BOLETIM DO SUÍNO nº 94 JUNHO 2018
O mercado em junho Os efeitos da paralisação dos caminhoneiros no mercado suinícola se refletiram no decorrer de junho. Na maior parte do mês, as cotações da proteína animal foram impulsionadas, devido ao menor número de lotes de suínos com peso adequado para abate e à maior procura dos mercados e distribuidoras para reabastecimento de seus estoques de carne. O movimento de alta foi interrompido apenas no final de junho, quando, apesar de negócios entre produtores e indústrias terem sido efetivados, a retração no consumo, típica de final de mês, repercutiu em pressão nas cotações da proteína. O ritmo mais intenso das negociações na primeira quinzena refletiu em elevações significativas tanto no preço do suíno vivo quanto no das carnes. Na região de SP-5 (Bragança Paulista, Campinas, Piracicaba, São Paulo e Sorocaba), o animal posto no frigorífico foi negociado em junho ao preço médio de R$ 3,52/kg, atingindo a maior cotação no dia 18 (segunda-feira), de R$ 3,67/kg. A partir de então, a cotação passou a ter reduções sucessivas, chegando a R$ 3,46/kg no dia 29. Na região paulista, o preço médio do animal em junho avançou 15,6% frente ao mês anterior (R$ 3,05/kg). Para a carcaça especial suína, a valorização na primeira quinzena foi ainda mais expressiva, de 20,4% na comparação com o preço médio praticado em maio no atacado da Grande São Paulo. Dessa forma, em junho, a carne foi negociada na média de R$ 5,83/kg a maior cotação da proteína foi de R$ 6,17/kg na terça-feira, 12. Posteriormente, com as quedas diárias, o produto fechou o mês a R$ 5,36/kg no dia 29. O preço dos cortes seguiu o mesmo comportamento no decorrer de junho. Para o pernil com osso negociado no estado de São Paulo, o preço médio no mês foi de R$ 6,35/kg, aumento de 13,8% em relação a maio. As elevações se sucederam até o dia 12, com o produto cotado a R$ 6,55/kg, enquanto que no dia 29 esse valor caiu para R$ 6,24/kg. Vale ressaltar que esse comportamento dos preços não se restringe apenas à região paulista, uma vez que na maioria das localidades acompanhadas pelo Cepea as cotações dos produtos suinícolas começaram a ter reduções no final do mês. Apesar disso, em junho, os preços estiveram em patamares superiores aos praticados em maio/18. No comparativo mensal, a cotação média do animal posto no frigorífico subiu 18,7% em Belo Horizonte (MG), 11,8% no Sudoeste Paranaense e 11,1% no Oeste Catarinense. 2
Gráfico 1 - Preço médio mensal da carcaça suína especial no atacado da Grande São Paulo (R$/kg) R$/kg 8,00 7,50 7,00 6,50 6,00 5,50 5,00 4,50 3,50 3,00 2,50 2,00 jan fev mar abr mai jun jul ago set out nov dez 2008 2009 2010 2011 2012 2013 2014 2015 2016 2017 2018 Gráfico 2 - Indicadores do Suíno Vivo CEPEA/ESALQ - Preços pagos ao produtor (mai/17 a - R$/kg) 4,90 4,60 4,30 R$/kg 3,70 3,40 3,10 2,80 2,50 02/05/2017 17/05/2017 01/06/2017 19/06/2017 04/07/2017 19/07/2017 03/08/2017 18/08/2017 04/09/2017 20/09/2017 05/10/2017 23/10/2017 08/11/2017 24/11/2017 11/12/2017 27/12/2017 15/01/2018 30/01/2018 16/02/2018 05/03/2018 20/03/2018 05/04/2018 20/04/2018 08/05/2018 23/05/2018 08/06/2018 25/06/2018 MG SP PR SC RS 3
