EDUCAÇÃO PROFISSIONAL E SUA INTERFACE COM A HISTÓRIA DA EDUCAÇÃO DE JOVENS E ADULTOS
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- Luís Camarinho Farinha
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1 EDUCAÇÃO PROFISSIONAL E SUA INTERFACE COM A HISTÓRIA DA EDUCAÇÃO DE JOVENS E ADULTOS Manoel Santos da Silva (IFAL) manoel.silva@ifal.edu.br RESUMO Este trabalho percorre por alguns questionamentos sobre a escola como espaço democrático e de confronto de ideias, assim, é a escola um espaço onde precisa manter as relações humanas em processo de discussão. Para isso no desenvolvimento de sua função social de formação do cidadão, deve favorecer o clima de diálogo entre todos que fazem parte da comunidade escolar. A democratização defendida por GADOTTI (2000) por meio de uma educação popular perpassa pela ideia da solidariedade humana, na qual um indivíduo contribui com a educação do outro, havendo reciprocidade em suas práticas. ARANHA (1989), comenta sobre a separação dos alunos por idade. Para LIBÂNEO (1985), a escola funciona como modeladora do comportamento humano. Já para FREITAZ (1980), a escola contribui, pois, de duas formas, para o processo de reprodução da formação social do capitalismo: por um lado reproduzindo as forças produtivas, por outro, as relações de produção existentes. Já a escola autônoma é representada como aquela em que há a participação da comunidade escolar em sua gestão e na construção de sua identidade, sempre direcionando os trabalhos para um eixo central que conduzirá o fazer pedagógico na escola. PALAVRAS-CHAVE: EDUCAÇÃO PROFISSIONAL. ESCOLA. EJA. INTRODUÇÃO Este texto percorre por alguns questionamentos sobre a escola como espaço democrático, é a escola um espaço onde precisa manter as relações humanas em processo de discussão. Para isso no desenvolvimento de sua função social de formação do cidadão, deve favorecer o clima de respeito a todos que fazem parte da comunidade escolar.
2 2 Alguns teóricos contribuíram na discussão desde texto, ARANHA (1989), comenta sobre a separação dos alunos por idade. Para LIBÂNEO (1985), a escola funciona como modeladora do comportamento humano. Já para FREITAZ (1980), a escola contribui, pois, de duas formas, para o processo de reprodução da formação social do capitalismo: por um lado reproduzindo as forças produtivas, por outro, as relações de produção existentes. Também teremos outros teóricos que fundamentam a escola como espaço democrático. A ESCOLA COMO ESPAÇO DEMOCRÁTICO Para compreendermos a escola como espaço de relações democráticas é importante perceber algumas peculiaridades nesse processo. A democratização defendida por Gadotti por meio de uma educação popular perpassa pela ideia da solidariedade humana, na qual um indivíduo contribui com a educação do outro, havendo reciprocidade em suas práticas. Conforme GADOTTI sobre a democratização escolar: as práticas de educação popular também se constituem em mecanismos de democratização, em que se refletem os valores de solidariedade e de reciprocidade e novas formas alternativas de produção e de consumo, sobretudo as práticas de educação popular comunitária, muitas delas voluntárias. GADOTTI (2000) A criação da escola institucionalizada é desde a burguesia do século XVI, tendo papel importante na formação do homem. Para ARANHA, A escola institucionalizada, semelhante à que hoje conhecemos, é uma criação burguesa do século XVI, ao mesmo tempo em que surge o sentimento de infância e de família. Um lento processo de modificação separou a criança do adulto, visando criar um ambiente segregado e protegido das más influências do mundo: cabe então à escola, não só instruir, como educar. (ARANHA, 1989, p. 83) Em relação à escola tradicional, muito conteúdo livresco, modelos ideais foram disseminados, no entanto requer uma escola participativa nas decisões para o seu funcionamento. A busca por modelos educacionais faz com que o homem não pense em conteúdos fixos, porém requer compromisso com as atividades pedagógicas na escola como recursos humanos que interagem entre os agentes educacionais, mas com métodos
