Estimação da discriminação salarial de género
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- Carlos Prada Batista
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1 Estiação da discriinação salarial de género Aélia Bastos Instituto Superior de Econoia Gestão Universidade Técnica de Lisboa R. Quelhas nº LISBOA tel: ax: Graça Leão Fernandes Instituto Superior de Econoia e Gestão Universidade Técnica de Lisboa R. Quelhas nº LISBOA tel: ax: José Passos Instituto Superior de Econoia e Gestão Universidade Técnica de Lisboa R. Quelhas nº LISBOA tel: ax: !!"#$%" &'())&*+,-.!!"/012"
2 1. Introdução Este artigo te por objectivo avaliar a discriinação salarial de género no ercado de trabalho português. Na base de dados utilizada neste trabalho o rácio do salário édio de hoens / ulheres era de 0.30 o que ostra que a discriinação salarial de género deverá ser ua realidade no ercado de trabalho português. Contudo, pouco se conhece sobre a diensão e dispersão deste enóeno no nosso país. A análise realizada baseia-se na decoposição de OAXACA (a técnica ais correnteente epregue na literatura recente para estudar o tea aqui tratado). Esta técnica perite, tendo ebora e conta as suas liitações, ter ua ideia da distribuição da discriinação salarial de género no ercado de trabalho português, ornecendo assi eleentos que perite a deinição de edidas de política visando a redução da discriinação salarial. Neste estudo, usaos a decoposição de Oaxaca, Rason (1994) para analisar a distribuição da discriinação salarial de género nos dois aiores ercados regionais de trabalho e Portugal, as cidades de Lisboa e Porto. 2. A decoposição de Oaxaca Neste ponto explicareos de u odo uito breve a técnica por nós aqui utilizada. Seguindo, Oaxaca, Rason (1994) a dierença entre os salários édios de hoens e ulheres pode ser decoposta na soa de duas parcelas: ua representando a dierença explicada pelas dierenças nas características individuais entre hoens e ulheres co relexos na produtividade, a outra, representando a parte da dierença que não é explicada por esses esos actores, e por essa razão é designada por discriinação. A partir da estiação de equações salariais separadaente para hoens e ulheres, a dierença entre os salários édios destes dois grupos oi calculada do seguinte odo: W = lnw = = lnw ( ˆ β ) ( ˆ X β X ) ( ˆ β b ) X + ( b ˆ β ) X + ( X X ) b (1)
3 onde: lnw, lnw - logarito dos salários édios de hoens () e ulheres () b - representa a estrutura salarial não discriinatória; ( i ) ˆ β = - estiativas dos coeicientes das equações salariais; i, ( i ) X i =, - vector dos valores édios das características individuais O prieiro tero, no lado direito, da equação 1 ede a discriinação a avor do sexo asculino, o segundo a discriinação contra o sexo einino, e o terceiro a parte da dierença de salários explicada pelas dierenças de produtividade entre os sexos. 3. Dados e etodologia Para estiar as equações salariais coeçáos por seleccionar, da base de dados Quadros de Pessoal para o ano de 1997, todos os trabalhadores assalariados a tepo copleto e reuneração copleta no continente, para os quais existia inoração sobre características individuais (sexo, idade, nível de escolaridade, nível de qualiicação) e salários, be coo sobre a localização, sector e volue de vendas das epresas onde trabalha nu total de trabalhadores ( hoens e ulheres). Por ipossibilidade técnica de tratar toda esta inoração, já que a técnica de bootstrap utilizada é uito pesada e teros de eória coputacional (?), para estiar as equações salariais utilizáos apenas ( hoens e ulheres) e ( hoens e ulheres) indivíduos trabalhando e epresas localizadas, respectivaente, e Lisboa e no Porto. As equações salariais utilizadas inclue para alé das características de cada trabalhador - variáveis de capital huano (nível áxio escolaridade atingido, experiência 2, nível de qualiicação, antiguidade no eprego actual) variáveis relativas à epresa (sector e volue de vendas) e que o trabalhador se insere. A inclusão da variável sector visa relectir o eeito de concentração de ulheres e certos sectores indiciando que a distribuição dos trabalhadores por sectores pode ser, de per si, resultado de discriinação. Neste estudo, para alé da estiação da coponente de discriinação nas dierenças salariais por género, derivou-se tabé a respectiva distribuição. 4. Resultados e principais conclusões
