendê-lo, utlzaram-se as técncas estatístcas de análse multvarada, análse fatoral e a análse de cluster, que foram aplcadas a um conjunto de varáves, relaconadas às condções ambentas e as de vda, exstentes nos muncípos gaúchos. Os resultados permtram conclur que as condções econômcas, representatvas de qualdade de vda, é fator determnante da qualdade ambental muncpal, e fo sgnfcatvamente dferente entre as regões do estado. As regões com melhores condções econômcas, representadas pela renda per capta, apresentaram menor qualdade ambental e as menos desenvolvdas encontraram-se mas preservadas. Anda, a esperança de vda, ndcatva das condções de saúde humana, não está refletndo a qualdade ambental exstente nos muncípos gaúchos. Palavras-chave: qualdade ambental, qualdade de vda, análse fatoral. 1

ENVIRONMENTAL QUALITY AND LIFE QUALITY AT THE CITY COUNCILS OF THE STATE OF RIO GRANDE DO SUL: ASSOCIATIONS AND REGIONAL DIFFERENCES ABSTRACT Ths artcle presents a study whose objectve was to analyze how the phenomenon of envronmental qualty assocates to the lfe qualty of the populaton from Ro Grande do Sul, and the regonal dfferences at the same State n 000. In order to attend t, statstcal technques of mult-vared, factor analyss and cluster analyss were used and appled to a set of varables, related to the lfe and envronmental condtons, present at the cty councls of ths state. The results allowed to conclude that the economcal condtons, representatve of lfe qualty, s decsve factor of envronmental qualty of the cty councls, and t was sgnfcantly dfferent among the regons of the State. The regons wth better economcal condtons, represented by the per capta ncome, showed lower envronmental qualty and the least developed ones were found more preserved. Further, the hope of lfe, ndcatve of human health condtons, s not reflectng the envronmental qualty exstent at the cty councls of Ro Grande do Sul. Key words: envronmental qualty, lfe qualty, factor analyss. 1. Introdução A qualdade ambental é defnda por Klass (005) como o predcado dos meos urbano e rural que assegura a vda dos habtantes dentro de padrões de qualdade, tanto nos aspectos bológcos (condções habtaconas, saneamento, qualdade do ar, conforto ambental, condções de trabalho, almentação, sstemas de transporte), quanto nos aspectos sococulturas (percepção ambental, preservação do patrmôno natural e cultural, recreação, educação). Já, a qualdade de vda, segundo Mazzeto (000), é defnda como os parâmetros físcos, químcos, bológcos e socas que permtam o desenvolvmento harmonoso, pleno e dgno da vda. De acordo com Hogan (004), o conceto de qualdade ambental é mportante na medda em que, baseado em uma análse do ambente humano em função da qualdade de vda dos seres humanos, se aceta que uma alta qualdade ambental está assocada àquelas stuações do ambente que favorecem a melhor qualdade de vda das pessoas, e que a qualdade de vda está determnada tanto por fatores objetvos como por satsfações subjetvas. O quadro de qualdade ambental que caracterza as socedades contemporâneas revela que o mpacto dos humanos sobre o meo ambente está se tornando cada vez mas complexo. Segundo Hogan (004), o mpacto ambental mas dramátco e nescapável da degradação ambental ocorre na saúde humana, o que dmnu seu bem-estar. A preocupação contemporânea com as conseqüêncas da degradação ambental para o organsmo humano, segundo o autor, não snalza nenhuma ruptura com os estudos epdemológcos. O declíno hstórco da mortaldade na Europa Ocdental, por meo de melhoramentos no saneamento básco, é reflexo do controle ambental. Segundo a FIBGE (005), que nvestga o meo ambente dos muncípos brasleros, a presença de esgoto a céu aberto é a alteração ambental que mas afeta

negatvamente a população, dmnundo sua qualdade de vda. Essa relação entre problema ambental e condções de vda é mas freqüente nos muncípos com altas taxas de mortaldade nfantl (FIBGE, 005). A redução da pobreza e da fome, segundo estudo realzado pela UnB (004), são requstos para o sucesso de polítcas de conservação e preservação ambentas. E, sso é anda mas verdade em regões sob forte estresse ambental, como é o caso de áreas que sofrem processo de desertfcação. Nesses casos, populações pobres tendem a superexplorar os recursos naturas em busca de sobrevvênca. No Estado do Ro Grande do Sul, a concentração da população e das atvdades econômcas sobre um mesmo espaço tem acarretado alterações negatvas na sua qualdade ambental, dentre elas stuações crítcas de polução nos muncípos de maor contngente populaconal e concentração ndustral, como a regão metropoltana de Porto Alegre e a aglomeração urbana de Caxas do Sul. Bertê (004) revela que a concentração das atvdades ndustras e de servços, acompanhada de um crescmento urbano rápdo e desordenado, resultou num processo desgual de ocupação do espaço urbano, gerando a segregação socoespacal. Assm, a população de baxa renda acaba por ocupar terrenos perfércos, quase sempre onde as condções naturas são desfavoráves; os servços e equpamentos públcos apresentam dstrbução geográfca desgual; verfca-se quase sempre a nadequada dsposção fnal dos resíduos sóldos e a ausênca de tratamento dos efluentes urbanos e ndustras, e emssões atmosfércas concentradas no espaço. O problema da destnação fnal dos resíduos sóldos doméstcos, ndustras e hosptalares, segundo Bertê (004), é comum em pratcamente todos os muncípos gaúchos e vem se tornando um fator de crescente preocupação na medda em que se acentua o processo de urbanzação. Os locas mas afetados encontram-se em torno das áreas urbanas maores como a regão metropoltana de Porto Alegre, a aglomeração urbana de Caxas do Sul e muncípos como Pelotas, Ro Grande, Passo Fundo, Erechm, entre outros, onde são gerados os maores volumes de resíduos. Dessa manera, mutos são os problemas ambentas no Ro Grande do Sul, gerando números mpactos negatvos ao meo ambente e ao bem-estar da população. O estado do Ro Grande do Sul, por outro lado, aparece nos relatóros da ONU como o estado de melhor índce de desenvolvmento humano (IDH) 1 do país e é, também, o segundo estado braslero com menor porcentagem de pobres entre a população: 17% (Magnol e Araújo, 001). Para uma melhor compreensão da problemátca apresentada, e consderando a relação exstente entre qualdade ambental e qualdade de vda, o estudo busca fornecer evdêncas empírcas acerca de como o fenômeno da qualdade ambental assoca-se à qualdade de vda da população do estado do Ro Grande do Sul, no ano 000. Vsa, anda, analsar as dferenças regonas sob aquele aspecto, exstentes no estado.. Metodologa Admtndo ser a qualdade ambental um fator de destaque na atualdade devdo a seus efetos sobre a qualdade de vda da população do planeta, a aferção da magntude desse processo no estado do Ro Grande do Sul fo feta com o uso da análse fatoral e da análse de cluster, apresentadas a segur: 1 Consderou-se, neste estudo, o IDH como representatvo da qualdade de vda humana gaúcha. 3