3 3 e técnicas que auxiliem no processo ensino-aprendizagem desenvolvidos neste ambiente educacional. Corroborando com está concepção ARANHA, diz que: As críticas a essa escola surgem diante da impossibilidade de se continuar pensando em modelos num mundo em transformação. Preocupado com o presente e com o futuro, o homem contemporâneo precisa aprender a aprender, mais do que fixar conteúdos predeterminados. Daí o interesse pelos métodos e técnicas, bem como a ênfase nos processos de conhecimento, maior do que no produto. (1989, p. 108) É nesse contexto que é apresentado as normas de convivência entre os professores e alunos. A convivência defendida como prática democrática insere os gestores, servidores e a comunidade. Assim, consegue ter uma conotação de espaço onde todos podem colaborar com o funcionamento. O trabalho exercido na escola não deve ser autoritário. Sem individualismo o trabalho em grupo consegue trazer todas as pessoas envolvidas no processo para a responsabilidade. Em relação ao público da escola que é o aluno, na maioria das vezes, as crianças. ARANHA faz referência, informando que: A escola agrupa pessoas segundo a idade, fundamentando-se em três premissas inquestionáveis: o lugar das crianças é na escola; as crianças aprendem na escola; só se pode ensinar as crianças na escola. Ora, o sistema escolar é um fenômeno moderno, assim como o conceito de ser criança. (1989, p. 123) Não podemos imaginar uma escola como espaço democrático de forma harmoniosa, pois o conflito surge a todo o momento, além de algumas concepções da época do Brasil colonial, onde a dicotomia está presente em todas as discussões para a formação humana. A escola não pode pensar uma formação só para o trabalho manual, para fazê-lo, e sim uma escola que proporcione perspectivas de formação intelectual no contexto social em que vive. Conforme ARANHA, Na escola popular que sonhamos não haverá comunicação vertical de conhecimento, pois será cultivado o espírito de experimentação e a autonomia do pensamento; haverá uma interação entre estudo e trabalho, superando a dicotomia pensar x fazer, trabalho intelectual x trabalho manual; por isso a escola não pode ser uma ilha, mas deve estar consciente da realidade social e política onde se insere; a escola elementar deve ser realmente acessível a todos; o ensino secundário e o superior, por sua vez, devem estar abertos àqueles que realmente desejam uma formação mais longa, sem se tornarem privilégio de alguns. (1989, p.154)
4 4 Para tanto, os movimentos populares procuram repassar seu popular para o saber orgânico, desta forma, alguns conceitos do saber da comunidade para o saber de classe na comunidade. Sendo uma educação não oficial, quando feita pelos voluntários e a educação para a classe, feita por agentes externos. Para GADOTTI (2004), o conceito de educação popular tem hoje uma compreensão tão ampla que, dificilmente, poderíamos encontrar algum educador contrário a ela ou que não se sentisse, de uma forma ou de outra próximo dessa concepção. Tornou-se um conceito tão vago quanto o conceito de democracia. Daí, ao se falar em educação popular, ser preciso esclarecer de qual educação se está falando. (p.51) Na prática docente, o educador precisa discutir a capacidade crítica com seus alunos, no entanto, a visão de escola democrática nem sempre foi voltada para a discussão coletiva e sim a autoridade docente mandonista, rígida, não conta com nenhuma criatividade do educando. Não faz parte de sua forma de ser, esperar, sequer, o que o educando revele o gosto de aventurar-se (FREIRE, 1996). O papel da escola dentro de uma tendência liberal tecnicista busca moldar o ser humano com técnicas específicas para este fim. Segundo Libâneo, num sistema social harmônico, orgânico e funcional, a escola funciona como modeladora do comportamento humano, através de técnicas específicas. (LIBÂNEO, 1985, p.28). Mas para Freitaz, não é apenas o ser humano que é moldado e também a sua força de trabalho, então escola contribui, pois, de duas formas, para o processo de reprodução da formação social do capitalismo: por um lado reproduzindo as forças produtivas, por outro, as relações de produção existentes. (FREITAZ, 1980, p.33) AS QUESTÕES DE DEMOCRATIZAÇÃO DA GESTÃO ESCOLAR Na perspectiva de uma escola em busca da construção da democracia e da cidadania, precisamos perceber nas escolas em que são respeitados princípios como respeito mútuo, solidariedade, justiça e diálogo, em que alunos e alunas se apropriam de canais de participação na vida escolar e são incentivados pelos educadores a fazê-lo, cria-se um espaço democrático, do qual emergem as características de uma cidadania plena. Mas sabemos que não é dessa forma que a classe dominante espera, para FREITAZ (1980), A escola que transmite as formas de justificação da divisão do trabalho vigente, levando os indivíduos a aceitarem, com