4 Nua prieira análise descritiva, as édias de alguas das variáveis incluídas nas equações salariais (ver quadro A 1 ) perite-nos airar que e Lisboa e Porto, os hoens são, e édia, ais velhos, tê ais experiência e são ais qualiicados que as ulheres, as atinge níveis de escolaridade ais baixos. Ebora apresentando padrões seelhantes, Lisboa e Porto regista alguas dierenças. No Porto, os trabalhadores são, e édia, ais novos, o que pode explicar o acto de atingire enores níveis de escolaridade, e as ulheres apresenta, e relação aos hoens, ua aior dispersão nos níveis de qualiicação e de escolaridade, do que e Lisboa. De acto, no Porto, as ulheres são enos qualiicadas que os hoens apesar de atingire aiores níveis de escolaridade, o que igualente evidencia a existência de discriinação. Os resultados da estiação das equações salariais, apresentados nos quadros A 2 e A 3 e anexo, perite-nos azer ua análise coparativa e teros de género, e de localização geográica. Os principais resultados desta análise perite-nos concluir que: - O nível de escolaridade não dierencia os salários quer e teros de género quer e teros de localização geográica. - U ano extra de experiência beneicia ais os hoens do que as ulheres nas duas cidades; - Os ganhos co ua elhoria da qualiicação são tanto ais elevados quanto aior o nível de qualiicação para abos os sexos, sendo este eeito ais orte para as ulheres, e teros de género, e no Porto e teros regionais; - O volue de vendas das epresas te u eeito positivo nos salários dele beneiciando ais as ulheres e Lisboa e os hoens no Porto; - Os sectores da Indústria e dos Serviços tê u orte ipacto negativo nos salários eininos, e especial no Porto; - A antiguidade no eprego actual aecta positivaente os salários, e especial o das ulheres. A estiação da coponente de discriinação na dierença salarial de género e respectiva distribuição e Lisboa e no Porto peritira-nos testar a hipótese de inexistência de discriinação e abos os ercados de trabalho. Esta hipótese oi estatisticaente rejeitada. Foi ainda possível concluir que Lisboa e Porto apresenta dierentes padrões de discriinação. A coponente de discriinação na dierença salarial de género (Quadros A 4 e A 5 e anexo) é, e édia ais signiicativa e Lisboa do que no Porto. No ercado de trabalho do Porto regista-se, e édia, u aior valor para a
5 coponente resultante de dierenças de produtividade e u valor ais baixo da coponente de discriinação pura do que no ercado de trabalho de Lisboa. Os valores estiados para a discriinação são da esa orde de grandeza dos encontrados e outros estudos coo os de Silber & Weber (1999) e Neuark (1998). A distribuição da coponente de discriinação aponta para u valor ais baixo desta coponente no Porto, e relação a Lisboa, as co ua aior dispersão. Ua possível explicação para este padrão das distribuições da coponente de discriinação na dierença salarial de género e Lisboa e no Porto pode residir na dierente distribuição sectorial de género nas duas regiões. De acto, no Porto, as ulheres concentra-se na Indústria, e particular na Indústria Têxtil, onde existe ua uito raca participação de hoens, enquanto e Lisboa as ulheres tende a concentrar-se no sector dos Serviços onde a proporção de hoens é tabé signiicativa. Este acto, avorece a intensiicação da discriinação. Esta é contudo ua explicação a necessitar de coniração e investigação utura. Reerências: Cardoso, A. (1997), Workers or eployers: who is shaping wage inequality?, Oxord Bulletin o Econoics and Statistics, 59, 4, Cardoso, A. (1999), Fir s wage policies and the rise in labour arket inequality: the case o Portugal, Industrial and labour Relations Review, 53, Cotton, J. (1988), On the decoposition o wage dierentials, Review o Econoics and Statistics, 70, Christoides, Li and Min (2003), Recent two-stage saple selection procedures with an application to the gender wage gap, Journal o Business and Econoic Statistics, 21, nº 3. Eron, B. (1979), Bootstrap ethods: another look at the jackknie, Annual o Statistics, 7, Freedan, O.A. (1981), Bootstrapping regression odels, Annual o Statistics, 9,
