AVALIAÇÃO DO BEM-ESTAR FETAL INTRAPARTO

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Transcrição:

ATENÇÃO ÀS MULHERES

Alterações na frequência cardíaca fetal (FCF) podem associar-se à oxigenação fetal inadequada. A identificação das alterações leva à aplicação de intervenções oportunas para redução de risco de lesão hipóxica ou morte.

Objetivos dessa apresentação Apontar os objetivos e as técnicas disponíveis para avaliação do bem-estar fetal intraparto Comparar ausculta intermitente e cardiotocografia Apresentar técnicas para ausculta intermitente

Avaliação do bem-estar fetal intraparto A avaliação do bem estar fetal intraparto é realizada através da ausculta intermitente dos batimentos cardíacos fetais, através do sonar doppler ou através da monitorização eletrônica fetal (cardiotocografia).

Ausculta intermitente versus cardiotocografia

Ausculta intermitente versus cardiotocografia Não foram observadas diferenças significativas entre as técnicas para os seguintes desfechos: ph de sangue do cordão umbilical < 7,2 Escore de Apgar < 4 no 5º minuto Admissão em unidade de terapia intensiva neonatal Encefalopatia isquêmica hipóxica Mortalidade perinatal Comprometimento do neurodesenvolvimento aos 12 meses Paralisia cerebral Alfirevic, 2017

Ausculta intermitente versus cardiotocografia O uso da cardiotocografia resultou em menos convulsões neonatais, porém não houve diferenças nos desfechos neurológicos em longo prazo. O uso da cardiotocografia resultou em mais partos vaginais operatórios, menos partos vaginais espontâneos e mais cesáreas por padrões anormais de FCF. A cardiotocografia de rotina durante o trabalho de parto aumenta o número de intervenções, sem melhorar desfechos neonatais.

Ausculta intermitente versus cardiotocografia A ausculta cardíaca fetal intermitente deve ser preferida à cardiotocografia intraparto como rotina para vigilância do bem estar fetal. A cardiotocografia deve ser reservada para condições de risco durante o trabalho de parto, ou quando alterações do padrão esperado da ausculta intermitente são diagnosticadas.

Ausculta intermitente O que observar durante a ausculta: A frequência cardíaca fetal (FCF) normal varia entre o mínimo de 110 e o máximo de 160 batimentos por minuto (bpm). Acelerações são sinais de boa oxigenação fetal (aumento temporário da FCF). Variabilidade reflete equilíbrio de sistema nervoso autônomo fetal, e é percebida como flutuações dos batimentos dentro da normalidade.

Ausculta intermitente Sinais de alerta durante a ausculta: FCF menor que 110 bpm ou maior que 160 bpm Desacelerações (FCF < 110 bpm mantidas por vários segundos) Ausência de acelerações da FCF após movimentação fetal ou contrações Padrões monótonos de ausculta, que podem associar-se à variabilidade comprometida.* *variabilidade só pode ser documentada no traçado cardiotocográfico, embora possa ser suspeitada durante ausculta.

Ausculta intermitente: intervalos de ausculta Risco habitual: Fase ativa a cada 30 minutos Expulsivo a cada 15 minutos Alto risco: Fase ativa a cada 15 minutos Expulsivo a cada 05 minutos WHO, 2018

Ausculta intermitente versus cardiotocografia Indicações para monitorização eletrônica fetal (cardiotocografia): Hipertensão materna Restrição do crescimento fetal intraútero Diabetes materno tipo I Suspeita de corioamnionite, sepse ou temperatura materna > 38ºC Uso de ocitocina Mecônio espesso Sangramento vaginal agudo ACOG, 2009 NICE, 2014

A avaliação do bem-estar fetal durante o trabalho de parto é crucial para a tomada de decisão sobre uma intervenção oportuna e apropriada.

Referências bibliográficas Alfirevic Z, Devane D, Gyte GML, Cuthbert A. Continuous cardiotocography (CTG) as a form of electronic fetal monitoring (EFM) for fetal assessment during labour. Cochrane Database of Systematic Reviews 2017, Issue 2. Art. No.: CD006066. DOI: 10.1002/14651858.CD006066.pub3. American College of Obstetricians and Gynecologists. ACOG Practice Bulletin No. 106: Intrapartum fetal heart rate monitoring: nomenclature, interpretation, and general management principles. Obstet Gynecol. 2009 Jul;114(1):192-202. National Institute for Health and Care Excellence (NICE). Intrapartum care for healthy women and babies (CG190) Clinical guideline, 3 December 2014 WHO World Health Organization. WHO recommendations: intrapartum care for a positive childbirth experience, 2018.

ATENÇÃO ÀS MULHERES Material de 11 de junho de 2018 Disponível em: Eixo: Atenção às Mulheres Aprofunde seus conhecimentos acessando artigos disponíveis na biblioteca do Portal.