.1 Análse fatoral Para estudar a qualdade ambental e a qualdade de vda dos muncípos gaúchos, fez-se uso da análse fatoral que, como defnem Barroso e Artes (003), é uma técnca que, a partr da estrutura de dependênca exstente entre as varáves de nteresse, permte a cração de um conjunto menor de varáves (varáves latentes ou fatores), obtdas a partr das orgnas. Os fatores são combnações lneares das varáves orgnas, sendo formados de forma a explcar as correlações entre elas. Nos procedmentos da análse fatoral, ncalmente, as N observações das n varáves devem ser normalzadas. A normalzação consste em expressar em desvos padrões os desvos das observações orgnas em relação a sua méda, com o objetvo maor de possbltar a comparação entre as varáves. De acordo com Harman (1960), cada varável normalzada z ( = 1,,...,,n) deve ser relaconada separadamente aos fatores f j (j = 1,,...,m), (m<n, N). Essas relações são lneares e assumem, no modelo básco de análse fatoral, a expressão analítca: z = a f + a f +... + a f + d u 1 1 m m ( = 1,,...,n) (1) em que cada uma das n varáves é descrta, em termos lneares, como função dos m fatores comuns f j, aos quas se relaconam através das cargas fatoras (a j ), que ndcam em que medda e dreção as varáves z estão relaconadas com o fator f j ; e de um fator únco u, que responde pela varânca remanescente. No ntuto de saber se os fatores estmados causaram relação entre as varâncas das varáves normalzadas (Z ), é precso que sua varânca total ( σ ) seja dvdda em três componentes: a) a varânca comum ou comunaldade, total de cada varável Z, explcada por m fatores; b) a varânca específca, ou especfcdade, h, que consste na proporção da varânca S, sto é, a proporção da varânca total, que não mostra qualquer assocação com a varânca dos m fatores, ou seja, contrbu para a varânca de uma únca varável; c) o erro ou dstúrbo, e, que é a proporção da varânca devda aos erros nas observações, ou as varáves relevantes ao estudo, porém não consderadas neste. Os fatores úncos são sempre não correlaconados com os comuns, e, se estes últmos não são correlaconados entre s, a varânca total da varável normalzada Z, σ, pode ser expressa por: σ = a 1 + a +... + am + d () Nessa expressão, os componentes a j são denomnados percentagem de conexão, e correspondem à proporção da varânca total da varável normalzada Z que é explcada pelo padrão de movmentos das varáves, manfestados pelos respectvos fatores. O termo d corresponde à uncdade que representa a contrbução do fator únco, o que ndca a 4

