PODER JUDICIÁRIO TRIBUNAL DE JUSTIÇA DO ESTADO DA PARAÍBA GABINETE DO DES. NILO LUIS RAMALI -10 VIEIRA



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Trata-se de recurso apelatório (fls. 121/131) interposto

Transcrição:

PODER JUDICIÁRIO TRIBUNAL DE JUSTIÇA DO ESTADO DA PARAÍBA GABINETE DO DES. NILO LUIS RAMALI -10 VIEIRA e-dx4átitik APELAÇÃO CRIMINAL N 033.2004.004087-6/001 RELATORA: Dra. Maria das Graças Morais Guedes (Juiza de Direito convocada) APELANTE: Edrizio Viana da Costa ADVOGADO: Jânio Luis de Freitas APELADA: Justiça Pública APELAÇÃO CRIMINAL. PRELIMINAR DE EXTINÇÃO DA PUNIBILIDADE PELA PRESCRIÇÃO DA PRETENSÃO PUNITIVA. NÃO OCORRÊNCIA. REJEIÇÃO. MÉRITO. ATENTADO VIOLENTO AO PUDOR. MENOR DE 14 ANOS. ARTIGO 214 C/C 224, "A" E ART. 226 II, PRIMEIRA PARTE, DO CÓDIGO PENAL. SENTENÇA CONDENATÓRIA. INCONFORMISMO. PRETENSÃO ABSOLUTÓRIA. INSUFICIÊNCIA DE PROVAS. IMPOSSIBILIDADE. PALAVRA DA VÍTIMA EM HARMONIA COM OS DEMAIS ELEMENTOS DE PROVA. VALORAÇÃO ESPECIAL. CONDENAÇÃO IMPOSTA. Rejeita-se a preliminar quando não se verifica o transcurso de tempo suficiente à configuração da prescrição da pretensão punitiva estatal. Em se tratando de delitos de natureza sexual, normalmente cometido às escondidas, merece especial valoração a palavra da vitima, principalmente quando se encontra coerente e harmônica com o arcabouço probatório produzido nos autos. PENA. APLICAÇÃO EM DESCONFOR1VHDADE COM A LEI VIGENTE À ÉPOCA DOS FATOS. REDUÇÃO DA REPRIMENDA. PROVIMENTO PARCIAL DO APELO. Se da análise dos autos, sobretudo da aplicação da pena, percebe-se que esta foi realizada em desconformidade com a lei vigente à época dos fatos. o que torna necessária a sua correção.. G'

Vistos, relatados e discutidos os autos identificados em epígrafe. Acorda a Câmara Criminal do Tribunal de Justiça do Estado da Paraíba, à unanimidade, rejeitar a preliminar de prescrição da pretensão punitiva, e, no mérito, dar provimento parcial ao apelo, nos termos do voto da relatora a seguir exposto. RELATÓRIO EDRIZIO VIANA DA COSTA foi denunciado pelo Ministério Público em exercício na comarca na 5 vara da comarca de Santa Rita, como incurso nos crimes previsto no artigo 214 cic artigo 224, "a." e artigo 226, II, primeira parte, todos do Código Penal. Narra a denúncia. em suma, que no ano de 1991, o réu, genitor da vítima E.P.C., aproveitando-se do pátrio poder que exercia sobre a menor de apenas 12 anos de idade ao tempo da infração. constrangia-lhe a praticar com ele e a permitir que com ele, fosse praticado ato libidinoso diverso da conjunção carnal. Após regular tramitação, adveio sentença condenando o agente à pena definitiva de 09 (nove) anos de reclusão e 15 (quinze) dias multa, como incurso nas sanções do art. 214 c/c o art. 224 e art. 226, II, todos do código Penal, a ser cumprida inicialmente em regime fechado no Presídio Padrão de Santa Rita (fls. 139/142). Irresignado, o réu interpôs recurso apelatório (fls. 158/69), arguindo a preliminar de prescrição da pretensão punitiva do Estado, na modalidade retroativa, e, no mérito, buscou a sua absolvição, por entender que a prova é insuficiente para sustentar o édito condenatório. Contrariedade recursal deduzida às fls. 174/177, pela manutenção da sentença em todos os seus termos. apelo (fls. 182/183). A douta Procuradoria de Justiça manifestou-se pelo desprovimento do É o relatório. VOTO - Dra. Maria das Graças Morais Guedes (Juíza de Direito convocada para susbstituir o Des. Nilo Luís Ramalho Vieira) admissibilidade. Conheço do recurso, eis que presentes os pressupostos de Narram os autos, que o apelante foi denunciado por infração aos arts. 214 c/c o art. 224, "a" e art. 226, II, primeira parte, todos do Código Penal, porque, no ano de 1991, aproveitando-se do pátrio poder que exercia sobre a filha menor de apenas 12 anos de idade, constrangeu-a a praticar com ele e a permitir que com ele fosse praticado ato libidinoso diverso da conjunção carnal. Segundo a denúncia, o réu, ora apelante, assediava a filha menor Ák"

