PRINCÍPIO DA LEGALIDADE TRIBUTÁRIA Rafael Antonietti Matthes rafael@antoniettimatthes.com.br www.antoniettimatthes.com.br
Parte 1. História da Propriedade no Brasil
PRINCÍPIOS TRIBUTÁRIOS ART. 150, I, CF Legalidade Tributária ART. 150, II, CF Isonomia Tributária ART. 150, III, a CF Irretroatividade Tributária ART. 150, III, b CF Anterioridade Anual Tributária ART. 150, III, c CF Anterioridade Nonagesimal Tributária ART. 150, IV, CF Vedação ao Confisco ART. 150, V, CF Não Limitação ao Tráfego de Pessoas e Bens ART. 150, 5º, CF Transparência Tributária ART. 151, I, CF Uniformidade Geográfica ART. 151, III, CF Vedação à Concessão de Isenções Heterônomas
PRINCÍPIO DA LEGALIDADE TRIBUTÁRIA Fundamento Jurídico: Art. 150, I, CF:
Introdução A Constituição Federal de 1988 confere aos entes políticos, competência para criação de tributos em todo o território nacional, conforme possível constatar pela leitura dos artigos 145, 147, 148, 149, 149-A, 153, 154, 155, 156 e 195. O referido poder de tributar, no entanto, é balizado pelos princípios e imunidades tributárias, de modo que, a competência alcança apenas aquilo que não esteja limitado pelo próprio texto constitucional.
Art. 150. Sem prejuízo de outras garantias asseguradas ao contribuinte, é vedado à União, aos Estados, ao Distrito Federal e aos Municípios: I - exigir ou aumentar tributo sem lei que o estabeleça;
Introdução Pela leitura do referido artigo, denota-se que a limitação se refere aos verbos criar ou aumentar tributos. E quanto à aptidão para extinguir ou reduzir tributos. Será que dependerá também de prévia publicação de lei? O Supremo Tribunal Federal, em sede Repercussão Geral, analisou a aplicação da regra da reserva de inciativa em matéria tributária e destacou que lei que extingue ou reduz tributos tem iniciativa geral, ou seja, aplica-se ao caso, o caput do artigo 61 da CF:
Art. 61. A iniciativa das leis complementares e ordinárias cabe a qualquer membro ou Comissão da Câmara dos Deputados, do Senado Federal ou do Congresso Nacional, ao Presidente da República, ao Supremo Tribunal Federal, aos Tribunais Superiores, ao Procurador-Geral da República e aos cidadãos, na forma e nos casos previstos nesta Constituição.
Introdução Certo que, no caso, discutia-se a necessidade de a lei decorrer de iniciativa do Poder Executivo (art. 61, 1º, II, CF), ou se poderia decorrer da iniciativa geral (art. 61, caput, CF). O Tribunal conclui, conforme acórdão proferido nos autos do Recurso Extraordinário com Agravo nº. 743.480, que: Como já decidiu diversas vezes este Tribunal, a regra do art. 61, 1º, II, b, concerne tão somente aos Territórios. A norma não reserva à iniciativa privativa do Presidente da República toda e qualquer lei que cuide de tributos, senão apenas a matéria tributária dos Territórios. Do referido precedente, porém, conclui-se que para o STF, em que pese ser de iniciativa geral, a revogação e a concessão de isenções, remissões, redução de base de cálculo ou de alíquota devem ser precedidas de um regular processo legislativo, que culminará na publicação de uma lei (e não de um decreto).
Lei ordinária x lei complementar Regra: lei ordinária Exceção: lei complementar
Lei complementar: Imposto sobre Grandes Fortunas IGF Empréstimos compulsórios Impostos residuais Contribuições social-previdenciárias residuais
Art. 153. Compete à União instituir impostos sobre: I - importação de produtos estrangeiros; II - exportação, para o exterior, de produtos nacionais ou nacionalizados; III - renda e proventos de qualquer natureza; IV - produtos industrializados; V - operações de crédito, câmbio e seguro, ou relativas a títulos ou valores mobiliários; VI - propriedade territorial rural; VII - grandes fortunas, nos termos de lei complementar.
Art. 148. A União, mediante lei complementar, poderá instituir empréstimos compulsórios: I - para atender a despesas extraordinárias, decorrentes de calamidade pública, de guerra externa ou sua iminência; II - no caso de investimento público de caráter urgente e de relevante interesse nacional, observado o disposto no art. 150, III, "b". Parágrafo único. A aplicação dos recursos provenientes de empréstimo compulsório será vinculada à despesa que fundamentou sua instituição.
Art. 154. A União poderá instituir: I - mediante lei complementar, impostos não previstos no artigo anterior, desde que sejam não-cumulativos e não tenham fato gerador ou base de cálculo próprios dos discriminados nesta Constituição; II - na iminência ou no caso de guerra externa, impostos extraordinários, compreendidos ou não em sua competência tributária, os quais serão suprimidos, gradativamente, cessadas as causas de sua criação.
Art. 195. A seguridade social será financiada por toda a sociedade, de forma direta e indireta, nos termos da lei, mediante recursos provenientes dos orçamentos da União, dos Estados, do Distrito Federal e dos Municípios, e das seguintes contribuições sociais: 4º A lei poderá instituir outras fontes destinadas a garantir a manutenção ou expansão da seguridade social, obedecido o disposto no art. 154, I.