extensão em que os fatores comuns falham na explcação da varânca total. Assm, o modelo lnear (1) pode ser escrto na forma: em que S e Z + = a 1 f1 + a f +... + am fm + b S ee (3) E são os fatores específco e erro, respectvamente, e b e e, seus coefcentes. Para a obtenção dos fatores fo empregado o método dos componentes prncpas, cujo prncípo básco consste em extrar fatores de modo a maxmzar a contrbução dos mesmos para a comunaldade. Dessa manera, um prmero fator contém o maor percentual de explcação da varânca total e, em seguda, um segundo fator tem o segundo maor percentual, e assm sucessvamente.. Análse de clusters No ntuto de classfcar os muncípos gaúchos, em relação à qualdade ambental e à qualdade de vda, consderando os escores fatoras, revelados e construídos pelo emprego da técnca da análse fatoral, empregou-se a técnca de análse de clusters. Muto embora a classfcação das undades de análse pudesse ser efetuada, desde o níco, por uma técnca de agrupamento, a redução das varáves de qualdade de vda e ambental, va análse fatoral, possblta que a classfcação possa ser feta com base em poucas varáves, que são os fatores obtdos. Esse procedmento é recomendado por Evertt (1977). Conforme Valentm (000), nos clusters formados, os elementos de mesmo grupo devem ser, o mas próxmo possível, semelhantes, enquanto os elementos de grupos dferentes devem ser, o mas próxmo possível, desguas. Tendo em vsta que nesta pesqusa buscou-se analsar a qualdade ambental e a qualdade de vda de 406 muncípos gaúchos, ou seja, como o número de observações utlzado é muto elevando, optou-se por utlzar o método de classfcação nãoherárquco, com o procedmento das k-médas (k-means) para o agrupamento de clusters, admtndo ser o mas adequado em análse de agrupamento quando se tem um grande número de elementos (Soares e et al, 1999). Esse procedmento consste em defnr prevamente o número de grupos e o centro de cada grupo, e desgnar cada observação para o grupo com a menor dstânca entre aquela observação e o centro do grupo..3 Varáves e fontes dos dados Dado o caráter multdmensonal do conceto de qualdade ambental e de vda, sua magntude requer a consderação de um conjunto de varáves capazes de captar as condções e os requstos báscos que, tanto o meo ambente quanto a população ou um ndvíduo das undades muncpas, possuem. Assm sendo, a base de dados utlzada no presente estudo é consttuída por 3 varáves (dados orgnas), a saber: X 1 = potencal poludor da ndústra (índce). X = área com florestas natvas e plantadas (porcentual). X 3 = pessoas que vvem em domcílos e possuem automóvel (porcentual). 5

X 4 = pessoas que vvem em domcílos com lumnação elétrca (porcentual). X 5 = domcílos partculares permanentes que jogam lxo em terreno baldo ou logradouro (porcentual). X 6 = domcílos partculares permanentes que quemam o lxo em sua propredade (porcentual). X 7 = taxa (%) de mortaldade nfantl: probabldade de morrer entre o nascmento e a dade exata de cnco anos por 1.000 cranças nascdas vvas. X 8 = taxa (%) de urbanzação: proporção da população urbana em relação à população total. X 9 = densdade demográfca (hab/km ): razão entre a população e a área da cdade, mostra como a população se dstrbu pelo terrtóro. X 10 = pessoas com renda per capta mensal abaxo de R$75,50 (porcentual); X 11 = saneamento (índce). X 1 = pessoas que vvem em domcílos com água encanada (porcentual). X 13 = esperança de vda ao nascer (anos). X 14 = pessoas analfabetas com 5 anos ou mas de dade (porcentual). X 15 = problemas de erosão que afetam o sstema de drenagem urbana, provocados por desmatamento (apresenta: sm ou não). X 16 = problemas de erosão que afetam o sstema de drenagem urbana, provocados por ocupações ntensas e desordenadas do solo (apresenta: sm ou não). X 17 = renda per capta (razão entre a soma da renda de todos os membros da famíla e o número de membros dela; valores expressos em reas em 1º de agosto de 000). X 18 = freqüênca à escola (taxa). X 19 = despesas muncpas nas funções de saúde e saneamento (em reas). X 0 = Valor Adconado da Indústra (em ml reas). X 1 = Valor Adconado da Agropecuára (em ml reas). X = óbtos hosptalares: causados por doenças nfeccosas e parastáras (número). X 3 = estabelecmentos de saúde por ml habtantes (número). Essas varáves foram geradas pelos Censos de População, Demográfco e Saneamento Básco, da FIBGE, no ano 000; pelo Censo Agropecuáro de 1996, realzado pela FIBGE; e pela Fundação Estatístca do Estado do Ro Grande do Sul (FEE), no ano 000. 4. Resultados e dscussão Antes que se nce a análse dos resultados, obtdos com o emprego da análse fatoral, torna-se necessáro verfcar se esta é adequada ao estudo dos dados consderados. Assm, fo realzado o teste estatístco de esfercdade de Bartlett e o valor obtdo (964,945) fo sgnfcatvo a 1% de probabldade, o que permte rejetar a hpótese nula de que a matrz de correlações seja uma matrz dentdade, sto é, de que as varáves não são correlaconadas. Vsando medr a adequacdade da amostra, fo realzado, também, o teste de Kaser-Meyer-Olkn (KMO) e o valor obtdo fo 0,77. Conforme Har Jr. et al. (1995), esse valor permte classfcar a adequação como acma da méda ou mertóra. A análse fatoral, pelo método dos componentes prncpas, produzu resultados, em termos de fatores orgnas, em que a nterpretação fcou prejudcada devdo à aparção de coefcentes j de grandeza numérca smlar, e não desprezível, em város fatores dferentes. Quando sso ocorre, no entanto, a suposção de ortogonaldade dos fatores está sendo volada e a partção das varáves orgnas em m grupos não é clara ou é dfícl de ser justfcada. Dessa manera, utlzou-se o recurso da transformação ortogonal dos fatores orgnas, na tentatva de se alcançar uma estrutura mas smples de ser nterpretada. Efetuou-se, então, uma rotação ortogonal através do método Varmax. A rotação ortogonal a 6