sempre que a genitora -se ausentava de casa, obrigando-a mediante ameça; -a permitir carícias nos seios e órgãos genitais. Consta ainda, que ele levava a menor para Mata do Xexém, depois do Rio do Meio, município de Santa Rita, e lá tentava praticar com ela sexo oral, e, simultaneamente, forçava o órgão sexual na vagina da filha, tentando penetrá-la pela frente e por trás, chegando, inclusive, a ejacular sobre ela. A mãe da menor só teve conhecimento dos fatos treze anos depois. quando se deu a separação do casal, pois a ofendida temia o genitor. É o resumo da inicial acusatória (fls.02/03). Inconformado, o réu interpôs apelação em face da respeitável sentença que julgou procedente a denúncia, condenando-o à pena de 09 (nove) anos de reclusão e 15 (quinze) dias-multa, pela prática do delito do art. 214 c/c o art. 224, inc. II e arts. 226, II, todos do código repressivo. Suscitou a preliminar de extinção da punibilidade, pela ocorrência da prescrição da pretensão punitiva na modalidade retroativa. No mérito, negando a autoria delituosa e " ausência de provas cabais do ato praticado", pugnou por sua absolvição. 1 - Da preliminar de prescrição da pretensão punitiva do Estado O réu, ora apelante, foi condenado como incurso nas sanções do art. 214 c/c o art. 224 e art. 226, II, todos do Código Penal, a uma pena de 09 (nove) anos de reclusão, a ser cumprida inicialmente em regime fechado, no presídio Padrão de Santa Rita. O crime do art. 214 é apenado com reclusão, de 6 (seis) a 10 (dez) anos de reclusão, prescrevendo em 16 (dezesseis) anos, a teor do art. 109, inc. II, do Código Penal. Segundo a denúncia, o crime ocorreu no ano de 1991, e o despacho de recebimento em 26.06.2006 (02/03). não se verificando, portanto. a prescrição da pretensão punitiva do Estado, considerando-se que o art. 109, inc. II, do Código Penal, dispõe que a prescrição, antes de transitar a em julgado a sentença final, é regulada pelo máximo da pena prevista para o crime, que no caso concreto, é de 10 (dez) anos. Esse mesmo dispositivo prevê que, se o máximo da pena é superior a 8 (oito) anos e não excede a 12 (doze), a pretensão punitiva prescreve em 16 (dezesseis) anos. "Art. 109 A prescrição, antes de transitar em julgado a sentença final, salvo o disposto nos 1 e 2, do art. 110 deste Código, regulase pelo máximo da pena privativa de liberdade, cominada ao crime, verificando-se: II Em 16 (dezesseis) anos, se o máximo da pena é superior a 8 (oito) anos e não excede a 12 )doze. Ora, se o fato criminoso, repita-se, ocorreu em 1991, e a denúncia foi