Preços e exportações A recuperação das exportações de carne suína in natura observada em maio não se sustentou em junho, quando as vendas externas feitas pelo Brasil, tanto em volume quanto em receita, foram as mais baixas desde fevereiro de 2015. Em junho, as saídas brasileiras da proteína animal totalizaram 29,8 mil toneladas, queda de 27,5% frente ao mês anterior, quando foram exportadas 41,1 mil toneladas. A receita, por sua vez, caiu 30,5% de maio para junho, indo de US$ 83,5 milhões para US$ 58 milhões, na mesma ordem. A pressão na receita do setor exportador se deve tanto pela redução no volume embarcado quanto pelo menor preço da carne suína no mercado externo. Em maio, a proteína era negociada ao preço médio de US$ 2.033,10/tonelada, enquanto em junho, a US$ 1.947,51/t, baixa de 4,2% de um mês para outro. A valorização da moeda americana contribuiu para que a receita em Reais não fosse ainda mais pressionada. Em junho, a cotação média do dólar foi de R$ 3,78, aumento de 3,9% em relação a maio, quando era de R$ 3,64. Nesse período, a receita em reais se reduziu em 27,8%, indo de R$ 303,59 milhões para R$ 219,21 milhões. Ao comparar o desempenho do setor exportador em junho frente ao mesmo período do ano anterior, evidencia-se as dificuldades de escoamento da produção que a cadeia suinícola vem enfrentando ao longo de 2018. Em junho, o preço da carne no mercado internacional foi 25,7% inferior ao de junho/17. Quanto ao volume embarcado, se reduziu em 44,9% no mesmo período de comparação; a receita em dólares, por sua vez, teve queda de 59%, enquanto a receita em reais, de 53%. A expressiva redução das exportações em junho deste ano resultou em aumento da oferta interna, impactando negativamente as cotações da proteína animal no final do mês. Recentemente, agentes do mercado consultados pelo Cepea, especialmente aqueles localizados em Santa Catarina, ficaram animados com a possibilidade de o estado começar a exportar para o México. A abertura de novos mercados é vista pelo setor como uma das maneiras de melhorar o desempenho da cadeia, uma vez que a mesma vem sofrendo importantes choques desde o final do ano passado. 4
Tabela 1 - Indicadores do Suíno Vivo CEPEA/ESALQ - Preços pagos ao produtor - junho/18 Estado Média mensal Variação no mês Mínimo mensal Máximo mensal Minas Gerais 3,69 13,8% 3,25 3,87 São Paulo 3,44 11,5% 3,11 3,60 Paraná 3,07 14,7% 2,74 3,21 Santa Catarina 3,03 7,8% 2,78 3,12 Rio Grande do Sul 2,93 3,2% 2,85 2,98 Tabela 2 - Médias regionais do preço do suíno vivo - junho/18 (R$/Kg) Região Média mensal Variação no mês Mínimo mensal Máximo mensal Patos de Minas 3,66 15,5% 3,12 3,81 Belo Horizonte 3,67 10,9% 3,35 3,91 Sul de Minas 3,75 16,6% 3,43 3,94 Ponte Nova 3,72 9,9% 3,36 3,92 São José do Rio Preto 3,34 13,5% 3,08 3,50 Avaré 3,30 10,3% 2,97 3,52 SP-5 3,51 11,1% 3,18 3,64 Arapoti 3,33 15,7% 2,95 3,50 SO Paranaense 3,12 13,9% 2,89 3,43 Oeste Catarinense 3,07 13,3% 2,66 3,23 Braço do Norte 2,92 10,5% 2,82 3,01 Erechim 3,13-0,8% 3,08 3,21 Santa Rosa 3,07 9,0% 2,74 3,22 Serra Gaúcha 3,08 8,6% 2,77 3,19 Tabela 3 - Médias dos preços das carnes - atacado da Grande São Paulo - junho/18 (R$/kg) Estado Média mensal Variação no mês Mínimo mensal Máximo mensal Carcaça Comum 5,50 16,4% 4,99 5,76 Carcaça Especial 5,83 12,8% 5,21 6,17 Lombo 9,81 8,6% 9,13 10,13 Pernil com osso 6,35 8,8% 5,74 6,55 Costela 10,76 11,0% 10,04 11,04 Carré 6,90 2,0% 6,55 7,22 Paleta sem osso 6,74 7,7% 6,13 7,04 Tabela 4 - Relação de troca de suíno por milho e de suíno por farelo de soja (kg vivo/kg de insumo) média junho/18 vivo/milho Variação mensal vivo/farelo Variação mensal SP 5,33 22,5% 2,32 15,7% MG 6,30 22,2% 2,35 21,5% 5