preserva a orentação orgnal entre os fatores, mantendo-os perpendculares após a rotação. Na Tabela 1, são apresentados os autovalores da matrz de correlação amostral, com as respectvas porcentagens de varação total explcada. Tabela 1 Raízes característcas da matrz de correlações smples (406 x 3) para os muncípos gaúchos, 000. Fatores Raz Característca Porcentagem de Varânca Explcada Porcentagem acumulada de Varânca Explcada 1 4,155 18,065 18,065 3,961 17,1 35,86 3,506 10,894 46,180 4 1,949 8,475 54,656 5 1,858 8,079 6,735 6 1,570 6,87 69,56 7 1,389 6,040 75,60 Total 7 * 75,60 Fonte: Resultados da pesqusa. * Ordem da matrz A técnca da análse fatoral permtu dentfcar oto raízes característcas com valores superores a 1 (um). Contudo, como pode ser vsualzado nas Tabelas 1 e, serão utlzados apenas sete fatores, uma vez que os mesmos foram capazes de explcar 75,60% da varânca total dos dados. O descarte do otavo fator está alcerçado, também, nas correlações mantdas com os ndcadores X1 (Valor Adconado da Agropecuára) e X3 (Número de estabelecmentos de saúde por ml habtantes), que possuem pouca relação entre s. A estrutura dos resultados obtdos após a rotação demonstrou-se mas smples de ser nterpretada, pos as correlações, nos sete fatores, revelaram-se em cada caso com maor freqüênca, relatvamente fortes e relatvamente fracas, o que pode ser melhor observado na Tabela. Os coefcentes de correlação com valores absolutos guas ou superores a 0,65 foram arbtrados como de forte assocação entre o fator e o ndcador, encontrando-se destacados em negrto, valor este também utlzado por Souza e Lma (003). A maora das correlações postvas fortes ndcou bem acentuadamente, em seu conjunto, o sgnfcado de cada fator. Ressalta-se, porém, que o ndcador de óbtos hosptalares apresentou correlação de 0,615 com o Fator 3 e de 0,698 com o Fator 4, e, consderando-se o valor arbtrado como de forte assocação, superor a 0,65, esse ndcador fcou representado pelo Fator 4. Tabela Coefcentes de correlação (cargas fatoras) e comunaldades. Muncípos do RS, 000. Indcadores Ambentas e Socoeconômcos Coefcente de Correlação F1 F F3 F4 F5 F6 F7 Comunalde X1 0,089 0,174 0,933 0,093 0,07 0,034-0,003 0,91 X 0,90-0,05 0,010 0,05 0,034 0,053-0,89 0,783 X3 0,941-0,070-0,005-0,03-0,135 0,003 0,09 0,911 X4 0,789 0,49 0,030-0,05-0,148 0,038-0,001 0,710 X5-0,133-0,665-0,111 0,07 0,0 0,018-0,150 0,536 7

X6-0,38-0,844-0,146-0,049 0,054-0,101 0,073 0,8 X7-0,406-0,004 0,033 0,005 0,891-0,08 0,040 0,96 X8 0,099 0,910 0,156 0,079-0,040 0,110-0,019 0,885 X9 0,038 0,145-0,00 0,816-0,004-0,07-0,159 0,718 X10-0,888-0,14-0,074-0,041 0,14-0,04 0,10 0,939 X11 0,141 0,83 0,094 0,111 0,18 0,057 0,131 0,783 X1 0,147 0,80 0,013 0,093 0,18 0,046 0,157 0,78 X13 0,408-0,001-0,039-0,009-0,887 0,030-0,043 0,958 X14-0,804-0,48-0,053-0,037 0,54-0,03-0,067 0,78 X15 0,046 0,094-0,036-0,051-0,05 0,877-0,094 0,80 X16 0,039 0,098 0,139 0,107 0,010 0,861 0,06 0,79 X17 0,739 0,366 0,47 0,4-0,17 0,059 0,004 0,81 X18 0,300 0,318 0,063 0,04 0,134 0,01 0,709 0,70 X19 0,050-0,005 0,430 0,796 0,015 0,075 0,140 0,847 X0 0,109 0,00 0,97 0, 0,05 0,056 0,000 0,964 X1-0,063 0,63 0,167-0,08-0,059-0,00 0,045 0,60 X 0,040 0,140 0,615 0,698 0,017 0,083 0,1 0,91 X3-0,007-0,180-0,137 0,007 0,080 0,043-0,045 0,707 Fonte: Resultados da pesqusa. Observando-se os coefcentes numércos relaconados a cada fator, para cada atrbuto avalado, e sabendo que estes coefcentes representam a correlação entre o fator e o atrbuto, pode-se perceber que o prmero fator (F1), que representa 18,06% da varânca total, é postva e altamente correlaconado com os atrbutos percentual de pessoas que vvem em domcílos com automóvel (X3); percentual de pessoas que vvem em domcílos com lumnação elétrca (X4); e renda per capta (X17). Esse fator, no entanto, está negatva e fortemente assocado com a proporção de pessoas com renda per capta abaxo de R$75,50, atrbuto de pobreza (X10); e com a proporção de pessoas de 5 anos ou mas analfabetas (X14). Pela letura desse conjunto de ndcadores, o Fator 1 pode ser nterpretado como um ndcador das condções econômcas da população gaúcha. O Fator, que representa 17,% da varânca total, pode ser nterpretado como um ndcador das condções ambentas dos muncípos do Ro Grande do Sul em termos da porcentagem de domcílos partculares permanentes que jogam lxo em terreno baldo ou logradouro (X5); do percentual de domcílos partculares permanentes que quemam lxo em sua propredade (X6), ambos os atrbutos negatva e fortemente relaconados com o fator. Os atrbutos de taxa de urbanzação (X8); índce de saneamento (X11); e percentual de pessoas que vvem em domcílos com água encanada (X1) apresentam-se postva e altamente relaconados ao Fator. Merece destaque o ndcador taxa de urbanzação, que possu valor numérco mportante no Fator (0,91), sendo, em grandeza, maor aos correspondentes nos demas fatores. Embora esse ndcador esteja mas relaconado com o desenvolvmento geral das relações de produção, exstem evdêncas sufcentes para comprovar que a urbanzação cra pressão sgnfcatva na base natural de uma economa. Com relação aos ndcadores Valor Adconado da Indústra (X0); e índce de potencal poludor da ndústra (X1), apresentaram correlações altamente postvas com o Fator 3. Com base na letura dessas assocações, depara-se com um atrbuto de natureza econômca (X0) e um de natureza ambental (X1), que mantêm entre s forte relaconamento e são gualmente determnantes do Fator 3. Em razão dsso, esse fator será denomnado condções ndustras. Os coefcentes numércos desses atrbutos ndcam que naqueles muncípos onde o setor ndustral está mas desenvolvdo exste um maor índce de potencal de polução, por fonte ndustral. 8