recebida em 26.06.2006, decorreu o lapso temporal de 15 (quinze) anos, aquém daquele estipulado no inciso II do art,109. do Código Punitivo.---- - - De outra parte, igualmente, não se pode falar em prescrição da pretensão punitiva na modalidade retroativa prevista no art. 109, e seus, do mesmo Código. considerando-se que a pena aplicada in concreto foi de 9 (nove) anos de reclusão, e, entre a data do recebimento da denúncia (26.06.2006) e da publicação da sentença (16.06.2009), transcorreram apenas 3 (três) anos, ainda que essa publicação não tenha ocorrido no órgão oficial, mas sim, na antiga modalidade de "publicação em cartório" (fl. 142v.). Destarte, não se verificando entre os citados marcos, o transcurso de tempo suficiente à ocorrência da prescrição em qualquer das modalidades, REJEITO A PRELIMINAR suscitada. Superada a matéria preliminar, enfrento à análise do mérito, ressaltando, por oportuno, que o fato descrito na denúncia passou a ser punido com mais rigor na Lei n 12.015/2009, de forma que sua aplicação retroativa prejudicaria o apelante, o que veda o art. 5 0, inc. XL da Constituição Federal. 2. Do mérito No caso concreto, as provas produzidas nos autos trouxeram a certeza necessária para determinar a procedência da denúncia. O apelante nega a prática dos fatos que lhe são imputados. sustentando, dentre outros argumentos. a ausência de provas cabais do fato criminoso, buscando a sua absolvição. Nas suas razões recursais (fls.159/169), assevera que "(...) os fatos têm indícios de uma montagem, repetitiva, indo de encontro a vida real; (...), que a sentença foi injusta, estando, pois, apoiada nas palavras da vitima, sem nenhum amparo nos demais elementos probatórios colhidos no processo (...); que é extremamente dúbio o fato de uma filha com 25 anos de idade, casada, separada, já com nova família, quando da separação da mãe trazer uma história como a narrada na inicial, articulada principalmente pela ex-esposa", dele apelante. Aduz ainda, que tudo não passa de um plano arquitetado pela exesposa, com o intuito único de prejudicá-lo. Alega, de outra parte, a ausência de prova para ensejar o decreto condenatório. É cediço que a análise da prova nos crimes de natureza sexual é bastante peculiar, como assim decidiu o T.TMG. na Ap. Criminal n 1.0384.98.003637-8 001, da Comarca de Leopoldina, julgada em 25/03/2010b e publicada em 13/04/2010, de relatoria do Exm Des. Renato Martins Jacob: "porque, ao contrário do que ocorre em outros tipos de delito, esses crimes geralmente são praticados longe dos olhos de possíveis testemunhas, razão pela qual a palavra da vitima é, na maioria das vezes, um elemento decisivo na formação da convicção do Julgador, desde que transpareça confiança e retidão". Não obstante tenha o réu Edrizio Viana negado a prática dos fatos

imputados ha denúncia, afirmando que "... tudo _não passa de um plano arquitetado _ pela _ ex-esposa, com o intuito de prejudicá-lo...", os elementos de prova insertos nos autos são suficientes para embasar o decreto condenatório, decidindo com acerto o magistrado de primeiro grau. ofendida relatou que: autoridade policial: Em declarações prestadas perante a autoridade policial (fl. 09), a "(...) tinha 12 anos de idade, vivia sendo assediada pelo seu próprio pai, acima referido, sempre que a sua genitora saia de casa; que as vezes o seu genitor levava a declarante para a Mata do Xexem, depois do rio do meio e lá tentava fazer sexo oral; que o seu genitor tentava fazer com a declarante pela frente e por traz, e embora nunca tenha conseguido, mais chegou algumas vezes a ejacular em cima de declarante; que a declarante nunca disse a sua genitora, porque tinha medo do seu pai; que somente agora depois de 13 ANOS: que a genitora da declarante se separou do mesmo, o fato veio à tona; que nunca houve penetração nem vaginal nem anal; que a declarante procurou o promotor de justiça da comarca e este encaminhou o fato para a delegacia Em juizo, a vitima ratificou as declarações prestadas perante a "(...) a declarante quando tinha doze anos de idade, vivia sendo assediada pelo seu próprio pai; que o fato acontecia quando a mãe da declarante saía de casa e às vezes o pai chegava a levar a declarante para a mata do Xexém e depois para o Rio do Meio onde tentava fazer com a mesma sexo oral; que o acusado tentava fazer sexo com a declarante pela frente e por trás e, embora nunca tenha conseguido, chegou, algumas vezes, a ejacular em cima da declarante; (...) que nunca contou a mãe porque tinha medo do pai; que somente depois de treze anos foi que resolveu contar; que o fato se deu por várias vezes, sempre quando sua mãe não estava em casa; que na Mata do Xexém, no Rio do Meio, foi uma única vez; que certa vez ficou em casa sozinha com o pai pois a mãe estava no hospital com a sua outra irmã; que tinha doze anos de idade e ficou com medo de dormir sozinha no quarto; que pediu para dormir com o pai no quarto dele no que ele consentiu; que por volta das duas horas da manhã acordou com o pai por cima da declarante que estava toda nua e toda melada; que o pai mandou que ela se limpasse; que o fato se deu por duas vezes, uma em casa, e a outra no Rio do Meio; que chegou a ser ameaçada pelo pai caso contasse a mãe; que somente criou coragem para contar a mãe depois que esta se separou do pai; que uma outra vez, quando tinha treze anos de idade, seu pai a segurou por traz e passou a apalpá-la, que após esta data nunca mais foi procurada pelo pai que viveu dentro de casa até a declarante completar 25 anos; que durante todo este tempo era ameaçada pelo pai; que a irmã nunca falou para a declarante que tinha sido molestada pelo pai; que só descobriu que não era mais virgem no dia de seu casamento quando tinha 25 anos (fis. 74) Inclusive, nas duas oportunidades em que foi ouvida (fls. 09 e 74), a vitima descreveu os acontecimentos com riqueza de detalhes, não se vislumbrando qualquer dúvida capaz de comprometer a veracidade das suas declarações. É cediço que nos crimes contra os costumes, a palavra da vítima merece maior valoração. ademais se corroborada com as demais circunstâncias e elementos carreados aos autos.