Gráfico 3 - Preços internos (carcaça - Grande SP) e externo (carne in natura), deflacionados pelo IPCA - R$/kg 10,00 9,00 8,00 R$/kg 7,00 6,00 5,00 3,00 jun/16 jul/16 ago/16 set/16 out/16 nov/16 dez/16 jan/17 fev/17 mar/17 abr/17 mai/17 jul/17 ago/17 set/17 out/17 nov/17 jan/18 fev/18 mar/18 abr/18 mai/18 Preço Interno Preço Externo Gráfico 4 - Exportações de carne suína in natura entre junho/17 e junho/18, volume e receita 160,00 140,00 120,00 100,00 80,00 60,00 40,00 20,00 - jul/17 ago/17 set/17 out/17 nov/17 jan/18 fev/18 mar/18 abr/18 mai/18 1.000 t US$ milhões 6
Relação de troca e insumos No correr de junho, apesar dos principais insumos da suinocultura (milho e farelo de soja) ainda apresentarem patamares de preços elevados, a saca de 60 kg do milho caiu 5,2% em Campinas (SP) frente ao mês anterior, fechando com média de R$ 39,87 no final do mês. Mesmo com essa queda pontual, os preços ainda são 52,3% maiores do que os praticados em junho/17. Já na praça catarinense, o cereal teve ligeira valorização de 0,6% frente a maio, chegando a R$ 40,82/kg. De acordo com a Equipe de Grãos do Cepea, o movimento de queda nos preços em junho está atrelado à retração de compradores, que estão à espera da entrada mais efetiva do milho da segunda safra. Com isso, demandantes adquirem apenas o necessário para repor estoques, na expectativa de baixas maiores nas cotações. Além disso, alguns produtores precisam escoar o cereal para liberar espaços nos armazéns para entrada da nova produção. Diante deste cenário, aliado aos preços mais altos no quilo do suíno vivo em junho, com a venda de um quilo de animal, o produtor paulista conseguiu adquirir 5,33 quilos de milho, 22,5% a mais do que em maio, mas 37% a menos do que o do mesmo período do ano passado. Para o suinocultor catarinense, por sua vez, foi possível a compra de 4,53 quilos de milho com a venda de um quilo do animal, alta de 10,8% no poder de compra do produtor frente ao mês anterior, porém, redução de 37,7% frente a junho/17. Quanto ao farelo de soja, atingiu o seu valor máximo nominal desde meados de 2016, apesar dos preços dos derivados apresentarem reduções sucessivas a partir da segunda quinzena de junho. Segundo a Equipe de Grãos do Cepea, as recentes baixas nos preços externos da soja, devido ao conflito comercial entre a China e Estados Unidos, e as indefinições do tabelamento mínimo do frete têm resultado em queda nos valores domésticos do derivado. Para o farelo de soja, em junho, com a venda de um quilo do animal vivo, o suinocultor paulista conseguiu adquirir 2,52 quilos do derivado, quantidade 15,7% maior que a de maio, mas 33,8% a menos do que em junho de 2017. Para o produtor catarinense, a relação foi de 2,1 quilos de farelo com a venda de um quilo do suíno vivo, 9,3% acima do observado em maio, porém, 36% abaixo frente ao mesmo período de 2017. 7
Gráfico 5 - Relação de troca (kg de suíno/kg de ração) - MG - junho/17 a junho/18 7,50 7,00 6,50 6,00 5,50 5,00 4,50 3,50 3,00 2,50 2,00 Gráfico 6 - Relação de troca (kg de suíno/kg de milho e kg suíno/kg do farelo de soja - junho/08 a junho/18 13,5 12,0 10,5 9,0 7,5 6,0 4,5 3,0 1,5 0,0 jul/17 ago/17 set/17 out/17 nov/17 jan/18 fev/18 mar/18 abr/18 mai/18 jun/08 dez/08 jun/09 dez/09 jun/10 dez/10 jun/11 dez/11 jun/12 dez/12 jun/13 dez/13 jun/14 dez/14 jun/15 dez/15 jun/16 dez/16 SP Suíno/Milho MG Suíno/Milho SP Suíno/Farelo MG Suíno/Farelo 8