Buscando realzar uma nterpretação do Fator 4, observa-se que o mesmo está postva e altamente correlaconado com os ndcadores de densdade demográfca (X9); de despesas muncpas com saúde e saneamento (X19); e de óbtos hosptalares causados por doenças nfeccosas e parastáras (X). Dessa manera, pode-se denomná-lo condções habtaconas dos muncípos gaúchos. A varável que aparece com maor mportânca é densdade demográfca, cujo coefcente numérco é 0,816. Quando elevada, esta cra condções adversas à saúde da população, traduzndo-se em elevação no número de óbtos por doenças nfeccosas e parastáras, o que demanda do poder públco maores nvestmentos em nfra-estrutura santára e habtaconal, de um modo geral. Frente ao rápdo crescmento demográfco, os muncípos, em essencal as cdades, devem gerar as condções urbanístcas (água, esgoto, coleta e tratamento do lxo, entre outras) e habtaconas (número de pessoas resdndo em 1 Km ) necessáras para proteger a população dos danos ambentas orundos de sua concentração. O Fator 5 manteve correlação alta e postva com o ndcador taxa de mortaldade nfantl (X7), assm como alta e negatva com o atrbuto esperança de vda ao nascer (X13). Com base nos coefcentes numércos dos abrbutos pode-se nterpretar que ambos são mportantes no fator. A partr da observação das correlações, nterpreta-se que o Fator 5 é representatvo das condções de saúde humana, em termos de condções de vda. A expectatva de vda é um dos prncpas índces vtas, reveladores das condções de vda de uma população. A nterpretação do Fator 6 revela que o mesmo é representatvo da qualdade do solo dos muncípos do RS, pos mantém relação postva e forte com os atrbutos problemas de erosão que afetam o sstema de drenagem urbana, provocados por desmatamento (X15); e problemas de erosão que afetam o sstema de drenagem urbana, provocados por ocupações ntensas e desordenadas do solo (X16). Ambos revelam-se mportantes para a representação do Fator 6. Na representação desse fator, nenhum outro ndcador revelou-se mportante. Por últmo, está o 7º Fator, denomnado composção florestal e escolardade. A denomnação fo atrbuída ao fato de estar assocado de forma negatva e forte com o atrbuto percentual de áreas com florestas natvas e plantadas (X) e de forma postva e também forte com o atrbuto taxa bruta de freqüênca à escola (X18). Na composção do Fator 7, o ndcador de áreas com florestas natvas e plantadas possu uma maor mportânca (-0,89). Com base na teora da economa crcular proposta por Pearce e Turner (1989), onde o meo ambente desempenha funções econômcas, procedeu-se a analsar as correlações exstentes entre as condções socoeconômcas e as ambentas apresentadas pelos muncípos do RS, no ano 000. A análse das assocações, consderando as dmensões econômca, ambental e socal, fo também alcerçada na teora das externaldades, bem como no modelo teórco da economa sustentável. 4.1. Assocações e dferenças regonas em relação às condções de vda humana e ambentas nos muncípos do Estado do Ro Grande do Sul Com o objetvo de dentfcar as dferenças regonas quanto às condções ambentas e condções de vda, fo realzado um agrupamento dos muncípos do Ro 9