Nesse sentido -; -é o julgado:do-superior-tribunal de -Justiça: "HABEAS CORPUS. ESTUPRO E ATENTADO VIOLENTO AO PUDOR. PROVA. PALAVRA DA VITIMA". 1. A palavra da vitima, nos crimes contra os costumes, quando em perfeita harmonia com outros elementos de certeza dos autos, reveste-se de valor probante a autoriza a conclusão quanto à autoria por ela apontada. 2. Ordem denegada". (HC 92891SP, Relator Ministro Fernando Gonçalves, Sexta turma do Superior Tribunal de Justiça, julgado em 18/10/1999) São Paulo: No mesmo sentido. pronunciou-se o Tribunal de Justiça do Estado de TJSP: "Prova Atentado violento ao pudor Palavra da vítima portadora de doença mental Presunção de veracidade, se verossímil, uniforme e harmônica com o conjunto probatório existente nos autos, (...) Pelo fato de o crime de atentado violento ao pudor ser praticado, na maioria das vezes, sem a presença de testemunhas, é presumida a veracidade da palavra do ofendido, mesmo sendo este doente mental, exigindo-se, no entanto, que estas sejam verossímeis, uniformes, além de harmônicas com o conjunto probatório existente nos autos". (RT 777/602) TJSP: "A palavra da vítima de crime contra os costumes, ainda que se trate de menor, merece credibilidade se coerente com o conjunto probatório, erigindo-se em prova verticular, em delitos como os da espécie, cometidos à puridade" (JTJ 180306). Às fls. 76, constam as declarações de MARIA DA PENHA PAULO DA COSTA, genitora da vítima, do qual destaco: " (...) que por várias vezes o denunciado saía e voltava para casa; que teve três filhos com o réu sendo uma delas a vítima Eliane Paulo da Costa; que somente depois que o réu saiu de casa tomou conhecimento de que ele molestava as filhas; que a vítima contou a declarante que certa vez o pai a levou para o Rio do Meio e tentou penetra-la por trás; que a outra filha que faleceu tentou por várias vezes dizer a declarante o que se passava entre ela e o pai mas nunca conseguiu; que somente após o réu sair de casa é que a vítima contou o ocorrido; (...) que após saber do fato, procurou a delegacia imediatamente; que somente soube do fato no ano de 2004: que seu esposo saiu de casa no ano de 2003". A testemunha MARIA DO SOCORRO MOURA. às fls. 77. disse ter sido procurada pela mãe da vítima, que, desesperada, teria confidenciado: "(...) Dona Socorro a Senhora não sabe o que aconteceu, só agora Eliane veio me contar que o pai dela, quando ela era mocinha, chupava nos peitos dela, fazia coisa com ela, e ela não dizia nada porque estava sendo ameaçada de morte por ele A declarante ANA MARIA MÁXIMO, irmã do réu/apelante ouvida pela autoridade policial (fls. 10), declarou: vt'