Ainda sobre Lei Complementar: Art. 146. Cabe à lei complementar: I - dispor sobre conflitos de competência, em matéria tributária, entre a União, os Estados, o Distrito Federal e os Municípios; II - regular as limitações constitucionais ao poder de tributar; III - estabelecer normas gerais em matéria de legislação tributária, especialmente sobre:
a) definição de tributos e de suas espécies, bem como, em relação aos impostos discriminados nesta Constituição, a dos respectivos fatos geradores, bases de cálculo e contribuintes; b) obrigação, lançamento, crédito, prescrição e decadência tributários; c) adequado tratamento tributário ao ato cooperativo praticado pelas sociedades cooperativas. d) definição de tratamento diferenciado e favorecido para as microempresas e para as empresas de pequeno porte, inclusive regimes especiais ou simplificados no caso do imposto previsto no art. 155, II, das contribuições previstas no art. 195, I e 12 e 13, e da contribuição a que se refere o art. 239. (Incluído pela Emenda Constitucional nº 42, de 19.12.2003)
Parágrafo único. A lei complementar de que trata o inciso III, d, também poderá instituir um regime único de arrecadação dos impostos e contribuições da União, dos Estados, do Distrito Federal e dos Municípios, observado que: (Incluído pela Emenda Constitucional nº 42, de 19.12.2003) LEI COMPLEMENTAR Nº 123, DE 14 DE DEZEMBRO DE 2006
LEGALIDADE ESTRITA De acordo com a legalidade estrita, a lei que institui um tributo deve conter, de acordo com o artigo 97 do CTN: ALÍQUOTA BASE DE CÁLCULO SUJEITO PASSIVO MULTA FATO GERADOR
*Obrigações acessórias - podem ser previstas em atos infralegais (portarias, circulares, instruções normativas, entre outros). *Súmula nº. 160. É defeso, ao Município, atualizar o IPTU, mediante decreto, em percentual superior ao índice oficial de correção monetária.
Exceções (mitigações) ao princípio: Art. 153: (...) 1º É facultado ao Poder Executivo, atendidas as condições e os limites estabelecidos em lei, alterar as alíquotas dos impostos enumerados nos incisos I, II, IV e V.
Exceções (mitigações) ao princípio: Segundo o artigo 153, 1º, da CF, quatro impostos federais poderão ter suas alíquotas majoradas ou reduzidas por ato do Poder Executivo Federal: Imposto de Importação II Imposto de Exportação IE Imposto sobre Produtos Industrializados IPI Imposto sobre Operações de Crédito, Câmbio e Seguro - IOF
Exceções (mitigações) ao princípio: A Emenda Constitucional nº. 33/01 estipulou dois outros casos de exceção ao princípio da legalidade. CIDE-Combustíveis e ICMS-Combustíveis
TRIBUTO PREVISÃO LEGAL ATO NORMATIVO AÇÕES POSSÍVEIS Imposto de Importação (II) Art. 153, 1º, CF Decreto Majorar ou Reduzir Imposto de Exportação (IE) Art. 153, 1º, CF Decreto Majorar ou Reduzir Imposto sobre Operações Financeiras (IOF) Art. 153, 1º, CF Decreto Majorar ou Reduzir Imposto sobre Produtos Industrializados (IPI) Art. 153, 1º, CF Decreto Majorar ou Reduzir Contribuição sobre Intervenção no Domínio Econômico sobre os Combustíveis (CIDE Combustíveis) 177, 4º, I, b, CF Decreto Restabelecer ou Reduzir Imposto sobre Circulação de Mercadorias e Serviços sobre os Combustíveis (ICMS Combustíveis) 155, 4º, IV c, CF Convênios Restabelecer ou Reduzir
Os reflexos da EC 32/01: A EC permite a utilização de Medida Provisória em matéria tributária (art. 62, 2º, CF); A Medida Provisória se traduz em um ato normativo de vida curta e de utilização excepcional, no trato de certos assuntos, cujos pressupostos são a relevância e a urgência. A MP deve ser convertida em lei em até 60 dias, prorrogáveis por mais 60.
Os reflexos da EC 32/01: A MP só pode majorar ou instituir IMPOSTOS. Não pode majorar ou instituir impostos que dependem de Lei Complementar, pois a MP se converte em lei ordinária.
JURISPRUDÊNCIA Tema: 682 - Reserva de iniciativa de leis que impliquem redução ou extinção de tributos ao Chefe do Poder Executivo. Tese firmada: Inexiste, na Constituição Federal de 1988, reserva de iniciativa para leis de natureza tributária, inclusive para as que concedam renúncia fiscal. ARE 743480 RG / MG - MINAS GERAIS - Relator(a): Min. GILMAR MENDES - Julgamento: 10/10/2013 - Órgão Julgador: Tribunal Pleno Ementa: Tributário. Processo legislativo. Iniciativa de lei. 2. Reserva de iniciativa em matéria tributária. Inexistência. 3. Lei municipal que revoga tributo. Iniciativa parlamentar. Constitucionalidade. 4. Iniciativa geral. Inexiste, no atual texto constitucional, previsão de iniciativa exclusiva do Chefe do Executivo em matéria tributária. 5. Repercussão geral reconhecida. 6. Recurso provido. Reafirmação de jurisprudência.