Grande do Sul, consderando-se os sete fatores comuns, obtdos com o emprego da análse fatoral. Na classfcação, o objetvo fo dentfcar grupos homogêneos ou clusters de ndvíduos. A escolha do número de subconjuntos (clusters) fo efetuada com base na análse dos resultados obtdos com o emprego da análse fatoral e também em Morera (000). Assm, como referênca, fo feta a partção das 406 estruturas muncpas em cnco grupos, tendo sdo extraídos os respectvos centródes para utlzação como centros ncas. Destaca-se que se buscou part-los de forma a agrupar aqueles que apresentassem alto grau de homogenedade ntragrupo e um alto grau de heterogenedade ntergrupo. Na Tabela 3, apresentam-se os centros dos clusters, a medana, bem como o número de muncípos de cada grupo. E, a partr dela, é feta uma análse de cada cluster, buscando-se dentfcar as assocações entre a qualdade ambental e as condções de vda humana dos muncípos gaúchos, bem como as dferenças regonas exstentes nesse sentdo. Tabela 3 Centros dos clusters e medana das condções econômcas, ambentas, ndustras, habtaconas, de saúde humana, qualdade do solo, composção florestal e escolardade, RS, 000 Varáves Clusters 1 3 4 5 Medana Condções econômcas 0,33949-0,5340 0,0401 0,83675 0,4903 0,33949 Condções ambentas 0,5991 0,1906 1,00319-0,93868-0,18693 0,1906 Condções ndustras 8,97565-0,04049-1,86987 7,03584-0,0800-0,04049 Condções habtaconas -,1057-0,05959 4,8636 16,0079-0,09509-0,05959 Condções de saúde humana 0,13435 0,66358-0,0416 0,36-0,55798 0,13435 Qualdade do solo -0,97453-0,0994-0,7536 1,53978 0,19977-0,0994 Composção florestal e escolardade -0,51416-0,05379-1,93631,85545 0,0838-0,05379 Número de muncípos 3 181 5 1 16 Fonte: Resultados da pesqusa. a) Cluster 1 Este grupo é formado pelos Muncípos de Canoas, Caxas do Sul e Trunfo. Genercamente, pode-se afrmar que esse cluster se caracterza por apresentar acentuada vocação ndustral, assocada ao índce de potencal poludor da ndústra elevado. Esses muncípos apresentaram um centróde moderado a alto em relação à varável representatva das condções ambentas, fcando atrás apenas do cluster 3. Mesmo com elevadas taxas de urbanzação, com relações de produção ndustral ntensas e alto índce de potencal poludor da ndústra, esses muncípos são dotados e boas condções habtaconas (centróde = -,1057), qualdade do solo (centróde = -0,97453) e composção florestal (centróde = -0,51416). Consderando prncpalmente o centróde 10

representatvo das condções ndustras, esse cluster pode ser caracterzado como ndustralzado. Os Muncípos de Canoas e Trunfo estão localzados na Regão Metropoltana de Porto Alegre e o de Caxas do Sul, na regão do Planalto Médo (Serra Gaúcha). Essas regões são destaques estaduas quanto ao seu desenvolvmento econômco. b) Cluster Composto por 181 muncípos, apresenta as pores condções econômcas do conjunto de clusters formados. Esse fator pode estar contrbundo para que os muncípos desse cluster apresentem os pores índces de saúde do Estado. São muncípos com baxa renda per capta e com elevada taxa de mortaldade nfantl. Os muncípos desse cluster apresentam ntensdade de pobreza, e o poder aqustvo das pessoas é consderado baxo. Assocados a esses ndcadores, tem-se o fato de que são muncípos com baxa densdade demográfca e boa qualdade do solo, quando se consdera a questão da exstênca de erosão que afeta a rede de drenagem urbana. Observa-se que as condções ambentas desse cluster, consderando, prncpalmente, o índce de saneamento, a composção florestal e a qualdade do solo, são boas. Assm, as condções econômcas podem estar sendo decsvas para que os muncípos apresentem elevadas taxas de mortaldade nfantl. Fcam, então, caracterzados como pouco captalzados, pos têm as pores condções econômcas, em termos de renda per capta e saúde, de todos os clusters formados. c) Cluster 3 Esse agrupamento é formado pelos Muncípos de Alvorada, Canguçu, Estânca Velha, São Domngos do Sul e São Marcos. Os Muncípos de Alvorada e Estânca Velha pertencem à regão Metropoltana de Porto Alegre, de São Domngos do Sul e São Marcos, na Regão do Planalto (Serra Gaúcha); e de Canguçu, na Regão da Campanha. As característcas marcantes desse agrupamento são as condções ambentas, os níves de composção florestal e escolardade, evdencadas pelos centródes 1,00319 e - 1,93631, respectvamente. Assm, foram classfcados como ecológcos, pos apresentam altos índces de saneamento e porcentuas de áreas com florestas. Evdenca-se que os muncípos apresentam centróde negatvo para a varável condções de saúde humana, o que ndca possuírem baxas taxas de mortaldade nfantl. Maor índce de saneamento pode estar contrbundo para que sso ocorra. Destaca-se, também, que o centróde da varável condções ndustras demonstrou-se negatvo e alto, o que ndca possuírem um produto nterno bruto ndustral baxo, bem como um índce de potencal poludor da ndústra. Embora os Muncípos de Alvorada e Estânca Velha possuam vocação ndustral, consdera-se serem muncípos pequenos, em comparação com o Muncípo de Canguçu, com vocação agrícola. Já os Muncípos de São Domngos do Sul e São Marcos não possuem vocação ndustral forte. d) Cluster 4 11