5 5 docilidade, sua condição de explorados, ou a adquirirem o instrumental necessário para a exploração da classe dominada. (p.34) A questão da democratização da gestão escolar e educacional pode demonstrar que a descentralização traz a possibilidade de discussão coletiva sobre a função social da escola, também verificar a participação dos diferentes segmentos em sua gestão, seja alunos, pais, professores e toda comunidade. Outro fato importante é possibilitar inovações na busca de uma escola pública de qualidade, que atenda aos interesses da maioria da população. Segundo Freire (1996), O educador democrático não pode negar-se o dever de, na sua prática docente, reforçar a capacidade crítica do educando, sua curiosidade, sua insubmissão. Uma de suas tarefas primordiais é trabalhar com os educandos a rigorosidade metódica com que devem se aproximar dos objetos cognoscíveis. Tudo tem uma explicação, no entanto, com o processo ensino aprendizagem surgem algumas circunstâncias que desmistificam preconceitos a cerca de políticas necessárias para uma escola democrática, mas nem sempre se pode pensar nessa possibilidade, pois Se antes a alfabetização de adultos era tratada e realizada de forma autoritária, centrada na compreensão mágica da palavra, palavra doada pelo educador aos analfabetos; se antes os textos geralmente oferecidos como leitura aos alunos escondiam muito mais do que desvelavam a realidade, agora, pelo contrário, a alfabetização como ato de conhecimento, como ato criador e como ato político é um esforço de leitura do mundo e da palavra. (FREIRE, 1996) Compreender a questão da democratização da gestão escolar e educacional, pode demonstrar que a discussão coletiva sobre a função social da escola, descentralizará algumas políticas educacionais trazendo possibilidades de diálogo constante durante todo o processo de aprendizagem dos alunos. Dessa forma, a autonomia e a gestão democrática da escola fazem parte da própria natureza do ato pedagógico em questão no ambiente escolar. Quando se trata da gestão democrática da escola é uma exigência de seu projeto pedagógico que é discutido por todos antes de sua aprovação, é o documento que rege todo o processo de funcionamento. Assim, respeitar o coletivo exige que se respeite também o individual, as diferenças e o papel de cada um na escola é fundamental para contribuir com a educação dos alunos.
6 6 O papel da escola é buscar a construção da democracia e da cidadania, observando e zelando pelos princípios como respeito mútuo, solidariedade, justiça e diálogo, em que professores e alunos se apropriem de canais de participação na vida escolar. Pois se depender de políticas públicas não construiremos a democracia no ambiente escolar, conforme Plank (2001), "Enquanto os governantes continuarem a negligenciar a educação fundamental, as ambições brasileiras de entrar no primeiro mundo como uma nação moderna e poderosa permanecerão irrealizadas". Um dos problemas a serem enfrentados é diferenciar o ser democrático do ser autoritário, é saber equilibrar autoridade com liberdade, não recaindo no autoritarismo. Sempre na procura para desenvolver o senso de responsabilidade, o diálogo, a cooperação e o compromisso de todos com as ações do ambiente escolar. Quando se trata da gestão escolar precisa-se perceber que ser democrático é respeitar os ritmos, as dificuldades, a linguagem e a cultura de cada um, em suas diferenças, não atropelando esses limites. As sugestões não podem ser impostas, precisam ser construídas e reconstruídas com as pessoas envolvidas, devem ser construídas e reconstruídas com a participação da comunidade escolar para que tenha crédito diante das várias opiniões existentes. Historicamente a escola pública vem democratizando suas vagas, trazendo os filhos da classe menos favorecida para o seu interior. Entretanto, os objetivos do trabalho pedagógico continuam muito parecidos com