"(...) que é irmã de Edson Costa, que também se identifica como Edrizio Viana da Costa: que a declarante não sabe como seu irmão conseguiu se registrar com um segundo nome; que existe documentos com nome de Edson Costa e outros com nome de Edrizio Viana da Costa; que relacionado ao fato ora investigado, relacionado a sobrinha da declarante ouviu de sua cunhada, Maria da Penha Paulo Costa, que o mesmo vivia praticando atos indecorosos com Eliane, quando a mesma ainda era menor de idade; que somente 12 anos depois foi que Eliane veio contar a sua genitora; que Edson ou Edrizio vivia ameaçando Eliane, caso ela contasse para sua mãe, mataria a mesma; que Edson ou Edrizio. era acostumado a esse tipo de coisas, pois recorda que o mesmo assediara uma irmã de criação há cerca de muito tempo atrai O réu negou a prática criminosa, tanto na fase policial, quanto na judicial (fls. 16 e 82 e 84). Na fase extrajudicial disse que " (...) certa vez tomou conhecimento que Eliane foi encontrada dentro de um veiculo, com um rapaz (...)". Em juizo afirmou que, "quando a vitima era mocinha, com 14 ou 16 anos, passou a andar em más companhias o que levou o interrogado a repreendê-la; (...) tem certeza que a filha não se casou virgem pois vivia com o namorado com quem o denunciado uma vez observou atitudes suspeitas ao redor da casa; que por várias vezes mandou que a mãe tomasse conta da filha já que ela não vinha procedendo bem mas a mãe se virava contra o interrogando (...)". Vê-se dos trechos dos depoimentos acima referidos que o agente procurou se defender, acusando a filha de andar em más companhias, bem como a ex-mulher, a quem acusa de adultério. Com efeito, a conduta do recorrente tal como exposto na peça acusatória, constitui ato libidinoso diverso da conjunção carnal. E sabe-se que o ato libidinoso de que cuida o art. 214 do Código Penal, "é o que visa ao prazer sexual. É todo aquele que serve de desafogo à concupiscência. É o ato lascivo, voluptuoso, dirigido para a satisfação do instinto sexual" (DAMÁSIO E. DE JESUS. Código Penal Anotado. 5" ed., São Paulo. Saraiva, 1995, pág. 629). Assim, diante do acervo probatório examinado, seguramente incriminador; não há que se falar em absolvição. Todavia, analisando-se a aplicação da pena, verifica-se que esta foi aplicada em desconformidade com a lei vigente à época dos fatos. Como o crime foi praticado em 1991, a redação do art. 226, inc. II do CP, vigente à época era a seguinte: "Art. 226 - A pena é aumentada de quarta parte: I - se o crime é cometido com o concurso de duas ou mais pessoas; II - se o agente é ascendente, pai adotivo, padrasto, irmão, tutor ou curador, preceptor ou empregador da vitima ou por qualquer outro titulo tem autoridade sobre ela;" Tal redação só foi modificada pela Lei 11.106/2005, prevendo o

aumento de metade. se o agente for ascendente. Entretanto, quando da aplicação da reprimenda o juízo "a quo- ", após fixar a pena-base no seu mínimo legal, qual seja 06 (seis) anos de reclusão e 10 (dez) diasmulta, a aumentou em 1/2 (metade), em virtude do disposto no art. 226. II do CP, totalizando 09 (nove) anos de reclusão e 15 (quinze) dias-multa, tornando-a definitiva. Desta forma, percebe-se que o aumento da pena previsto no inc. II do art. 226, foi realizado em descompasso com a lei vigente à época dos fatos, o que torna necessária a sua correção, aplicando-se in casu, o aumento na proporção da quarta parte. Assim, mantida a pena-base de 06 (seis) anos de reclusão e 10 (diasmulta). aumento-a em 1/4 (um quarto), por foça da redação do inc. II do art. 226 do CP. vigente à época dos fatos, totalizando 07(sete) anos e 06 (seis) meses de reclusão e 12 (doze) diasmulta, que torno definitiva à míngua de outras qualificadoras. Feitas estas considerações, rejeito a preliminar de prescrição da pretensão punitiva e, no mérito, dou provimento parcial ao recurso, para, mantendo a condenação, reduzir a reprimenda aplicada ao apelante, nos moldes acima expostos. É como voto. Presidiu os trabalhos o Exmo. Des. Leôncio Teixeira Câmara. Participaram do julgamento, além de mim, Relatora. o Exmo. Sr. Dr. Wolfram da Cunha Ramos, revisor, Juiz de,direito convocado para substituir o Exmo. Des. Leôncio Teixeira Câmara, e o Exmo. Des. Joás de Brito Pereira Filho. Presente ao Julgamento a Exma. Dra. Renata Carvalho da Luz. Promotora de Justiça convocada. Sala das Sessões M. Taigy de Queiroz Melo Filho da Câmara Criminal do Tribunal de Justiça do Estado da Paraíba, João Pessoa. aos 10 de fevereiro de 2011 (data de julgamento). Relatora 'e I at a. 3414,ái daá &aça:1 eilimaâ Waeded

TRIBUNi\L DS JUS -H(3A Coord e r12..de ia Jutticiâria. Registrado