Esse cluster é formado pelo Muncípo de Porto Alegre, captal do Estado do Ro Grande do Sul. O muncípo exerce mportante função no comando econômco do Estado, com o segundo maor PIB ndustral, no ano 000, logo atrás do muncípo de Canoas, segundo nformações da FIBGE (000). Dados os centródes altos para as varáves condções econômcas e condções ndustras e baxos para a varável representatva das condções de saúde humana, esse cluster podera ser ncluso no cluster 1. Porém, dfere daquele cluster em relação, prncpalmente, à varável condções habtaconas. Com centróde 16,0079, Porto Alegre é destaque nessa característca, que consdera a densdade demográfca, as despesas muncpas com saúde e saneamento, e o número de óbtos hosptalares causados por doenças nfeccosas e parastáras. É o muncípo com a segunda maor densdade demográfca do Estado (.741,0 hab/km ), com o maor número de óbtos hosptalares causados por doenças nfeccosas e parastáras (745) e com o maor volume de despesas com saúde e saneamento (R$659.39.347,40), no ano 000. Dessa manera, pode ser classfcado como desestruturado habtaconalmente. Observa-se que os centródes do muncípo para as varáves condções ndustras, que consdera o PIB ndustral, e composção florestal e escolardade, que consdera o porcentual de áreas com florestas natvas e plantadas, são elevados. Essa stuação revela um muncípo com vocação ndustral e com poucos porcentuas de áreas com florestas. Assocado a esses ndcadores, Porto Alegre apresenta o segundo maor centróde, acma da medana, para a varável ndcatva de saúde humana, ndcando índces de saúde baxos. Anda que, com elevado volume de despesas nessa área, o muncípo apresenta baxas condções de saúde. Assm, pode-se nferr que as condções habtaconas, com elevada densdade demográfca, aladas a uma acentuada atvdade ndustral e a poucas áreas com florestas, estão nfluencando negatvamente a saúde da população portoalegrense. Verfca-se, também, que o Muncípo de Porto Alegre possu um solo altamente degradado, a por stuação dante dos demas muncípos gaúchos, tendo em vsta apresentar centróde elevado e postvo (1,53978), muto acma da medana, para a varável qualdade do solo. O que pode ser nferdo, nesse sentdo, é que as formas de ocupação do solo porto-alegrense (ocupações desordenadas e ntensas, bem como a falta de áreas verdes) contrbuíram para que sua qualdade não fosse boa. e) Cluster 5 Esse agrupamento é o mas representatvo das condções de vda humana e ambentas do Ro Grande do Sul, uma vez que é composto pela maora de seus muncípos (16 ao todo), vsualzados na Fgura 1. As prncpas característcas desses muncípos, segundo demonstram os resultados contdos na Tabela 3, são as condções de saúde humana (centróde gual a -0,55798), que em relação à medana ocupam a prmera posção estadual; e as condções econômcas, em termos de renda per capta e aqusção de automóvel, ocupando a segunda posção, com o segundo maor centróde (0,4903). Revelam-se muncípos com boas condções habtaconas (baxa densdade demográfca e óbtos hosptalares) e com baxa taxa de urbanzação e de saneamento. Além dsso, são muncípos onde a atvdade ndustral é pouco ou quase não desenvolvda. Esses fatores podem estar proporconando bons índces de saúde humana nesses muncípos. 1

Os 16 muncípos que compõem esse agrupamento estão localzados nas cnco regões geográfcas do Estado do Ro Grande do Sul. Todava, a grande maora está concentrada nas regões do Planalto (Serra Gaúcha, Médo e Norte) e Central do Estado, com taxa de urbanzação moderada, bem como densdade demográfca. Destaca-se que são muncípos com extensão terrtoral pequena a méda, com baxos níves de composção florestal - os porcentuas de áreas com florestas natvas e plantadas são baxos (centróde gual a 0,0838). Outro fator que merece destaque é a baxa qualdade do solo desses muncípos, comprovada pelo centróde 0,19977, em relação à varável representatva. E, quando se consdera a varável condções ambentas, observa-se que os muncípos apresentam centróde negatvo (-0,18393), revelando baxos índces de saneamento, bem como porcentuas elevados de domcílos partculares permanentes, que dão ao lxo não coletado destno ambentalmente ncorreto. Fonte: Resultados da pesqusa Fgura 1 Dstrbução dos muncípos do Ro Grande do Sul (000) pelos cnco clusters. Após a análse ndvdualzada dos cnco clusters, evdencou-se que os clusters e 5, formados por 181 e 16 muncípos, respectvamente, apresentam desenvolvmento econômco, condções de saúde e qualdade ambental em stuações opostas. O cluster é formado por muncípos que apresentam baxo nível de renda per capta, os pores índces de saúde do Estado e boa qualdade ambental. Anda, são muncípos que possuem elevada taxa de urbanzação. O baxo poder aqustvo das pessoas resdentes nesses muncípos é um fator que está contrbundo negatvamente para os índces de saúde. Já os muncípos que pertencem ao cluster 5, possuem renda per capta elevada e os melhores índces de saúde do Estado. Porém, a qualdade ambental, consderando-se os mesmos atrbutos, é baxa, fcando atrás apenas do Muncípo de Porto Alegre. Verfcou-se, dessa forma, que nos muncípos com melhores condções econômcas o meo ambente está mas degradado. Do contráro, os muncípos que estão menos desenvolvdos, onde as pessoas possuem menores condções econômcas, o meo ambente é mas preservado. Dessa forma, fca evdencada a mportânca de se consderar a varável ambental nos modelos de desenvolvmento. 13