Carnes concorrentes Em junho, a carne suína ficou menos competitiva frente às principais carnes concorrentes, uma vez que houve forte valorização dos produtos suinícolas no atacado. Nesse período, as carnes bovina e de frango também apresentaram aumento de preços, mas não foram suficientes para manter a competitividade da carne suína em relação a maio/18. Os preços mensais da carcaça especial suína, negociada na Grande São Paulo, que apresentavam quedas desde o início de 2018, se elevaram em 20,4% em junho frente à média de maio, atingindo cotação média de R$ 5,83/kg. Para a carcaça casada bovina na Grande São Paulo, a valorização foi de 4,3% entre maio e junho, sendo negociada a R$ 10,01/kg nesse último mês. Para o quarto dianteiro, corte de menor valor agregado da carne bovina, a valorização foi 10,1% no mesmo período de comparação, atingindo o patamar de R$ 8,52/kg em junho. Já no mercado de frango, a volatilidade nos preços foi expressiva durante junho. No início do mês, o desabastecimento e a restrição da oferta, em decorrência da paralisação dos caminhoneiros, impulsionaram as cotações da proteína. No entanto, em meados de junho, com a normalização da disponibilidade, os preços diários caíram. Em junho, o preço médio nominal do frango resfriado, negociado na Grande São Paulo, foi de R$ 4,15/kg, aumento de 27,2% frente ao mês anterior (R$ 3,26/kg) a maior média nominal desde dezembro de 2016. Diante do contexto no mercado de carnes, a carcaça especial suína foi R$ 4,18 mais barata que a carcaça casada bovina, queda de 12% na competitividade frente a maio, quando a diferença era de R$ 4,75. Em comparação com a carne de frango, a redução na competitividade foi de 6,3%, com a carcaça suína R$ 1,68 mais cara que o frango resfriado em junho, enquanto que em maio essa diferença era R$ 1,58. Apesar da redução na competitividade da carne suína frente às principais carnes concorrentes, agentes consultados pelo Cepea relataram que as vendas seguiram em ritmo normal, com exceção do início do mês, quando foram mais intensas, devido à retomada das atividades após a paralisação dos caminhoneiros. Gráfico 7 - Preços da carcaça casada bovina, carcaça especial suína e frango inteiro resfriado, no atacado da Grande São Paulo (R$/kg) - junho/17 a junho/18 11,00 10,00 9,00 8,00 7,00 6,00 5,00 3,00 2,00 jul/17 ago/17 set/17 out/17 nov/17 jan/18 R$/kg fev/18 mar/18 abr/18 mai/18 Série1 Série2 Série3 SEJA UM COLABORADOR DO CEPEA! CONTATO: (19) 3429-8859 suicepea@usp.br EXPEDIENTE Coordenador: Geraldo Sant Ana de Camargo Barros, Ph.D Pesquisador responsável: Prof. Dr. Sergio De Zen O Boletim do Suíno é elaborado mensalmente pelo Cepea - Centro de Revisão: Estudos Avançados em Economia Aplicada Bruna Sampaio - Mtb: 79.466 - ESALQ/USP. Interessados em reproduzir Equipe: Juliana Ferraz, Maristela de Mello Nádia Zanirato - Mtb: 81.086 o conteúdo devem solicitar CEPEA autorização. - CENTRO DE ESTUDOS Martins, AVANÇADOS Claudia Scarpelin, EM ECONOMIA Luiz Gustavo APLICADA Susumu, - ESALQ/USP Flávia Gutierrez - Mtb: 53.681 Jaqueline Massolla Gonçalves, Ana Flávia Borin Vitório Jornalista responsável: Alessandra da Paz - Mtb: 49.148 9