6 Fernandes, G. L. (1992), Wage deterination in the Portuguese Labour arket, PhD thesis. Kiker, B. and Santos, M. (1991), Huan capital and Earnings in Portugal, Econoics o Education Review, vol. 10, nº 3, Lopes, M. (1996), Eployent opportunities or woen and wage deterinants, CISEP, Docuentos de Trabalho, nº1. Mincer, J. (1974), Schooling, Experience and Earnings, (New York: National Bureau o Econoic Research). Neuark, D. (1998), Eployer s discriinatory behaviour and the estiation o wage discriination, Journal o Huan Resources, 23, Oaxaca, R. (1973), Male-eale wage dierentials in urban labor arkets, International Econoic Review, 9, Oaxaca, R. and Ranso, M. (1994), On discriination and the decoposition o wage dierentials, Journal o Econoetrics, 61, Reiers, C. (1983), Labor arket discriination against Hispanic and black en, Review o Econoics and Statistics, 65, Ribeiro, A.; Hill, M. (1996), Insuiciências do odelo de capital huano na explicação das dierenças salariais entre géneros: u estudo de caso, Dinâia, Working Paper 96/05. Silber, J. and Weber, M. (1999), Labour arket discriination: are there signiicant dierences between the various decoposition procedures?, Applied Econoics, 31, Sorensen, E. (1990), The crowding hypothesis and coparable worth, The Journal o Huan Resources, Vol.XXV, Winter,
7 Vieira, J. and Pereira, P. (1992), Wage Dierential and Allocation: an Application to the Azores Islands, Universidade Nova de Lisboa, Faculdade de Econoia, Working Paper 195. White, H. (1980), A heteroskedasticity-consistent covariance atrix estiator and a direct test or heteroskedasticity, Econoetrica, 48, Anexo Tabela A 1 : Valor édio das variáveis inseridas no odelo Variable Lisboa Porto Hoe Mulher Hoe Mulher Idade AEA Exper Escol NQ NQ NQ NQ AEA antiguidade no eprego actual Exper - experiência Escol nível ais elevado de escolaridade atingido
8 NQ i (i=1,2,3,4,5) nível qualiicação. De 1= quadros superiores ; 2= altaente qualiicados; 3=qualiicados; 4= sei-qualiicados a 5=não qualiicados Tabela A 2 : Equações salariais estiadas para hoens e ulheres de Lisboa (variável dependente: logarito salário horário) Variável Coeicientes da equação salarial - Lisboa para Hoens Mulheres C ( ) ( ) VV ( ) ( ) VV ( ) ( ) VV ( ) ( ) AEA ( ) ( ) AEA E-03 ( ) E-03 ( ) Escol ( ) ( ) Exper ( ) ( ) Exper E-03 ( ) E-03 ( ) Indúst ( ) E-03 ( ) Constr ( ) ( ) Serv ( ) ( ) Transp ( ) ( ) Financ ( ) ( ) Iobil ( ) ( ) NQ ( ) ( ) NQ ( ) ( ) NQ E-02 ( ) ( ) NQ ( ) ( ) R 2 = R 2 = valores da estatística t entre parêntesis VV i (i=2,3,4) volue de vendas. Onde : i=1 se volue de vendas < $ ( euros); i=2 i $ volue de vendas < $ ( euros); i=3 i $ volue de vendas < $ ( euros); i=4 se volue de vendas $ ( euros). AEA antiguidade no eprego actual AEA2 (AEA) 2 Escol - nível ais elevado de escolaridade atingido Exper experiência Exper2 (Exper) 2 Industr - indústria
9 Constr - construção Ser - serviços Transp - transportes Financ actividades inanceiras Iobil - iobiliário NQ i (i=1,2,3,4,5) nível qualiicação. De 1= quadros superiores ; 2= altaente qualiicados; 3=qualiicados; 4= sei-qualiicados a 5=não qualiicados Tabela A 3 : Equações salariais estiadas para hoens e ulheres do Porto (variável dependente: logarito salário horário) Variável Coeicientes da equação salarial - Porto para Hoens Mulheres C ( ) ( ) VV ( ) ( ) VV ( ) ( ) VV ( ) ( ) AEA ( ) ( ) AEA E-03 ( ) E-03 ( ) Escol ( ) ( ) Exper ( ) ( ) Exper E-03 ( ) E-03 ( ) Indúst ( ) ( ) Constr ( ) ( ) Ser ( ) ( ) Transp ( ) ( ) Financ ( ) ( ) Iobil ( ) ( ) NQ ( ) ( ) NQ ( ) ( ) NQ ( ) ( ) NQ ( ) ( ) R 2 = R 2 = valores da estatística t entre parêntesis Tabela A 4 : Estatisticas da discriinação e Lisboa e Porto Mean Std Dev Miniu Maxiu Mean Std Dev Miniu Maxiu LWM LWF DW DW PDW
10 Su Variance Skewness Kurtosis Su Variance Skewness Kurtosis LWM D D LWF D D DW D D DW D D PDW LWM logarito do salário dos hoens LWF - logarito do salário das ulheres DW1 Coponente da dierença salarial de género devida às dierenças de productivitidade DW2 - discriinação PW2 proporção da dierença salarial devida à discriinação Quadro 1 Estiativas Bootstrap para Discriinação Min 1 st Quart Mean 3 rd Quart Max Stdv Lisboa Porto Quadro 2 - Estiativas Bootstrap para a dierença entre proporções e Lisboa e Porto Min 1 st Quart Mean 3 rd Quart Max Stdv
11 Figura 1 Distribuição da discriinação de género Lisboa Density Proportion o wage dierencial due to discriination Porto Density Proportion o wage dierencial due to discriination
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