Observa-se que as condções de saúde humana, através do ndcador esperança de vda ao nascer, não estão refletndo a qualdade ambental nos meos resddos. Ressalta-se que os muncípos que têm as melhores condções de saúde humana são aqueles que apresentam as melhores condções econômcas, o que permte que a população tenha acesso a melhores servços de saúde. Fca evdencada, dessa manera, a mportânca de se consderar as condções ambentas para medr o nível de desenvolvmento humano no Estado, representatvo da qualdade de vda. No que tange aos efetos das ações desenvolvdas pelos agentes econômcos sobre o meo ambente, Pndyck e Rubnfeld (1994) destacaram que o uso dos recursos ambentas assemelha-se muto ao dos bens públcos. As transformações pelas quas o espaço natural vem passando são orundas de ações desenvolvdas pelos agentes econômcos, como: lançamento de resíduos sóldos, líqudos e gasosos no solo, na água e no ar, sem a devda destnação e tratamento; retrada da cobertura vegetal; e aumento da densdade demográfca, dentre outras. Ala-se a essas ações a falta de atendmento à demanda por nfra-estrutura da população, que tem reflexo na degradação da qualdade ambental. O processo de degradação da qualdade ambental nterfere, por sua vez, na qualdade de vda do homem, dmnundo seu bem-estar. Com relação ao bem-estar da população gaúcha, os resultados permtram nferr que os altos índces de qualdade ambental não estão favorecendo o desenvolvmento de melhores condções de saúde, pos nos meos mas preservados o desenvolvmento econômco é menor, o qual está sendo mas decsvo para determnar, nos muncípos, a taxa de mortaldade nfantl. Os resultados obtdos neste estudo condzem com a realdade socoeconômca e ambental do Estado do Ro Grande do Sul. Os muncípos localzados na metade sul do Estado apresentam baxo desenvolvmento econômco e ntensdade de pobreza e têm na agropecuára, desenvolvda com o uso de técncas avançadas de produção, a base econômca. Já, os muncípos da metade norte apresentam-se bem desenvolvdos, com atvdades agrícola e ndustral fortes. Contudo, as formas de desenvolvmento pratcadas não favoreceram à preservação ambental. Paralelo, os resultados assemelham-se aos mostrados por Schneder e Waqul (004) no estudo sobre desenvolvmento agráro e desgualdades regonas no Ro Grande do Sul. Segundo esses autores, exstem cnco grupos de muncípos dos quas dos (um localzado na metade norte e o outro na metade sul) ndcaram que a pobreza rural e a degradação dos recursos naturas ocorrem tanto em pequenas propredades como naquelas de maor tamanho, havendo uma dstrbução relatvamente homogênea desta stuação em todo o Estado. Kageyama (006) também obteve resultados próxmos quanto à classfcação regonal dos muncípos quando estudou o desenvolvmento rural no Ro Grande do Sul. Para essa autora, há uma área no noroeste do Estado onde predomna a agrcultura famlar empobrecda e em condções de vda menos favoráves. Há, também, uma área no centroleste do Estado que apresenta baxa renda, alta pobreza e o menor índce de nível de vda entre todos os grupos. Em contraste, a regão que se estende de Porto Alegre a Caxas do Sul caracterza-se por uma agrcultura famlar próspera, lgada às agrondústras e com produção mas dversfcada, que desfruta dos máxmos valores de renda, escolardade e nível de vda. Anda, segundo essa autora, na frontera sul, observa-se a máxma desgualdade de renda, baxo nível de vda e maor proporção de pobres. 14

5. Conclusão Os resultados permtram conclur que as condções econômcas exstentes nos muncípos é fator determnante das condções ambentas exstentes, e fo sgnfcatvamente dferente entre as regões do Estado. As regões gaúchas detentoras das melhores condções econômcas, representadas, prncpalmente, pela renda per capta, são as que apresentaram baxa qualdade ambental. Do contráro, nas menos desenvolvdas, consderando-se o aspecto econômco, o meo ambente encontra-se mas preservado. Dessa manera, evdenca-se a mportânca da consderação da varável ambental nos modelos de desenvolvmento. Por outro lado, as regões detentoras das melhores condções de saúde humana, representadas pelo ndcador esperança de vda, são aquelas que apresentam o meo ambente mas degradado. Infere-se, assm, que as condções de saúde humana não estão refletndo a qualdade ambental dos meos resddos. Ressalta-se que são regões detentoras das melhores condções econômcas, o que permte que a população tenha acesso a melhores servços de saúde. É evdencada, dessa manera, a relevânca de se consderar as condções ambentas exstentes nos meos resddos para a determnação da qualdade de vda humana. 6. Referêncas BARROSO, L. P. & ARTES, R. Análse multvarada. São Paulo: Unversdade de São Paulo, 003. 156 p. (Apostla). BERTÊ, A. M. Problemas ambentas no Ro Grande do Sul: uma tentatva de aproxmação. In: VERDUM, R., BASSO, L. A. e SUERTEGARAY, D. M. A. Ro Grande do Sul: pasagens e terrtóros em transformação. 1. ed. Porto Alegre: Edtora da UFRGS, 004. p. 71-83. EVERITT, B. Cluster analyss. London, England: Henemann Educatonal Books, 1977. 1 p. FUNDAÇÃO INSTITUTO BRASILEIRO DE GEOGRAFIA E ESTATÍTICA - FIBGE. Pesqusa naconal de saneamento básco-000. Dsponível em: <www.bge.gov.br>. Acesso em 03 jul. 005.. (1996). Censo agropecuáro 1995/1996. Dsponível em: <www.bge.gov.br>. Acesso em 0 fev. 006. HAIR, J. F., ANDERSON, R. E., TATHAM, R. L., & BLACK, W. C. Multvarate data analyss: wth readngs. New Jersey: Prentce Hall, 1995. 758 p. HARMAN, H. H. Modern factor analyss. Chcago, USA: Unversty of Chcago Press, 1960. 474 p. HOGAN, D. J. Indcadores socodemográfcos de sustentabldade. In: ROMEIRO, A. R. (Org.). Avalação e contablzação de mpactos ambentas. São Paulo: Edtora da UNICAMP, 004. 399p. 15

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