o da escola tradicional. Esses objetivos restringem-se a preparar para o mundo do trabalho, para o ingresso na universidade, sem uma preparação para o crescimento humano. Por isso, Paro (2007) denuncia a falta de objetivos socialmente relevantes e humanamente defensáveis a dirigir a ação escolar, mostrando que as ações desenvolvidas na escola não conseguem atender uma demanda preocupada com o crescimento social da comunidade, a maior preocupação é apenas treinar os alunos para tirarem boas notas nos vestibulares. Nesse sentido, Lobrot (1992) afirma que a escola atual não nos desperta para o desejo de conhecer, para a sede pela sabedoria, desviando esse sentido mais amplo. A nossa cultura escolar faz com que as notas, as promoções em série, os diplomas, os certificados, sejam valorizados no lugar do verdadeiro conhecimento, sem que levem em conta o prazer de estudar para aprender. A sede pelo saber nos conduziria
7 7 à busca pelo conhecimento, tendo-o como valioso e inesgotável. A sabedoria, assim, seria o foco e a meta, quebrando barreiras ainda existentes nesse contexto. Contudo, a função da escola é desenvolver habilidades e competências que atendam as expectativas dos alunos e da sociedade. Segundo Rios (2003, p. 91) é tarefa da escola desenvolver capacidades, habilidades e isso se realiza pela socialização dos conhecimentos, dos múltiplos saberes. Por isso, os conteúdos precisam ser transmitidos, construídos ou socializados na escola. CONSIDERAÇÕES A participação nas decisões vai de simples contribuições à manutenção e à organização do espaço. Esse engajamento possibilita o crescimento da autonomia escolar e potencializa a capacidade de atuação da escola e fortalece todo o trabalho educativo. A escola tem mais força para atingir suas metas educativas, para isso a disposição para a mudança produz um efeito cumulativo, formalizando transformações significativas para a comunidade escolar. A relação entre escola e educadores deverá está sempre em discussão para a construção do currículo, além dom mais, a participação dos estudantes na escola e na comunidade ajudam a formar seu caráter de cidadãos. Assim, a participação dos diferentes atores da comunidade educativa nas decisões da escola é uma prática cívica, uma atuação no espaço público democrático que possibilita conhecer os processos que caracterizam a vida cívica e política na comunidade. As representações sociais dos professores sobre a autonomia escolar estar diretamente ligada a diretrizes das secretarias de educação. Já a escola autônoma é representada como aquela em que há a participação da comunidade escolar em sua gestão e na construção de sua identidade, sempre direcionando os trabalhos para um eixo central que conduzirá o fazer pedagógico na escola. Para a transformação da sociedade e da escola, enquanto políticas sociais percebemos algumas especificidades e princípios que precisam ser respeitados como a liberdade e autonomia. Pois por meio da autonomia do indivíduo, pode-se conduzir à própria noção de cidadania, porque ninguém está capacitado para desenvolver a liberdade pessoal sem este sentir-se autônomo, se há outros fatores que impeçam o exercício da autonomia.
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9 9 REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS ARANHA, M. L. de A. Filosofia da educação. São Paulo: moderna, FREIRE, P. Pedagogia da autonomia: saberes necessários à prática educativa. São Paulo: Paz e Terra, FREITAZ, B. Escola, estado e sociedade. São Paulo: Moraes, GADOTTI, M. Perspectivas atuais da educação. Porto Alegre, Ed. Artes Médicas, GADOTTI, M. Pensamento pedagógico brasileiro. São Paulo, Ática, LIBÂNEO, J. C.. Democratização da escola pública: a pedagogia crítico-social dos conteúdos. São Paulo: ed. Loyola, LOBROT, M. (1992): Para que serve a escola? Tradução: Catarina Gândara e Rui Pacheco. Portugal/Lisboa: Terramar. PARO, V. H. (2007): A gestão da educação ante as exigências de qualidade e produtividade da escola pública Google. Online. Disponível em: PLANK, D. N. Política Educacional no Brasil: Caminhos para a Salvação Pública. Porto Alegre: Artmed Editora, RIOS, T. A. ( 2003): Compreender e ensinar. Por uma docência da melhor qualidade. 4.ª ed. São Paulo: Cortez.
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